Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 26 de outubro de 2010

OS LIMITES DO LIVRE-ARBÍTRIO


Publicado por Voluntario em 08/12/2006 (394 leituras)
Elson de Souza Ribeiro


O que vem a ser um indivíduo livre? Segundo o dicionário, “livre é o sujeito que tem seus direitos civis e políticos, amparados por lei”.

Porém, as leis nos indicam que essa liberdade de agir e decidir é relativa. Tanto é que, quando o direito do outro é desrespeitado, mesmo que seja de forma precária, entra em cena o elemento punição. Se na Terra, que é um planeta atrasado, de provas e expiações, existe uma lei que limita a liberdade de agir, imagine nos planos superiores.

Na questão 121 do Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta: "por que é que alguns espíritos seguiram o caminho do bem e outros o do mal"? E os espíritos respondem: "não têm eles o livre-arbítrio? Deus não os criou maus; criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanto para o mal. Os que são maus, assim se tornaram por vontade própria".

A resposta sábia dos espíritos para essa questão nos leva a fazer uma reflexão. Em que momento somos realmente livres? No momento em que fazemos o bem ou o mal? A liberdade para o bem está harmonizada com as leis da vida, com as leis eternas, enquanto que o mal tem muito mais vínculo com o desconhecimento delas.

Graças às obras complementares que vieram depois das obras de Kardec (especialmente de André Luiz), é possível perceber que o livre-arbítrio pode ser limitado. Aliás, isso é comprovado desde o planejamento que os Espíritos Superiores fazem para o reencarnante, quando este não tem condição para fazer sua escolha. Ou seja, ele vem pela via compulsória.

No capítulo 7 do livro No Mundo Maior, psicografado por Chico Xavier, André Luiz nos apresenta um caso de reencarnação compulsória. Um garoto de oito anos, conta Calderaro, “não fala, não anda, não chega a sentar-se, vê muito mal, quase nada ouve na esfera humana”. O que teria feito esse espírito no pretérito? Há quase dois séculos, decretara a morte de muitos compatriotas numa insurreição civil, semeando ódio e ruínas.

No capítulo 14, da mesma obra, temos mais um exemplo das limitações do livre-arbítrio. Dessa vez é o caso de Antídio, um velho conhecido de Calderaro que, a cada vez que recebe assistência espiritual, volta a cair nas tentações do alcoolismo. Diante da indisciplina de Antídio, os benfeitores espirituais vão ministrar o que eles chamaram de "recurso da enfermidade provisória". Trocando em miúdos, Antídio conhecerá a prisão do leito, durante alguns meses, graças a uma nefrose cardíaca, para harmonizar o cosmo psíquico. Neste período nada adiantaria apelar para medicamentos. Toda essa enfermidade provisória serviria para que o doente não esquecesse das obrigações sagradas e da nobreza do ato de viver.

Portanto, nos dois casos citados, nós podemos perceber as restrições que a justiça Divina faz com aqueles que não corresponderam à expectativa. Conseqüências? Aflição, desencanto, cansaço, tédio, sofrimento, cárcere etc.; a prisão regeneradora. Somos livres na escolha que fazemos. Mas já não somos livres das conseqüências desta escolha. Cada atitude (positiva ou negativa) gerará conseqüências. E uma das conseqüências poderá ser, até, a suspensão temporária do livre-arbítrio. O Plano Espiritual Superior estabelece para os devedores reincidentes algumas restrições no seu conforto para sanar seus débitos. Em razão disso, não poderão viver à farta, mas sim com abstinência e suor. Castigo de Deus? Não. Conseqüências das más escolhas, má utilização do livre-arbítrio. O inferno ou o céu é um problema de direção espiritual. Busquemos a adesão do Senhor, no entanto, saibamos que todos os problemas criados por nós serão resolvidos por nós mesmos.


Fonte: Revista Espírita Allan Kardec

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