Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Livre-arbítrio e responsabilidade

Nestor Fernandes Fidelis

O dicionário da língua portuguesa mais conhecido no Brasil define a

expressão “livre-arbítrio” como a capacidade individual de autodeterminação, isto é, de decidir por si próprio. Desse conceito decorre a “responsabilidade”, que nada mais é do que a obrigação de responder pelos próprios atos. Essas afirmações nos chamam a atenção, já que podemos reconhecer o cristão pelas suas obras, assim como identificamos uma árvore pelas qualidade dos frutos que dá. Como nos ensinou o apóstolo Paulo de Tarso: “tudo nos é lícito, mas nem todas as coisas nos convém”. Com tal assertiva, o maior divulgador do Evangelho pretendia nos mostrar a importância da liberdade de escolha, uma vez que se uma pessoa quer receber da vida a felicidade, deve promover felicidade, a paz e o amor não somente em suas ações, mas, também, em seus pensamentos e conversas.
Cada criatura passa pelo instinto e depois pela fase da sensação para, posteriormente, alcançar a etapa do desenvolvimento do sentimento. Porém, desde o princípio de sua eterna evolução o ser humano goza de livre-arbítrio, conquanto nem sempre tenha consciência de tal faculdade. Assim, conforme vai exercitando-se pelas provas que a vida lhe oferece, adquire, pouco a pouco, a aptidão de eleger entre os vários caminhos a percorrer, o que é fundamental, pois se não fosse pela oportunidade da liberdade e do trabalho, esse divino instrumento de crescimento intelecto-moral, as criaturas humanas permaneceriam em seu estado de infância espiritual.
De acordo com a legislação civil humana, ninguém se escusa de cumprir a lei, sob o argumento de que a desconhece, porque o direito pressupõe que todos os cidadãos conhecem a lei, o que, como sabemos, nem sempre é verdade. Contudo, com relação à lei de Deus isso não ocorre, haja vista que, à luz da doutrina espírita, esses mandamentos divinos estão grafados na consciência de cada um. Continuando neste diapasão comparativo, constataremos que a lei dos homens assevera que são absolutamente incapazes de, pessoalmente, exercerem os atos da vida civil as pessoas que, por serem portadoras de enfermidade ou deficiência mental, não puderem discernir, bem como os infantes. Um similar apontamento é feito na resposta à questão nº 847 de “O Livro dos Espíritos”, na qual encontra-se consignado o seguinte: “Já não é senhor do seu pensamento aquele cuja inteligência se ache turbada por uma causa qualquer e, desde então, já não tem liberdade”.
As pessoas que se excedem na busca do dinheiro, com o mau uso da inteligência e astúcia, em detrimento do direito de seu próximo, por essa infeliz opção, estarão programando difíceis reencarnações, nas quais, certamente, virão com lesões cerebrais, como conseqüência de seus próprios atos menos nobres que danificaram energeticamente o corpo espiritual. Podem vir reencarnados nas vestes de mendigos para aprender a dar o verdadeiro valor ao ganho material, assim como ao bem estar alheio. Também os homicidas e os suicidas acarretam graves distúrbios dessa ordem, em virtude da lesão perispiritual que será sanada, tão somente, pela reencarnação provacional e reparadora. Portanto, não é por acaso que as pessoas portadoras de tais deficiências passam por tais situações, sendo merecedores de muita compreensão e amor, a fim de que possam vencer a si mesmos.
Por uma questão de lógica, tratando-se de livre-arbítrio, não serve de escusa aos atos reprováveis a deficiência das faculdades intelectuais causadas pela embriaguez, porque é o ébrio quem voluntariamente se priva da razão, visando satisfazer suas grosseiras paixões (questão nº 848, L.E.).
Vale salientar que engana-se aquele que pensa que seu anjo da guarda irá lhe privar das dores do caminho, porque a atribuição do benfeitor espiritual é guiar, inspirar, mas o dever a ser realizado compete a cada pessoa. O anjo guardião não tem a missão de diminuir as dores, mas sim a de ajudar seu tutelado a bem superá-las, posto que se assim não procedesse não estaria contribuindo com o processo de auto-educação de seu protegido, cuja situação difícil a ser experimentada lhe é, em verdade, bem-vinda e necessária. Logo, nossos guias espirituais (e cada um tem o seu) estão o tempo todo a inspirar bons pensamentos, ofertando a melhor opção do bem, da saúde e da paz, cabendo a cada indivíduo, por meio do livre-arbítrio, eleger o seu futuro com a ação do presente. Por isso, é importante percebermos todo o investimento divino que é feito em nossas vidas, para que possamos saber escolher.
Àqueles que muito receberam, muito será cobrado.
Segundo o notável médium e orador espírita, devotado trabalhador cristão, Divaldo Pereira Franco, conhecido como “o semeador de estrelas”, os espíritas têm uma responsabilidade especial neste atual momento histórico: a de vivenciar o que o Espiritismo ensina, ou seja, ser a Carta Viva do Evangelho, para que todos saibam o que está escrito na Boa Nova. Deste modo, cabe ao espírita eleger o bem e a saúde, livre e espontaneamente, pelo simples fato de ser cristão, pois o Espiritismo é uma metodologia de educação que nada proíbe, eis que cada um tem liberdade de ação, mas recomenda a opção pelo Bem. Ademais, todos sabemos que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória, necessária e inevitável, porque Deus é Pai e é Justo, para o nosso bem.
Finalmente, é imperioso notar que todo sofrimento pessoal tem uma causa personalíssima, mas sempre é tempo de recomeçar.


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