Caridade e Reforma Íntima
O Bem é amar a Deus e ao próximo (Mateus, XII: 34-40). Jesus nos ensinou isso há dois mil anos.
Quando ele retornou com o pseudônimo Espírito da Verdade, coordenando uma falange de Espíritos superiores que escreveram a revelação espírita, codificada por Allan Kardec, Jesus reduziu a expressão anterior ao amor ao próximo, já que não é possível amar a Deus (qualquer que seja o nome que lhe dermos) sem amar ao próximo! Isso foi necessário pois fazíamos questão de “não entender” o que Jesus havia nos ensinado, muita vezes torturando e matando o próximo em nome de Deus!
Essa nova máxima é Fora da Caridade Não Há Salvação (O Maior Mandamento, Capítulo XV – Fora da caridade não há salvação, O evangelho segundo o espiritismo de Allan Kardec).
Agora, nós devemos passar da teoria à prática. Isso se denomina método ou processo de reforma íntima.
Devemos nos perguntar: somos caridosos?
Mas não temos condições de responder a esta pergunta sobre nós mesmos. Nós somos extremamente complacentes conosco próprios. Nos vemos de forma idealizada, como se olhássemos para nós mesmos nos espelhos curvos dos parques de diversão: achamos que somos melhores do que realmente somos!
Então, precisamos perguntar aos próximos, nossos familiares, nossos cônjuges ou companheiros(as), nossos amigos, nossos inimigos, nossos colegas de estudo, de trabalho, de lazer, nossos vizinhos, nossos funcionários etc., o nosso maior defeito e a nossa maior virtude. Não que nos interessaria saber nossa maior virtude. Só perguntaremos nossa maior virtude para não constranger aquele a quem perguntamos, se somente perguntarmos nosso maior defeito.
Tirando os excessos de benevolência daqueles que nos amam, de malevolência daqueles que nos odeiam e a indiferença daqueles que nos ignoram, restará um meio termo que é quem está você.
Será muito pior, normalmente, do que supomos estar.
Quem está você, eu disse.
Você vai dizer: deveria ser quem é você!
A frase está certa: nós somos espíritos imortais, que é uma resposta genérica que pouco explica para os fins que estamos propondo. Estamos num certo ponto da nossa evolução. Explicar este ponto em que estamos na evolução é a explicação precisa de quem estamos nós!
Estamos em continua e permanente evolução moral e intelectual, numa trajetória espiritual ascensional, para frente no tempo e para cima na evolução. Hoje somos melhores do que fomos no passado e, amanhã, seremos melhores do que somos hoje. A evolução é semelhante a um pássaro que somente voará para cima se possuir as duas asas desenvolvidas: uma dessas “asas” é a moral; a outra é a inteligência. Não se ascende espiritualmente sem as duas!
Voltando ao método de reforma íntima, vamos escrever os nossos maiores defeitos, segundo as respostas de nossos próximos, iniciando pelo mais simples e terminando com o mais complexo.
Agora, que sabemos quem estamos, devemos responder a uma segunda pergunta:
Se fôssemos uma terra, que terra seríamos?
Usaremos a analogia com a terra da Parábola do Semeador (Mateus, XIII: 1-9;18-23).
Quem são os semeadores? Jesus é o grande semeador, seguido pelos seus emissários, Espíritos superiores, inclusive nosso Espírito protetor. Também são semeadores nossos pais, nossos professores, nossos amigos e, até mesmo, nossos inimigos, que tem coragem de nos dizer a verdade que os amigos talvez não tenham coragem de dizer.
Nós somos terra árida e pedregosa? Ferimos como as pedras, como o pó nos olhos do próximo?
Ou somos terra arada, semeada, mas deixamos essas sementes morrerem antes de brotarem? Pela indiferença, pela riqueza, pelo poder, pelos prazeres físicos.
Ou somos terra que já produz caules frágeis, mas que são espinheiros? Nos achamos bons, mas contanto que não mexam conosco! Se nos provocarem, viramos fera!
Ou somos terra que já produz arvoredos com flores? As flores são a melhor representação da caridade pelo pensamento e pelas palavras. Caridade não é darmos o excedente, o supérfluo. É fazer o bem ao próximo, com o nosso sacrifício. É dividir nossa comida, nossa roupa, nossa saúde, nossa felicidade com quem mais necessita. Implica em sacrifício de quem faz a caridade. Quando colhemos flores e as levamos para nossa casa, para nos deixar felizes, elas se sacrificaram por nós. Nós também, para fazer caridade, devemos nos sacrificar pelos próximos.
Ou somos terra que já produz árvores com frutos? Os frutos são a melhor representação da caridade por ações.
Ou somos terra que já produz grandes árvores com flores e frutos, um pomar? Em termos espirituais, isso ocorre quando a nossa caridade pelo pensamento, pelas palavras e pelas ações são bons exemplos para outros que, por sua vez, farão caridade para seus respectivos próximos! Como se nossos frutos ao se espalharem pela terra, produzem outras árvores, que darão novos frutos e, assim, sucessiva e infinitamente!
Sabendo quem estamos (auto-crítica), podemos iniciar o processo de reforma intima: com a lista de nossos vícios e desvios de conduta, do menos grave para o mais grave, devemos iniciar a reforma íntima pelo menos grave, estabelecendo um prazo realista para superá-lo. Um mês, por exemplo!
Solucionou esse primeiro defeito moral, passamos para o próximo, e assim, sucessivamente, até o mais grave. Os prazos podem variar, de um para outro vício e desvio de conduta, mas não se deve superar 6 meses para cada. Se não conseguir, tentar novamente em menor prazo (p. ex.: nos 6 meses iniciais não conseguiu; tentar novamente com prazo de 3 meses; não conseguiu ainda, tentar novamente com prazo de 2 meses etc.).
Se há desvio ou vício de conduta difícil de erradicar, não ficar estacionado na solução deste, procurando resolver outro desvio ou vício de conduta concomitantemente, cada um com seu prazo respectivo.
Anotar os progressos: que terra nos tornamos?
Pode ser que a solução dos desvios e vícios de conduta mais difíceis ocorra em outra(s) reencarnação(ões)! Não nos decepcionemos! Mas devemos tentar resolvê-los já nesta reencarnação! É nossa obrigação!
Finalizo perguntando a mim mesmo e a vocês: o que estamos esperando para iniciarmos, hoje mesmo, nosso processo de reforma íntima? Mãos à obra!
Celso
Sugestão de leitura: Fundamentos da Reforma Íntima, Abel Glaser/Cairbar Schutel (Espírito), Matão/SP: Casa Editora “O Clarim” (http://www.oclarim.org/loja/livraria/132/rqspPUV8qUm1HwRZJDbNXTgRYgV8p47E8tzxDxnq_.pdf)
https://estudosdeespiritismo.wordpress.com/2014/11/22/caridade-e-reforma-intima/
O mesmo tema, vários artigos, para ajudar a alguém que está preparando uma exposição ou estudando um assunto
Estudando o Espiritismo
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segunda-feira, 24 de novembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Elísio da Rocha Dórea
Conhecido na seara da caridade como Dórea, cognominado “o Apóstolo anônimo da Caridade” pelo nosso querido Élzio Ferreira, nasceu na cidade de Cachoeira no Estado da Bahia, em 14 de Junho de 1914. Teve seus primeiros contatos com a Doutrina dos Espíritos em torno de 1947, quando da freqüência às reuniões dirigidas pelo confrade Guaraci de Carvalho Lima e esposa, mais tarde filiando-se ao Centro Espírita Obreiros do Bem.
Espírito franco e dedicado profundamente ao serviço filantrópico, auxiliando diretamente ao “pobre”, ao desfavorecido socialmente, fundou o Lar dos Velhinhos em Alagoinhas, o Lar do Irmão Velho em Feira de Santana, o Centro Espírita Irmão Salustiano em Ribeiro do Pombal, bem como o nosso Grupo da Fraternidade Leopoldo Machado; além de implantar a Campanha do Quilo em todas as cidades onde residiu.
Espírita convicto, defensor e praticante do Esperanto, da macrobiótica, e da meditação, Dórea é a representação viva do destemor pelo amor profundo em Deus. Suas obras foram e serão sempre lembradas pelo lema da Fraternidade entre as criaturas, pela ação corajosa e permanente demonstração da fé em seus atos
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