Estudando o Espiritismo

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domingo, 26 de junho de 2011

O Processo Desencarnatório - Gustavo Martins

Equipes de Desligamento
Somente alguns espíritos encarnados tem a capacidade de auto-desligamento, ou seja, de desligar os laços que o prendem ao corpo físico.
A grande maioria precisa de ajuda e amparo, pois o processo de desligamento é difícil para nós, que ainda estamos ligados "vibratoriamente" ao planeta.
Por esse motivo existe na espiritualidade equipes especializadas no desligamento. Elas realizam suas tarefas de acordo com o merecimento dos espíritos que estão desencarnando.
Quando o espírito é merecedor do auxílio que chamaremos de "completo", eles realizam as seguintes tarefas:
  • Preparação - O ambiente doméstico, os familiares e o próprio espírito que desencarnará em breve recebem visitas quase que diárias para auxílio magnético e preparação. Alguns recebem uma aparente melhora para consumação das sua últimas tarefas e para o último contato com os que lhe são queridos.
  • Proteção - Existem vampiros, obsessores e equipes das trevas especializadas em "vampirizar" os recém-desencarnados. A equipe espiritual tem como tarefa proteger o corpo físico e etérico (até o desligamento total) e o espírito contra as investidas das trevas.
  • Desligamento - Será abordado no próximo item, contempla todo o processo de desligamento do corpo físico.
  • Encaminhamento - Os espíritos recém-desencarnados são auxiliados para o encaminhamento ao local onde serão amparados, seja um Posto de Socorro, uma Colônia Espiritual ou, infelizmente, largados ao léu, isso só acontece com os que não podem ser auxiliados, devido a grandes débitos ou apego em que se encontra. Ninguém pode se levado para planos superiores do Astral sem estar preparado.
O tamanho das equipes é variado e geralmente organizado para amparar grupos de espíritos que desencarnarão em um período específico.
Junto a equipe de desligamento encontram-se os amigos espirituais dessa ou de outras vidas, os familiares, os amigos espirituais de trabalho (no caso de médiuns), etc ..
Mesmo os médiuns que trabalham em casas onde existem mentores experientes nas ledes espirituais, recebem o auxílio da equipe de desligamento. Sobre esse tópico retiramos esse interessante texto do livro Obreiros da Vida Eterna:
"Porque se formara expedição destinada a socorro de servidor que dispunha de amigos de tamanha competência moral? Fabriciano demonstrava conhecimentos elevados e condição superior. O obsequiosos amigo, porém, evidenciando extrema acuidade perceptiva, antes que eu fizesse qualquer pergunta inoportuna, acrescentou:
- Não obstante nossa amizade ao médium, não nos foi possível acompanhar-lhe o transe. Temos delegação de trabalho, mas, no assunto, entrou em jogo a autoridade de superiores nossos, que resolveram proporcionar-lhe repouso, o que não nos seria possível prodigalizar-lhe, caso viesse diretamente para nossa companhia."
Nem todos recebem auxilio de equipes especializadas de desencarne, recebendo os outros o atendimento de equipes gerais que não podem interceder "muito" junto ao moribundo, sobre esse tema retiramos o seguinte texto do livro Obreiros da vida eterna:
"- Nem todas as desencarnações de pessoas dignas contam com o amparo de grupos socorristas?
- Nem todas - confirmou o interlocutor, e acentuou, todos os fenômenos contam com o amparo da caridade afeta às organizações de assistência indiscriminada; no entanto, a missão especialista não pode ser concedida a quem não se distinguiu no esforço perseverante do bem."
5. O Desligamento
5.1 Horário
O período da noite não possui os raios solares, que desintegram as energias negativas e eliminam as formas pensamento criadas pelo pensamento desregrado dos encarnados e desencarnados.
Além disso, temos uma diminuição na vitalidade existente no ambiente, o que piora as condições do doente, facilitando seu desencarne no período da noite, embora, de nenhuma forma isso seja uma regra, é simplesmente uma tendência, podendo por isso ocorrer desencarnações a qualquer hora do dia ou da noite.
5.2 O Processo de Desligamento
Falaremos aqui sobre o processo mais comum de desligamento, suicídio e mortes abruptas serão abordadas em outros tópicos.
5.3 Preparando o Ambiente
Em casos de doença, onde o moribundo está há algum tempo sofrendo, e junto com ele estão os familiares e amigos, cria-se uma aura de imantação que dificulta o trabalho de desligamento.
Fica muito difícil para os espíritos criarem barreiras protetoras, o procedimento adotado pelas equipes especializadas é criar uma melhora fictícia para afastar os que "prendem" o agonizante ao corpo carnal.
Retiramos o seguinte trecho do livro Obreiros da Vida Eterna:
"- Nossa pobre amiga é o primeiro empecilho a remover. Improvisemos temporária melhora para o agonizante, a fim de sossegar-lhe a mente aflita. Somente depois de semelhante medida conseguiremos retirá-lo, sem maior impedimento. As correntes de força, exteriorizadas por ela, infundem vida aparente aos centros de energia vital, já em adiantado processo de desintegração."
5.4 Cortando os Laços
É comum a presença de espírito amigo ou familiar da última encarnação durante o desligamento. A maior parte dos espíritos de nível "médio" de evolução se mantém mais ou menos conscientes do que acontece (depende o grau de desprendimento e evolução). Por isso a presença da mãe, filho(a), irmã(o), etc, tranqüiliza o espírito em processo de desencarnação.
No livro Voltei e Obreiros da Vida Eterna (ambos de Francisco Candido Xavier) os espíritos são amparados por familiares, mãe e filha, respectivamente.
Acredito que a melhor forma de falar sobre o processo de desligamento é citando os dois livros que falaram mais profundamente sobre o assunto, a seguir as transcrições:
Obreiros da Vida Eterna, Capítulo XIII, Companheiro Libertado,
"...Ordenou Jerônimo que me conservasse vigilante, de mãos coladas à fronte do enfermo, passando, logo após, ao serviço complexo e silencioso de magnetização. Em primeiro lugar, insensibilizou inteiramente o vago, para facilitar o desligamento nas vísceras. A seguir, utilizando passes longitudinais, isolou todo o sistema nervoso simpático, neutralizando, mais tarde, as fibras inibidoras no cérebro. Descansando alguns segundos, asseverou:
- Não convém que Dimas fale, agora, aos parentes. Formularia, talvez, solicitações descabidas.
...
E porque eu indagasse, tímido, por onde iríamos começar, explicou-me o orientador:
- Segundo você sabe, há três regiões orgânicas fundamentais que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma:
o centro vegetativo, ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas; o centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no tórax, e o centro mental, mais importante por excelência, situado no cérebro.
...
Aconselhando-me cautela na ministração de energias magnéticas à mente do moribundo, começou a operar sobre o plexo solar, desatando laços que localizavam forças físicas. Com espanto, notei que certa porção de substância leitosa extravasava do umbigo, pairando em torno. Esticaram-se os membros inferiores, com sintomas de esfriamento.
...
Jerônimo, com passes concentrados sobre o tórax, relaxou os elos que mantinham a coesão celular no centro emotivo, operando sobre determinado ponto do coração, que passou a funcionar como bomba mecânica, desreguladamente. Nova cota de substância desprendia-se do corpo, do epigástrio à garganta, mas reparei que todos os músculos trabalhavam fortemente contra a partida da alma, opondo-se à libertação das forças motrizes, em esforço desesperado, ocasionando angustiosa aflição ao paciente. O campo físico oferecia-nos resistência, insistindo pela retenção do senhor espiritual.
...
O Assistente estabeleceu reduzido tempo de descanso, mas volveu a intervir no cérebro. Era a última etapa. Concentrando todo o seu potencial de energia na fossa romboidal, Jerônimo quebrou alguma coisa que não pude perceber com minúcias e brilhante chama violeta-dourada desligou-se da região craniana, absorvendo, instantaneamente, a vasta porção de substância leitosa já exteriorizada. Quis fitar a brilhante luz, mas confesso que era difícil fixá-la, com rigor. Em breves instantes, porém, notei que as forças em exame eram dotadas de movimento plasticizante. A chama mencionada transformou-se em maravilhosa cabeça, em tudo idêntica à do nosso amigo em desencarnação, constituindose, após ela, todo o corpo perispiritual de Dimas, membro a membro, traço a traço. E, à medida que o novo organismo ressurgia ao nosso olhar, a luz violeta-dourada, fulgurante no cérebro, empalidecia gradualmente, até desaparecer de todo, como se representasse o conjunto dos princípios superiores da personalidade, momentaneamente recolhidos a um único ponto, espraiando-se, em seguida, através de todos os escaninhos do organismo perispirítico, assegurando, desse modo, a coesão dos diferentes átomos, das novas dimensões vibratórias.
Dimas-desencarnado elevou-se alguns palmos acima de Dimas-cadáver, apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o cérebro de matéria rarefeita do organismo liberto.
...
Para os nossos amigos encarnados, Dimas morrera, inteiramente. Para nós outros, porém, a operação era ainda incompleta. O Assistente deliberou que o cordão fluídico deveria permanecer até ao dia imediato, considerando as necessidades do ?morto?, ainda imperfeitamente preparado para desenlace mais rápido."
Do livro A vida Além da Sepultura, Capítulo 19, Espíritos Assistentes das Desencarnações:
"... A desencarnação demanda ainda outras operações complexas, pois a intimidade que se estabeleceu entre o perispírito e o corpo físico, durante alguns anos de vida humana, não pode ser desfeita em poucos minutos de intervenções técnicas do lado de cá. Salvo nos casos de desastres ou mortes violentas, em que a intervenção dos técnicos assistentes se registra só depois da morte do corpo, as demais desencarnações devem se subordinar gradativamente a várias operações liberatórias, em diversas etapas..."
5.5 O Rompimento do Cordão de Prata
A grande maioria dos espíritos em processo de desencarne ainda se acha ligado de alguma forma à matéria física, seja por amor a família, aos bens, preocupações com os que vão deixar, etc.
Em vista disso o processo desencarnatório é gradual e o rompimento do cordão de prata, última etapa no processo de desligamento, só é realizado (na maioria dos casos) após algum tempo.
Sobre esse assunto temos a sábia palavra de Bezerra de Menezes, no livro Voltei:
"Esclareceu Bezerra que na maioria dos casos, não seria possível libertar os desencarnados tão apressadamente, que a rápida solução do problema liberatório dependia, em grande parte, da vida mental e das idéias a que se liga o homem na experiência terrestre. ".
Até o rompimento do cordão de prata o espírito encontra-se como um balão cativo (palavras de Bezerra de Menezes), e fica mais suscetível à influência do ambiente onde se encontra, também menos consciente e fraco. Após o rompimento, ocorre um gradual aumento da consciência e fortalecimento.
Para os mais evoluídos o rompimento é quase imediato.
5.6 Duplo Etérico e Vitalidade Acumulada
O desencarne não extingue as energias vitais que circulam no Duplo Etérico, que está diretamente ligado ao corpo físico e ao corpo astral. Os técnicos responsáveis pelo desencarne também devem tomar as devidas providencias para proteger os resíduos vitais contra as investidas dos vampiros do mundo astral.
Esses irmãos que já desencarnaram e por apego ao mundo ou desregramento ainda necessitam de ?sentir? a vitalidade, que só pode ser absorvida através do contato com seres encarnados ou recém-desencarnados, encontram-se a espreita, buscando se ?apropriar? de espíritos recém-desencarnados sem proteção, sugando as energias restantes do corpo físico, do duplo etérico e do perispírito.
Retiramos o seguinte trecho do livro Magia de Redenção ? Hercílio Maes, pelo espírito Ramatis, Os males do Vampirismo
"Quando o espírito desencarna, primeiramente rompe-se o cordão que liga o perispírito ao duplo etérico, e desse fato decorre a bipartição da corrente vital que flui normalmente para o organismo físico. Então, o tônus vital reflui em parte para o perispírito, enquanto a outra converge para o cadáver e depois desintegra-se no túmulo, ou então é absorvida no processo de vampirismo pelos espíritos subvertidos. Certa percentagem do tônus vital também é absorvida pela própria terra, pois ele é fortemente constituído de éter-físico"
As palavras de Ramatís são confirmadas por André Luiz no livro Obreiros da Vida Eterna,
"Jerônimo examinou-o e auscultou-o, como clínico experimentado.Em seguida, cortou o liame final, verificando-se que Dimas, desencarnado, fazia agora o esforço do convalescente ao despertar, estremunhado, findo longo sono.
Somente então notei que, se o organismo perispirítico recebia as últimas forças do corpo inanimado, este, por sua vez, absorvia também algo de energia do outro, que o mantinha sem notáveis alterações.
...
- Nossa função, acompanhando os despojos ? esclareceu ele, afavelmente, não se verifica apenas no sentido de exercitar o desencarnado para os movimentos iniciais da libertação. Destinase também à sua defesa. Nos cemitérios costuma congregar-se compacta fileira de malfeitores, atacando vísceras cadavéricas, para subtrair-lhes resíduos vitais.
...
Logo após, ante meus olhos atônitos, Jerônimo inclinou-se piedosamente sobre o cadáver, no ataúde momentaneamente aberto antes da inumação, e, através de passes magnéticos longitudinais, extraiu todos os resíduos de vitalidade, dispersando-os, em seguida, na atmosfera comum, através de processo indescritível na linguagem humana por inexistência de comparação analógica, para que inescrupulosas entidades inferiores não se apropriassem deles.?
6. As Sensações
6.1 Sensações Antes do Desenlace
Os laços que prendem o espírito ao corpo físico como se "afrouxam" durante doenças prolongadas que antecipam a morte do corpo físico, por isso, os moribundos desdobram com facilidade para a devida preparação junto à equipe responsável pelo seu desenlace.
Alguns espíritos que morrem em acidentes trágicos sentem antecipadamente o fim que os aguarda, sofrendo grande angústia no coração, muitas vezes inexplicáveis naquele momento, de alguma forma sabem o que os espera, contudo, nunca imaginam que um acidente os aguarda.
6.2 Sensações Durante o Desenlace
As variações de sensações durante o desligamento são muitas, sempre vinculadas ao padrão espiritual do desencarnante e ao seu apego ao mundo material.
Muitos se despedem do mundo sem obstáculos e sem desagradáveis incidentes. Inúmeras almas dormem longuíssimos sonos, outras nada percebem, na inconsciência infantil em que vazam as impressões.
Porém, para aqueles que já possuem uma certa evolução, as sensações são muitas e pouco agradáveis pelo que pude perceber nos livros.
O principal motivo para as perturbações que ocorrem durante o processo de desencarne é o padrão vibratório dos amigos e familiares que estão em volta do leito de morte.
Primeiro são os choros, chamados, gritos, angustias, medo, saudade e etc...
Depois, além desses sentimentos, temos as conversas egoístas ou de baixo padrão vibratório.
É fato que a vibração energética emitida pelos entes encarnados é de profunda influência no espírito em libertação.
Estamos considerando o período de desenlace do seu início até o rompimento do cordão de prata.
Durante esse meio tempo o espírito fica meio consciente (espíritos de média evolução), sente-se fraco, facilmente influenciável pelo ambiente, não consegue raciocinar direito e pode sentir as sensações da doença que o levou ao desencarne (caso não consiga manter o padrão vibratório superior).
Alguns que se encontram despertos são colocados para dormir para que o impacto das energias negativas não seja sentido, outros, são levados para a praia ou cachoeira para receberem as emanações positivas da natureza. Cada caso é um caso, onde o merecimento e o desprendimento são variáveis de grande peso.
Não podemos deixar de citar o exame imparcial que alma faz de todos os acontecimentos de sua vida, passando pela sua tela mental todos os acontecimentos. Retirei dois trechos muito interessantes sobre esse tema.
"Um fato digno de registro é que, no momento do desencarne, seja ele repentino ou não, a pessoa vê passar ante ela toda a vida que deixa, em seus mínimos detalhes, de trás para frente, isto é, do momento atual até quando a atual existência teve principio. Processo automático em que o indivíduo em questão, como expectador, avalia, de forma crua, sem adornos, sem enganos, o que construiu de permanente para si mesmo, bem como o tempo malbaratado, gasto em ilusões."
Narcí Castro de Souza, Projetando Luz, Um Guia de Aprendizado Espiritual.
Também André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, nos fala sobre essa sensação.
"Assim como recapitula, nos primeiros dias da existência intra-uterina, no processo reencarnatório, todos os lances de sua evolução filogenética, a consciência examina em retrospecto de minutos ou de longas horas, ao integrar-se definitivamente em seu corpo sutil, pela histogênese espiritual, durante o coma ou a cadaverização do veículo físico, todos os acontecimentos da própria vida, nos prodígios de memória, a que se referem os desencarnados quando descrevem para os homens a grande passagem para o sepulcro."
6.3 Sensações Após o Desenlace
As variações de sensações após o desenlace são muitas e também estão diretamente vinculadas com a graduação espiritual e, com o estilo de vida que o espírito recém-liberto levou.
Todos os apegos, erros, divergências, prejuízos causados a outrem, vícios e etc, contribuem para "pesar" o corpo astral daquele que volta para os planos mais sutis de vida. O peso pode atrapalhar a ida para Colônias Espirituais ou Postos de Socorro, e dependo do erro pode impedir que as equipes desencarnacionistas encaminhem o recém-liberto, deixando-o ao léu.
Em casos mais graves os erros são tantos que ele acaba indo para subplanos inferiores, alguns se encontram abaixo da crosta (para maiores informações consultem o artigo O Plano Astral).
Esses "charcos" como Ramatís chama tem a finalidade de ajudar o espírito a expurgar as toxinas aderidas ao corpo espiritual, funciona como um processo de filtragem/lição para o espírito desregrado. Falaremos mais sobre esses "lugares" mais tarde.
Todos aqueles que buscaram se melhorar e fizeram o possível para deixar marcas positivas no coração dos que o acompanharam, recebem o benefício dos seus atos e pelas preces dos que ficaram são auxiliados. Regressam para Postos de Socorro ou Colônias espirituais, onde receberam o auxílio inicial para a adaptação ao novo plano de vida.
7. A Nova Vida para os que buscaram a Luz
Para os espíritos de média envergadura espiritual o desencarne é mais ou menos parecido, com maiores dificuldades para os que são vítimas de acidentes, onde o rompimento dos laços é realizado de forma abrupta.
Após o auxílio das equipes de desencarnação, eles são levados para Colônias ou Postos de Socorro que estão afins com o seu padrão vibratório.
Recebem visitas dos que partiram antes deles, que fazem o possível para ajudá-los na adaptação.
Não é possível, na maioria dos casos, visitar de pronto a família terrena, em vista dos fortes impactos que sofreria.
Após o período de adaptação eles são encaminhados para tarefas de auxílio, que podem seguir os conhecimentos e experiências de trabalhos realizados na Terra.
O cansaço é muito comum após o desencarne e o espírito se sente frágil, necessitando de alimentos e repouso (a maior parte dos espíritos medianos que vivem no astral se adaptam a extrair a vitalidade da luz).
Passes magnéticos são realizados pelos amigos espirituais, auxiliando na adaptação e o equilíbrio.
Não é comum aos espíritos de médio porte lembrarem logo após o desencarne de suas vidas anteriores, isso acontece gradualmente e varia, de acordo com a história de cada um.
Pelo que pude constatar nos livros, a volitação e velocidade de deslocamento são adquiridas com o tempo, afinal, tudo na vida é uma questão de prática.
Os espíritos recém-libertos ficam muito suscetíveis às emanações de baixo padrão vibratório, eles ainda não conseguem se isolar completamente, por isso que é tão perigoso à volta para o lar SEM A COMPANHIA E AUTORIZAÇÃO DOS INSTRUTORES ESPIRITUAIS!!!
Esse tipo de apego, que pode "tirar" o espírito da proteção dos amigos espirituais, faz correr grande risco aqueles que julgam estar na família terrena a única forma de felicidade. No livro Sexo e Destino, de Francisco Cândido Xavier, temos o exemplo de uma senhora, que após seis meses de adaptação ao plano espiritual resolveu voltar ao seu lar, visitando os entes queridos, contudo, não suportou o impacto das notícias arrebatadoras e entrou em colapso, tendo que ser transferida para hospitais psiquiátricos existentes no plano espiritual.
No terceiro artigo dessa série falaremos sobre a via Além-Túmulo para os assassinos, caluniadores, médiuns, viciados e para aqueles que tem apego ao corpo físico.

Processo Desencarnatório

Para desvencilhar-se das amarras do organismo físico, o Espírito necessita de adestramento e habilidade que se desenvolvem desde quando deambula encarcerado no mecanismo da reencarnação.

Impressões longamente fixadas e sensações vividas com sofreguidão assinalam profundamente os tecidos sutis do perispírito, impondo necessidades e dependências que a morte não logra, de imediato, interromper.

Da mesma forma que o processo reencarnacionista se alonga desde a concepção até os primeiros momentos da adolescência, num complexo assenhoreamento das células que se submetem aos moldes do corpo de plasma biológico, a liberação da clausura exige um período de adaptação à realidade de retorno, dependendo, de certo modo, dos condicionamentos impostos pelo uso das funções fisiopsicológicas que geram amarras fortes ou diluem-nas na sucessão do tempo, em face do teor vibratório de que se revestem as aspirações vividas ou acalentadas.

A ruptura dos vínculos de manutenção do Espírito ao corpo é somente um passo inicial na demorada proposta da desencarnação.

Normalmente encharcado de impressões de forte teor material, o Espírito se demora mimetizado pelas vibrações a que se ambientou, prosseguindo sob estados de variadas emoções que o aturdem.

Quando aclimatado às experiências psíquicas e mediúnicas, mais fácil se lhe faz o desenovelar-se dos grilhões que o prendem à retaguarda, readquirindo a lucidez, cuja claridade racional apressa o mecanismo de libertação.

Mesmo assim, necessita de conveniente adaptação, a fim de readquirir as funções que jaziam bloqueadas pelo corpo ou sem uso conveniente, em razão do comportamento carnal.

A mente responde, portanto, por vasta quota de responsabilidade no fenômeno da morte física.

Conforme a experiência corporal, assim se fará o desligamento espiritual.

Nesse transe, para o qual todos os homens se devem preparar, através de exercícios de renúncia e desapego, torna-se imprescindível o conhecimento da vida espiritual, que estua, atraente, dando curso a quaisquer empreendimentos que, por acaso, fiquem interrompidos...

Desimpregnar-se das sensações mortificantes, que anteriormente escravizaram, é o capítulo mais penoso da convalescença post mortem.

Acostumado a viciações e hábitos perniciosos, que se comprazia em vitalizar com as atitudes físicas e mentais, vê-se o desencarnado subitamente interditado de dar-lhes prosseguimento, o que então lhe constitui tormento inenarrável, levando-o a arrojar-se sobre os despojos em decomposição, ávido de gozo impossível, nele próprio produzindo estados umbralinos de perturbação psíquica em que passa a jazer por longo período, ou se atira, por afinidade de gostos, em intercursos obsessivos, em que as suas vítimas lhe emprestam o veículo para a nefária dependência...

A morte já não é um ponto de interrogação, como antes, graças às informações dos que lhe transpuseram a aduana e retornam para desvelar os aparentes enigmas que a vestiam com o misterioso e o sobrenatural.

O Espírito veste-se e despe-se do corpo obedecendo ao automatismo das leis do progresso, que propõem a lição dos seres, sendo facultado aos que o desejem, pelo esforço e estudo, a aprendizagem e o uso das técnicas de renascer e desencarnar sem choques nem padecimentos perfeitamente evitáveis.

Compreendendo que o fenômeno da morte faz parte do compromisso da vida, o homem se arma de valores para o momento da própria como da libertação dos afetos, que voltará a encontrar na grande pátria de onde todos procedemos.

Com esse cuidado completa-se o quadro de auxílio aos desencarnados, por parte dos familiares e amigos que permanecerão por mais um pouco no corpo, evitando-se as emissões de ondas mentais de rebeldia e desespero, de mágoa e angústia, que são verdadeiros ácidos que ardem e requeimam naqueles desencarnados em cuja direção se arremessam tais vibrações de desconforto e insatisfação.

Morrer é desnudar-se diante da vida, é verdadeira bênção que traz o Espírito de volta ao convívio da família de onde partiu...

A experimentação mediúnica desenvolvida pelo Espiritismo é o mais seguro guia destinado a esclarecer o transe da morte e preparar os homens para a inevitável decorrência libertadora.

A libertação, todavia, depende de cada criatura que experimenta o acidente fisiológico que lhe interrompe o ciclo, propiciando a tranqüilidade ou o demorado sofrimento que carpirá.

Partindo-se da experiência espírita que elucida o fenômeno da morte, ressuma a filosofia comportamental que se alicerça na moral cristã, lavrada no amor a Deus e ao próximo, a expressar a vivência da caridade sob todas as modalidades e em cuja prática o Espírito evolve, progredindo sem cessar no rumo da plenitude.
Manoel P. de Miranda
Livro: Temas da Vida e da Morte
Psicografia:Divaldo Pereira Franco

segunda-feira, 20 de junho de 2011

JESUS CURA MULHER COM HEMORRAGIA - Richard Simonetti






Então, uma mulher, que há doze anos sofria de uma hemorragia; que sofrera muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum alívio conseguira, quando ouviu falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as vestes, porquanto, dizia: "Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada". No mesmo instante o fluxo sangüíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade. Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, se voltou no meio da multidão e disse: "Quem me tocou as vestes?" seus discípulos lhe disseram: "Vês que a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou?" Ele olhava em torno de si à procura daquela que o tocara. A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e pavor, veio lançar-se-lhe os pés e lhe declarou toda a verdade. Disse-lhe Jesus: "Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade." (Marcos, cap. V, vv. 25 a 34)
Estas palavras: "conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra", são significativas. Exprimem o movimento fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos experimentaram a ação que acabara de produzir-se. É de notar-se que o efeito não foi provocado por nenhum ato da verdade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição das mãos. Bastou a irradiação fluídica normal para realizar a cura.
Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela mulher e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?
É bem simples a razão. Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à corrente fluidica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só. O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância de que tratamos.
Razão, pois, tinha Jesus para dizer: "Tua fé te salvou". Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma virtude mística, qual a entendem muitas pessoas, mas uma verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação. Assim sendo, também se compreende que, apresentando-se ao curador dois doentes da mesma enfermidade, possa um ser curado e outro não. É este um dos mais importantes princípios da mediunidade curadora e que explica certas anomalias aparentes, apontando-lhes uma causa muito natural.
A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã.
O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada (transmitida); mas, depende também da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido. Depende ainda das intenções daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou Espírito. Os fluidos que emanam de uma fonte impura são quais substâncias medicamentosas alteradas.
Os efeitos fluidicos são variados. Algumas vezes é lenta e reclama tratamento prolongado; doutras vezes é rápida, como corrente elétrica. (A Gênese, Allan Kardec, cap. XIV, item 10 e 11)
Jesus não comparece às câmaras de passes, nos Centros Espíritas, onde buscamos cura para nossa enfermidade e lenitivo para nossas dores.
Faz-se representar por mentores espirituais que se utilizam de servidores de boa-vontade- os passistas.
À semelhança da mulher com hemorragia, não é preciso expor mágoas e desejos, nem enunciar problemas e enfermidades . . .
Basta ter fé, a certeza plena de que seremos agraciados.
Imaginemo-nos a estender as mãos para Jesus, como fez a mulher . . .
Haveremos de sentir o poder que flui dos passistas, emanado da espiritualidade, fazendo cessar o fluxo de nossas dores!

Outro texto de autor desconhecido:

Conquanto Jesus possuísse excepcional força magnética, não lhe seria possível fazer voltar à vida um corpo que já estivesse morto. Depois que os laços fluídicos que ligam o espírito ao corpo se desatam, nada mais os poderá atar de novo. A rudimentar medicina dos antigos não sabia distinguir entre a morte real e a aparente, isto é, entre a morte e uma síncope. O próprio Jesus declara: “A menina não está morta, mas dorme.” Em nossos dias, feitos os exames necessários, um médico diria: “A menina teve uma síncope.” E Jesus aplicando-lhe um vigoroso passe, reanimou-a. Quanto à mulher que tinha um fluxo de  sangue, constitui um caso bem interessante.

Notemos que para curar a menina foi a vontade de Jesus que agiu; ele fez com que os fluidos  penetrassem no corpo da menina. Ao passo que foi  a própria mulher que atraiu para si o fluido
magnético que emanava do corpo de Jesus.

A cura da mulher que tinha um fluxo de sangue se explica da seguinte maneira: Todos nós
irradiamos fluidos e de contínuo os recebemos. Pela nossa vontade podemos fazer com que uma
determinada pessoa receba nossos fluidos. E também pela nossa vontade, podemos atrair para nós
os fluidos que uma outra pessoa irradia. A mulher que tinha o fluxo de sangue, possuída do intenso
desejo de se curar, desenvolveu força de vontade tamanha que, apesar das pessoas que rodeavam
Jesus, conseguiu estabelecer entre ela e o Mestre a corrente fluídica magnética que a curou

O Papel da Fé e da Esperança no Processo de Cura

Aula dada por Aderico Freitas em 22/07/2004

Que a paz de Jesus esteja conosco. Que ela prevaleça não só no ambiente mas em nossos corações.
Que Ignácio Bittencourt possa nos ajudar para que o que falarmos seja entendido por todos.

Quando alguém fala de fé, normalmente, a pessoa vai falar daquilo que ela sente e, principalmente, da maneira como ela vê e entende Deus e como ela se relaciona com Deus. Porque a fé está diretamente
relacionada com a nossa relação com o ser superior.

Dentro da proposta de estudo apresentada pelo EEME, estudamos as respostas a 3 perguntas:

1a – Por que ficamos doentes?
2a – Como vamos nos curar?
3a – O que fazer para não ficar doente?

Tudo com base no:

“Bem-Aventurados os aflitos”, do Evangelho de Jesus, visando ajudar a todos nós a ser Bem-Aventurados nas aflições e não MAL-AVENTURADOS.

Exemplo de mal-aventurados:

♦ Impacientes;
♦ Sem resignação;
♦ Desanimados;
♦ Revoltados;
♦ Indiferentes;
♦ Desesperados.  Etc.

A dor faz parte do nosso currículo de aprendizado num Planeta  de provas e expiações. Se não temos resignação diante dessa dor, do sofrimento, vamos sofrer repetidamente, uma encarnação após a outra e, não estaremos enquadrados dentro da condição de bem-aventurados de que Jesus falou.

Relembrando a resposta da 1a pergunta – Por que ficamos doentes?

As Leis Divinas, até onde sabemos, usam basicamente, 4 mecanismos para nos conduzir na caminhada evolutiva:

1 – A necessidade: conduz-nos ao dever.
2 – O prazer: estimula-nos a fazer.
3 – O sofrimento: corrige-nos os desvios.
4 – O amor: fortalece-nos e pacifica.

A necessidade nos impõe situações as mais  diversas, nos obrigando mesmo a aprender, a buscar a solução desse ou daquele problema. Desenvolvemos com isso a inteligência e vamos nos adequando ao dever. Porque à medida que nós nos cansamos de sofrer, passamos a cumprir o dever. Então a necessidade nos conduz ao dever.

O prazer é o principal mecanismo que temos dentro de nós e nos faz buscar fazer alguma coisa. Pensem no que vocês quiserem pensar, se existir dentro de nós alguma satisfação em realizar aquilo, vamos nos sentir estimulados a fazer. Só que essa busca desenfreada ao prazer, vai criando situações difíceis para nós. Porque um dos grandes problemas nossos é não saber a medida certa para aquilo que fazemos. Aí, surge o sofrimento, que é o grande mecanismo corretor das nossas ações, para nos corrigir dos desvios frente à Lei.

O amor nos fortalece. É aquele sentimento que está sempre nos empurrando para frente, nos  impulsionando a buscar o melhor.

 No estudo da 2a pergunta, temos:

Fatores que influenciam na cura:

• A Fé
• A Esperança  
• A Crença na espiritualidade
• O Mérito
• O Pensamento
• A Vontade
• A Prece
• A Concentração
• O Ambiente
• A Educação moral

Ao estudarmos fé, por mais que busquemos nos  diferentes livros e fontes de consultas, é importante nos lembrarmos de Jesus e buscar no seu Evangelho, os exemplos de fé. Jesus enfatizou o tempo todo a fé.

1 – CURAS DE JESUS

Perda de Sangue

“— Então, uma mulher, que havia doze anos  sofria de uma hemorragia; — que sofrera muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum alívio conseguira, — como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as vestes, porquanto, dizia: Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada. — No  mesmo instante o fluxo sangüíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade. Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, se voltou no meio da multidão e disse: Quem me tocou as vestes? — Seus discípulos lhe disseram: Vês que a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou? — Ele olhava em torno de si à procura daquela que o tocara. A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e pavor, veio lançar-se-lhe aos pés e lhe declarou toda a verdade. — Disse-lhe Jesus: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade.”
(S. Marcos, cap. V, vv. 25 a 34.)

“Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade”.

2 – FÉ

a) “É uma atitude de fidelidade, harmonia e sintonia com a Lei”.

“A palavra  fé vem do latim  fides  (fidelidade), que por sua vez, foi a tradução encontrada para a palavra pistis em grego, que significa fé.

“Como na maior parte das línguas neolatinas não existe verbo derivado da palavra fé (fides), foi empregado um verbo de outro radical, verbo do latim credere que deu crer, crença”.

“Crença é uma opinião vaga, incerta, indefinida.” (Humberto Rohden – Ensinamentos de Jesus: Fé Incondicional, Ed. Martin Claret)
 
Fé e crença não são a mesma coisa. Mas nós usamos como sinônimo. Porque ao longo do tempo nos acostumamos a não nos preocupar muito com o significado das palavras. Vamos usando sem entender bem o que elas significam.

“Crença é uma opinião vaga, incerta, indefinida.” Ah! Eu creio no que Fulano falou, mas não me dei ao trabalho de pesquisar se o que o Fulano falou é verdade. Eu confio nele e o que ele falou para mim tem valor de algo certo. A palavra fé significa outra coisa.

Jesus não advertiu: “Vai e não peques mais”. Por quê?

Resposta: 1o – Jesus sabia que aquela alma tinha FÉ – Fidelidade, Harmonia e Sintonia com as Leis Divinas.

2o  – Em relação àquela enfermidade, ela estava quite com a Lei.

b) FÉ
“... a confiança que se tem na realização de algo, a certeza de se alcançar um objetivo.”.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 3 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

“... é o sentimento inato, no homem, dos seus destinos futuros; ...”.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 12 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

A nossa visão de futuro, de imortalidade, tem importância fundamental na nossa fé. Se eu encaro que sou um ser imortal, minha fé estará alicerçada num tipo de sentimento meu em relação a Deus. Se eu não admito a realidade da imortalidade, essa minha fé vai se manifestar de forma diferente. Nós temos exemplos disso nas correntes protestantes. Nós podemos dizer que essas criaturas não tem fé? Muitas delas têm uma fé inabalável, mas a visão delas em relação ao depois da morte é completamente diferente do que é apresentado pela Doutrina Espírita. Mas elas têm fé e conseguem através da fé, a solução de muitos problemas na vida. Mas elas estão limitadas e vamos ver mais na frente o porquê.

A fé tem que ser ativa, não pode ser simplesmente o crer e acabou. Olha a crença numa colocação diferente de fé. Fé significa fidelidade e crença... “eu creio”. Tudo bem, eu creio, mas em quê?

3 – CLASSIFICAÇÃO DA FÉ

3.1 – Quanto ao entendimento:  Como nós entendemos a fé. Dentro do âmbito da fé religiosa nós vamos ter:

a) Fé Cega: “... nada examina, aceita sem controle o falso como o verdadeiro, e se choca, a cada passo, com a evidência e a razão ...”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 6 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

A criatura diz que tem fé, mas chega alguém e  diz para ela que tem que ter determinados procedimentos, pela fé que ela tem, ela não questiona, ela faz; sem pensar nas conseqüências, sem
pensar se aquilo é válido.

Essa fé pode trazer alguns prejuízos: ilusão, desapontamento, perigos, comprometimento da própria saúde. Temos exemplo de criaturas que em nome de uma fé, não aceitam a transfusão de sangue. Quando isso salvaria a vida dela. E muitos outros exemplos que nós vamos encontrar, que em nome de uma fé, sem o devido exame do  porque confiar naquilo (vou substituir a palavra confiar pela palavra crença). Porque ou não quer por comodismo, ou porque tem medo e não busca realmente, saber se vale a pena, se pode confiar  e se manter fiel aos princípios que estão sendo passados para ela.

Prejuízos que essa fé pode nos causar: “... causa, atualmente, o maior no de incrédulos, porque exige a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o  raciocínio e o livre-arbítrio...”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 7 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

Vamos lembrar do período da Idade Média em que a fé era aquela: crê ou morre. Era imposta a ferro e fogo. Por medo de perder os bens ou a vida, a criatura dizia que acreditava. Mas o sentimento dela correspondia ao que ela dizia? Na maioria das vezes não. Algumas criaturas se atribuindo o direito de determinar quem devia crer e a forma como se devia ter fé, estabelecia a maneira de se relacionar com o Criador. Quando esse relacionamento deve ser direto da criatura com o Criador e, o nosso grande instrumento é a prece. Não precisamos de intermediários. Se for necessário o intermediário, quem nos ama providenciará. Estando do outro lado irá tomar as providências. Como isso ocorre? Estamos em situação aflitiva, fazemos uma prece pedindo ajuda, nos dirigimos ao Pai. Mas é o Pai diretamente que vem nos atender? São aqueles espíritos que nos amam, que por sua vez, se não forem capazes, por não terem recursos de conhecimento e de elevação moral para solucionar a nossa problemática, eles intercedem a quem tenha condições para nos atender, dependendo do nosso conhecimento e  necessidade.

b) Fé Raciocinada: “... se apoia sobre os fatos e a lógica, não deixa nenhuma obscuridade; a
pessoa crê, porque tem a certeza, e só tem a certeza porque compreende ...”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 7 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

Por que eu vou ser fiel à Lei de amar ao meu próximo? Eu necessito de paz e só vou ter paz se eu não estiver com medo do que o outro vai fazer comigo. Eu preciso amar ao meu próximo para que ele, sabendo que eu não sou motivo de preocupação para ele, aos poucos deixe de ser motivo de
preocupação para mim. Em cima dessas demonstrações é que vamos  fortalecendo e ampliando a nossa fé, a nossa fidelidade às Leis, porque vamos entendendo como elas funcionam na nossa vida e vamos nos ajustando, fazendo com que o nosso comportamento vá ficando cada vez mais de acordo com elas.
Vamos criando em torno de nós paz, equilíbrio, resistência às tempestades que desabam sobre nós.
Intervenção: Nessa parte da fé raciocinada temos um exemplo em William Crooke, que, ao final dos estudos com Kate King, ele diz que não pode dizer: “Não creio. Minha fé é apoiada sobre os fatos.” Ele pesquisou. Antes era um dos maiores incrédulos.

O Espiritismo surgiu na metade do século XIX como filosofia estabelecida, organizada. Vamos ver que nesse período um número imenso de cientistas na região da Europa, perto da França, pesquisavam profundamente todos os fenômenos  que interessavam ao homem. Porque o homem achava que podia resolver tudo sem o lado espiritual da vida. Alguns cientistas chegaram à conclusão que não precisavam mais de Deus. Esses cientistas, quase que a totalidade deles, foram levados a pesquisar o Espiritismo com o objetivo de desmascarar os fenômenos. Só que eles eram e são espíritos sérios, fiéis à Lei, fiéis à verdade. Eles tinham credibilidade no mundo científico, sua palavra em muitos assuntos tinha força de Lei. Quando eles entraram na pesquisa e constataram a realidade dos fatos, eles não recuaram em declarar a verdade do que tinham encontrado. Eles tinham primeiro que conquistar uma autoridade na área deles, desvinculada de toda ideia religiosa, para que quando viessem e dessem a palavra deles, ela não pudesse ser contestada. E formou um dos fundamentos da Doutrina Espírita, pois ela tem por base a ciência.

A Doutrina Espírita veio para desfazer a confusão na cabeça de todos nós. Veio para desfazer os equívocos. Quem pensar que a Doutrina Espírita esconde as coisas, enrola, está enganado. Estude mais a fundo, pesquise, medite, deixe passar os anos debruçado sobre os livros e entenda o que está ali.

Ao longo dos séculos, os ensinamentos do Cristo foram deturpados, pelos interesses os mais
diversos, mas ele sabia disso, tanto é que anunciou a vinda do Consolador. Ele sabia que chegaria o
momento da verdade receber mais um impulso. A Doutrina Espírita veio para justamente, desfazer,
tirar da obscuridade, da nossa ignorância, do nosso orgulho, da nossa vaidade que faz com que nos
achemos uns sabichões e colocar as coisas às claras. A pessoa crê porque tem a certeza e só tem a
certeza porque compreende. O entendimento tem a ver com o raciocínio. Com o “saber como
funciona” e “porque é assim”. Compreende. Você aderiu com o seu sentimento e aceitou aquilo.
Como é que nós estamos sendo apresentados à  Doutrina Espírita? Principalmente pelo
sofrimento. Porque ainda é do nosso estágio evolutivo. Nós caminhamos como alguém que está
numa área totalmente cheia de neblina e não tem uma visão muito clara do que está lá na frente.
Você só tem a visão de um pequeno espaço ao seu redor, não tem a visão do todo. Essa visão vai se
ampliando à medida que vamos entendo os mecanismos da Lei Divina e o que ela tem de proposta
para cada um de nós. À medida que a Doutrina  Espírita vai entrando no nosso entendimento e
ajudando a mudar o nosso sentimento, essa neblina vai se diluindo e vamos enxergando com mais
clareza e caminhando com mais segurança. Infelizmente no nosso estágio evolutivo, isso ainda está
sendo conseguido através do sofrimento. Porque  somos criaturas muito teimosas, renitentes,
recalcitrantes. A dor tem o tamanho da nossa rebeldia. Quanto mais rebelde eu for, mais intensa tem
que ser essa dor, para que eu reconheça que existe algo regendo o nosso caminhar.

3.2 – Quanto ao objetivo:

a) Fé Humana: É quando o homem aplica suas faculdades para atender suas necessidades
materiais. Confia em si mesmo.

Nós precisamos ter fé em nós, precisamos  confiar nas nossas capacidades, nas nossas
possibilidades. Daí a necessidade do autoconhecimento. O que eu posso? O que eu não posso? O
que eu sou capaz de fazer? Até que ponto eu suporto esse tipo de  pressão sobre mim? E nós só
vamos descobrindo isso, à medida que vamos experimentando. É tentar ver o resultado que dá. Se
não deu certo, recue e admita o fracasso como aprendizado. E não cair na depressão e pensar que 66              
tudo acabou. Porque as Leis Divinas, principalmente, a Lei de Progresso faz isso conosco. Quantas
vezes nós já reencarnamos para vivenciar a mesma situação e retornamos ao plano espiritual sem
conseguir ter dado um passo no aprendizado daquilo? E nem por isso Deus nos castigou. Essa
repetição é castigo divino? Não, é o amor dele pelo filho: “— Vai, repete quantas vezes forem
necessárias, até aprender.”

b)  Fé Divina: O homem aplica suas faculdades para atender suas aspirações espirituais.
Confia em Deus.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 12 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

Ele já sai da postura de se preocupar só com ele mesmo e lembra-se que tem um Criador. Os
cientistas do século XIX consideravam que não precisavam mais de Deus, mas a vida aos poucos
vai fazendo as coisas acontecerem para lembrarmos que Deus existe. Umas das coisas que fez, de
uma forma estrondosa, o homem entender que existe Deus e que ele não é só essa estrutura
material, foi justamente, o advento da Doutrina Espírita. O homem pesava, media, pesquisava,
cortava os corpos, fazia mil e uma coisas, considerava que sabia tudo. De repente, as mesas
começam a se levantar, a se balançar e uma  inteligência responde o  que ele perguntava em
pensamento. Como isso é possível? A ciência, se  fosse aquilo que eles acreditavam que era, caía
toda por terra. No entanto, continuaram, e hoje, a própria Física, que é uma das ciências mais
materialista, é ela justamente, que está fazendo o caminho de volta para Deus.
Existem alguns pesquisadores que estão apresentando algumas teorias da Física, que quando
eles conseguirem fazer com que isso seja do entendimento de todos, vai alterar quase que toda base
da Física que nós conhecemos hoje.

4 – A FÉ VERDADEIRA

• É sempre calma.
• Paciente.
• Apoia-se na inteligência e na compreensão.
• Tem a certeza de chegar ao objetivo.
• Alia-se à humildade.
• Coloca sua confiança mais em Deus.

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 3 e 4 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

5 – A ESPERANÇA

“... é a faculdade que infunde coragem e impele à conquista do bem...”
Se eu confio em Deus, sou fiel as suas Leis, eu não tenho dúvidas de que vou caminhar. E
para que eu seja aquilo que Deus espera que eu seja, eu tenho que me tornar uma pessoa de bem.
“... a esperança revigora o entusiasmo e insufla o necessário ânimo para o prosseguimento
até o fim...” (Joanna de Angelis – Estudos Espíritas: Esperança)

A dor, o sofrimento, ainda fazem parte do nosso estágio evolutivo e, em alguns momentos,
parece que pegaram todas as dores do mundo e  colocaram em nossos ombros. Tem horas que a
gente pensa assim. Mas, no momento em que nós refletimos, se a nossa fé está alicerçada na
fidelidade a Deus e se nós procuramos estar em sintonia com suas Leis, vamos caminhar.
A resignação é aceitar aquilo que não pode ser mudado, sem a revolta. Se você traz uma
enfermidade e a Medicina atual ainda não consegue curá-la. Se você confia em Deus, na sua justiça
e no seu amor, não vai se revoltar. Vai se colocar na seguinte postura: “Se estou passando por isso é
porque há uma razão justa. Portanto, no devido momento eu vou saber porque estou passando por
isso.” Se nós aceitamos a imortalidade, a reencarnação, vamos também entender que aquilo que
estamos passando é conseqüência do que fizemos no passado. Isso nos dá tranqüilidade, força, paz e
nós caminhamos, prosseguimos.

“... a fé cresce na razão em que o homem se liberta do egoísmo...”  

(Humberto Rohden – Ensinamentos de Jesus: Fé Incondicional, Ed. Martin Claret)
Os espíritos colocam constantemente para nós que o egoísmo é  a grande chaga da
Humanidade, que nós temos que nos empenhar com todas as nossas forças, com todas as nossas
possibilidades de entendimento, para nos libertarmos do egoísmo. Então, a nossa fé aumenta. E
vamos estabelecer a relação: se eu faço com que prevaleça em mim o egoísmo, eu não vou ser fiel,
vou pensar primeiro em mim.

6 – CONSEQUÊNCIAS DA FÉ VACILANTE

• A incerteza.
• A hesitação.
• A fraqueza – aproveitada pelos inimigos.
• A inércia.
• A descrença em si mesmo.
• O desespero.

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 2 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

Eu coloquei fé vacilante porque, sinceramente, não tenho muita convicção que exista alguém
que não tenha absolutamente nada de fé. Mesmo porque, no estágio atual do planeta Terra, nós não
temos espíritos totalmente ignorantes. Já vivenciamos um sem números de encarnações, mesmo nos
povos primitivos vão ver que eles têm uma fé, uma crença, eles estabelecem relação com as forças
superiores. Então, há neles um sentimento de confiança, de esperança. Não existe realmente,
alguém sem fé. Mas, em nós ela é aquela fé vacilante.

A fraqueza – aproveitada pelos inimigos. Se eu não confio, se não sou fiel, não me coloco
em condições de ser abastecido dos recursos que preciso para enfrentar os problemas. Perturbo-me,
saio da sintonia, abro campo para aqueles que querem ver o meu sofrimento maior, agirem.
O desespero é algo muito sério. Conseqüência do desespero é o suicídio. Como não temos
uma fé, não temos essa sintonia, nos deixamos envolver por essa onda e as criaturas, às vezes, sem
nenhum compromisso sério, sem nenhuma perturbação grave em si mesma, acabam sendo levadas
ao suicídio.

Nós estamos vivendo um período de grande aferição de valores, é só observarmos o que
acontece conosco e à nossa volta. Estamos sendo estimulados a colocar para fora aquilo que tem de
mais podre. Nós estamos fazendo a própria aferição de valores. E para fazermos essa seleção temos
que ser estimulados a nos mostrarmos com somos, como estamos. Temos espíritos encarnados que
estão tendo chance de vivenciar as situações as mais diferentes, para colocar para fora todo o seu
patrimônio, seja ele positivo ou negativo, para fazer essa aferição de valores. Em compensação,
como a misericórdia divina não deixa as coisas andarem soltas por aí, coloca chegando ao planeta
um grupo de espíritos, equilibrados, sérios, que não são, muitas vezes, detectados por nós, mas que
tem a cabeça firme, tem essa fé, essa fidelidade às Leis, que contrabalançam psiquicamente,
fluidicamente com a situação do planeta. Os altamente comprometidos com a Lei estão tendo a
chance de tentar ficar de um lado ou de outro. Se não conseguirem irão para outro planeta. Os que
conseguirem passar para um estágio melhor, serão os que habitarão o planeta nessa fase de
regeneração, cujo padrão está sendo lentamente estabelecido por esses que estão chegando em
melhores condições. É só lermos, no final da Gênese a “Geração Nova”, que vamos entender como
isto está ocorrendo.

7 – BENEFÍCIOS DA FÉ

• Regenera  “... é a base da regeneração...” – Temos fidelidade a Deus. Estamos sendo
estimulados sempre para o bem. Estamos buscando a reforma íntima, a aferição de valores e sempre
buscando um padrão melhor.
• Arrebata e contagia – A fé não estimula? Aqueles exemplos de grande resistência, de
fé, de amor e fidelidade a Deus, não tem arrastado multidões ao longo dos milênios?
• Fortalece e encoraja.      
• Infunde Esperança – Ela infunde esperança, porque sabemos que hoje está difícil,
mas amanhã vai estar melhor. Porque sabemos que tudo vai mudar, tudo vai progredir.
• Estimula a Vontade.

(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 11 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)

8 – PENSAMENTO E VONTADE

“Impondo o pensamento, por meio da  vontade, os Espíritos atuam sobre os fluidos.
Orientam-nos, modificam-nos, dão-lhes formas, cores, mudam suas propriedades químicas, etc.
(Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.3 – Corpo e Perispírito; Fluidos)

8.1 – PERISPÍRITO

“O perispírito é constituído de matéria, porém, caracterizada por outro estado vibratório.
Varia de mundo para mundo...” e mesmo de indivíduo para indivíduo. Porque cada mundo está de
acordo com o grau evolutivo dos espíritos que ali habitam.
   
“Ele emite radiações que variam de natureza e intensidade conforme o estado mental do seu
portador...”

(Carlos Toledo Rizzini – Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.2)

As características dessas irradiações serão dadas pela natureza dos sentimentos
predominantes.

“O perispírito de uma pessoa pode emitir emanações fluídicas mais fortes e orientadas numa
dada direção se ela quiser, se aplicar sua vontade a isso.
 
Temos aqui a criatura deprimida, triste, com áreas irregulares no campo energético, que uns
chamam de aura, representando aqui aquelas áreas de menor energia. Comprometidas, com órgãos
deficientes, enfermos.

A outra figura é do livro Mãos de Luz. Ela é muito representativa do trabalho na sala de
cura.

“As emanações perispiríticas têm influência sobre os outros:
— se enviam fluidos bons, são salutares;
— se veiculam fluidos escuros, procedentes  de mentes perturbadas e de intenções menos
dignas, são perniciosas.
“As pessoas sensíveis sentem logo uma impressão penosa à aproximação de um espírito
mal-intencionado ou desequilibrado.”
(Carlos Toledo Rizzini – Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.4)
 
Aqui, um grupo lendo, estudando, alegre. O outro, sentindo a presença de um espírito que
pode até ser um espírito brincalhão. Mas os  que não tem nenhuma informação a respeito de
Doutrina Espírita, a respeito de fenômeno espírita não percebem. Conhecemos uma porção de
pessoas espíritas, que estudam a Doutrina Espírita, mas tem pavor de espírito e não querem nem
saber de ver espírito.

8.2 – Vontade

“... a vontade não é atributo especial do Espírito: é o pensamento chegado a um certo
grau de energia; é o pensamento tornado força motriz ...”
(Allan Kardec – Revista Espírita de 1868, Dezembro, pág. 352 – Edicel)

Nós somos o que pensamos. Tudo o que acontece conosco está relacionado com o nosso
pensamento. Tudo o que existe no mundo material é resultado do pensamento de alguém que criou.
O planeta é criação do Cristo. O sistema solar é criação de um espírito que nós não sabemos quem
é. O nosso corpo atual é o melhor que conseguimos construir como espírito. É resultado do que nós
pensamos.

A vontade nada mais é do que o pensamento que atingiu um grau “x” de intensidade e se
tornou uma força que nos movimentou para uma ação. Se eu penso em construir uma casa, ela vai
surgir primeiro no meu pensamento. Ou vai ficar a nível de elaboração mental, ou, se eu realmente
quiser fazer essa casa, o meu pensamento vai atingir uma intensidade tal, que eu vou partir para
uma ação. Torná-la materializada. Primeiro vou  conseguir uma planta, vou me movimentar para
conseguir e depois todas as ações subsequentes, necessárias, para que a casa seja construída.
“O pensamento plasma-se, toma forma e adquire consistência no Fluido Cósmico Universal.
Pensamentos semelhantes, de mesma vibração e mesma sintonia interagem-se, influenciam-se e
ganham força pelas suas combinações e, por atraírem outros, tornam-se fortes a ponto de mudarem
a atmosfera no local em que habitam.”

(Paulo Nagae – Apostila do EEME)
Tem casas espíritas cujo ambiente é confuso, inseguro, e os espíritos benfeitores levam para
lá trabalhos simples, criaturas com necessidades simples, porque a estrutura da Casa não tem
condições, porque não há harmonia, não há identidade, não há sintonia nos objetivos e união para
formar essa força que uma Casa precisa ter. Em compensação, vamos encontrar casas que não tem
um volume de trabalho muito grande, mas os trabalhos espirituais que são levados para ali, são os
mais difíceis, os mais complicados. Porque o grupo pode ser pequeno, mas há uma sintonia perfeita,
uma harmonia nas intenções, nos sentimentos, fidelidade à tarefa, ao Criador, a Jesus, aos
benfeitores espirituais, fidelidade e respeito à potencialidade mediúnica. Os espíritos sabem que
aqueles companheiros têm condições de suportar o grau de desequilíbrio dos espíritos que eles vão
levar lá para serem atendidos, encarnados ou desencarnados.  A força de uma Casa não está na multidão, está na união de pensamentos e sentimentos em torno do mesmo objetivo.

8.3 –  “Tanto o fluido do homem tem ação  magnética e cura, quanto o fluido do
Espírito”.

“... geralmente, porém, os espíritos espontaneamente cedem seus fluidos ao passista
humano, combinando os dois tipos e reforçando a ação, que a prece intensifica mais ainda ...”
A prece é a busca de uma sintonia mais perfeita no momento do trabalho, para que através
dessa sintonia eu possa receber os recursos que serão necessários para o desenvolvimento da tarefa.
8.4 – “... muitas vezes, o passe não objetiva uma cura que razões espirituais (ligadas a
débitos) não permitiriam; serve, no comum dos casos, para descarregar fluidos deletérios que o
sujeito absorveu ou fabricou no contato com os demais e para fortalecer disposições mentais e
estruturas orgânicas ...”
(Carlos Toledo Rizzini – Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.4)

Fortalecer a fé, despertar a fé nas criaturas, dar esperança, porque, às vezes, a doença dela é
incurável, ela não pode ser curada, o remédio dela é viver com a doença. Porque quem tem que ser
curado é o espírito. O espírito é  desatinado, rebelde, infringiu  a Lei em inúmeras situações. A
doença é a limitação que ele precisa para se ajustar à Lei. Ele não pode ser curado, mas precisa ser
mantido no tratamento, mantido em contato com a informação espírita, para passar da fé cega para a
fé raciocinada. Ele precisa se fortalecer, se reequilibrar o indispensável para continuar a encarnação,
porque senão, muitas vezes, ele se suicida.

9 – PAPEL DA FÉ NO PASSE

“O fluido está também sujeito às leis de atração, repulsão e afinidade”.
A criatura descrente torna-se refratária à recepção do passe, ela não vai absorver. Ela pode
absorver pequenas quotas por misericórdia, pelo amor dos benfeitores espirituais. Às vezes, essas
criaturas têm pessoas que dependem dela e precisa ser mantida, mesmo na posição de descrença, de
falta de fé, de perturbação, ela recebe, porque precisa ser mantida de pé, lúcida, consciente, fazendo
a parte dela junto à família, na empresa onde trabalha, na tarefa que ela executa. Não temos noção
da dimensão do trabalho em torno de uma criatura quando estamos dando o passe. Porque o plano
espiritual não vê só a lesão orgânica, vê, muitas  vezes, o histórico da criatura uma, duas, três
encarnações, vê a necessidade da família, a responsabilidade profissional. Imagine um médico que
tem que fazer cirurgias extremamente delicadas, engenheiro  que tem que fazer cálculos de
estruturas sob as quais criaturas vão viver.
“... precisamente porque o fluido varia de indivíduo a indivíduo, é de notar-se que certos
magnetizadores (PASSISTAS) têm mais facilidade em curar determinadas moléstias do que outras ...”
Tanto vai ficar na dependência  da qualidade do fluido, quanto  vai ficar na dependência da
necessidade de quem vai receber o passe, da postura dele. Porque o passista pode ter o fluido adequado
para curar aquela enfermidade, mas ele não pode  ser curado. O passista pode não ter aquele fluido
específico para aquela necessidade, mas ele precisa ser curado. Os espíritos vão dar um jeito e atender à necessidade da criatura.

♦ A cura se opera mediante o fortalecimento e reequilíbrio das moléculas malsãs.
Não só das moléculas mas, principalmente,  do espírito. A gente observa no trabalho do
passe de cura as pessoas, muitas vezes, entram para tomar o passe com o semblante pesado, quase72                 
que desfalecendo, descrentes, abatidas, quando terminamos o passe o semblante está outro. Ela
possivelmente não teve alteração a nível celular, orgânico, mas espiritualmente foi atendida. Porque
ela está enferma espiritualmente. O que está problemático no seu corpo é apenas o reflexo do estado
espiritual.
♦ O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância administrada.”
Aí, diz muito respeito ao médium, porque ele sendo aquele médium com fé, fidelidade, em
harmonia com a Lei, sintonizado com o objetivo do trabalho, ele vai procurar sempre saber o que
precisa fazer para doar o melhor fluido possível no trabalho que realiza.

10 – CONCLUSÃO.

Creio podermos dizer que FÉ é o nosso Pensamento – Força Motriz (Vontade) – sintonizado
com a Vontade do Pai, representada pelas Suas Leis.
Essa sintonia nos infunde energia, força, coragem, lucidez e confiança (Esperança).
A criatura lúcida tem discernimento para enfrentar qualquer situação.
Ela confia, porque sabe que pode confiar no Pai. Sabe que não será  deixada entregue às
forças dos ventos em momento nenhum, em situação nenhuma, porque Deus é o Pai sábio, justo e
amoroso e dispõe de todos os recursos. Deus não esgotou os recursos, nós é que não entramos em
sintonia com Ele, para obter os recursos de que precisamos. Mas eles estão aí à nossa disposição. É
a esperança constante, renovada, de que hoje pode estar muito ruim, muito difícil, mas amanhã vai
estar melhor. Só depende que eu faça o necessário para superar esse momento.
Jesus disse: “Filha, a tua fé te curou, vai-te em paz.” (Lucas, cap. VIII, v. 43 a 48)

A FÉ, AS OBRAS E A BÍBLIA - Fernando A. Moreira


“Tu tens a fé e eu tenho as obras; mostre-me a tua fé sem as tuas obras, que eu com as minhas obras mostrar-te-ei a minha fé.”
(Tiago 2, 24)

O Espiritismo nos destina a fé raciocinada, lastreada, portanto, pela razão, sendo ela extremamente dinâmica, nos fazendo obreiros do nosso progresso moral; esta é a verdadeira fé; a fé com obras; a fé que nos leva ao merecimento, pois “revela o seu objetivo, que consiste em conduzir a criatura ao Criador, mediante a lei incoercível da evolução”(1)

É a fé que, como mola propulsora, nos impulsiona à reforma íntima e a nossa ascensão espiritual; nos irmana ao nosso próximo, luarizando a nossa evolução, por remeter-nos à reparação de nossas faltas e nos dando, por isso, força espiritual. “ A fé é o emblema da perfeição e a insígnia do poder”, (2) por isso carrega nela, “uma verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que não a possui opõe a corrente fluídica uma força repulsiva, ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação...” (3)

A fé exerce assim o seu poder de cura, pois é a chave que abre a porta da casa construída pelo nosso merecimento, para que possamos ser beneficiados pelos fluidos da justiça divina; (ver figura) a fé nos eleva a Deus e O traz até nós, deixando-nos usufruir a Sua bondade infinita. Esta “graça”, no entanto, só acontece, quando existe este anelamento entre a nossa fé e o nosso merecimento.

 

“A fé é força que irradia como energia operante e, por isso, consegue remover as montanhas das dificuldades, aplainar as arestas do conflito, minar as resistências que se opõem à marcha do progresso.” (4)

A fé cega, ao contrário, é estática e acaba estagnada no fanatismo; é a fé sem obras e “(...) que aproveitará, irmãos meus, a um que diz que tem fé se não tem obras? Acaso podê-lo-á salvar a fé? (...) a fé se não tiver obras é morta em si mesma.” (Tiago 2, 17)

Obra, segundo a conotação bíblica, é o cumprimento dos nossos deveres morais e as boas obras têm mérito e serão recompensadas, porque, “a cada um será dado, segundo as suas obras.” (Mateus 16, 27)

No Evangelho, no episódio da cura do servo do centurião romano (Lucas: 7, 1-10), este tendo ouvido falar de Jesus, mandou suplicar por alguns anciãos judeus, que viesse curar o seu servo e eles se dirigindo a Jesus, imploraram seu concurso, dizendo: “É um homem que merece lhe faças esta graça, pois que ama o nosso povo e nos edificou uma sinagoga.” Supõe-se que eles sabiam que Jesus valorizava o merecimento e por isso, invocaram o argumento, e Ele o curou, e só o faria nestas primeiras circunstâncias.

Na parábola da mulher hemorroíssa, que padecia de hemorragia há doze anos, (Marcos, 5, 21-43) esta veio-lhe da multidão e tocou-lhe a capa, na certeza inquebrantável de que ficaria sã e Jesus dirigindo-se a ela, assim se expressou:“Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica curada do teu mal.”

Ainda no Evangelho, na parábola da cura dos dez leprosos, (Lucas 17, 11-19) Jesus se dirigiu ao samaritano, único dos dez que havia retornado para, prostrado aos seus pés, render-lhe graças, pronunciando as seguintes palavras: “Levanta-te, vai, tua fé te salvou.”

Os outros nove haviam sido curados, mas só o samaritano estava, assim como a mulher hemorroíssa, salvo pela fé; “salvo sim porque ela fez desabrochar na alma do samaritano o valor, a alegria sã, a gratidão.” (5)

Ao paralítico na piscina, depois de curado, Jesus disse: “Olha, já estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior.” (João 5, 1-14)

Havia aí, pois, um condicionamento para a perpetuação daquela cura, que era o de não pecar mais, mantendo-se na prática das boas obras, para que não lhe sucedesse a recidiva, ou coisa pior.

Nós espíritas temos que ser, os obreiros do amor, em relação ao nosso próximo, amando-o como a nós mesmos e, portanto, também nos amando, como a ele mesmo; acreditar em Deus, acreditando em si mesmo, sendo “filhos legítimos da fé que pensa, da fé que desvenda a imortalidade, da fé que conduz a Deus.” 
(6)

A fé é, assim, a luz da esperança; a esperança a dinamizadora da caridade, e a caridade a fonte da reforma íntima, só conseguida pela ação, espelhada na vivência dentro dos preceitos evangélicos. “A vida de Jesus constitui a obra programada pela fé.” (7)

Não se pode questionar esta sincronização entre o amor, a fé e as obras, contra os argumentos na interpretação errônea dos textos bíblicos, muita vez com dolo, de que “só a fé salva e obras nada valem”.

Citaremos, na bibliografia, algumas referências de alguns destes mesmos textos, inclusive os selecionados no nosso trabalho, 
(8) para que não paire qualquer dúvida, sobre o que neles foi dito.

“Infelizes daqueles que usam a fé para crescer no materialismo”
(9)
 porque, “Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor!, entrarão no reino dos céus; aquele, porém, que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse entrará no reino dos céus.” ( Mateus 7, 21)

BIBLIOGRAFIA:

(1)
 VINÍCIUS. Na Seara do Mestre; 5ª ed.: FEB, 1985, pg 57.(2) SCHUTEL, Caibar . Parábolas e Ensinos de Jesus: 13ª ed., SP: Casa Ed. “O Clarim”, 1993, pg. 261.(3) SANTANNA, Ernani. Notações a um Aprendiz, RJ: FEB, 1991, pg. 39.(4) FRANCO, Divaldo. Jesus e o Evangelho_ À Luz da Psicologia Profunda. Pelo Espírito Joanna de Angelis. 1ª ed., RJ: Liv. Esp. Alvorada. Ed., 2000, pg. 165.(5) VINÍCIUS. Nas Pegadas do Mestre: 7ª ed., FEB, 1989, pg. 50.(6) SCHUTEL, Caibar. “O CLARIM”, Casa Ed. O Clarim, SP, maio, 2000, pg. 5.(7) MAIA, João Nunes. Pelo Espírito MIRAMEZ. Cristos, 1ª ed., 1989, pg. 163.(8) Gênesis (4, 7); Salmos (27, 4-5); Provérbios (11, 18); Eclesiástico (36, 18); Mateus (5, 12; 7,15-20; 10, 40-42; 16, 27; 25, 31-40; Lucas (7, 1-10; 17); João (3, 20); Romanos (2, 5-11); Coríntios (I; 13,3; II: 5, 10); Hebreus (6, 10); Tiago (2, 14-18; 2 ,24); Apocalipse (22, 12).(9) GLASSER, Abel, pelo Espírito SCHUTEL, Caibar. Fundamentos da Reforma Íntima: 4ª ed., Casa Ed. O Clarim, 2000, pg. 84.

Fonte: Revista Internacional de Espiritismo - Out/2002