Estudando o Espiritismo

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domingo, 26 de fevereiro de 2012

O trabalho e os antidepressivos como terapias na depressão.



"...que ao lado de todos os tratamentos especializados para a cura da depressão, assim como de outros distúrbios de comportamento, o trabalho desempenha um papel terapêutico fundamental. O mesmo acreditamos, no que diz respeito à psicodança. Enquanto a mente do enfermo se encontrar direcionada para um objetivo saudável, desvinculandose da idéia depressiva, irá regularizando a
distonia e provocando uma positiva reação cerebral, face à imposição do pensamento bem direcionado, que agirá nos neurônios, favorecendo-lhes as sinapses em ritmo equilibrado. O trabalho é recurso muito valioso para fazer o tempo passar, informa a tradição terrestre, mas, sobretudo, para que passe de maneira saudável e dignificadora, acentuamos nos. Felizmente, a praxiterapia vem sendo utilizada com propriedade, colhendo resultados positivos.
“Quando o indivíduo se envolve com qualquer tipo de trabalho ou responsabilidade edificante, concentra-se na sua execução e mantém-se atento aos objetivos delineados. Naturalmente estimulados pela ação mental saudável os neurônios produzem enzimas carregadas de energia que, à semelhança de fótons especializados, produzem harmonia vibratória nos neurotransmissores, proporcionando reequiiíbrio. O mesmo milagre produz a oração. Como porém, raros desses pacientes podem demorar-se concentrados na prece, na meditação ou nas leituras elevadas, porque entram em divagação pessimista, o trabalho e a dança, em razão do esforço físico para desempenhá-los, produz resposta mais direta e imediata.
“Sempre quando atendia um cliente portador de distúrbio depressivo, após as recomendações terapêuticas acadêmicas, propunha-lhe qualquer tipo de laborterapia, a começar por quase insignificantes esforços no próprio lar, no jardim, na reparação de objetos ou móveis quebrados até os serviços de beneficência em favor da comunidade. Os resultados, apesar das permanentes negativas do mesmo em executá-los, explicando que lhe era quase impossível atender-me, redundavam sempre positivos. Renascia-lhe o interesse pela vida, o desejo de prosseguir, a diminuição da ansiedade, a autoconfiança, claro que lentamente. O importante era demonstrar-lhe as imensas possibilidades que lhe estavam à disposição e que, por momentos se encontravam adormecidas, aguardando somente o despertar da vontade e do esforço. 

“Como passo seguinte procurava identificar-lhe a confissão religiosa, a fim de estimulá-lo à crença em Deus, eliminando as propostas fanatizantes das diversas religiões, ensinando que o apoio divino nunca falta, e quando a criatura se entrega ao Criador, Ele corresponde-lhe com segurança e amor. Esse meu comportamento causava estranheza em muitas famílias, nas quais se encontravam os problemas depressivos, bem como entre os colegas, quase sempre aferrados a terrível convicção materialista. No entanto, a observância de tal procedimento terapêutico conferia-me estatística valiosa, quantitativa e qualitativamente, confirmando-me a sua excelência nos resultados favoráveis à recuperação da saúde.”
Olhando-me com interesse, o novo amigo indagou-me:
- Nas suas experiências com obsidiados na Terra, alguma vez sugeriu o trabalho como terapia libertadora? Recordando-me dos momentos valiosos vivenciados nas atividades desobsessivas, retruquei, sem qualquer dúvida:

— Somos também de parecer que o trabalho é, realmente, um dos mais eficazes mecanismos de promoção do indivíduo. Jesus teve ocasião de acentuar, conforme anotado pelo evangelista João, no capítulo 5, versículo 17:

— Meu Pai trabalha até agora e eu também trabalho, demonstrando a alta significação desse procedimento. Não poucas vezes, estimulando os obsessos ao trabalho, eles reagiam justificando-se incapacidade de realizar alguma coisa de útil, ao que lhes objetava, informando que sempre se pode fazer algo, mínimo que seja, quando se tem interesse. E insistindo, conseguia auxiliá-los a sair da inércia, da autocompaixão, da frustração existencial ou da revolta neles instalada pela ação corrosiva da obsessão...
“Quando a mente se desvincula de atividades enriquecedoras, o drama da obsessão se torna mais grave, porque a insistente idéia transmitida torna-se acolhida pelo enfermo, que passa ao diálogo desestruturador do comportamento. Quanto mais recua para o interior, vivenciando a conversação infeliz, mais poderosa se torna a indução do agente perseguidor.”
— O avanço da ciência, buscando entender e solucionar os graves problemas humanos, é considerável, constituindo-se numa demonstração do amor de Deus pelas Suas criaturas, diariamente enviando à Terra os Seus missionários em todas as áreas, a fim de alterar as ocorrências para melhor, estabelecendo parâmetros de equilíbrio e de paz, bem como de renovação e
de saúde para todos. Os fármacos antidepressivos em geral, têm por meta elevar os níveis da serotonina, bem como da noradrenalina, substâncias relacionadas com a depressão conforme ouvimos na conferência da noite passada. Significa dizer, que têm por meta aumentar a quantidade de neurotransmissores no cérebro, que lhes sofre carência. O que ainda merece estudos é a necessidade de compreender-se como as alterações que ocorrem em uma molécula tão simples podem produzir transtornos tão profundos no comportamento do ser? Sabemos, nós outros, os estudiosos da vida espiritual,
que essa ocorrência tem sua gênese no processo reencarnatório, quando o Espírito imprime nos genes as suas necessidades evolutivas, desencadeando os distúrbios correspondentes ao processo de crescimento moral no momento adequado da vida física. Não obstante, os antidepressivos oferecem resultados positivos de acordo com a ficha cármica de cada paciente, porque a função,
por exemplo, do Prozac, composto denominado hidrocloreto de fluoxetina, é bloquear a captação da serotonina, constituído de tal forma semelhante àquela, que pode enganar os neurônios, competindo com a mesma na sua captação e deixando-a na face extenor da célula. Como todos os fármacos objetivam alterar diretamente a química cerebral, inevitavelmente produzem dependência e algumas seqüelas, que podem ser contornadas pelo psiquiatra e também pelo esforço do próprio paciente no processo de recuperação. 

“Variam as opiniões de especialistas em torno do Prozac. Alguns consideram-no como excelente, com respostas positivas quase imediatas à sua aplicação. Outros, no entanto, evitam-no, por haverem constatado em alguns dos seus clientes resultados menos felizes, até mesmo indutivos ao suicídio...Tudo isso tem a ver, sem dúvida, com o passado espiritual do enfermo, porqüanto, cada indivíduo possui as conquistas que o tipificam, diferenciando-o dos demais. O medicamento que, em alguém produz resultado positivo, noutrem desencadeia distúrbios e efeitos diferentes, como é compreensível, face à estrutura orgânica de cada qual.  

“Reconhecendo e valorizando a contribuição científica dos nobres pesquisadores e dos resultados das suas conquistas em favor dos pacientes depressivos como de outras enfermidades, a conduta do recuperado terá muito que ver com o seu processo de preservação da saúde, evitando as perturbadoras recidivas que invariavelmente acontecem por novos desvios de comportamento, por falta de identificação com os valores enobrecedores da vida, por abuso e desgaste das energias nos prazeres exorbitantes e primários.

‘Avançamos, a pouco e pouco, para a eliminação das terapias realizadas mediante a aplicação de drogas que, por enquanto, ainda se fazem necessárias.

Relatórios cuidadosos atestam que existem, neste momento, aproximadamente duzentos tipos de psicoterapias variadas, incluindo-se, bem se vê, aquelas denominadas alternativas que, em diferentes regiões do planeta oferecem resultado positivo, desde as denominadas fitoterapia, acupuntura, bioenergia, florais de Bach, energização através de metais, de cristais, de perfumes e óleos, de do-in, de Reiki, etc, auxiliando o ser humano na conquista e no encontro de si mesmo.”
Dr. Orlando Messier
Livro Tormentos da Obsessão, de Manoel P. de Miranda, por Chico Xavier

Os transtornos emocionais e psiquiátricos na visão espírita.





Depressão
— A depressão, também identificada anteriormente como melancolia, é conhecida na Humanidade desde recuados tempos, por estar associada ao comportamento psicológico do ser humano. A Bíblia, especialmente no Livro de Jó, dentre outros, nos apresenta vários exemplos desse distúrbio que ora aflige incontável número de criaturas terrestres. Podemos identificá-la na Grécia antiga, considerada como sendo uma punição infligida pelos deuses aos seres humanos em conseqüência dos seus atos incorretos. Encontramo-la, desse modo, também presente no século 4º a.C., graças a diversas referências feitas por Hipócrates. Mais tarde, no século 2º a.C., Galeno estudou esse transtorno como sendo resultado do desequilíbrio dos quatro humores: sangue, bílis amarela, bílis negra e fleuma, que seriam responsáveis pelo bem-estar e pela saúde ou não dos indivíduos. Aristóteles assevera que Sócrates e Platão, como muitos outros filósofos, artistas, combatentes gregos, foram portadores de melancolia, que acreditava estar vinculada às capacidades intelectuais e culturais do seu portador. A Igreja romana, a partir do século 4º, também passou a considerá-la e defini-la, ligando-a à tristeza, sendo tida como um pecado decorrente da falta de valor moral do homem para enfrentar as vicissitudes do processo existencial. Posteriormente esteve associada à acídia, passando a ser definida com mais severidade como sendo um pecado cardinal, em razão de tornar os religiosos preguiçosos e amedrontados ante as tarefas que deveriam desempenhar. As lendas a seu respeito fizeram-se muito variadas e as discordâncias complexas, vinculando-a, não raro, àbílis negra, responsável pelo ato impensado de Adão ao comer a maçã no paraíso...

‘A história da medicina também relata que, já no século 10º, um médico árabe, estudando a melancolia, confirmou que a mesma resultava da referida e tradicional bílis negra. Com o Renascimento, porém, esse transtorno passou a ser tido como uma forma de insanidade mental, surgindo nessa época diferentes propostas terapêuticas de resultado duvidoso.
“À medida que se processava o progresso cultural, a melancolia passou a expressar os estados depressivos e, a partir de 1580, tornou-se popular na literatura com características melhor definidas. Foi a partir do século 15II, que a tese de Galeno começou a ser superada e lentamente substituída por definições que abrangiam a natureza química e mecânica do cérebro, responsável pelo distúrbio perturbador. Não obstante a descoberta da circulação do sangue pelo eminente Harvey, que facultou a apresentação de novos conceitos explicativos para a depressão, esclarecendo que se podia tratar de uma deficiência circulatória, permaneceram ainda aceitos os conceitos ancestrais de Galeno, e, por efeito, a terapia se apresentava centrada nos métodos da aplicação de sangrias, purgantes, vomitórios com o objetivo de limpar o como, eliminando os humores negros nefastos. No século 19, ainda por um largo período foi associada à hipocondria, responsável pela ansiedade mórbida referente ao estado de saúde e às funções físicas... Logo depois, passou à condição de uma perturbação mental, de um estado emocional deprimido.
“A melancolia alcançou homens e mulheres notáveis que não conseguiram superá-la, e padeceram por largos períodos a sua afugente presença, e em alguns casos, conduzindo-os a perturbações profundas e até mesmo a suicídios hediondos. Inúmeros poetas, escritores, artistas, religiosos, cientistas famosos não passaram sem sofrer-lhe a incidência cruel, dando margem a que alguns desavisados pensassem que se tratava da exteriorização da genialidade de cada um...”

Houve uma pausa oportuna, a fim de facultar o entendimento do discurso na sua apresentação histórica para logo prosseguir:
- A depressão é hoje classificada como sendo uma perturbação do humor, uma perturbação afetiva, um estado de mal-estar que se pode prolongar por tempo indeterminado. Foi o admirável Emil Kraepelin, o nobre psiquiatra alemão, quem apresentou melhores análises sobre a depressão no século passado, classificando-a como de natureza unipolar, quando é menos grave, mais simples e rápida, e bipolar, quando responsável pelas associações maníacas. Aprofundadas pesquisas ofereceram novas classificações nos anos sucessivos, incluindo as melancolias de involução, que se manifestam em forma de medo, de culpa e de vários distúrbios do pensamento. O eminente psicanalista Sigmund Freud sugeriu o luto como sendo responsável pela depressão, resultado de perda, de um ser amado ou de outra natureza. A perda, para o nobre mestre austríaco, produz dilacerações psicológicas muito graves, gerando distúrbios comportamentais que se prolongam por tempo indeterminado. Concomitantemente, outros pesquisadores estabeleceram que a depressão poderia ser endógena, quando originada em disfunções orgânicas, portanto, de natureza biológica, e reativa, como conseqüência de fatores psicossociais, sócio-econômicos, sócio-morais, em razão das suas nefastas conseqüências emocionais. Outros observadores, no entanto, detiveram-se em analisar a depressão sob dois outros aspectos: a de natureza neurótica e a de natureza psicótica. A primeira é mais simples, com melhores possibilidades
terapêuticas, enquanto que a segunda, por se caracterizar pelas alucinações e ilusões perturbadoras, exige procedimentos mais cuidadosos e prolongados. “A depressão, seja como for considerada, é sempre um distúrbio muito angustiante pelos danos que proporciona ao paciente: dores físicas, taquicardias, problemas gástricos, inapetência, cefalalgia, sentimento de inutilidade, vazio existencial, desespero, isolamento, ausência total de esperança, pensamentos negativos, ansiedade, tendência ao suicídio... O enfermo tem a sensação de que todas as suas energias se encontram em desfalecimento e as forças morais se diluem ante a sua injunção dolorosa.

“A perturbação depressiva ainda pode apresentar-se como grave e menos grave, crônica ou distímica, cuja fronteira é muito difícil de ser estabelecida. Somente através dos sintomas é que se pode defini-las, tendo-se em vista as perturbações que produz nos pacientes. Nesse sentido, a somatização, decorrente de estigmas e constrangimentos que lhe facultam a instalação, pode dar lugar ao que Freud denominou perturbação de conversão, graças à qual um conflito emocional se converte em cegueira, mudez, paralisia ou equivalentes, enquanto outros psicoterapeutas, discordando da tese, acreditam que esses fenômenos resultem de perturbações fisicas não identificadas...
“Por outro lado, a fadiga tem sido analisada como responsável por vários estados depressivos, especialmente a de natureza crônica, que se apresenta acima do nível tolerável de gravidade. Não obstante, a depressão também se manifesta em crianças e jovens, estruturada em fatores endógenos e outros de natureza sociológica, decorrentes do relacionamento entre pais e filhos, do convívio familiar e comunitário conflitivo.

“A mania, por outro lado, é mais severa em razão das alterações manifestadas no humor, que se fazem mui amiúde em proporções gravemente elevadas. Em determinado paciente pode expressar-se como um estado de excessivo bom humor, de exaltação da emotividade, em contraste com os acontecimentos vivenciados no momento, logo regredindo com rapidez para a depressão, as lágrimas, envolvendo sentimentos contraditórios, que passam dos risos excitados aos prantos pungentes. No momento de exacerbação o enfermo delira, acreditando-se messias, gênio da política, da arte, com demasiada valorização das próprias possibilidades. Vezes outras, experimenta estados de temor, por acreditar que existe conspiração contra sua vida e seus desejos, seus valores especiais. Apresenta-se em determinado momento palrador, mudando de conduta com muita freqüência, ou então deixa-se ao abandono, sem higiene, aparecendo, noutras vezes, de maneira extravagante e vulgar. Nessa fase, torna-se sexualmente excitado, exótico, irresponsável,
negando-se a aceitar a enfermidade e mesmo a submeter-se ao tratamento adequado.

“A incidência do distúrbio depressivo apresenta-se quantitativamente maior no sexo feminino. Nesse caso, podemos aduzir ao quadro geral, as manifestações da depressão pré epost-partum, que se originam em disfunções hormonais, conduzindo as pacientes a estados de grave perda do equilíbrio emocional e mental.” O expositor calou-se por um pouco, enquanto o público atento, acompanhava-lhe o raciocínio rico de ensinamentos oportunos. De imediato, deu curso àconferência:

— As influências básicas para a síndrome depressiva são muitas, e podem ser encontradas nas crenças religiosas, nos comportamentos sociais, políticos, artísticos, culturais e nas mudanças sazonais. Por outro lado, a hereditariedade é fator decisivo na ocorrência inquietante, tanto quanto diversos outros de natureza ambiental e social, como guerras, fome, abandono, seqüelas de enfermidades dilaceradoras... Pode-se, portanto, informar que é também multifatorial. Do ponto de vista psicanalítico, conforme eminentes estudiosos quais Freud, Abraham e outros, a depressão oculta uma agressão contra a pessoa ou o objeto oculto. Numa análise biológica, podemos considerar como fatores responsáveis pelo desencadear do distúrbio depressivo, as alterações do quimismo cerebral, no que diz respeito aos neurotransmissores como a serotonina e a noradrenalina. Em uma análise mais cuidadosa, além dos agentes que produzem stress, incluímos entre os geradores da depressão, os hormônios esteróides, estrênios e androgênios, relacionados com o sexo, que desempenham papel fundamental no humor e no comportamento mental.
“É claro que não estamos relacionando todas as causas que predispõem ou que dão origem à depressão, antes desejamos referir-nos mui superficialmente a somente algumas daquelas que desencadeiam esse processo alienante. Nosso objetivo essencial neste momento é identificar o fator de natureza preponderante para depois concluirmos pelo de natureza predisponente. E esse, essencial, importante, é o próprio Espírito reencarnado, por nele se encontrarem ínsitas as condições indispensáveis para a instalação do distúrbio a que faz jus, em razão do seu comportamento no transcurso das experiências carnais sucessivas.

“O Espírito é sempre o semeador espontâneo, que volve pelo mesmo caminho, a fim de proceder à colheita das atividades desenvolvidas através do tempo. Não bastassem as suas próprias realizações negativas para propiciar o conflito depressivo e as suas ramificações decorrentes, que geraram animosidades, mágoas e revoltas em outros seres que conviveram ao seu lado e foram lesados nos sentimentos, transformando-se em outro tipo de razão fundamental para a ocorrência nefasta.
“Ao reencarnar-se o Espírito, o seu perispírito imprime no futuro programa genético do ser os requisitos depurativos que lhe são indispensáveis ao crescimento interior e à reparação dos gravames praticados. Os genes registram o desconserto vibratório produzido pelas ações incorretas no futuro reencarnante, passando a constituir-se um campo no qual se apresentarão os distúrbios do futuro quimismo cerebral. Quando se apresentam as circunstâncias predisponentes, manifesta-se o quadro já existente nas intrincadas conexões neuroniais, produzindo por fenômenos de vibração eletroquímica o transtorno, que necessitará de cuidadosa terapia específica e moral. Não apenas se fará imprescindível o acompanhamento do terapeuta especializado, mas também a psicoterapia da renovação moral e espiritual através da mudança de comportamento e da compreensão dos deveres que devem ser aceitos e praticados.

“Nesse processo, no qual o indivíduo é responsável direto pelo distúrbio psicológico, face aos erros cometidos, às perdas e ao luto que lhe permanecem no inconsciente e agora ressumam, o distúrbio faz-se inevitável, exceto se, adotando nova conduta, adquire recursos positivos que eliminam o componente cármico que lhe dorme interiormente. Não são da Lei Divina a punição, o castigo, a vingança, mas são impostas a necessidade da reparação do erro, da renovação do equivocado, da reconstituição daquilo que foi danificado... O Espirito reflete o amor de Deus nele insculpido, razão pela qual está fadado à perfeição relativa, que alcançará mediante o esforço empreendido na busca da meta que lhe está reservada. São, portanto, valiosas, as modernas contribuições das ciências da psique, auxiliando os alienados e depressivos a reencontrar a paz, a alegria interior, a fim de prosseguirem no desiderato da evolução.”
Novamente o lúcido orador fez uma pausa oportuna, logo dando prosseguimento:
— Nesse capítulo, não podemos olvidar aqueles outros Espíritos que foram vitimados pelo infrator, que agora retorna ao palco terrestre a fim de crescer interiormente. Quando permanecem em situação penosa, sem olvido do mal que padeceram, amargurados e fixados nas dores terrificantes que experimentaram, ou se demoram em regiões pungitivas, nas quais vivenciam sofrimentos incomuns, face à pertinácia nos objetivos perversos do desforço pessoal, são atraí-dos psiquicamente aos antigos verdugos, com eles mantendo intercurso vibratório danoso, que a esses últimos conduz a transtornos obsessivos infelizes, O cérebro do hospedeiro bombardeado pelas ondas mentais sucessivas do hóspede em desalinho, recebe as partículas mentais que podem ser consideradas como verdadeiros elétrons com alto poder desorganizador das conexões neuroniais, afetando-lhe os neurotransmissores como a serotonina, a noradrenalina, a dopamina e outros mais, aos quais se encontra associado o equilíbrio emocional e o do pensamento.

“Instalado o plugue na tomada perispiritual, o intercâmbio doentio prosseguirá atingindo o paciente até o momento quando seja atendido por psicoterapia especial, qual seja a bioenergética, por intermédio dos passes, da água fluidificada, da oração, das vibrações favoráveis à sua restauração, à alteração da conduta mental e comportamental, que contribuirão para anular os efeitos morbosos da incidência alienadora. Simultaneamente, a desobsessão, mediante cujo contributo o perseguidor desperta para as próprias responsabilidades, modifica a visão espiritual, ajudando-o a resolver-se pela mudança de atitude perante aquele que lhe foi adversário, entregando-o, e a si mesmo também se oferecendo, aos desígnios insondáveis do Pai Criador.
“Nunca será demasiado repetir que, na raiz de todo processo de desequilíbrio mental e emocional, nas psicopatologias variadas, as causas dos distúrbios são os valores morais negativos do enfermo em processo de reeducação, como decorrência das ações pretéritas ou atuais praticadas. Não existindo efeito sem causa, é compreensível que toda ocorrência infeliz de hoje resulte de atividade agressiva e destrutiva anterior. “Não poucas vezes, também se pode identificar na gênese da depressão o fator responsável pelo funcionamento sexual deficiente, receoso, frustrante, que induz o paciente ao desinteresse pela vida, à fuga da realidade...  “Desse modo, a depressão, mesmo quando decorra de uma psicogênese bem delineada, seja pela hereditariedade ou pelos fatores psicossociais e outros, sua causa profunda se encontra sempre no Espírito endividado que renasce para liberar-se da injunção penosa a que se entregou.
“Assim sendo, aproxima-se o dia, no qual, a ciência acadêmica se dará conta da realidade do ser que transcende a matéria, e cujas experiências multifárias através dos renascimentos corporais responde pelo binômio saúde doença.

“Nós próprio, quando nos labores terrestres, muito nos aproximamos da fronteira da imortalidade, não a havendo transposto em razão dos preconceitos acadêmicos, embora não nos houvessem sido regateados os recursos que evidenciavam a indestrutibilidade do ser através da morte e isso demonstravam de forma irretocável. Como ninguém pode deter o progresso, que se multiplica por si mesmo, o amanhã constitui a esperança dos que tombaram nos processos perturbadores e degenerativos, quando encontrarão a indispensável contribuição dos cientistas e religiosos que, de mãos dadas, estarão trabalhando em favor da sua recuperação mental e orgânica.”
Fez, propositadamente, uma nova pausa, que a todos nos comoveu pelo que disse de imediato:
— Não há como negar-se: Jesus-Cristo é o Psicoterapeuta excepcional da Humanidade, o único que pôde penetrar psiquicamente no âmago do ser, auxiliando- o na reestruturação da personalidade, da individualidade, facultando-lhe uma perfeita identificação entre o ego e o self, harmonizando-o para que não mais incida em compromissos degenerativos. Por isso mesmo, todos aqueles que lhe buscaram o conforto moral, a assistência para a saúde combalida ou comprometida, física ou mental, defrontaram a realidade da vida, alterando a forma existencial do comportamento que lhes seria de inapreciado valor nas futuras experiências carnais.

“A Ele, o afável Médico das almas e dos corpos, a nossa sincera gratidão e o nosso apelo para que nos inspire na equação dos dramas que afligem a humanidade, tornando a Terra um lar melhor para se crescer moral e espiritualmente, onde os sofrimentos decorrentes das enfermidades de vária gênese cedam lugar ao equilíbrio e à produção da vera fraternidade assim como da saúde integral.”
Trecho do livro Tormentos da Obsessão- Manoel P. de Miranda, médium Divaldo Franco

Depressão



"Na raiz psicológica do transtorno depressivo ou de comportamento afetivo, encontra-se uma insatisfação do ser em relação a si mesmo, que não foi solucionada. Predomina no Self um conflito resultante da frustração de desejos não realizados, nos quais impulsos agres­sivos se rebelaram ferindo as estruturas do ego que imerge em surda revolta, silenciando os anseios e ig­norando a realidade. Os seus anelos e prazeres disso resultantes, porque não atendidos, convertem-se em melancolia que se expressa em forma de desinteresse pela vida e pelos seus valiosos contributos, experienciando gozos masoquistas, a que se permite em fuga espetacular do mundo que considera hostil, por lhe não haver atendido as exigências.

Sem dúvida, outros conflitos se apresentam, e que podem derivar-se de disfunções reais ou imaginárias da libido, na comunhão sexual, produzindo medos e surdas revoltas que amarguram o paciente, especial­mente quando considera como essencial na existência o prazer do sexo, no qual se motiva para as conquistas que lhe parecem fundamentais.

Vivendo em uma sociedade eminentemente eróti­ca, estimulada por um contínuo bombardeio de imagens sonoras e visuais de significado agressivo, trabalhadas especificamente para atender as paixões sensuais até a exaustão, não encontra outro motivo ou significado existencial, exceto quando o hedonismo o toma e o leva aos extremos arriscados e antinaturais do gozo exorbi­tante.

Ao lado desse fator, que deflui dos eventos da vida, o luto ou perda, como bem analisou Sigmund Freud, faz-se responsável por uma alta cifra de ocorrências depressivas, em episódios esparsos ou contínuos, as­sim como em surtos que atiram os incautos no fosso do abandono de si mesmo. Esse sentimento de luto ou perda é inevitável, por ferir o Self ante a ocorrência da morte, sempre considerada inusitada ou detestada, ar­rebatando a presença física de um ser amado, ou gera­dora de consciência de culpa, quando sucede impre­vista, sem chance de apaziguamento de inimizades que se arrastaram por largo período, ou ainda, por atos que não foram bem elaborados e deixaram arrependimen­to, agora convertido em conflito punitivo. Ainda se ma­nifesta como efeito de outras perdas, como a do tra­balho profissional, que atira o indivíduo ao abismo da incerteza para atender a família, para atender-se, para viver com segurança no meio social; outras vezes, a perda de algum afeto que preferiu seguir adiante, sem dar prosseguimento à vinculação até então mantida, abrindo espaço para a solidão e a instalação de confli­to de inferioridade; sob outro aspecto ainda, a perda de um objeto de valor estimativo ou monetário, produzin­do prejuízo de uma ou de outra natureza...

Qualquer tipo de perda produz impacto aflitivo, per­turbador, como é natural. Demora-se algum tempo, que não deve exceder a seis ou oito semanas, o que cons­titui um fenômeno emocional saudável. No entanto, quando se prolonga, agravando-se com o passar do tempo, torna-se patológico, exigindo terapêutica bem elaborada.
Podem-se, no entanto, evitar as conseqüências enfermiças da perda, mediante atitudes corretas e preven­tivas.

Terapia profilática eficaz, imediata, propiciadora de segurança e de bem-estar, é a ação que torna o indiví­duo identificado com os seus sentimentos, que deve exteriorizar com freqüência e naturalidade em relação a todos aqueles que constituem o clã ou fazem parte da sua afetividade.

Repetem-se as oportunidades desperdiçadas, nas quais se pode dizer aos familiares quanto eles são im­portantes, quanto são amados, explicitar aos amigos o valor que lhes atribui, aos conhecidos o significado que eles têm em relação à sua vida... Normalmente se adi­am esses sentimentos dignificadores e de alta magni­tude, que não apenas felicitam aqueles que os exteriorizam, mas também aqueloutros, aos quais são dirigi­dos, gerando ambiente de simpatia e de cordialidade. Nunca, pois, se devem postergar essas saudáveis e verdadeiras manifestações da afetividade, a fim de se­rem evitados futuros transtornos de comportamento, quando a culpa pretenda instalar-se em forma de arre­pendimento pelo não dito, pelo não feito, mas, sobretu­do pelo mal que foi dito, pela atitude infeliz do momento perturbador... Esse tipo de evento de vida-a agressão externada, o bem não retribuído, a afeição não enunci­ada - pode ser evitado através dos comportamentos liberativos das emoções superiores.

Muitos outros choques externos como acidentes, agressões perversas, traumatismos cranianos contribu­em para o surgimento do transtorno da afetividade, por influenciarem os neurônios localizados no tronco cere­bral próximo ao campo onde o cérebro se junta à me­dula espinal. Nessa área, duas regiões específicas en­viam sinais a outras da câmara cerebral: a rafe, encar­regada da produção da serotonina, e o locus coeruleus, que produz a noradrenalina, sofrendo os efeitos cala­mitosos dessas ocorrências, assim como de outras, desarmonizam a sua atividade na produção dessas valio­sas substâncias que se encarregam de manter a afeti­vidade, propiciando a instalação dos transtornos de­pressivos.

Procedem, também, dos eventos de natureza perinatal, quando o Self, em fixação no conjunto celular, experienciou a amargura da mãe que não desejava o filho, do pai violento, dos familiares irresponsáveis, das pelejas domésticas, da insegurança no processo da gestação, produzindo sulcos profundos que se irão manifestar mais tarde como traumas, conflitos, transtor­nos de comportamento...
A inevitável transferência de dramas e tragédias de uma para outra existência carnal, insculpidos que se encontram nos refolhos do Eu profundo - o Espírito viajor de multifários renascimentos carnais - ressumam como conflito avassalador, a princípio em manifestação de melancolia, de abandono de si mesmo, de descon­sideração pelos próprios valores, de perda da auto-estima...

Pode-se viver de alguma forma sem a afeição de outrem, sem alguns relacionamentos mais excitantes,
no entanto, quando degenera o intercâmbio entre o Self e o ego o indivíduo perde o direcionamento das suas aspirações e entrega-se às injunções conflitivas, tom­bando, não poucas vezes, no transtorno depressivo.

Esse ressumar de arquétipos profundos, em forma de imagens arquetípicas punitivas, aguarda os fatores que se apresentam nos eventos de vida para manifes­tar-se, amargurando o ser, que se sente desprotegido e infeliz.

Incursa a sua consciência em culpa de qualquer natureza, elabora clima psíquico para a sintonia com outras fora do corpo somático, que se sentem dilapida­das, e sendo incapazes de perdoar ou de refazer o pró­prio caminho, aspiram ao destorço covarde e insano, atirando-se em litígio feroz no campo de batalha men­tal, produzindo sórdidos processos de parasitose espi­ritual, de obsessões perversas.

Quando renasce o Self assinalado pelas heranças pregressas, no momento em que se dá a fecundação, por intermédio do mediador plástico ou perispírito, im­primem-se, nas primeiras células, os fatores necessári­os à evolução do ser, que oportunamente se manifes­tarão, no caso de culpa e mágoa, de desrespeito por si mesmo, de autocídio e outros desmandos, em forma de depressão. A hereditariedade, portanto, jamais descar­tada, é resultado do processo de evolução que conduz o infrator ao clima e à paisagem onde é convidado a reparar, a conviver consigo mesmo, a recuperar-se...

Pacientes predispostos por hereditariedade à incur­são no fosso da depressão carregam graves procedi­mentos negativos de experiências remotas ou próximas, que se fixaram no Self, experimentando o impositivo de liberação dos traumas que permanecem desafiado­res, aguardando solução que a psicoterapia irá propor­cionar.

Uma catarse bem orientada eliminará da consci­ência a culpa e abrirá espaços para a instalação do oti­mismo, da auto-estima, graças aos quais os valores re­ais do ser emergem, convidando-o à valorização de si mesmo, na conquista de novos desafios que a saúde emocional lhe irá facultar, emulando-o para a individuação, para a conquista do numinoso.

Em razão do largo processo da evolução, todos os seres conduzem reminiscências que necessitam ser tra­balhadas incessantemente, liberando-se daquelas que se apresentam como melancolia, insegurança e recei­os infundados, desestabilizando-os. Ao mesmo tempo, estimulando-se a novas conquistas, enfrentando as di­ficuldades que os promovem quando vencidas, desco­brem todo o potencial de valores de que são portado­res e que necessita ser despertado para as vivências enriquecedoras.

O hábito saudável da boa leitura, da oração, em convivência e sintonia com o Psiquismo Divino, dos atos de beneficência e de amor, do relacionamento fraternal e da conversação edificante constitui psicoterapia profilática que deverá fazer parte da agenda diária de to­das as pessoas.


Joanna de Ângelis, do livro Triunfo Pessoal, por Divaldo Franco.

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DRAMAS EXISTENCIAIS


DRAMAS EXISTENCIAIS


Viver é uma fascinante aventura. A vida é cheia de beleza, mas também é uma tragédia: isto está claro para quem quer que tenha suficiente inteligência e sensibilidade para percebê-lo.
Aliás, tive a oportunidade de ouvir um grande e renomado psiquiatra dizer: “A vida só é sempre alegre para os tolos”. Existem pessoas que têm grande inteligência, mas não têm grande sensibilidade, assim como a recíproca. Quando, porém, o homem é dono de grande inteligência e grande sensibilidade, pode ter momentos alegres, mas jamais deixará de ter no fundo de sua alma um traço de melancolia.
Isto, porém, não significa, absolutamente, que, independente de acontecimentos externos, o homem seja sempre feliz e tenha paz, porque estes sentimentos estão dentro do ser e dependem apenas da riqueza interior. Felicidade e paz não significam ausência de sofrimento. O sofrimento é contingência da vida. Ser feliz e ter paz, entretanto, é uma escolha e uma decisão, frutos de muito trabalho consigo mesmo e um verdadeiro autoconhecimento.
Os dramas existenciais sempre estarão presentes na vida do ser humano. O que não tira a beleza e o encantamento de viver.
Assim como grandes estudiosos, penso que a fé e o ideal apresentam um novo sentido definitivo para a vida, colocando-a como um projeto eterno e infinito.
A fé, para quem a tem, destrói a mentira do caráter, que obriga o homem a se envergonhar de suas fraquezas no plano social. Com a fé, o ser humano passa a abrir o seu coração para a vida e perceber o seu sentido maior.

JUVENTUDE E OS DRAMAS EXISTENCIAIS

"Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra." 

Sabemos que há problemas sociais horripilantes acontecendo, diariamente, na face da Terra e que nem nos chegam ao conhecimento. Ao contrário, quando, através da mídia, assistimos aos programas de telejornalismo, sentimo-nos extremamente aterrorizados diante dos dramas, das tragédias e das dores acérrimas que irmãos nossos vivenciam. Ao mesmo tempo, sentimo-nos impotentes, quanto a prestar solidariedade e socorro às vítimas, restando-nos rogar a Deus por eles. 

Constrangeu-nos ler a noticia,publicada no Jornal Correio Braziliense, de 28 de março de 2008, em que a mãe de uma adolescente fez denúncia sobre uma festa de orgia sexual, na qual sua filha, de apenas treze anos, aparece em cenas de plena atividade libidinosa, que foram filmadas e veiculadas na Internet. O ambiente era de absoluto primarismo moral, em ritmo de festa, embalada por música funk e regada a refrigerante e vodka. Isso aconteceu em horário escolar, na cidade de Luziânia, Município de Goiás, distante 58 km de Brasília. 

Conforme a reportagem, os envolvidos foram acusados de estupro presumido, porque a menina, embora tenha consentido, é menor de idade. Ela teria praticado atos sexuais com seis colegas num interregno de duas horas. Enquanto isso, outras três meninas, partícipes da festa, protagonizaram cenas de strip-tease. A agonia da mãe está expressa nos estertores verbais de seu desabafo: "Vamos embora deste lugar. Vejo hoje que nunca deveria ter saído da roça. Vejo tudo isso como uma oportunidade perdida de vencermos na vida. Agora acabou." 

Esse tétrico fato nos remete à filosofia do prazer que impulsiona a recondução do adolescente à era das cavernas, fazendo-o mergulhar nos subterrâneos das orgias e, aí, entregando-se à fuga da consciência e do raciocínio, pela busca do prazer alucinado do gozo imediato. 

Antes de comentarmos o fato, evoco uma frase de André Luiz:

"Se alguém errou na experiência sexual, consulte o próprio íntimo e verifique se você não teria incorrido no mesmo erro se tivesse oportunidade". 

Luziânia é um pequeno município de gente tradicional, pacífica por natureza, que, lamentavelmente, a modernidade e os meios de comunicação ajudaram a fragmentar os valores regionais e a introduzir uma cultura estranha e alienante, sem fronteiras. Valores como o amor, a liberdade, a justiça e a fraternidade, na prática, perderam o conteúdo essencial, deslustrando as conquistas sociológicas deste século. 

A juventude está muito atônita, sem alicerces morais fortes, iludida, com influências muito sensualistas. Nos anais da História, jamais um jovem teve contato tão intenso com mensagens erotizantes, como nos dias atuais, graças à Internet. Em face disso, perambula sem norte, perdido, confundindo a palavra liberdade com liberalidade ou libertinagem, rebaixando o verdadeiro sentido do amor. 

Assim, aos poucos, esses jovens vão se afastando do seu equilíbrio e de sua paz interior. Como resultante desse fenômeno, de ausência de amor e carinho verdadeiros, cresce, assustadoramente, os distúrbios psicológicos da juventude contemporânea, o que explica, em parte, o crescente índice de prostituição e de abortos provocados, pelo fato de se acharem donos de seus corpos.

O período da puberdade, que, normalmente vai dos doze aos catorze anos, é cheio de surpresas. 

O corpo sofre modificações hormonais muito rápidas, o que pode deixar alguns jovens à beira do pânico. Em o livro Missionários da Luz, André Luiz narra: "a epífise é a glândula da vida mental. Aos catorze anos, aproximadamente, torna-se de posição estacionária quanto a ação inibidora sexual, dando agora passagem para o desenvolvimento da sexualidade e das glândulas genitais. Ela acorda no organismo, na puberdade, as forças criadoras mentais e, em seguida, continua a funcionar, como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre. 

As glândulas genitais segregam os hormônios do sexo, mas a glândula pineal segrega "hormônios psíquicos" ou "unidades-força" que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras. A glândula pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. 

Ela preside aos fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo. Desata, de certo modo, os laços divinos da Natureza, os quais ligam as existências umas às outras, na seqüência de lutas, pelo aprimoramento da alma, e deixa entrever a grandeza das faculdades criadoras de que a criatura se acha investida.
O adolescente precisa entender que a mudança repentina que ocorre na sua organização íntima e, conseqüentemente, no seu corpo físico, especialmente no que diz respeito à função sexual, é a Natureza ensaiando os primeiros passos para o seu autoconhecimento, para, em seguida, desenvolver a energia viva do amor consciente. 

Precisa encarar essa experiência com muita seriedade, para não desencadear os agentes depressivos de quem busca, apenas, o prazer imediato, pois, na adolescência, as emoções se confundem, havendo significativas alternâncias de humor e sentimentos.

É nessa fase que o Espírito reassume sua verdadeira condição, apresentando, a partir daí, todos os seus defeitos e virtudes. É o Espírito que retoma sua natureza e se mostra como ele era. Euforia e tristeza se alternam sem razões aparentes que justifiquem o fato. Pode-se amar profundamente alguém, num dia, e passar a detestá-lo, na semana seguinte, por razões que a própria razão desconhece.

Emmanuel, na obra Vida e Sexo, explica que na adolescência, a energia sexual, que é uma energia criadora, pode ser extravasada, ainda que parcialmente, através de outras atividades, já que não convém ao jovem assumir uma vida sexual plena, nessa fase de sua existência. Isso devido a fatores sociais, econômicos, éticos e psicoemocionais "As atividades esportivas, artísticas e culturais de um modo geral podem contribuir positivamente para equilibrar os impulsos sexuais do adolescente. 

A energia sexual nos seres primitivos, situados nos primeiros degraus da emoção e do raciocínio, e, ainda, em todas as criaturas que se demoram voluntariamente no nível dos brutos, a descarga de semelhante energia se opera inconsideradamente. Isso, porém, lhes custa resultados angustiosos a lhes lastrearem longo tempo de fixação em existências menos felizes, nas quais a vida, muito a pouco e pouco, ensina a cada um que ninguém abusa de alguém sem carrear prejuízo a si mesmo. porém, que criatura alguma, no plano da razão, se utilizará dela, nas relações com outra criatura, sem conseqüências felizes ou infelizes, construtivas ou destrutivas, conforme a orientação que se lhe der."

É, ainda, Emmanuel que nos alerta: 

"conferir pretensa legitimidade às relações sexuais irresponsáveis seria tratar "consciências" qual se fossem "coisas", e se as próprias coisas, na condição de objetos, reclamam respeito, que se dirá do acatamento devido à consciência de cada um?" A natureza não autoriza, a quem quer que seja, estabelecer liberdade indiscriminada para as relações sexuais, porque isso resultaria, unicamente, em licença ou devassidão. 

Como já referimos , existe o mundo sexual dos Espíritos de evolução primária, inçado de ligações irresponsáveis, homens e mulheres, psiquicamente, não muito distantes da selva, remanescentes próximos da convivência com os brutos, que devem evitar arrastamentos no terreno da aventura, em matéria de sexo, sob pena de lesões n'alma e de difícil tratamento.

André Luiz admoesta: 

"Não julgue os supostos desajustamentos ou falhas reconhecidas do sexo e sim respeite as manifestações sexuais do próximo, tanto quanto você pede respeito para aquelas que lhe caracterizam a existência, considerando que a comunhão sexual é sempre assunto íntimo". 

É óbvio que é importante que o jovem exercite a viagem para dentro de si mesmo, a fim de que possa aprender a se conhecer e, em se conhecendo, aprender a se amar respeitosamente. 

Um jovem sem Deus, que não concebe a importância da religiosidade e que não dá valor à família, fica muito vulnerável às sugestões do mal, e, conseqüentemente, desperdiça tempo valioso quanto ao seu crescimento espiritual. 

Quaisquer que sejam as investidas na recondução do bem, se não aprender a administrar seus conflitos no seio da família, dificilmente saberá se ajustar na sociedade que o cerca.

Por essas razões, resta-nos orar pelas mães, cujos filhos se encontram em desalinho, comprometidos com a ignorância e com a ilusão do sexo sem consciência. Possam os adolescentes decifrar suas incógnitas íntimas, para, por fim, liberar o deus interno que existe em cada um deles, assim como, em cada um de nós. 

Jorge Luiz Hessen.

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