É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?
É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?
“O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo X, itens 19 a 21”
Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositor: Carlos Roberto
Rio de Janeiro
24/07/2002
Dirigente do Estudo:
Marcio Alves
Mensagem Introdutória:
ANTE O PRÓXIMO
Quando as circunstâncias nos ofereçam incompreensões ou acusações, em torno do próximo, busquemos examinar acontecimentos e pessoas com os olhos do Cristo. Imaginemo-nos de posse do senso divino, sem perder a noção de nossa reconhecida pequenez e a incomensurável grandeza daquele a quem nomeamos por nosso Mestre e Senhor.
Como teria visto Jesus a estreita espiritualidade do seu tempo, senão por gleba inculta que lhe cabia arrotear e semear? Como teria apreciado as críticas que lhe acompanharam a obra a não ser por tumulto necessário de opiniões, a fim de que a verdade prevalecesse?
Fossem quais fossem as crises, jamais perdia o mais alto padrão de serenidade, aproveitando o tempo para construir e situando no futuro a concretização dos seus luminosos objetivos.
Muitos viam em Zaqueu o avarento incorrigível; ele, no entanto, nele identificou o homem rico de nobre coração, capaz de transfigurar a riqueza em trabalho e beneficência. Em Bartimeu, a multidão enxergava o infortúnio de um cego; ele anotou os obstáculos de um doente, suscetível de ser curado para glorificar a bondade de Deus. Em Maria de Magdala, cuja personalidade apresentava a mulher obsidiada por sete espíritos infelizes, reconheceu a criatura decidida a renovar-se e que lhe seria, mais tarde, a mensageira da própria ressurreição.
Em Pedro, que o povo definia por discípulo frágil, a ponto de negá-lo três vezes, descobriu o amigo sincero que, convenientemente amadurecido na fé, lhe presidiria o apostolado em formação.
Múltiplos os óbices que se agigantam no caminho da fé, mas não permitas que eles te venham conduzir ao desânimo ou à negação.
Procura enumerá-los por fora, com as pupilas de Jesus, e encontrarás sublime compreensão a balsamizar-te por dentro. Feito isso, registraremos dificuldades e aflições, desgostos e contratempos, não ao modo de barreiras intransponíveis na senda de elevação espiritual e sim reconhecê-los-emos por necessidades justas e inevitáveis do campo de serviço em que fomos chamados a produzir, no bem da humanidade e de nós mesmos, aí trabalhando e abençoando como Jesus abençoou e trabalhou.
Emmanuel
Do Livro: Caridade
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: IDE
Oração Inicial:
<Moderador_> Senhor Jesus! Mais uma vez aqui nos encontramos para o estudo do Teu Evangelho de paz e de amor. Pedimos desde já que possamos estar amparados pelos benfeitores espirituais responsáveis por este trabalho e que os mesmos possam amparar e inspirar o nosso querido Carlos Roberto, que nos trará a sua palavra alegre e construtiva. Sendo assim, Mestre, que possa ser em Teu nome, mas acima de tudo em nome de Deus, que de nossa parte, possamos iniciar os estudos da noite de hoje!
Que assim seja!
Exposição:
<carlos_roberto> Queridos amigos, encarnados e desencarnados! É com muita satisfação que estamos aqui para trocarmos idéias a respeito de um tema tão profundo. Pedimos ao Meigo Nazareno que nos inspire de modo que o assunto possa ser bem aproveitado.
Encontramos como título geral da lição compreendida pelos itens 19 a 21 do capítulo X do Evangelho Segundo o Espiritismo, o seguinte : “É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?”
Estas perguntas nos dão o que pensar. Ora, temos ouvido falar que não devemos prestar atenção no argueiro que está na vista do outro, pois temos uma trave no nosso e não costumamos atentar para ela. Também temos sido aconselhados a não julgar para não sermos julgados.
Se mal compreendidas estas lições, teremos a idéia de que temos que ter uma visão do mundo onde não podemos reparar a presença do mal. Ora, a Doutrina Espírita prima, entre outras coisas, pelo bom senso. Não é solicitado aos espíritas
a atitudes de avestruzes, caras enfiadas no chão, como se possível fora ignorar a realidade do que nos envolve.
Não. Ao espírita é solicitado o cumprimento do seu papel normal como ser humano. Ele deve viver a realidade do mundo em que está, apenas aprendendo a ter a ótica do mais alto, a ótica de quem vislumbra que a vida não é só a vida material.
É permitido repreender os outros, notar as imperfeições de outrem, divulgar o mal de outrem?
Repreender o semelhante pode ser um mal ou um bem. Deixar de repreender também. Temos que levar em conta as circunstâncias que envolvem o fato repreensível, e principalmente o modo como se pretende fazer a reprimenda, com que intenção vai se externá-la.
Consideremos alguém que esteja tentando acertar num determinado setor do trabalho, no cumprimento de determinada tarefa. Se esta pessoa erra uma segunda ou terceira vez consecutiva, a nossa reprimenda pode ter o cunho de desestimula-la.
A substituição de qualquer forma de censura por um incentivo para o prosseguimento das tentativas almejando o sucesso, pode significar muito para aquela pessoa. Mas, considerando que a pessoa mereça a reprimenda, deve-se agir assim ou não?
O Novo Testamento nos recomenda que chamemos a pessoa em particular, e com ela nos entendamos longe dos olhos e ouvidos alheios. Se precisamos repreender, que o façamos, sob pena de, na omissão, não proporcionarmos o ensino que faria diferença na vida do outro.
Me recordo de uma história contada por um copeiro. Ele disse que a culpa dele ser copeiro era dos seus pais. Em seguida deixou bem claro, que ele não via nada demais em ser copeiro, apenas relacionava que estava naquela situação por causa dos pais e explicou.
A cada escola que era expulso, os pais se preocupavam em matriculá-lo em uma nova. Quando disse que não mais iria estudar, eles nada fizeram para impedir. E arrematou: se os meus pais tivessem me dado boas surras, hoje eu poderia estar numa situação bem melhor do que a que estou vivendo.
Se detemos o conhecimento e não dividimos, estamos nos omitindo. É importante que a nossa repreensão, tenha o cunho da educação, que ela vise a melhora do outro, e não o exponha aos olhos alheios, a menos que a sua atitude esteja representando um perigo para o meio social onde vive, ou seja, que derivada da atitude dele, muitas pessoas poderiam ser prejudicadas.
Educar com carinho mesclado com a energia necessária, é equilibradamente, auxiliar os outros a se equilibrarem por sua vez.
E quanto a notar as imperfeições de outrem? Aí está um ponto de reflexão muito precioso: “queimar etapas”.
Quanto mais o espírito evolui, mais depressa se faz a evolução. É natural que seja assim. Na medida em que cresce a compreensão da vida, percebe-se que não se precisa passar por todas as experiências para apreender as lições daí decorrentes. Valoriza-se o se observar os caminhos que outros percorreram, para deles retirar o melhor proveito que a observação permitir.
Assim, vemos hoje em dia, pessoas que se interessam em iniciar um projeto comercial ou social, voluntário, gratuito, buscarem conhecer primeiro as vivências que outros já experimentaram, de forma a: – Não percorrerem as mesmas dificuldades que a experiência mostra que não redundarão em nada positivo ; – Executar os passos que levarão a obtenção do sucesso no que se deseja mais rapidamente.
Da mesma forma, podemos, em observando tudo e todos a nossa volta, nos furtarmos a muitas dores.
Cito o caso de uma amiga, que se via as voltas com um filho fascinado pelas facilidades materiais que o mundo das drogas oferecia aos envolvidos. Carrões, mulheres, festas, povoavam sua cabecinha , impedindo a compreensão dos conceitos ajuizados por parte dele, apesar de todos os esforços de sua dedicada mãe.
Ela, num crescendo de preocupação, decide, num dia bem cedo, sem avisá-lo previamente de sua intenção, levá-lo para passear.
Ele se deixou levar.
Ela foi para o presídio da Frei Caneca. Ele viu ao vivo e a cores, a realidade dos que estavam presos pelo envolvimento com o que o estava fascinando. Ele não mais se deixou perder-se em sonhos em torno do assunto.
O que ela fez? Queimou etapas.
Notar as imperfeições de outrem é fundamental, se o nosso objetivo é a nossa melhora.
Notar as imperfeições dos outros, visando falar com eles a respeito com carinho e respeito, sem transformar isto num processo obssessivo do tipo “Joãozinho que queria consertar o mundo”, pode ser muito benéfico para quem recebe a orientação.
E a respeito de divulgar o mal cometido por outros?
Precisamos ter o bom senso para saber discernir, o mal que só prejudica o próprio autor, do mal que prejudica um grupo. É nosso dever proteger a coletividade.
Se temos notícia, conhecimento de que alguém vai colocar uma bomba num local público, é nosso dever, tornar o fato conhecido o suficiente para que possa ser evitada uma tragédia.
Como vemos, temos que ter cuidado com nossas palavras, porque elas podem rebaixar ou fortalecer.
Uma senhora – nos conta Hilário Silva ou Humberto de Campos, através do Chico Xavier -, estava muito preocupada com a língua da filha, sempre ferina. Apesar de todas as orientações da mãe, a filha não modificava seu jeito de se expressar, sempre encontrando meios e ocasiões para criticar e condenar.
Um dia, a mãe saiu cedo de casa com a filha pela mão, e a levou diante de um prédio em construção. A filha sem perceber o que a mãe intentava, olhava tudo curiosa.
Sua mãe, perguntou, atenta a reação da filha diante da pergunta:
“O que você vê minha filha?”
E a menina começou a descrever o grande movimento em favor do trabalho. Aqui uns assentavam tijolos. Outros viravam massa, outros mais carregavam carrinhos de massa, lá eram suspensos baldes, faziam-se medidas, enfim, uma grande atividade era desenvolvida.
A mãe, tomou a filha pelas mãos e a levou para um bairro distante, onde estava previsto um acontecimento que caía bem para os propósitos de ensino que ela tinha relativo à filha.A menina se viu frente a um prédio em processo de demolição.
Novamente a mãe perguntou o que a filha via.
E ela descreveu que um homem movimentava uma máquina, derrubando o prédio.
A mãe, então, alinhavou tudo o que havia acontecido até aquele momento. “Observe minha filha que, para construir, são necessárias muitas pessoas, muito trabalho, mas, para destruir, basta uma única.
Assim é com relação a forma que usamos nossas palavras. A boca constrói ou destrói, dependendo da direção que dermos aos nossos raciocínios, aos nossos sentimentos.”
Aprendamos a bem direcionar os tesouros do nosso entendimento, de modo a caminharmos com mais segurança e rapidez na direção de uma vivência espiritual melhor.
Usemos de nossa inteligência para ampararmos o semelhante em sua caminhada, e ele nos agradecerá.
Oração Final:
<carlos_roberto> Querido Mestre Jesus, Te agradecemos pela oportunidade de conhecermos seu maravilhoso exemplo de trabalho no bem. Nos sentimos felizes por Você ter inspirado a tantos a seguir-Te o caminho, semeando o bem para a humanidade. Obrigado pela Doutrina Espírita, que está aí a nos mostrar que o que nos aguarda é a evolução, caminho para a perfeição. Nos sentimos gratos, por tantas oportunidades de consolar quem sofre, de esclarecer que ignora, de iluminar os caminhos de quem não sabe direito em que direção vai. Dentro deste espírito de gratidão, agradecendo sempre, Te pedimos permissão para encerrar o nosso trabalho desta noite.
Que Assim Seja!