Estudando o Espiritismo

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domingo, 2 de dezembro de 2018

É PERMITIDO REPREENDER OS OUTROS?


Este capítulo não estaria completo sem essas perguntas e respostas, visto que o homem em geral, estando mais próximo da animalidade do que da angelitude, como disse Emmanuel, não pode deixar de ver o mal, para que, observando e analisando as conseqüências, sinta a vontade de eliminá-lo, de si próprio e de toda a humanidade.

No item 13 deste capítulo, Allan Kardec escrevendo sobre a frase de Jesus “Não julgueis para não serdes julgados”, disse que essa não deve ser tomada no seu sentido absoluto, visto que “a letra mata e o espírito vivifica”.

Jesus não podia proibir de se reprovar o mal, pois, ele mesmo nos deu o exemplo disso, e o fez em termos enérgicos. Mas quis dizer que “a autoridade da censura está na razão da autoridade moral daquele que a pronuncia”, e que “A única autoridade legítima, aos olhos de Deus, é a que se apóia no bom exemplo”.

             Ao Espírito São Luís, Kardec fez três perguntas.

1ª - Ninguém sendo perfeito, não se segue que ninguém tem o direito de repreender o próximo?

“Certamente que não, pois cada um de vós deve trabalhar para o progresso de todos e, sobretudo, dos que estão sob a vossa tutela”.

Por tudo que vimos nesses estudos, parece-me bem claro que o mal tem de ser visto, comentado, combatido, a fim de ser eliminado da mente e dos corações humanos, bem como da Terra.

O que Jesus demonstra, com suas palavras e em todo o seu viver neste mundo, é que antes de tentar corrigir os erros dos outros, deve o homem corrigir, ou pelo menos, esforçar-se por corrigir os seus.

Quem assim o faz, pode tentar esclarecer seus irmãos, com a intenção de auxiliá-los no seu desenvolvimento espiritual, com discrição, sem alarde, sem gerar escândalos, sem imposições, de forma a mostrar-lhe sua verdadeira intenção de ajudar.
Em assim fazendo, o outro não vai ter motivo para sentir-se humilhado, principalmente, porque percebe a boa intenção de seu crítico, que demonstra ser seu amigo.

Jesus combate, sim, esse hábito desastroso de querer denegrir o outro, da exigência em relação ao comportamento alheio, querendo quem assim o faz, mostrar-se melhor do que é, sem falhas, superior aos demais, o que demonstra a maldade, o orgulho que existem ainda nos homens.

Esclarece Jesus, que mesmo quando percebemos no outro uma falha, da qual ele pode libertar-se com nossa ajuda, devemos também incluirmo-nos na censura e no esforço de corrigi-la em nós.

Desse modo, estaremos melhorando a nós e aos que nos rodeiam, contribuindo para o progresso geral.

2ª - Será repreensível observar as imperfeições dos outros quando disso não possa resultar nenhum benefício para eles, e mesmo que não as divulguemos?

S. Luís responde que depende da intenção. Se essa observação das falhas alheias for o aprendizado pessoal, para evitá-las em si, corrigindo-as se as tiver, só pode ser benéfica essa atitude.

Aprende-se muito nas análises dos próprios erros, das suas conseqüências, tanto quanto fazendo o mesmo com os alheios.

Jesus ensinou-nos a combater o mal fazendo o bem. Para isso, é preciso ver o mal onde ele existir, em nós e ao redor de nós. Não se pode combater o que não se vê ou não se percebe.

“O erro está em fazer essa observação em prejuízo do próximo, desacreditando-o, sem necessidade, na opinião pública. Seria ainda repreensível fazê-la com um sentimento de malevolência e de satisfação por encontrar os outros em falta.”

             3ª - Há casos em que seja útil descobrir o mal alheio?

A caridade bem compreendida deve sempre falar mais alto, na análise das conseqüências desse mal.

Se as imperfeições de uma pessoa trouxerem prejuízos somente a ela, não existe nenhum motivo para divulgá-las.

Pode-se tentar conversar com ela, sem imposição, com raciocínios claros, inspirados pelo amor, pela amizade, se ela o permitir.

Mas comentar com outros, divulgar a quem quer que seja, é agir contra a caridade. O seu próprio viver vai lhe mostrando essas imperfeições e dando-lhe oportunidades de corrigir-se, quando ela quiser.

Todavia, quando esse mal pode trazer prejuízos a outras pessoas, o interesse do maior número de prejudicados deve sobrepor-se ao interesse de um. Torna-se, então um dever a sua divulgação.

“Conforme as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, pois, é melhor que um homem caia, do que muitos serem enganados e se tornarem suas vítimas. Em semelhante caso, é necessário balancear as vantagens e os inconvenientes”.

Essas perguntas e suas respostas mostram a importância do raciocínio e do conhecimento das leis morais para poder escolher as melhores soluções para as diversas situações.

Para saber optar por essa ou aquela conduta, com acerto, sem provocar novos problemas, muitas vezes mais sérios, o conhecimento da moral divina, trazida por Jesus é, a meu ver, condição sine qua nom para fazer-se a escolha mais correta, a que possa resolver, sem causar danos maiores a ninguém.

Sempre em dúvida, apelar para a caridade bem compreendida, pesando as vantagens e os inconvenientes para os envolvidos.

Leda de Almeida Rezende Ebner
Março / 2009

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