Estudando o Espiritismo

Observe os links ao lado. Eles podem ter artigos com o mesmo tema que você está pesquisando.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Origem e natureza dos Espíritos - Mollo

Estudo com base in O Livro dos Espíritos,
livro segundo, cap. 1, MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS - DOS ESPÍRITOS,
obra codificada por Allan Kardec

Pesquisa: Elio Mollo
(01 de junho de 2009)
               

Podemos definir que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação. Eles povoam o Universo, além do mundo material. (LE – 76) (#)

Nota de Allan Kardec: A palavra Espírito é aqui empregada para designar os seres extra-corpóreos e não mais o elemento inteligente Universal. (--)

(#) LE é referente ao O Livro dos Espíritos.

Os Espíritos são obra de Deus, precisamente como acontece com um homem que faz uma máquina; esta é obra do homem, e não ele mesmo. O homem, quando faz uma coisa bela e útil, chama-a sua filha, sua criação. Podemos dizer que dá-se o mesmo com Deus. Somos seus filhos porque somos sua obra. (LE – 77)

A lógica nos leva a deduzir que os Espíritos tiveram um começo, pois se os Espíritos não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus, mas pelo contrário, são sua criação, submetidos à sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, isso é incontestável: mas quando e como ele criou, não o sabemos. Podemos dizer que não tivemos princípio, se com isso entendermos que Deus, sendo eterno, deve ter criado sem cessar; mas quando e como cada um de nós foi criado, ninguém o sabe; isso é um mistério para ser desvendado. (LE – 78)

Uma vez que há dois elementos gerais do Universo: o inteligente e o material (1), podemos dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente (2), como os corpos inertes são formados do material. Os Espíritos são individualizações do princípio inteligente, como os corpos são individualizações do princípio material; a época e a maneira dessa formação é que desconhecemos. (LE – 79)

(1) Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá. (q. 27 de LE)

Espírito           Fluido Universal            Matéria
[----------------------I-----------------------]

Esse fluido é suscetível de inúmeras combinações. O que chamamos de fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente. ((q. 27a de LE)

(2) Observações importantes:

in O Livro dos Espíritos, q. 23.

Que é o espírito? (*)
“O princípio inteligente do Universo.”

(*) Alma ou espírito elementar fazendo abstração do perispírito.

In O que é o Espiritismo, Cap. II, item 9, 10 e 14 – Allan Kardec observa que:

Quando a alma está ligada ao corpo, durante a vida, tem duplo envoltório: um pesado e grosseiro e perecível, que é o corpo; o outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito.

Existem, portanto, no homem, três elementos essenciais:

1º. A alma ou espírito, princípio inteligente onde residem o pensamento, a vontade e o senso moral (vide qq. 23, 25 e 26 de LE);

2º. O corpo, envoltório material que põe o espírito em relação com o mundo exterior; (vide q. 25 de LE)

3º. O perispírito, invólucro fluídico, leve, imponderável, servindo de liame e de intermediário entre o espírito (alma) e o corpo.”

A união da alma, do perispírito, e do corpo material constitui o homem. A alma e o perispírito separados do corpo constituem a ser a que chamamos Espírito. (vide qq. 27, 135 e 135a  de LE)

NOTA DE ALLAN KARDEC referindo-se aos itens acima citados:

• A alma é assim um ser simples;
• O Espírito um ser duplo, e
• O homem um ser triplo.

Seria portanto mais exato reservar a palavra alma para designar o princípio inteligente, e a palavra Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo fluídico. Mas como não se pode conceber o princípio inteligente sem ligação material, as palavras alma e Espírito são, no uso comum, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, da mesma forma que se diz que uma cidade é habitada por tantas almas, uma vila composta de tantas casas; porém, filosoficamente é essencial fazer-se a diferença (**).
(**) Fazendo a diferença sugerida por Kardec, deduzimos que:
Alma = espírito = principio inteligente = ser simples, primitivo. Neste caso espírito se escreve com "e" minúsculo).
Espírito = elemento inteligente individualizado = ser semimaterial = ser duplo (alma + perispírito) – o ser inteligente da criação (Coletivamente povoam o Universo, fora do mundo material.). Neste caso Espírito se escreve com "E" maiúsculo.
Homem = Espírito encarnado = ser triplo (alma + perispírito + corpo físico).
Espírito Errante = Espírito (alma + perispírito) que aguarda uma encarnação.
A criação dos Espíritos é permanente, não se verificou apenas na origem dos tempos, o que quer dizer que Deus jamais cessou de criar. (LE – 80)

Deus os criou os Espíritos, como a todas as outras criaturas, pela sua vontade, mas como já dissemos a sua origem é um mistério para ser desvendado. (LE – 81)

Não há como dizer se os Espíritos são imateriais. Como iremos definir uma coisa (3), quando não dispomos de termos de comparação e se usamos uma linguagem insuficiente? Um cego de nascença pode definir a luz? Imaterial não é o termo apropriado, a definição incorpóreo, seria mais exato, pois devemos compreender que, sendo uma criação, o Espírito deve ser alguma coisa. É uma matéria quintessenciada (*), para a qual não dispomos de analogia, é tão eterizada, que não pode ser percebida pelos nossos sentidos. (LE – 82)

(3) Aos nossos olhos os espíritos não tem uma forma determinada, limitada e constante. Podemos dizer que eles são uma flama, um clarão ou uma centelha etérea [1]. (vide q. 23, 23ª e 26 de O Livro dos Espíritos. (LE – 88)

(*) in dicionário UOL (http://www2.uol.com.br/michaelis/)
quin.tes.sên.cia  sf  (fr quintessence) Veja quinta-essência
quin.ta-es.sên.cia  sf  (quinta+essência)
1 Substância etérea e sutil, considerada pelos alquimistas como um quinto elemento, além da água, da terra, do fogo e do ar, e obtida após cinco destilações sucessivas.
2 Extrato retificado, refinado e apurado ao extremo.
3 A parte mais pura, mais delicada; excelente, sutil.
4 Requinte, auge, grau mais elevado. Pl: quinta-essências. Var: quintessência.

Nota de Allan Kardec: Dizemos que os Espíritos são imateriais porque a sua essência difere de tudo o que conhecemos pelo nome de matéria. Um povo de cegos não teria palavras para exprimir a luz e os seus efeitos. O cego de nascença julga ter todas as percepções pelo ouvido, o olfato, o paladar e o tato; não compreende as idéias que lhe seriam dadas pelo sentido que lhe falta. Da mesma maneira, no tocante à essência dos seres super-humanos, somos como verdadeiros cegos. Não podemos defini-los, a não ser por meio de comparações sempre imperfeitas, ou por um esforço da imaginação [---].
[---] Os Espíritos revestidos do perispírito são o objeto desta referência. Sem o perispírito, nada tem de material, como podemos ver na resposta à questão 79 do “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, obra codificada por Allan Kardec. Nota de J. Herculano Pires. (vide nota (2))
Os Espíritos terão fim? Compreende-se que o princípio de que eles emanam seja eterno, mas a sua individualidade terá um termo? E, num dado tempo, mais ou menos longo, o elemento de que são formados não se desagregará e não retornará a massa de que saíram, como acontece com os corpos materiais?

Realmente, é difícil compreender que uma coisa que teve começo não tenha fim. Porém, há muitas coisas que ainda não compreendemos, porque a nossa inteligência é limitada: mas não é isso razão para as repelirmos. O filho não compreende tudo o que o pai compreende, nem o ignorante tudo o que o sábio compreende, mas neste caso podemos dizer que a existência dos Espíritos não tem fim: é tudo quanto somos levados compreender, por enquanto. (LE – 83)

* * *
(--) Para ler mais sobre este item acione os < link’s > abaixo indicados:

ALMA, PERISPÍRITO, FLUIDOS (Universal e Vital) E PRINCÍPIO VITAL
http://aeradoespirito.sites.uol.com.br/A_ERA_DO_ESPIRITO_-_Portal/Apostilas/ALMA_ESP_PERISP_FLUIDOS.html

DIFERENÇA ENTRE espírito e Espírito
http://aeradoespirito2.sites.uol.com.br/Estudos/DIFER_ENTRE_esp_e_ESP.html

Origem e natureza dos Espíritos - ADEP

Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal


«Podemos dizer que os espíritos são os seres inteligentes da criação. Eles povoam o Universo, fora do mundo material». Esta é a definição dada pelos espíritos em resposta à questão n.º 76 de «O Livro dos Espíritos», seguindo-se breve comentário de Allan Kardec: «A palavra espírito é aqui empregada para designar os seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente universal».
«Os espíritos são individualizações do princípio inteligente, como os corpos são individualizações do princípio material; a época e a maneira dessa formação é que desconhecemos».
Podemos deduzir, dos ensinamentos acima, que a natureza do espírito não é a mesma da matéria. A posição da doutrina espírita é bem definida quanto à origem do espírito e da matéria. No capítulo 11, n.º 6, de «A Génese», ele desenvolve o seguinte raciocínio:
«O princípio espiritual teria a sua fonte no elemento cósmico universal? Não seria apenas uma transformação, um modo de existência deste elemento, como a luz, a electricidade, o calor, etc.?».
Se assim fosse, o princípio espiritual passaria pelas vicissitudes da matéria; extinguir-se-ia, pela desagregação, como o princípio vital; o ser inteligente só teria uma existência momentânea, como o corpo, e com a morte voltaria ao nada, ou - o que viria a dar no mesmo - ao Todo Universal. Seria, numa palavra, a sanção das doutrinas materialistas».
Sobre o que não paira a menor dúvida é acerca da união do princípio espiritual à matéria, e, em estágios mais avançados, já o espírito individualizado, que se serve da matéria como elemento indispensável ao seu progresso... «É assim que tudo serve, tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo até ao arcanjo, pois mesmo este último começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, de que o vosso espírito limitado ainda não pode abarcar o conjunto».
Nem todos os espíritos tiveram o seu início aqui na Terra. Todavia, o nosso planeta começou a oferecer a possibilidade de surgimento da vida quando as grandes convulsões telúricas se atenuaram, dando condições para que o princípio espiritual, em obediência aos ditames divinos, desse origem ao surgimento das formas mais rudimentares de vida. Daí para a frente, ao longo de milénios, a imensa cadeia de seres que existem, ou que existiram, estabeleceu-se, servindo cada espécie de filtro de transformismo para o espírito, na sua marcha ascensional no rumo da perfeição.
Pode parecer contraditório que, estudando o mundo dos espíritos, entremos em considerações sobre a vida na Terra. Todavia, ao tratarmos da origem e natureza dos espíritos, não poderíamos fazê-lo de outro modo, já que, tanto nas obras básicas, como noutras, de autores encarnados e desencarnados de reconhecido valor, e que demonstram profundo respeito pela doutrina, é enfatizada a marcha do espírito pelos escalões inferiores da natureza. Transcrevemos as questões n.º 607 e 607-a) de «O Livro dos Espíritos», para darmos uma ideia dessa posição. «Ficou dito que a alma do homem, na sua origem, se assemelha ao estado de infância da vida corpórea, que a sua inteligência apenas desponta, e que ela ensaia para a vida. Onde cumpre o espírito essa primeira fase? «Numa série de existências que precederam o período a que chamais de humanidade».
« - Parece, assim, que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação?
- Não dissemos que tudo se encadeia na natureza, e tende à unidade? É nesses seres, que estais longe de conhecer inteiramente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco, e ensaia para a vida, como dissemos. É, de certa maneira, um trabalho preparatório, como o da germinação, a seguir ao qual o princípio inteligente sofre uma transformação, e se torna espírito. É então que começa para ele o período de humanidade, e com este a consciência do seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade dos seus actos. Como depois do período da infância vem o da adolescência, depois a juventude, e por fim a idade madura. Nada há, de resto, nessa origem, que deva humilhar o homem. Os grandes génios sentem-se humilhados por terem sido fetos informes no ventre materno? Se alguma coisa deve humilhá-los, é a sua inferioridade perante Deus, e a sua impotência para sondar a profundidade dos seus desígnios e a sabedoria das leis que regulam a harmonia do Universo. Reconhecei a grandiosidade de Deus nessa admirável harmonia que faz a solidariedade de todas as coisas da Natureza. Crer que Deus pudesse ter feito qualquer coisa sem objectivo, e criar seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar contra a sua bondade, que se estende sobre todas as criaturas».

Origem, Natureza e Forma dos Espíritos: Perispírito



6.1 - Introdução

Segundo a visão materialista somos apenas o corpo com que vivemos neste mundo. Ora, tudo indica - e a análise química o comprova - que o nosso corpo é formado exclusivamente de matéria, como os demais corpos da natureza.
Mas a análise consciente e uma observação mais profunda mostram que no homem existe mais do que matéria. O homem pensa e tem consciência plena de sua existência; relaciona idéias, estabelece conceitos, elabora juízos, constrói raciocínios, tira conclusões, e, servindo-se de um instrumento maravilhoso, que é a linguagem, comunica tudo isto aos seus semelhantes. Nada que a isto sequer se pareça ocorre no mineral, na rocha ou num monte de matéria inanimada.
A matéria por si mesma não pensa; logo, existe em nós, além do corpo material, algo mais, que é o agente do nosso pensamento, e que se chama alma ou espírito.
Esse raciocínio, perfeitamente lógico e conforme a mais pura razão humana, deveria bastar para que nenhuma dúvida existisse no homem a respeito de que nele vive essencialmente um espírito.
Entretanto, muitos há que não crêem na realidade da própria existência, em si como Espírito imortal. Então Deus, na sua infinita bondade e amor, concedeu ao homem, com as manifestações espíritas, as provas cabais de que nele vive um espírito, que pré-existe ao corpo e sobrevive à morte física.

6.2 - O Espírito

Em [LE - qst 76] os Espíritos são definidos como sendo “os seres inteligentes da Criação”. São criados por Deus permanentemente, e, em sua essência, se apresentam como “uma chama, um clarão ou centelha etérea” [LE - qst 88]. Os Espíritos são eternos e indestrutíveis, mantendo sempre a sua individualidade.
Quanto à natureza íntima dos Espíritos podemos compreender que a inteligência é o seu atributo essencial.
Todos são criados iguais, “simples e ignorantes” e dotados de faculdades a serem desenvolvidas através das experiências reencarnatórias.
Em [Gên] Allan Kardec externa mais claramente o seu pensamento evolucionista, afirmando que:
“O espírito não chega a receber a iluminação divina, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores.”
Quanto a sua apresentação exterior, o espírito propriamente dito não a tem, pois é imaterial, mas se encontra revestido, sempre, de um corpo energético, fluídico, que Kardec denominou de perispírito. O perispírito dará forma ao espírito, permitindo sua identificação.

6.3 - O Perispírito

Estudando as religiões e filosofias vê-se que muitos homens procuraram um elemento energético que pudesse servir de união entre o corpo físico e o espírito, numa harmônica gradação vibratória. Por exemplo: No Egito acreditava-se na existência de um corpo chamado KA. Na Índia, denominavam de “Linga Sharira”. Os filósofos gregos chamavam-no de “Veículo Leve”, “Corpo Luminoso” e “carro sutil da alma”. Para Leibnitz, chamava-se “corpo fluídico” e para Paulo de Tarso, “Corpo Espiritual”.
No exame de suas principais características, o perispírito deverá ser analisado sob os seguintes aspectos:
a)    Função: quando encarnado, é o intermediário entre o espírito e o corpo somático, tendo como função transmitir as sensações do corpo para o espírito e as impressões do espírito para o corpo. É ainda o “campo modelador da forma”, pois, durante a gestação, será o perispírito o responsável pela estruturação do embrião, através de um campo magnético criado por ele. No Espírito desencarnado o perispírito corresponde ao seu envoltório, possuindo em sua estrutura eletromagnética órgãos e sistemas celulares à semelhança do corpo físico;
b)   Forma: geralmente a forma do perispírito corresponde a aparência do corpo somático. Ao desencarnarmos, o corpo espiritual, na maioria das vezes, mantém a forma que tinha quando encarnado, entretanto muitos Espíritos estão aptos a promoverem transformações em sua organização perispiritual, podendo assumir uma aparência de encarnações anteriores;
c)    Densidade: a densidade do perispírito é rarefeita nos Espíritos já evoluídos e pastosa ou opaca nos Espíritos ainda imperfeitos;
d)   Coloração: o perispírito não está preso no corpo como se estivesse dentro de uma caixa; ele se irradia e se projeta além do corpo físico, formando a Aura. Esta estrutura vai assumir colorações diferentes em função do estágio evolutivo do indivíduo. Brilhante e luminosa nos Espíritos superiores e sem nenhum brilho, sem luminosidade e sem beleza nas entidades muitos materializadas;
e)    Centros de Força: o perispírito é constituído de vários centros energéticos que concentram e coordenam a assimilação e distribuição de energias. São denominados de chacras ou centros de força.
Segundo André Luiz [Missionários da Luz, Evolução em Dois Mundos] os principais chacras são: coronário (alto da cabeça). cerebral (na fronte), laríngeo (pescoço), cardíaco (no peito), gástrico (abdômen), esplênico (região do baço) e genésico (sobre o aparelho genital).

Bibliografia e referências

     [LE] O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
     [Gên] A Gênese - Allan Kardec
     Evolução em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier - Waldo Vieira
     Psi Quântico - Hernani Guimarães Andrade
     Espírito, Perispírito e Alma - Hernani Guimarães Andrade
     Psicologia Espírita - Jorge Andréa
     [OP] Obras Póstumas - Allan Kardec
     Missionários da Luz - André Luiz/Chico Xavier

Origem dos Espíritos: a evolução anímica

Curso de Introdução ao Espiritismo

Centre Spirite Lyonnais Allan Kardec

Parte 9

Em O Livro dos Espíritos, os Espíritos se definem como os seres inteligentes da criaçãoque povoam o universo em torno do mundo material. Tendo sido criados imortais por Deus, os Espíritos tiveram um começo, e assim não são de todo eternos como Deus.

Encarnados na matéria, os Espíritos formam a humanidade tal como a conhecemos; o corpo físico é então uma vestimenta para o Espírito que dele se separa quando estiver gasta.
As leis que dirigem as evoluções tão variadas da matéria física ou vivente mostram que nada aparece subitamente e em estado perfeito. O sistema solar, nosso planeta, a linguagem, as artes, as ciências, longe de eclodirem espontaneamente, são o resultado de uma longa e gradual ascensão, desde as formas rudimentares até às formas mesmas que conhecemos nos dias de hoje.
A alma humana não poderia fazer exceção a esta lei geral e absoluta; constatamos sobre a Terra que ela passa por fases que abraçam as mais diversas manifestações, desde as mais humildes e mesquinhas concepções do estado selvagem, até às magníficas eflorescências do gênio.
Nosso exame retrospectivo deve se deter aí? Devemos crer que esta alma, que governou no homem primitivo um organismo tão complicado, tenha podido subitamente adquirir propriedades tão variadas e tão bem adaptadas às necessidades do indivíduo? Nossa indução deve se deter aos seres que têm exatamente as mesmas características anatômicas que as nossas? Não o cremos, porque as transições insensíveis, que nos conduzem fisicamente da matéria ao homem, encontramo-las no domínio intelectual com as mesmas gradações sucessivas. Então é no início da vida inteligente que precisamos atacar para encontrar, se não a origem da alma, ao menos o ponto de partida aparente de sua evolução através a matéria.
Constatamos experimentalmente, por meio do Espiritismo, a necessidade da reencarnação da alma humana; e a lei de continuidade, que temos assinalado nos seres viventes, nos permite crer que a alma animal está submetida à mesma obrigação. O princípio inteligente viria assim habitar sucessivamente os organismos mais e mais aperfeiçoados, à medida que se tornava mais capaz de os dirigir.
Eis um exemplo que vem confirmar a teoria da encarnação animal:
Se em uma estrebaria se faz o leito dos cavalos com a palha que serviu na jaula de leões ou tigres, quando os cavalos sentirem o odor desta palha, serão tomados de um terror exagerado, e se esforçarão para fugir. Muitas gerações de cavalos domésticos devem ter se sucedido desde que o cavalo selvagem foi exposto aos ataques desses felinos. Entretanto esses cavalos que, depois de numerosas gerações, nasceram nas estrebarias, reconhecem ainda o odor desses terríveis predadores de seus longínquos ancestrais.
Como explicar o medo desses animais? Se supusermos que haja um princípio intelectual no animal, que esse princípio está revestido de um perispírito no qual se armazenam os instintos, as sensações, e que a memória provém de um despertar desses instintos e dessas sensações, tudo se torna compreensível. As mesmas causas produzindo os mesmos efeitos, os animais domésticos são os mesmos seres que viviam antigamente no estado selvagem, e o odor das feras desperta em seu envelope fluídico as lembranças que se relacionam ao sofrimento e à morte, sob os dentes dos carniceiros; daí seu pavor.
O Espiritismo demonstra a existência do perispírito, mostrando que este órgão reproduz fluidicamente a forma corporal dos animais, que é estável em meio ao fluxo perpetuo das moléculas vivas, resultando que é nele que se incorporam os instintos. Como é imutável a despeito das mudanças incessantes das quais o homem é o palco, ele contém, por assim dizer, o estatuto das leis que dirigem a evolução do ser. Na morte, não se dissolve, constitui a individualidade do princípio inteligente e registra cada modificação que as numerosas e sucessivas existências nele determinam, de modo que após haver percorrido toda a série, ele se torna apto a conduzir, a dirigir, mesmo sem conhecimento do espírito, organismos mais complicados. Há neste automatismo qualquer coisa de análogo ao que se nota quando um pianista treinado decifra, à primeira vista, uma partitura nova; como tem flexibilizado por um longo exercício o mecanismo do cérebro, do braço e dos dedos, aos movimentos mais diversos de sua vontade, não tem mais que se preocupar com essas dificuldades materiais, que são intransponíveis para o iniciante; tem apenas que ler a partitura, e seus órgãos obedecem automaticamente ao seu espírito. Mas quanta pena e trabalho antes de chegar a este resultado! Esta maneira de encarar a utilidade indispensável do perispírito se tornará ainda mais clara, à medida que compreendermos melhor a natureza das ações tão complexas que têm por resultado a vida física e intelectual dos animais e do homem.
O instinto é a forma mais inferior sob a qual a alma se manifesta. O animal tem uma tendência de reagir contra o meio exterior, e a sensação determina nele emoções de prazer ou de dor; quando procura uns e foge de outros, ele cumpre atos instintivos que se traduzem por ações reflexas das quais pode ter consciência, sem poder, com freqüência, impedi-las, mas que são admiravelmente adaptadas à sua existência. Assim uma lebre foge ao mínimo ruído que se produz, seu movimento de fuga é involuntário, inconsciente, em parte reflexo, e em parte instintivo, mas esse movimento está adaptado à vida do animal: ele tem por objetivo sua conservação.
Nós pensamos que esses instintos são o resultado de atos realizados um grande número de vezes nas vidas anteriores da alma do animal e que se acham incrustados no perispírito desta mesma alma encarnada em um novo corpo. As sensações nervosas que o animal sente repercutem no perispírito. Uma repetição freqüente da mesma sensação dará nascimento ao instinto.
Tomemos a medusa como exemplo. Esses animais não se dirigem nunca para a terra senão quando o vento para aí as empurra, dir-se-ia que elas sentem os perigos que as esperam. A despeito das precauções tomadas pelas medusas elas, entretanto, encalham em quantidade e não tardam a se dessecarem. Seu temor pelo calor é então absolutamente justificado e basta para lhe criar um instinto, porque a medusa que tiver assim perecido um grande número de vezes, terminará por se afastar instintivamente, nas encarnações seguintes, dessas margens tão funestas para ela.
A luta pela vida, os esforços perpétuos dos seres reagindo contra as influências destrutivas, para se adaptarem ao seu meio, para lutar contra as espécies inimigas, fizeram evoluir os instintos em inteligência. Inteligência que foi primeiramente confundida com o instinto, mas que se diferenciou, com o tempo e a experiência, até o desabrochar do pensamento e da consciência de si mesmo, de seus atos e de suas conseqüências.
Os tesouros do intelecto se tornam claros, lentamente, através a obscura carapaça dos apetites. O egoísmo, o pensamento do eu, nascido pela lei de conservação que tem sido tão longamente sua única soberana, vê diminuir lentamente sua onipotência, porque já no reino animal, a maternidade implantou na alma o sentimento de amor, sob suas formas mais humildes e rudimentares. Mas esses pálidos clarões, que rompem com dificuldade o sonho animal, irão crescendo de intensidade e irradiarão à medida que a transformação se produza e, nas almas superiores, serão a luz cintilante, o farol que nos dirigirá nas trevas da ignorância.
A lei do progresso não se aplica somente ao homem. Ela é universal. Em todos os reinos da natureza existe uma evolução. Desde a célula verde, desde o impreciso embrião flutuante sobre as águas, através de sucessões variadas, a cadeia das espécies se desenvolveu até nós.
Sobre esta cadeia, cada anel representa uma forma de existência que conduz a uma forma superior, a um organismo mais rico, melhor adaptado às necessidades, às manifestações grandiosas da vida. Mas sobre a escala da evolução, o pensamento, a consciência, a liberdade não aparecem senão após muitos degraus. Na planta, a inteligência dorme; no animal, ela sonha; somente no homem se desperta, se conhece, se possui e se torna consciente. Desde então, o progresso, fatal em qualquer modo nas formas inferiores da natureza, não pode mais se realizar senão pela conformação da vontade humana com as leis eternas.

Para saber mais:

  • O Livro dos Espíritos de Allan Kardec (2ª parte, cap. I, O mundo dos Espíritos)
  • O Livro dos Espíritos de Allan Kardec (2ª parte, cap. XI, Os três reinos)
  • Após a morte de Léon Denis (3ª parte, cap. XXIII, A Evolução anímica e perispiritual)
  • O Problema do ser e do destino de Léon Denis (1ª parte, cap. IX, Evolução t finalidade da alma)
  • A Evolução anímica de Gabriel Delanne (cap. II, A alma animal)
  • A Evolução anímica de Gabriel Delanne (cap. III, Como o perispírito pode adquirir as propriedades funcionais)
  • A Reencarnação de Gabriel Delanne (cap. III, a evolução animal)
  • O ser subconsciente do Dr Gustave Geley (2ª parte, cap. I, A evolução da alma)
  • O ser subconsciente do Dr Gustave Geley (2ª parte, cap. II, Induções metafísicas)
  • Do inconsciente ao consciente do Dr Gustave Geley.
  • Espiritualismo versus a luz de Louis Serré (cap. I, A vida na matéria).

O Livro dos Espíritos - Livro 2 - cap. I - questões 76 a 83- Origem e natureza dos Espíritos


Como podemos definir os Espíritos?
"Pode-se dizer que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação. Povoam o Universo além do mundo material."

Nota: A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades extra-corpóreas e não mais o elemento inteligente universal.

Os Espíritos são seres distintos da Divindade ou seriam apenas emanações ou porções da Divindade, chamados por essa razão, filhos de Deus?
"Meu Deus! São sua obra, precisamente como um homem que faz uma máquina; essa máquina é a obra do homem, não ele próprio. Sabe-se que, quando o homem faz uma coisa bela, útil, ele a chama sua filha, sua criação. Pois bem, ocorre o mesmo com Deus: nós somos seus filhos, porque somos sua obra."

Os Espíritos tiveram um princípio ou como Deus, existem de toda a eternidade?
"Se os Espíritos não tivessem tido um princípio, seriam iguais a Deus. No entanto, são sua criação, submetidos à sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, isso é incontestável, mas não sabemos quando e como Ele criou. Pode-se dizer que não tivemos princípio, se com isso entender-se que Deus, sendo eterno, tem criado sem cessar; mas quando e como cada um de nós foi criado, eu lhe digo, mais uma vez, ninguém o sabe: isso é mistério."

Por existirem dois elementos gerais no Universo, o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-ia dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes são formados do elemento material?
"Isso é evidente. Os Espíritos são individualizações do princípio inteligente, como os corpos são individualizações do princípio material.O que desconhecemos é a época e o processo dessa formação."

A criação dos Espíritos é permanente ou verificou-se apenas na origem dos tempos?
"Ela é permanente, o que quer dizer que Deus jamais cessou de criar."

Os Espíritos se formaram espontaneamente ou procedem uns dos outros?
"Deus os criou, como a todas as outras criaturas, por sua vontade; mas, digo uma vez mais, sua origem é um mistério."

É exato dizer que os Espíritos são imateriais?
"Como se pode definir uma coisa quando não dispomos de termos comparativos e usamos uma linguagem insuficiente? Um cego de nascença pode definir a luz? Imaterial não é a palavra correta; incorpóreo seria a mais exata, porque se deve compreender que o Espírito, sendo uma criação, deve ser alguma coisa. É uma matéria quintessenciada, para a qual não há analogias na Terra e tão etérea que não pode ser percebida pelos sentidos humanos."

Dissemos que os Espíritos são imateriais, porque a sua essência difere de tudo o que conhecemos pelo nome de matéria. Um povo de cegos não teria termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença acredita ter todas as percepções pela audição, olfato, paladar e tato. Ele não compreende a idéia que lhe seria dada pelo sentido que lhe falta. De igual maneira, no tocante à essência dos seres super-humanos, somos como verdadeiros cegos. Podemos defini-los apenas por comparações sempre imperfeitas ou por um esforço de nossa imaginação.

Os Espíritos terão um fim?
Compreendemos que o princípio de onde emanam seja eterno, mas o que perguntamos é se sua individualidade chegará a um termo e se, num tempo determinado, mais ou menos longo, o elemento do qual são formados não se desagregará para retornar à massa do qual saíram, como ocorre com os corpos materiais. É difícil compreender que uma coisa que tem começo possa não ter fim.
"Existem muitas coisas que não se compreendem, porque a sua inteligência é limitada, mas isso não é uma razão para as repelir. O filho não compreende tudo o que compreende seu pai, nem o ignorante tudo o que compreende o sábio. Dissemos-lhe que a existência dos Espíritos não tem um termo; é tudo o que podemos dizer por ora."


Origem e natureza dos Espíritos


Idéias Principais
(...) Desde que a matéria tem vitalidade independente do Espírito e que o Espírito tem uma vitalidade independente da matéria, evidente se torna que essa dupla vitalidade repousa em dois princípios diferentes.
(...) Há, na matéria orgânica, um princípio especial, inapreensível e que ainda não pode ser definido: o princípio vital . Ativo no ser vivente, esse princípio se acha extinto no ser morto (...).
(...) Individualizado, o elemento espiritual constitui os seres chamados Espíritos (...).
Origem e Natureza dos Espíritos
A espécie humana tem origem entre os elementos orgânicos contidos no globo terrestre (...) e veio a seu tempo. Foi o que deu lugar a que se dissesse que o homem se formou do limo da terra.
Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos, sob o nome de matéria. (...)
Sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada (...).
 Na pesquisa da origem da vida, a biologia oferece-nos vasto campo de estudo através de várias hipóteses. Estudaremos aqui aquela ensinada pelos Espíritos Superiores e que é quase o consenso geral da ciência oficial.
Procurando fixar idéias seguras acerca do corpo espiritual, será preciso remontarmos, de algum modo, aos primórdios da vida na Terra, quando mal cessavam as convulsões telúricas, pelas quais os Ministros Angélicos da Sabedoria Divina, com a Supervisão do Cristo de Deus, lançaram os fundamentos da vida no corpo ciclópico do Planeta.(...)
Após a formação da Terra; a partir de uma matéria elementar existente, os Espíritos Superiores operam sobre o planeta recém-formado, favorecendo o surgimento de extensas superfícies de mares mornos ou quentes e de (...) gigantesca massa viscosa a espraiar-se no colo da paisagem primitiva. (...)
Dessa geleia cósmica, verte o princípio inteligente, em suas primeiras manifestações... (...). Este princípio inteligente ou Mônodas celestes no transcurso dos milênios, são trabalhadas e magnetizadas pela espiritualidade maior, até se manifestarem em (...) rede filamentosa do protoplasma de que se lhes derivaria a existência organizada no Globo constituído.
Aparecem os vírus e, com eles, surge o campo primacial da existência, formado por nucleoproteínas e globulinas, oferecendo clima adequado aos princípios inteligentes ou mônodas fundamentais, que se destacaram da substância viva (...) originando-se assim as formas primitivas de microorganismos, evoluindo sucessivamente, através de milênios e milênios, para os minerais, os vegetais (inferiores e superiores), os animais (esponjas, crustáceos, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos) até chegar no período quaternário com o aparecimento da forma hominal.
(...) Compreendendo-se, porém, que o princípio divino aportou na terra, emanando da Esfera Espiritual, trazendo em seu mecanismo o arquéotipo a que se destina, (...) não podemos circunscrever-lhe a experiência ao plano físico simplesmente considerado, porquanto, através do nascimento e morte da forma, sofre constantes modificações nos dois planos em que se manifesta. (...) Daí, considerarmos que a evolução das formas de vida no nosso planeta não evoluiu apenas na sua manifestação no campo físico, mas também no extrafísico; justificando, assim, a ignorância em que a ciência ainda se mantém ante os chamados elos perdidos da evolução. Se a ciência considerasse a evolução para além da matéria física, compreenderia o processo lento, porém contínuo e gradual, da vida e não se deteria nas buscas infrutíferas, de encontrar tais elos perdidos.
O fato de uma linhagem de antropóides erguer a coluna vertebral em sentido vertical, tido pela biologia como um grandioso e glorioso marco evolutivo, tem igualmente elevadas implicações em se tratando do homem como ser espiritual: a conquista da razão. A partir daí, já não se fala mais em elemento espiritual mas numa individualidade organizada, destinada à perfeição, chamada Espírito.
Ao lado da evolução da forma emparelhou-se a evolução moral. O aprimoramento do corpo físico gerou o acrisolamento dos sentidos, e, aumentado a percepção exterior, a orientação direta exercida pelos Espíritos Superiores, foi diminuindo gradualmente, deixando o homem progredir pela aquisição do livre-arbítrio.
Antes de tecer alguns comentários a respeito da natureza dos Espíritos, é importante estabelecer a diferença entre princípio espiritual e princípio vital.
 (...) Há na matéria orgânica um princípio especial, inapreensível e que ainda não pode ser definido: o princípio vital. Ativo no ser vivente, esse princípio se acha extinto no ser morto (...). Os seres orgânicos assimilam o princípio vital, para realizarem todas as funções vitais. Os seres inertes, como por exemplo, os minerais, não assimilam este princípio, e as estruturas químicas tais como hidrogênio, oxigênio, carbono, nitrogênio, etc., combinariam entre si formando os diversos tipos de corpos inorgânicos, amplamente distribuídos na natureza.
O princípio vital modifica a constituição molecular de um corpo, dando-lhe propriedades especiais.
A atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do funcionamento dos órgãos (...). Cessada aquela ação, por motivo da morte, o princípio vital se extingue (...). A partir da extinção do princípio vital, a matéria é decomposta em seus elementos constitucionais (oxigênio, carbono, nitrogênio, etc.), os quais poderão se agregar para formar corpos inertes ou inorgânicos, ou se manterão dispersos até a formação de novas combinações.
O princípio espiritual tem existência própria (...). Individualizado, o elemento espiritual constitui os seres chamados Espíritos. (...) E Espíritos são, portanto, Individualidades inteligentes, incorpóreas, que povoam o Universo, criados por Deus, independentes da matéria. Prescindindo do mundo corporal, agem sobre ele e, corporificando-se através da carne, recebem estímulos, transmitindo impressões, em intercâmbio expressivo e contínuo. (...)
A natureza dos Espíritos é algo do qual pouco ou nada sabemos. A pergunta 82 de O Livro dos Espíritos, sobre a imaterialidade dos Espíritos, assim nos diz: (...) Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance de vossos sentidos. (...)
Na mesma pergunta, logo abaixo, Kardec completa: Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria. Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos. (...) Nós outros somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres sobre-humanos. (...)
Bibliografia:  Estudos Sistematizados da Doutrina Espírita - FEB - Programa I - Edição 1996
XAVIER, Francisco Cândido. In: Fonte Viva. Ditado pelo Espírito Emmanuel.
20 ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995, lição 139, p. 312.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Religião X Espiritualidade

     


   
A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.
A religião é para os que dormem.
A espiritualidade é para os que estão despertos.
A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o
que fazer e querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção à suaVoz
Interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar
tudo.
A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.
A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro".
A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!
A religião não é Deus.
A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus.
A religião inventa.
A espiritualidade descobre.
A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.
A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.
A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.
A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você tem que buscá-la.
A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.
A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.
A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz Viver na Consciência.
A religião se ocupa com fazer.
A espiritualidade se ocupa com Ser.
A religião alimenta o ego.
A espiritualide nos faz Transcender.
A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.
A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.
A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.
A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.
A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade liberta nossa Consciência.
A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz conscientes da vida eterna.
A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a
vida.
(AUTOR DESCONHECIDO)     
     
 _"SEJA A MUDANÇA QUE VOCê QUER VER NO MUNDO" - GANDHI_    
 
Um pensamento:
"Não lamente os mortos...lamente a multidão apática, os covardes e
submissos, que vêem a grande angustia e as iniquidades do mundo sem
se atreverem a falar."
Ralph Chaplin

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Melindre e Personalismo

Do livro Laços de Afeto Caminho do Amor na Convivência – Cap 21 – Melindres nos Centros Espíritas
Página ditada pelo Espírito Ermance Dufaux

Melindres nos Centros Espíritas

“Os antagonismos, que não são mais do que efeitos de orgulho superexcitado, fornecendo armas aos detratores, só poderão prejudicar a causa, que uns e outros pretendem defender”.
O Livro dos Médiuns – Cap XXIX – item 348


Costuma-se asseverar que ele é a doença pertinaz de nossos meios espíritas. Somente a criatura abnegada nos serviços do bem não padece suas injunções a ponto de se agrilhoar. É o melindre – reação de apego doentio às nossas criações.

No campo moral podemos concebe-lo com as seguintes facetas:
- Personalismo magoado.
- Indicador de nosso contágio pelo egocentrismo.
- Rebeldia do orgulho.

Surge com mais assiduidade nos relacionamentos de pouca profundidade afetiva, nos quais escasseiam os valores da sinceridade, do diálogo e do bem-querer. Sua faina consiste em minar as energias através da mágoa crescente, expressada em complexos mecanismos de tristeza, decepção, desânimo e revolta. E depois de alcançar as fibras mais sensíveis do sentimento, promove um “campo de guerra” nos pensamentos que penetra as faixas da fantasia e da obsessão.

Analisando por um prisma psicopatológico, o estágio agudo do melindre, processado em cólera muda ou
manifesta, corresponde a uma fuga momentânea da realidade para uma incursão alienante em  “quadro
esquizofrênico” de rápida duração, no qual a mente raia  pelos campos delirantes e persecutórios.
Há pessoas propensas a se melindrarem graças à posição íntima de se colocarem como vítimas da vida.
Assediadas por “culpas de outras vidas”, que mais não são que seus desvarios de autopiedade e pieguismo, elaboram  um sensível sistema psíquico que as predispõe a se sentirem perseguidas pela “má sorte”, pelos “obsessores” e pela e pela indiferença dos outros em relação a elas.  No fundo são vítimas de si mesmas. São casos de desajustes reencarnatório em base de rebeldia e inconformação com a sua atual existência, promovendo uma insatisfação persistente com tudo e com todos, em lamentável egocentrismo de opiniões  e interesses onde quer que se movimentem.

A atitude de suscetibilidade é a responsável pela grande maioria dos litígios, cismas, agastamentos e das
querelas do relacionamento dentro das nossas casas espíritas. Nisso encontramos mais uma  forte razão para o urgente investimento na melhora emocional das relações interpessoais dos integrantes de nossas agremiações de amor. O melindre é a respostas irracional da emoção demonstrando plena ausência de inteligência intrapessoal. As criaturas educadas emocionalmente têm sempre respostas adequadas ao teste do melindre. Reagir com equilíbrio, elaborar soluções criativas aos impasses e agir com espontâneo amor são respostas de quem é dotado de farta inteligência emotiva, lograda em refrega nas vivências do Espírito que amadureceu para a vida. O melindre é a pobre resposta do sentimento agredido.

As casas espíritas compostas por relacionamentos de conteúdo moral elevado tais como a assertividade, a empatia, o conhecimento mútuo, a amizade favorecem uma convivência saudável e harmoniosa que ensejam defesas contra o “vírus” contagiante do orgulho ofendido.

Por longo tempo ainda estagiaremos sob o alvitre do amor próprio ferido, já que ainda não guardamos a
suficiente abnegação e humildade para superá-lo integralmente. Nada mais natural que recebermos seus
reflexos. Contudo, se já temos em nós a luz do Evangelho e do Espiritismo para guiar nossos passos,  compete-nos empreender árdua luta para não permanecermos por tempo demasiado sob a sua influência
perniciosa, a fim de não permitirmos os dolorosos trâmites da subjugação e da perda energética seguida de doenças variadas, sobretudo, no sistema circulatório. Enredados em suas malhas, procuremos meditar e orar, estudemos suas origens em nós e afastemos tudo quanto possa dar-lhe guarida por mais tempo.

Empreendamos nossos melhores esforços pela casa espírita mais fraterna e de relações honestas, sinceras, onde encontremos o clima desejável de confiança e afeto para dirimirmos as dúvidas naturais de nossa convivência, que também se encontra em aperfeiçoamento e aprendizado, não permitindo as brechas das imaginações doentias que são campo arado para a ofensa e a desavença.

Lembremos, por fim, que o futuro trabalhador do movimento espírita é, quase sempre, originado das
experiências cotidianas de nossas Casas, onde muito experienciou  nas sendas da suscetibilidade ferida.
Ante esse fato, ficam para nós as indagações: qual terá sido o recurso de superação adotado pelo
trabalhador nas questões melindrosas?  Terá ele desenvolvido habilidade emocionais inteligentes para lidar harmoniosamente com tal imperfeição, ou apenas adquiriu o hábito de se insensibilizar e tornar imune às agressões? Precisamos dessas respostas, pois elas explicam e geram muitos fatos!!

Do livro Laços de Afeto Caminho do Amor na Convivência
Página ditada pelo Espírito Ermance Dufaux

Vícios de Prestígio

“O choque, que o homem experimenta, do egoísmo dos outros é o que muitas vezes o faz egoísta, por sentir a necessidade de colocar-se na defensiva. Notando que os outros pensam em si próprios e não nele, ei-lo levado a ocupar-se consigo, mais do que com os outros. Sirva de base às instituições sociais, às relações legais de povo a povo e de homem a homem o princípio da caridade e da fraternidade e cada um pensará menos na sua pessoa, assim veja que outros nela pensaram. Todos experimentarão a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em fase do atual extravasamento de egoísmo, grande virtude é verdadeiramente necessária, para que alguém renuncie à sua personalidade em proveito dos outros, que, de ordinário, absolutamente lhes não agradecem  ”.
O Livro dos Espíritos – Questão 917 - Fenelon

Acostumamos enunciar nos meios espíritas que somos orgulhosos. Admitimos essa imperfeição, mas temos que reconhecer que ainda somos inaptos para detectar seus traços em nossa personalidade. Façamos então uma singela análise em uma de suas mais variadas manifestações sutis. Escolhamos a esfera da vaidade!

O perfil  moral dos habitantes da Terra guarda uma feição comum que é a necessidade de valorização e
reconhecimento pessoal, o que seria muito natural não fosse nossa paixão no egoísmo. No entanto essa
necessidade tem constituído uma tormenta social: considerando que todos querem ser prestigiados, quem ficará para prestigiar?

Pouquíssimos são os que se encontram sensibilizados para a arte da alteridade, dispostos a destacar
conquistas e valores no outro. Esse é o choque do egoísmo a que se refere Fénelon: cada um querendo que o outro pense nele sem se preocupar com os demais, oferecendo motivações para o descaso e o
egocentrismo.

Observe o amigo da Terra um exemplo. Se você iniciar uma narrativa que destaque seus valores individuais ou algum episódio de êxito na sua existência, quem estiver lhe ouvindo logo iniciará um processo similar, sem sequer ocupar-se em ouvir sua história ou dela tirar algum proveito.  É como diz Fénelon: “notando que os outros pensam em si próprios e não nele, ei-lo levado a ocupar-se consigo, mais do que com os outros.”

O vício de prestígio consome a criatura em disputas inglórias e imaginárias por apreço e consideração. O
mundo mental desses viciados desgasta-se em busca da aprovação de todos, e quando alguém não lhe
rende as homenagens e tributos esperados, é considerado um opositor ou indiferente. Seu principal malefício é essa espera de aceitação e consideração incondicionais, como se todas as pessoas tivessem a obrigação de enaltecê-lo.

Como é portador de muita suscetibilidade, pequenas desatenções e discordâncias são recebidas pelo viciado com revolta e mágoa suficientes para instalar um “pânico de revolta íntima”, como se mentalmente indagasse: “por que esse súdito não me homenageou?”

Assim como existe a dependência química de tóxicos, existe a dependência psíquica de evidência e
reconhecimento individual. Esse tipo de viciado é escravo da auto-imagem exacerbada que faz de si mesmo. As causas desse vício podemos verificar na infância, quando a criança é levada a níveis abusivos de repressão no lar, dependendo de aprovação para tudo, tornando-se insegura, sem autoconfiança, crescendo como adulto frustrado; outro tanto, de forma mais intensa ainda, verificamos as raízes desse mal nas pregressas existências, quando a alma acostumou-se aos faustosos títulos sociais e às honras individualistas que sempre lhe alimentavam o ego insaciável, na sedimentação da “cultura do melhor em tudo”.

A educação na sociedade moderna destina-se ao aplauso, ao êxito, e raramente educa-se para saber perder ou  lidar bem com as derrotas e críticas.  Treina-se para a passarela do sucesso e a necessidade de
aprovação e reconhecimento social, sem se preparar para o auto-amor. O vício de prestigio é um sintoma claro de que não nos plenificamos conosco próprio, de ausência de auto-realização, de amor a si próprio. Se nos amássemos, não teríamos tanta dependência de opiniões e atitudes alheias. O que impulsiona esse vício, mais que a necessidade de ser aceito, é o medo da rejeição: um dos sentimentos mais camuflados e  comuns na humanidade, que pode ser estimulado pelas causas acima citadas.

Esse cenário moral é um convite imperioso para que trabalhemos pela formação de um “perímetro”  de
relações sinceras, onde se possa forjar o caráter objetivando a aquisição dos hábitos altruístas e o
desprendimento dessas neuróticas necessidades de tributos personalísticos. Recordemos a oportuna
recomendação de Jesus para convidarmos coxos e estropiados quando dermos um banquete... (1)
Tal quadro de indigência espiritual e afetiva  induz-nos a grave reflexão: estariam nossos círculos de
Espiritismo Cristão atendendo a essa construção do ambiente regenerativo de nossas almas? Ou será que, mesmo nas frentes de serviços com Jesus, estaríamos cultivando as amizades de conveniência que nos garantam a “nutrição da bajulação”, mantendo os feudos de glórias pessoais?
O momento de transição da humanidade é instante de árduas comoções. O egoísmo precisa ser extirpado e para isso somos todos convidados, de uma ou de outra forma, a descer dos “tronos” da falsa superioridade ou sair da “cabeceira” das decisões individualistas. É tempo de abnegação e renúncia!

Convenhamos: nossa parcela de personalismo é enorme, mesmo nas lições de amor às quais nos
afeiçoamos juntos aos labores doutrinários. Anotemos assim algumas de suas rotineiras formas de se
apresentar, a fim de matricularmo-nos numa auto-avaliação sobre a possibilidade de ainda nos encontrarmos prazerosos com o vício do prestígio pessoal:

- Aversão a crítica.
- Mendicância de reverência
- Gosto pela pompa.
- Imposição de pontos de vista.
- Melindre nas discordâncias.
- Magoa alimentada.
- Importância conferida ao nosso nome.
- Apego a tarefa.
- Vício do elogio.

Com todo o respeito que devemos uns aos outros, não podemos deixar de assinalar que entre nós, os
devotos da causa espírita, encontram-se lamentáveis episódios de vaidade. Alguns corações, mais doentes que mal intencionados, não conseguiriam “manter-se espíritas” sem a reverência coletiva!!!...
Contudo, a “vitrine da fama” não foi feita para os discípulos do Cristo, e nossa maior conquista espiritual é o poder de negar a si mesmo. O trabalhador em busca de reconhecimento pessoal efetivamente não serve à causa de Jesus.

Fénelon refere-se  à força moralizadora do exemplo como forma de renovar as relações de homem a homem. Certamente essa indicativa é admirável receita para nossa recuperação frente ao descontrolado vício de ser valorizado. E para iniciarmos um processo educativo nesse sentido, deixemos uma dica preciosa na mudança dos nossos hábitos: comecemos a falar menos de nós e estejamos mais atentos em prestigiar o outro...


Do Livro Laços de Afeto – Caminhos do Amor na Convivência.
Ditado pelo Espírito Ermance Dufaux - Psicografia de Wanderley S. de Oliveira - Parte II - Capítulo 19
Nos leitos da Caridade

“Como a caridade é o mais forte antídoto desse veneno, o sentimento da caridade é o que eles mais procuram abafar. Não se deve, portanto, esperar que o mal se haja tornado incurável, para remediá-lo; não se deve, sequer, esperar que os primeiros sintomas se manifestem; o de que se deve cuidar; acima de tudo, é de preveni-lo”.
O Livro dos Médiuns – Cap XXIX – item 340

Uma sutilidade da convivência humana tem se tornado muito habitual: a falta de gratificação nos
relacionamentos. O efeito imediato dessa indesejável situação é a ausência de motivos para  recriar os encontros, já desgastados, com aqueles que compartilhamos os deveres na órbita doutrinária, levando-nos a acalentar o distanciamento proposital, escolhido.

No educandário das provas sociais, onde crescemos à custa do trabalho-obrigação, é compreensível que tal quadro se desenvolva. Não podemos afirmar o mesmo quando se trata dos encontros e desencontros nas frentes de crescimento com Jesus.
Simpatias, antipatias, admiração e aversão nessa perspectiva são fatores reeducacionais de aprendizagem
dos quais jamais devemos desertar, a pretexto de estabelecer somente relações felizes e que sejam
agradáveis.
Quando nominamos o centro espírita com educandário do afeto é porque nele percebemos a imensa clareira de oportunidades para a aquisição dos valores morais e emocionais, que somente serão hauridos na vida relacional ajustada a uma proposta de transformação pelas vias da educação.
Uma das causas dessa desistência de conviver podemos encontrar na sobrecarga que muitas vezes
costumamos colocar sobre os irmãos de ideal, em razão das elevadas expectativas que nutrimos sobre o seu proceder, aguardando deles finuras e gentilezas constantes como atestado de autenticidade espírita.  Com isso esquecemos das nossas limitações e carências, passando a cobrar dos outros o que ainda não temos condições de realizar. É salutar aguardar o melhor dos amigos, contudo, evitemos a rigidez ante suas escorregadelas, porque senão estaremos, em verdade, acariciando a intransigência disfarçada de decepção. Elevadas expectativas devemos tê-las para conosco mesmo, embora ainda assim tenhamos de usar de paciência e autoperdão constantes.

Temos muitas barreiras de comunicação nas relações, e isso tem impingido uma carga por demais pesada no favorecimento do entendimento e da afetividade. O tempero do afeto, contudo, facultaria o encanto e o bem-estar à convivência, estimulando a continuidade de elos imprescindíveis para a elaboração de projetos e labores de fundamental significado nas leiras do serviço espiritual.

Ações intransigentes, se dotadas de afeto, tornar-se-iam determinação construtivas. Palavras enérgicas, embaladas na ternura da voz, seriam alertas promissores. Normas rígidas, se externadas com carinho, concitariam à reflexão. Vigiemos, portanto esse distanciamento por opção e transformemos nossas relações. Reflitamos um pouco mais: deslocamos quilômetros para servir em caridade àqueles penalizados na pobreza, nos cárceres, nos hospitais, nas creches ou nas sombras da obsessão, todavia, quase sempre, descuidamos daquele coração que está ao nosso lado nas tarefas junto à agremiação doutrinária, com o qual nem sempre nutrimos as melhores expressões de afinidade e simpatia.
Estejamos assim mais atentos aos leitos de dor e penúria que se encontram, também, no âmbito de nossas próprias relações doutrinárias, acrescendo-lhes amor e amparo, proximidade e afeição.

Afeto no ato de ouvir é a caridade da atenção. Quantos se sentem menosprezados e submissos aos leitos da escassa auto-estima, chamado por um minuto de prestígio?
Afeto na atitude de valorizar o esforço alheio é a caridade do incentivo. Quantos se encontram desanimados e estirados aos leitos do descomprometimento por faltarem-lhe apreço a sua colaboração?
Afeto na saudação é a caridade da cordialidade. Quantos são aqueles que ente um gesto de bondade
decidem levantar-se do leito da aversão?
Afeto na prontidão é a caridade da cooperação. Milhares de criaturas, sob a influência contagiante da atitude da disponibilidade alheia, libertam-se dos leitos da preguiça seguindo-lhes os exemplos.
Afeto na delegação é a caridade da confiança. Será que imaginamos quantos são os corações sensíveis e
bem intencionados que se entregam aos leitos da desistência simplesmente por não serem convocados a
realizar?
Afeto na disciplina, caridade da tolerância. A ausência de ternura na aplicação de regras tombam muito nos leitos da insatisfação e da inveja.
Afeto na palavra, caridade da brandura. A rigidez do verbo tem agredido a muitos que se aferram
propositadamente aos leitos da suscetibilidade.
Afeto na tolerância, caridade da indulgência. E quantos são os que padecem o arrefecimento do ideal em
razão de serem entregues aos leitos da recriminação, ante suas intenções e projetos de ousadia nas
mudanças?
Atenção, incentivo, cordialidade, cooperação, confiança, tolerância, brandura e indulgência são as “caridades de casa”, pródigas fontes formadoras do espírito familiar que deve enlaçar os grupamentos  erguidos em nome de Jesus e Kardec.
Caridade no grupo é obtenção de paz, alívio de culpas, restauração do afeto pela compensação em dar,
exercícios de Amor pela didática da solidariedade, revitalização energética, recomposição consciencial,
desarticulação dos reflexos da educação infantil, desvinculação obsessiva, lenitivo, conforto e alívio para caminhar.

Estudemos mais sobre a caridade relacional e compreendamos melhor os benefícios da vivência do afeto em favor de nosso futuro espiritual, porque então  descobriremos, pelo estudo e pela convivência, que amar é vigoroso preventivo que elimina grande parte de nossas dores provacionais na escola da convivência.

Como enxergar o personalismo

Paulo Beduschi

O que é o personalismo? Visão egocênctrica da vida, visão exacerbada de si próprio. Crença em sua onipotência, comportando-se de formas típicas como intolerância, indiferença ante as opiniões alheias, incapacidade de mudar ante os alvitres da vida, etc.
Personalismo é a imposição de si mesmo sobre os outros, inaceitação do outro como veículo de novas riquezas para si mesmo.
Existe muito personalismo em todos os setores da humanidade, mas no meio religioso ele se agiganta e impede o avanço das pessoas.
Atitudes desmotivadoras diante de novidades, ortodoxia nas crenças, desdém ou desqualificação de quem busca inovar para melhorar, são impecilhos encontrados onde deveria haver aceitação e tolerância entre todos.
Allan Kardec foi um homem que lutou por um ideal nobre e verdadeiro, e para isso teve que lutar contra os preconceitos da época. Foi um inovador e por isso foi combatido e perseguido e até caluniado.
O movimento espírita está seguindo Allan Kardec? Ou estão paralizando esta doutrina de amor, mas sobretudo progressista e inovadora?
Será que rotulando a doutrina e criando balizas que delimitam limites doutrinários é recomendação de seu codificador? Claro que não, mas aí entra o personalismo asfixiante que traduz o orgulho daqueles que "defendem Kardec"  mas não se sabe do quê. A doutrina é livre como movimento e todos tem direito à experiência sem que seja execrado na indiferença e desprezadoo pelos companheiros.
Vamos ver no poema do filho pródigo na sua visão metafísica o que significa o filho mais velho.
A estagnação lhe revela apenas uma ego-consciência baseada em recompensas imerecidas e que lhe restou o amargor da inveja a lhe corroer os sentimentos.
Vamos melhorar nossa condição de espíritas. Somos maiores daquilo que estamos vivenciando dentro dela. Vamos abrir nossos corações para que a mente do preconceito e do personalismo não enterre o  talento que temos o dever de multiplicar.
Abraço

PERSONALISMO


 Quanto mais impessoal a obra de um homem, mais ela se aproximará da luz da Verdade; quanto mais pessoal, mais restrita, limitada e sujeita a equívocos. (Do Livro “O Espírito de Chico Xavier, por Carlos A. Baccelli).
      O culto ao personalismo existe de forma abundante no seio da Humanidade.  As pessoas gostam de “aparecer” e fazem de tudo para que isso aconteça. É o orgulho e a vaidade, agindo na alma das pessoas, que ainda não entenderam que esses dois defeitos do ser humano, são provas de inferioridade espiritual.
      O certo mesmo é seguirmos em frente, fazendo todo o bem possível, sem ficar preocupado em“aparecer” para o Mundo. Como disse Chico Xavier no início dessa mensagem, “quanto mais impessoal a obra, mais ela se aprovima da luz da Verdade”. O culto à personalidade é prejudicial a nossa própria evolução aqui na Terra.
      Muito pior é o personalismo no seio das religiões. Hoje em dia tem proprietário de igreja protestante oferecendo até a ressurreição de pessoas que já morreram. Alguns preocupam-se em construir templos gigantescos e suntuosos, exigindo grande sacrifício dos seus seguidores, para efetivarem suas ansias de personalismo. Graças a Deus esse tipo de coisa não chegou no meio do Espiritismo, embora haja alguns irmãos que parecem verdadeiras “estrelas”, sempre aparecendo na mídia televisiva pelo Brasil a fora, o que demonstra vaidade.
      Sobre esse personalismo de caráter religioso, nos fala Carlos A. Baccelli, no Livro “O Espírito de Chico Xavier”:
      O personalismo de caráter religioso é um dos entraves mais sérios à evolução do espírito. O Espiritismo não prega sectarismo de qualquer espécie. Não nos esqueçamos das palavras que o Senhor dirigiu aos apóstolos, quando se havia estabelecido discussão acerca de quem, dentre eles, no Reino dos Céus se sentaria à sua direita e à sua esquerda: “Sabeis que os príncipes das nações dominam os seus vassalos e que os maiores exercitam sobre eles o seu poder. Não será assim entre vós; mas aquele que quiser ser o maior, esse seja o vosso servidor...” (Site de Marcos Andrade:www.guia.heu.nom.br). (Romeu Wagner, Belém, Pará).

A Humanização do Centro Espírita

Grupo de Estudo e Pesquisa Espírita

Documento elaborado pelo
GEPE – Grupo de Estudo e Pesquisa Espírita
2003
Distribuição Gratuita.

Projeto Humanizar

Justificativa

“Que se comece pelo ardor, logo o amor, preparando-se pela qualificação para servir bem. Comecemos a sentir o problema do próximo, e a melhor maneira de senti-lo é colocar-se no seu lugar, fazendo por ele o que gostaria que lhe fosse feito. Com esse exercício nasce uma onda de ternura, um sentimento de solidariedade e, a partir daí, começa-se a dizer: “Meu Deus, eu sou gente, eu sou uma célula do organismo universal; a sociedade caminha na minha vida”.(Divaldo Pereira Franco, em “Novos Rumos para o Centro Espírita”, Editora Leal, 1999).

Finalidades

  1. Promover a fraternidade, o estudo doutrinário e a interação entre os Centros Espíritas.
  2. Organizar eventos doutrinários e confraternativos para o aprofundamento do conhecimento espírita e a melhor convivência.
  3. Reunir, como um organismo vivo, os espíritas para a troca de idéias e ideais, em clima de ampla fraternidade, comunhão de pensamentos e união de esforços em torno do Espiritismo.

Objetivos

  1. Espiritualizar o ser humano e promover o bem.
  2. Intensificar o intercâmbio entre os grupos espíritas.
  3. Auxiliar instituições beneficentes em seus programas de amparo ao próximo.
  4. Elaborar para o movimento espírita e os Centros Espíritas sugestões práticas de dinamização de suas atividades.

Visão

“Projeto Humanizar” é uma confraternização social dos espíritas, nos legítimos laços do amor cristão, constituindo um organismo vivo onde todos participam.

Lema

Conviver para promover a fraternidade.

Público Alvo (Clientela)

Dirigentes, trabalhadores e freqüentadores dos Centros Espíritas.

Metodologia de Desenvolvimento

  • Fóruns de Debate.
  • Seminários.
  • Oficinas de Vivências.
  • Elaboração de Documentos Teórico-Práticos.

Introdução

Temos observado no movimento espírita várias questões ligadas ao personalismo de dirigentes, à falta de estudo doutrinário de coordenadores e trabalhadores, e também questões de anti-fraternismo como dissidências, fofocas, relações estremecidas, tudo isso revelando que na prática os espíritas estão com dificuldades para agir de acordo com a teoria. Igualmente observamos os Centros Espíritas, exceções à parte, cristalizados numa formatação burocrática, há anos realizando as mesmas reuniões, sempre do mesmo jeito, faltando dinamismo, criatividade. Por todos esses motivos o espírito Joanna de Ângelis, através do médium Divaldo Pereira Franco, lançou a proposta “Espiritizar, Qualificar, Humanizar”, e, a partir dessa proposta, o GEPE – Grupo de Estudo e Pesquisa Espírita está desenvolvendo o “Projeto Humanizar”, com o objetivo de trabalhar a confraternização, as vivências de afetividade e o relacionamento interpessoal entre os espíritas, apresentando sugestões práticas de desenvolvimento de atividades para o Centro Espírita.
Allan Kardec, o insigne codificador da Doutrina Espírita, inseriu na Constituição do Espiritismo em seu item VIII, do livro “Obras Póstumas”, que para que haja uma condição absoluta de vitalidade para toda reunião ou associação é necessário a existência da homogeneidade, a qual dispôs em três diretrizes:
  1. Unidade de Vistas.
  2. Unidade de Princípios.
  3. Unidade de Sentimentos.
Sempre preocupado com os rumos que o homem poderia dar ao Espiritismo através de suas ações particulares e coletivas, o codificador estabeleceu uma proposta indicando o Trabalho, a Solidariedade e a Tolerância como pontos essenciais para o desenvolvimento do Movimento Espírita.
Os Centros Espíritas e o Movimento Espírita como um todo, devem se preocupar em vivenciar o sentimento puro da fraternidade, da tolerância, da solidariedade, e porque não dizer, em grau maior o sentimento mais nobre: o Amor.
O Espiritismo é Cristianismo redivivo, não temos disso a menor dúvida, portanto, sob esta característica a vivência do amor se torna imprescindível.
A proposta feita pelo espírito Joanna de Ângelis, salienta o desenvolvimento natural das propostas do próprio codificador. Quando a mentora Joanna de Ângellis afirma a necessidade de se realizar um trabalho de “Espiritização, Qualificação e Humanização” dentro do Centro Espírita, está reafirmando as propostas de Allan Kardec, numa visão real, abrangente, profunda e atual, dentro de uma dialética contemporânea, diante das necessidades atuais do Movimento Espírita.

Humanizar

Segundo as definições encontradas nos dicionários, a palavra “humanizar” pode ser entendida em quatro aspectos:
  1. Tornar humano.
  2. Tornar benévolo.
  3. Tornar afável.
  4. Tornar tratável.
Todos esses aspectos relacionados ao ser humano. Mas como fazer com que o ser humano torne-se humano, benévolo, afável e tratável? Só existe um caminho, apontado pela própria Doutrina Espírita: a educação, pois a finalidade maior do Espiritismo é tornar a todos nós homens de bem.
A educação, por ser formadora do caráter e não apenas instrutora do conhecimento, combate o personalismo, a vaidade, o egoísmo, o orgulho, cabendo ao Centro Espírita relevante papel pois é nele onde a aplicação da educação moral do ser deve ter prioridade. Como afirma Allan Kardec em “O Livro dos Médiuns”, primeira parte, capítulo 3, item 19, devemos antes tornar o ser humano espiritualista, ou seja, que ele acredite que em si mesmo há algo mais do que o corpo biológico, ou seja, devemos fazer com que ele coloque em ação a auto-educação, a chave preconizada pelos filósofos gregos: “Conhece-te a ti mesmo”.
Conhecendo a si mesmo como alma, o ser humano estará predisposto a mudar seus rumos na vida, ou seja, ele terá a força de vontade que ainda lhe falta, o querer. Entretanto não basta querer, é preciso saber como, e o apoio do Centro Espírita é fundamental, pois nele o ser humano encontra, ou deveria encontrar, a plenitude do Espiritismo como filosofia estruturada em argumentos científicos e de vastas conseqüências morais.
Estará o Centro Espírita adequado a essa realidade e atendendo convenientemente aquele que o procura?

Bastará o Centro Espírita abrir suas portas ao público para que neste entre quem desejar?

Allan Kardec faz a seguinte declaração em sua “Viagem Espírita de 1862”: “Coloco em primeira instância o consolo que é preciso oferecer aos que sofrem, erguer a coragem dos caídos, arrancar um homem de suas paixões, do desespero, do suicídio, detê-lo talvez no limiar do crime, não vale isto mais que os lambris dourados?”
Todas estas ações requerem sentimentos nobres que só podem ser doados e oferecidos por aqueles que verdadeiramente os vivem.
A humanização dentro do Centro Espírita é a pura revivência do sentimento cristão, é processo definitivo de revitalização do compromisso com Jesus, com a Doutrina e com o próprio Centro Espírita.
Na proposta de Joanna de Ângelis a implantação da “Qualificação” e da “Espiritização” assumem valor incalculável, porém o triângulo de ação proposto pela generosa mentora somente se torna completo com a “Humanização”.

O Centro Espírita

“O progresso geral é a resultante de todos os progressos individuais” (Allan Kardec – Obras Póstumas).
Ao longo do tempo temos podido constatar um grande distanciamento entre as instituições espíritas, que se fecham em torno delas mesmas, quando na verdade deveriam estar realizando um trabalho contínuo de aproximação mútua, tendo como objetivo a dinamização do inter-relacionamento, através da troca de informações e experiências, permutando conhecimento administrativo e doutrinário, buscando agir em conjunto nas atividades viáveis de serem realizadas entre os Centros Espíritas.
É comum verificarmos instituições que estão situadas bem próximas umas das outras, porém mal se conhecem, atuam dentro de um mesmo bairro e não possuem conhecimento das atividades desenvolvidas pelas outras instituições, seus dirigentes e trabalhadores não se relacionam, se desconhecendo por completo; esta situação é bem mais comum do que se possa pensar.
Centros Espíritas que vivenciam as mesmas dificuldades operacionais nos seus diferentes campos de atuação, poderiam ter essas dificuldades mais rapidamente solucionadas se houvesse uma relação de ajuda e incentivo mais dinâmico entre os Centros Espíritas. Instituições Espíritas há que realizam os mesmos trabalhos sem alcançarem o objetivo desejado, quando em conjunto poderiam estar alcançando resultados ideais ou bem mais satisfatórios, sem que com isto percam sua individualidade ou identificação.
“Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos ponto de vista. Juntos alcançaremos a realização de nossos propósitos”(Bezerra de Menezes).
Esta colocação feita por Bezerra de Menezes é demais atual e nos remete a uma outra assertiva deste mesmo orientador espiritual, quando nos diz:“Unificação paulatina, união imediata, trabalho incessante.”
Lembramos da necessidade de se buscar a unificação, a qual somente poderá ser verdadeiramente possível e viável através de uma união realizada por meio do entendimento amplo, profundo, com implementação do trabalho constante, a realização da vivência sincera do real cristianismo dentro dos propósitos da Doutrina Espírita, tendo todos a consciência do que representa a Doutrina na construção de uma nova era no planeta, que nos serve de lar e escola, mas para isto é essencial entender um pouco mais e melhor a respeito do Centro Espírita.
Ainda em “O Livro dos Médiuns”, no capítulo 30 da segunda parte, no regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, lemos em seu artigo 1º: “A Sociedade tem por fim o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações espíritas e sua aplicação às ciências morais, físicas, históricas e psicológicas”.
A amplitude da visão de Allan Kardec ainda nos surpreende, quando insere como finalidade do Centro Espírita a aplicação do conhecimento espírita na área das ciências. Traduzindo essa visão, podemos dizer que a finalidade do Centro Espírita é:
“Dar ao homem condições de estudar o Espiritismo e aplicá-lo a si mesmo e ao próximo, quer no comportamento individual como nas relações sociais, atuando no processo dinâmico do saber com esse conhecimento”.
Podemos agora indicar três posturas básicas do Centro Espírita:
  1. O Centro Espírita é uma escola de almas com uma estrutura de fraternidade, diálogo, entendimento e dinamismo.
  2. O Centro Espírita reflete a doutrina que lhe dá nome: a Doutrina Espírita ou Espiritismo.
  3. O Centro Espírita tem por base sólida de sua estrutura a codificação kardequiana.
As posturas estão no afirmativo porque o Centro Espírita não pode desenvolver outras posturas sem que elas estejam firmemente estruturadas nessas três posturas básicas.
Estando claro as finalidades, ou os fins do Centro Espírita, podemos vislumbrar seus objetivos, já que o Espiritismo deve renovar moralmente o mundo através da reforma moral dos indivíduos, fazendo do homem no mundo, um homem de bem. São, pois, três objetivos essenciais:
  1. A caridade, pois fora dela não há salvação.
  2. A fraternidade, pois o primeiro mandamento é o “amai-vos”.
  3. O esclarecimento, pois o segundo mandamento é o “instruí-vos”.
Resta-nos entender o processo de humanização que levará fatalmente o Centro Espírita e os espíritas a cumprirem os fins e objetivos aqui apresentados e, na seqüência, propor algumas práticas dinamizadoras dessa humanização.

Humanização do Centro Espírita

“O ideal espírita é de fraternidade, e possui força incalculável de trabalho em prol do progresso e felicidade do homem.”
Esta frase acima é do irmão Orson Peter Carrara, extraído do periódico “Dirigente Espírita”, e retrata bem o ideal que deve nortear as ações do Movimento Espírita: a fraternidade, conseqüência natural do processo de humanização.
O eminente escritor J. Herculano Pires, declara no seu livro “O Centro Espírita”, que “não basta semear idéias fraternistas entre os homens, é necessário concretizá-las em atos pessoais e sinceros.”
Portanto é imperioso que no Centro Espírita, local de convergência dos Espíritos, onde se prega o amor e o entendimento, o perdão e a tolerância, a fraternidade e o respeito, haja a vivência destes sentimentos, buscando a concretização dos ideais espíritas dentro do seu principal núcleo constituído: o Centro Espírita.
“Que se comece pelo ardor, logo o amor, preparando-se pela qualificação para servir bem. Comecemos a sentir o problema do próximo, e a melhor maneira de senti-lo é colocar-se no seu lugar, fazendo por ele o que gostaria que lhe fosse feito. Com esse exercício nasce uma onda de ternura, um sentimento de solidariedade e, a partir daí, começa-se a dizer: “Meu Deus, eu sou gente, eu sou uma célula do organismo universal; a sociedade caminha na minha vida”(Divaldo Pereira Franco, em “Novos Rumos para o Centro Espírita”, Editora Leal, 1999).
Com essas palavras Divaldo Franco interpreta o “humanizar” proposto por Joanna de Ângelis, ou seja, tudo realizar com amor, com sentimento, colocando-se no lugar do outro para sentir seus dramas e suas alegrias.
É o término das fofocas, das intrigas, dos ciúmes, dos personalismos, dos achismos, da centralização do poder, dos melindres e tantos outros males que fazem estragos consideráveis na seara espírita.
Humanizar o Centro Espírita. Trabalhar as relações interpessoais mergulhando-as no amor para vivenciar-se a fraternidade. Saber conviver com as diferenças através do diálogo construtivo.
Como? Colocando em prática as sugestões a seguir.

Propostas de Dinamização das Atividades do Centro Espírita

1. Atendimento Fraterno
Que o Centro Espírita, através de sua equipe de trabalhadores voluntários, procure realizar o “Atendimento Fraterno” todos os dias da semana, por plantão, ou, quando isso não for possível, nos horários de funcionamento do Centro, tanto nas reuniões públicas como outras, pois o sofrimento, a dor e a procura por orientação não esperam dia e hora.
2. Reuniões Públicas
Na medida do possível, que o Centro Espírita disponibilize “Reuniões Públicas” com palestra e passe nos períodos da manhã, tarde e noite, para atender o maior número possível de pessoas, estabelecendo alternativas para o público durante a semana.
3. Desobsessão
Aumentar o número de grupos mediúnicos de desobsessão, disponibilizando novos dias e horários para esses grupos trabalharem no atendimento aos encarnados e desencarnados, possibilitando assim também o ensejo de trabalho aos diversos médiuns e doutrinadores em desenvolvimento (ou educação mediúnica).
4. Salas Temáticas
Através do uso do salão principal e outras salas menores, criar nas reuniões públicas as “Salas Temáticas”, ou seja, cada uma com um tema específico a ser desenvolvido pelo expositor, podendo o público escolher livremente o tema de sua preferência para assistir ao estudo.
5. Grupos (ou Ciclos) de Estudo
Nos moldes de um curso, o Centro Espírita deve implantar os “Grupos de Estudo da Doutrina Espírita”, favorecendo tanto os que iniciam seu conhecimento do Espiritismo, como aqueles que procuram aprofundamento doutrinário. Os “Grupos de Estudo” devem ter a duração mínima de três meses (cursos introdutórios) e um ano (cursos de aprofundamento), além do “Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita” com duração mínima de quatro anos.
6. Perguntas e Respostas
Nas reuniões públicas reservar de quinze a trinta minutos para o expositor responder perguntas do público sobre o tema apresentado, ensejando interação público/expositor e assim dinamizando a reunião, melhor atingindo os interesses dos que se dirigiram ao Centro Espírita.
7. Livraria
O Centro Espírita deve instalar a “Livraria Espírita” preferencialmente junto à entrada do Centro, permitindo livre acesso, divulgando a doutrina através do livro.
8. Biblioteca
Manter uma “Biblioteca” acessível ao público, com o empréstimo de livros por um período de até quinze dias, renovável por mais quinze. A cultura espírita é fator de progresso intelectual e moral do ser humano, e o serviço de empréstimo facilita aqueles que não possuem renda para se servir da Livraria.
9. Pesquisa
Realizar pesquisa, periodicamente, junto ao público freqüentador e também junto aos trabalhadores, sobre suas necessidades e os temas preferenciais para estudo. Conhecer o horizonte sócio-cultural daqueles que procuram o Centro Espírita é fundamental para direcionar com sensatez e objetividade as atividades da casa.
10. Diálogo
Nas “Reuniões Públicas”, nas “Salas Temáticas” e nos “Grupos de Estudo”, favorecer a exposição dialogada, utilizar recursos áudio-visuais e realizar atividades dinâmicas, sempre que possível, provocando o “pensar” e a formação de consciências.
11. Acolhimento
Acolher com simplicidade e fraternidade todos aqueles que chegam ao Centro Espírita, atendendo-lhes as necessidades e encaminhando-os para os diversos serviços oferecidos. Uma boa equipe de “Recepção”, dialogando com amor, é cartão postal que marca o ensejo do próximo encontro.
12. Encontro de Trabalhadores
Integrar, harmonizar, socializar os diversos trabalhadores do Centro Espírita, periodicamente, em reuniões confraternativas e de estudo, possibilitando a troca de idéias e de experiências.
13. Comissões Visitadoras
Que as Casas Espíritas criem pequenas comissões com a finalidade de visitarem-se mutuamente, pelo menos dentro de uma mesma região, com a finalidade de estreitarem os laços de convivência, trocarem informações, realizando uma aproximação, participando algumas vezes como frequentadores nas reuniões das Instituições vizinhas.
14. Colegiado
Para melhor dinamização de sua administração, sugerimos que o Centro Espírita utilize a direção colegiada, privilegiando as prioridades doutrinárias, permitindo decisões e execuções de tarefas em grupo, com diálogo, troca de idéias e deliberações em conjunto. O colegiado permite a formação de equipes em todas as áreas e se opõe ao personalismo e a centralização administrativa/doutrinária.
15. A Família no Centro Espírita
Todo Centro Espírita deverá criar um Departamento que trate exclusivamente da família, tendo um enfoque da mesma como um todo, desde a criança que participa da evangelização até o idoso que comparece ao Centro. Este Departamento deverá trabalhar em sintonia com os outros Departamentos: de Infância e Juventude, Assistência Social, Doutrinário e outros, procurando promover o bem estar da família no Centro Espírita, estimulando sua vinda ao Centro, promovendo atividades em dia e horário que possa toda a família comparecer. Estas atividades deverão ter característica de aproximar a família do Centro Espírita e melhorar as relações de convivência familiar. O Centro Espírita deverá passar a ser visto como um ponto convergente de toda a família espírita, e não como um local de “obrigações” religiosas, mas um local agradável e disponível.

O Relacionamento Interpessoal

Ao desenvolver a fraternidade, o estudo doutrinário e a interação entre os Centros Espíritas, o “Projeto Humanizar” pressupõe o trabalho de promoção do relacionamento interpessoal entre os espíritas, sejam dirigentes, trabalhadores e frequentadores de um mesmo Centro Espírita, seja entre os espíritas de forma geral.
Não é possível discursar sobre fraternidade e solidariedade sem o esforço de colocar essas virtudes em prática.
O relacionamento interpessoal exige a utilização das ferramentas do diálogo, da tolerância, da compreensão e do auxílio, todas elas envoltas pelo sentimento do amor, exemplificado por Jesus e constante nos diversos ensinos dos Espíritos Superiores na codificação. Cada uma dessas ferramentas pode e deve ser utilizada constantemente, no exercício salutar da boa convivência:
Diálogo – É saber ouvir, saber ponderar o que se ouve e saber falar sem imposição da idéia pessoal. Ao ouvir, se for o caso, mudar de idéia ou atitude, reconhecendo o erro, ou falha. O diálogo deve existir para a melhor convivência do grupo, o melhor entendimento doutrinário e a melhor dinamização das atividades.
Tolerância – É o exercício de conviver com as diferenças individuais – de personalidade, de caráter, de cultura, etc. – e aproveitar o que de melhor cada componente do grupo possa dar de si mesmo.. Antes de criticar o outro, olhar para si mesmo. Não significa deixar tudo acontecer, pois a tolerância respeita o livre-arbítrio mas requer limites
Compreensão – O esforço em compreender o pensamento e as atitudes daquele que convive conosco beneficia.o estabelecimento do equilíbrio, da paz, do trabalho produtivo. Compreendendo que cada um possui limites, vamos exercitar a boa vontade de colaborar para o bem comum.
Auxílio – Não diga: “como a tarefa não é minha, nada tenho com isso”. Se alguém, escalado como responsável, não fez, por que você não pode fazer, a título de auxílio e contribuição? Antes de julgar as razões da falha do outro, julgamento que na verdade pertence a Deus, devemos estar sempre prontos a auxiliar, não esperando recompensas e nem fazendo cobranças.

Benefícios para o Movimento de Unificação

O processo de Unificação concorre para a aproximação dos espíritas através da confraternização; com a troca de experiências e conhecimentos promove o progresso natural das Instituições Espíritas e o fortalecimento do Movimento Espírita que tende a se tornar cada vez mais estável, homogêneo, eficaz e eficiente; concorre para o desaparecimento do personalismo individual e institucional dentro do meio espírita, preserva a pureza doutrinária e permite que o Movimento Espírita se fortaleça no meio social em que atua.
Os exemplos acima são apenas alguns benefícios que a Unificação pode trazer ao Movimento Espírita quando bem compreendida. Para isso desenvolvemos o “Projeto Humanizar” e o processo de humanização do Centro Espírita.
Mas não esqueçamos, ao finalizar este documento, que o Movimento Espírita somente alcançará a plenitude em se tratando de unificação quando os espíritas, de forma individual e coletiva, vivenciarem a união sem fronteiras, sem paralelismos, sem qualquer tipo de sectarismo, de melindres, agindo dentro da fraternidade sincera, numa integração verdadeira, com todos trabalhando pela Causa Espírita, que ultrapassa nossos interesses pessoais.
Para encerrarmos vamos passar a palavra ao próprio Allan Kardec, destacando as suas citações no capítulo XXIX de “O Livro dos Médiuns”, item 335, que fala sobre as Sociedades Espíritas:
“Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã”.
Ainda em “O Livro dos Médiuns”, capítulo XXIX, em seu item 348que abre o sub-tema “Rivalidade entre as Sociedades”,declara Kardec: “Todos devem concorrer, ainda que por vias diferentes, para o objetivo comum, que é a pesquisa e a propaganda da verdade. Os antagonismos, que não são mais do que efeito de orgulho superexcitado, só poderão prejudicar a causa, que uns e outros pretendem defender”.
E no item 349 nos diz: “As (sociedades espíritas) que pretendam estar exclusivamente com a verdade terão que o provar, tomando por divisa: Amor e Caridade, que é a de todo verdadeiro espírita.”
Vamos agora transcrever trechos do capítulo XXXI, também de “O Livro dos Médiuns”, que tem como título “Dissertações Espíritas”.Todos estes trechos foram retirados de mensagens dadas pelos Espíritos a Allan Kardec na elaboração da codificação da doutrina.
“Mas lembrai-vos bem de que o Cristo renega, como seu discípulo, todo aquele que só nos lábios tem a caridade” (Santo Agostinho – item V).
“A união faz a força. Sede unidos, para serdes fortes” (São Vicente de Paulo – item XX).
“O verdadeiro Espiritismo tem por divisa a benevolência e a caridade. Não admite qualquer rivalidade, a não ser a do bem que todos podem fazer. Todos os grupos que inscreverem essa divisa em suas bandeiras estenderão uns aos outros as mãos, como bons vizinhos, que não são menos amigos pelo fato de não habitarem a mesma casa” (Fénelon – Item XXII).
Para reflexão e estudo em grupo, oferecemos o seguinte texto:

Imagine

Imagine uma Casa para trabalhar onde a desconfiança foi substituída pela esperança.
Onde todos acreditam que a Casa também é deles.
Onde controlamos a forma de fazer e não as pessoas, até porque cada uma delas se preocupa em se vigiar.
Onde encaramos os problemas como oportunidade, e o enfrentamos procurando descobrir o que está errado, e não quem está errado, ou quem é o culpado.
Onde medimos o resultado, em vez das pessoas, e definimos procedimentos, em vez de autoridade.
Onde perguntamos: ”Como posso ajudá-lo?”, em vez de dizer: ”isto não faz parte do meu trabalho”.
Imagine uma Casa onde trabalhamos juntos, como uma equipe, para sermos cada vez melhores, não pelo simples fato de sermos melhores que os outros, mas para melhor servir.
Onde buscamos uma resposta para cada problema, em vez de vermos um problema em cada resposta.
Onde o único erro é repetir um erro e a única verdadeira falha é não tentar.
Imagine uma Casa onde os dirigentes são companheiros, amigos, em vez de simplesmente chefes, feitores.
Onde temos disciplina nos trabalhos, em vez de disciplinarmos pessoas, até porque cada um já está preocupado com sua própria disciplina.
Onde o significado da palavra responsabilidade está vinculado a um desejo de contribuir, e não a uma obrigação imposta por outra pessoa. Afinal, o trabalho é de Jesus.
Imagine um ambiente construído sobre uma base de confiança e respeito. Onde as idéias são bem-vindas, embora não necessariamente implementadas, e as pessoas são valorizadas pela sua contribuição, se preocupando com seu aprimoramento contínuo, atendendo a receita: “Amai-vos e Instrui-vos”.
Imagine uma Casa onde as pessoas dizem: “Pode ser difícil, mas é possível”, em vez de: “Pode ser difícil, mas é muito difícil”.
Imagine uma Casa onde o medo de ser franco, leal e honesto foi substituído por um ambiente de franqueza sem medo, de sinceridade sem rudeza.
Imagine, imagine e acredite!!
Você pode imaginar? Pode ajudar a construir uma Casa assim?
Nós do Grupo de Estudo e Pesquisa Espírita, acreditamos, e convidamos você a materializar este sonho em sua Casa Espírita.
Solicite seu exemplar para:
GEPE
GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA ESPÍRITA
Caixa Postal 47039 – CEP21215-971 - Rio de Janeiro – RJ
www.gepenet.hpg.ig.com.br
gepenet@ig.com.br
(21)3381-1429