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Estudando o Espiritismo
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domingo, 30 de setembro de 2012
SUICÍDIO POR OBSESSÃO
(Revista Espírita, janeiro de 1869 - Variedades)
Lê-se no Droit:
“O Sr. Jean-Baptiste Sadoux, fabricante de canoas em Joinville-le-Pont, percebeu ontem um jovem que, depois de ter vagado durante algum tempo sobre a ponte, subiu no parapeito e se atirou ao Marne. Imediatamente ele foi em seu socorro e, ao cabo de sete minutos, retirou-o. Mas a asfixia já era completa e todas as tentativas para reanimar aquele infeliz foram infrutíferas.
“Uma carta encontrada com ele permitiu que fosse reconhecido como o Sr. Paul D..., de vinte e dois anos, residente na Rua Sedaine, em Paris. Essa carta, dirigida pelo suicida ao seu pai, era extremamente tocante. Ele pedia perdão por abandoná-lo e dizia que há dois anos era dominado por uma ideia terrível, por uma irresistível vontade de se destruir. Acrescentava que lhe parecia ouvir fora da vida uma voz que o cha mava sem descanso e, a despeito de todos os esforços, não podia impedir de ir para ela. Encontraram, também, no bolso do paletó, uma corda nova, na qual tinha sido feito um laço corredio. Depois do exame médico-legal, o corpo foi entregue à família.”
A obsessão aqui está bem evidente, e o que não está menos evidente é que o fato nada tem a ver com o Espiritismo, nova prova de que esse mal não é inerente à crença. Mas se o Espiritismo não tem nada a ver com este caso, só ele pode dar a sua explicação. Eis a instrução dada a respeito por um dos nossos Espíritos habituais, da qual ressalta que, malgrado o arrastamento a que o jovem cedeu para a sua infelicidade, ele não sucumbiu à fatalidade. Ele tinha o seu livre-arbítrio e, com mais vontade, poderia ter resistido. Se tivesse sido espírita, teria compreendido que a voz que o solicitava não poderia ser senão de um mau Espírito e as consequências terríveis de um instante de fraqueza.
(Paris, Grupo Desliens, 20 de dezembro de 1868 – Médium: Sr. Nivard)
A voz dizia: Vem! Vem! Mas teria sido ineficaz essa voz do tentador, se a ação direta do Espírito não se tivesse feito sentir. O pobre suicida era chamado e impelido. Por quê? Seu passado era a causa da situação dolorosa em que se achava. Ele apegava-se à vida e temia a morte. No entanto, nesse apelo incessante que ouvia, pergunto eu, ele encontrou força? Não, ele hauriu a fraqueza que o perdeu. Ele venceu os temores, porque esperava no fim encontrar do outro lado da vida o repouso que o lado de cá lhe negava. Ele se enganou, pois o repouso não veio. As trevas o cercam, a consciência lhe censura o ato de fraqueza e o Espírito que o arrastou gargalha ao seu redor e o criva de motejos constantes. O cego não o vê, mas escuta a voz que lhe repete: Vem! Vem! e que depois zomba de suas torturas.
A causa deste caso de obsessão está no passado, como acabo de dizer. O próprio obsesso r foi impelido ao suicídio por esse que ele acaba de empurrar para o abismo. Era sua mulher na existência anterior, e tinha sofrido consideravelmente com o deboche e as brutalidades de seu marido. Muito fraca para aceitar a situação que lhe era dada, com resignação e coragem, buscou na morte um refúgio contra os seus males. Ela vingou-se depois, sabeis como. Entretanto, o ato desse infeliz não era fatal. Ele tinha aceito os riscos da tentação; ela era necessária ao seu adiantamento, porque só ela poderia fazer desaparecer a mancha que havia conspurcado sua existência anterior. Ele tinha aceito os seus riscos, com a esperança de ser mais forte, e se havia enganado: sucumbiu. Recomeçará mais tarde? Resistirá? Dele dependerá.
Rogai a Deus por ele, a fim de que lhe dê a calma e a resignação de que tanto necessita, a coragem e a força para não falir nas provas que tiver de suportar mais tarde.
LOUIS NIVARD.
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sábado, 29 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Demonstrações do Céu
Demonstrações do Céu
"Disseram-lhe, pois: que sinal fazes tu para que o vejamos,
e creiamos em ti?" - João, 6:30.
Em todos os tempos, quando alguém na Terra se refere às coisas do
Céu, verdadeira multidão de indagadores se adianta pedindo
demonstrações objetivas das verdades anunciadas.
Assim é que os médiuns modernos são constantemente assediados
pelas exigências de quantos se colocam à procura da vida espiritual.
Esse é vidente e deve dar provas daquilo que identifica.
Aquele escreve em condições supranormais e é constrangido a
fornecer testemunho das fontes de sua inspiração.
Aquele outro materializa os desencarnados e, por isso,
é convocado ao teste público.
Todavia, muita gente se esquece de que todas as criaturas do Senhor
exteriorizam os sinais que lhes dizem respeito.
O mineral é reconhecido pela utilidade.
A árvore é selecionada pelos frutos.
O firmamento espalha mensagens de luz.
A água dá notícias do seu trabalho incessante.
O ar esparge informações, sem palavras, do seu poder na
manutenção da vida.
E entre os homens prevalecem os mesmos imperativos.
Cada irmão de luta é examinado pelas suas características.
O tolo dá-se a conhecer pelas puerilidades.
O entendido revela mostras de prudência.
O melhor demonstra as virtudes que lhe são peculiares.
Desse modo, o aprendiz do Evangelho, ao solicitar revelações do Céu
para a jornada da Terra, não deve olvidar as necessidades de revelar-se
firmemente disposto a caminhar para o Céu.
Houve dia em que a turba vulgar dirigiu-se ao próprio Salvador que a
beneficiava, perguntando:
- "que sinal fazes tu para que o vejamos, e creiamos em ti?"
Imagina, pois, que se ao Senhor da Vida foi dirigida semelhante interrogativa, que indagação não se fará do Alto a nós outros, toda
vez que rogarmos sinais do Céu, a fim de atendermos ao nosso
simples dever?
Emmanuel
psicografia de Chico Xavier
SINAIS DO CÉU
"Jesus lhes respondeu e disse: -Na verdade, na verdade vos digo que me buscais,
não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes". (João, 6:26)
Como ao tempo do Cristo, numerosas pessoas se acercam dos círculos religiosos
pedindo as provas do céu.
Comumente, os católicos romanos rogam "milagres", os espiritistas esperam
"fenômenos", os protestantes reclamam "experiências".
Os raciocínios que chegam do exterior, entretanto, cooperam no esforço mas não
resolvem o problema da vida.
O homem está s empre rodeado de sinais do céu. A questão não é de
exibir fatos: resume-se em possuir a necessária visão espiritual para compreendê-
los.
A operação mais simples da natureza revela o mecanismo sagrado que a fez
surgir na vibração do poder criador da Divindade. Mas são raros os homens que
observam além da superfície. Eis porque, entendendo as criaturas, afirmou o Mestre
que seus discípulos sinceros não o procuram pelos sinais que hajam visto,
fortuitamente, mas pelo pão da vida e de bom animo que receberam de suas mãos
generosas.
Depois de provar-lhe a excelência divina, no santuário da vida interior,
compreendem que só o Cristo ensina, com eficácia, só ele sugere com sabedoria, só
ele exemplifica o amor sem mácula.
Atingindo essa compreensão o discípulo conhece que a Terra oferece muito pão
para o corpo, mas que a fome da alma só o do Cristo sacia.
Livro Segue-me de Emmanuel - Chico
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
PAO E LUZ
PAO E LUZ
Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus - disse Jesus. Essa palavra é a luz, é a verdade.
A luz é para o Espírito, o que o pão é para ocorpo. O homem, em sua expressão real, não se confina exclusivamente na carne e no sangue: o homem é uma alma encarnada. Se, pois, o pão é indispensável à vida corpórea, a luz é imprescindível à vida espiritual, considerando que esta é a vida real que sobre aquela reflete. Dai o ser a mais importante, a que requer mais atenção e cuidados. Cumpre, portanto, que o homem não porfie e lute somente pelo pão que nutre o corpo perecível, mas também, e principalmente, pela aquisição da luz que alimenta e dá crescimento ao Espírito imortal. O homem sendo, como ficou dito, uma entidade composta de alma e corpo, não pode, por isso, atender aos reclamos da vida, mantendo-se adstrito ao problema do pão.
Pelo pão, no entanto, todos porfiam e batem-se com denodo e tenacidade. Pela luz, porém, não fazem o mesmo. Quem carece de pão, protesta desde logo e poe-se em atividade, lançando mão de todos os meios e processos, lícitos ou ilícitos, para adquiri-lo. Aqueles que se acham na escuridão, nela permanecem, á míngua de luz, agitando-se no meio da confusão e da incompreensão dos problemas que o afetam. A luz não lhes interessa como o pão interessa ao faminto; por isso, este, quando não pode exigir, pede e implora o pão, enquanto que aquele menospreza e desdenha a luz cujo valor desconhece. O faminto sabe e sente que lhe falta o pão. O ignorante presume que tem luz e, por isso, não a deseja e nem a procura. O faminto esta certo e convencido de que sem o pão não pode viver, ao passo que o ignaro não concebe opapel que a luz representa na trama da vida eterna do Espírito.
A fome do pão para a boca produz efeitos imediatos, que o faminto busca logo remediar ou prevenir. As funestas e desastrosas conseqüências da ignorância da verdade são complexas, e, por vezes, remotas, de modo que as suas vitimas não estabelecem nenhuma relação entre a causa e seus efeitos.
Não e necessário advertir o faminto que ele necessita de pão. No entanto, é mister muito esforço, paciência, engenho e arte para convencer o ignorante de que ele tem necessidade de luz. Qualquer pode distribuir pão. Poucos, porém, estão em condições de espalhar e difundir a luz. O pão é ardentemente desejado pelo faminto, enquanto que o inciente rejeita e repele a luz oferecida.
O Despenseiro das divinas claridades assim se pronunciou a propósito deste assunto: "Aquele que não crê em mim já esta condenado e a condenação é esta: a luz foi-lhes ofertada e eles a recusaram."
Ora quem rejeita a luz esta, realmente, condenado a permanecer em trevas, suportando os reveses e acidentes que decorrem dessa situação.
Se o ignorante sentisse fome de luz, como o faminto sente fome de pão, já não haveria consciências embotadas e corações insensíveis ao bem; o mundo já seria luminoso. Mas, são tão raros os que percebem e confessam achar-se sob o império dessa espécie de fome, que Jesus os classificou, como aos humildes, no número dos venturosos, dignos da graça divina dizendo: Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. No entanto se são muitos os que carecem de pão, maior, muito maior é ainda o número dos que perecem à míngua de luz, visto como, nesta rubrica, pode-se computar quase a humanidade inteira conforme atestam o confusionismo e o estado caótico em que mundo de nossos dias se debate.
A propósito de tão magno assunto, vamos rememorar aqui, as seguintes estrofes do imortal vate lusitano, Guerra Junqueiro:
- Acendem-se na rua, à noite, os candeeiros;
Coloca-se um gendarme à porta dos banqueiros;
A policia fareja os becos e as vielas;
Dobram-se as precauções, dobram-se as sentinelas;
E apesar disto tudo há feras pela rua;
O vicio não acaba, o roubo continua,
E é cada vez maior a criminalidade.
Pois bem; iluminai por dentro a sociedade:
Ponde o trabalho e a honra onde estiver a esmola;
Uni o amor ao berço e uni o berço à escola.
Acendei uma luz em cada coração.
Tal é o remédio apontado pelo grande pensador, para debelar o crime e moralizar a sociedade. Realmente, não existe outra panacéia capaz de conjurar os vetustos e renitentes males sociais, senão essa. Tudo o mais são paliativos, são recursos efêmeros cujo efeito consiste em adiar as crises da enfermidade moral de que padecem os homens. E, assim, de delonga em delonga, de adiamento em adiamento, as doenças do Espírito se radicam e se agravam zombando do curandeirismo irracional e inócuo, contra elas aplicado.
Dentre os graves estados mórbidos que nos ameaçam, esta a guerra, esse avejão sinistro, devorador de vidas humanas, devastador impenitente dos campos e cidades, anarquizador por excelência da ordem e do ritmo vital de povos e nações.
o que se tem feito ate aqui para extinguir de vez a guerra, tornando-a impraticável?
De prático e eficiente, nada.
Diviniza-se a paz, porem, somente nos lábios, nas frases literárias, nos discursos políticos mais ou menos demagógicos.
A Guerra, como, alias, também a Paz, resultam das conseqüências, inelutáveis e fatais da condição em que se acham estruturadas as organizações político-sociais do nosso mundo. Enquanto estas forem iníquas, prevalecendo a força contra o direito, e a impostura contra a verdade, haverá inevitavelmente guerras e convulsões sangrentas.
A paz custa um certo preço. Sem o pagarmos, jamais a teremos. E, sabeis qual e oseu preço?
Eu vo-lo digo sem receio de contestação. Eu, pobre pária, vos afirmo, desafiando a contradita de todos os magnatas da Política - de ontem, de hoje e de amanhã: o preço da paz é a justiça, aquela Justiça, porém, da qual disse o Mestre de Nazaré aos seus discípulos: Se a vossa justiça não for superior a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino de Deus. Sem ela, nunca sairemos das garras aduncas e ferozes, das guerras periódicas desencadeadas em determinadas regiões do planeta, evoluindo para as grandes conflagrações, como as que tivemos ultimamente.
Em tempos bem longínquos, disse, sentenciosamente, o padre Antonio Vieira em um dos seus celebres sermões: "Abraçavam-se a justiça e a paz, e foi a justiça a primeira que concorreu para esse abraço "Justitia e Pax", porque a justiça não é a que depende da paz, senão a paz que depende da justiça."
Esta frase memorável foi proferida há perto de 300 anos. Encerrando, porém, uma evidencia, ela é oportuna hoje como outrora. Passarão, sentenciou o Verbo Divino, os céus e a Terra, mas minhas palavras permanecerão. Sim, permanecerão por certo porque a Verdade é a mesma em todas as épocas da humanidade; e a verdade, acerca do velho e debatido problema da paz, e essa. Não existe outra.
Justiça, portanto, é também um gênero de pão imprescindível à vida espiritual.
E, como havemos de incutir as noções de justiça nos Espíritos aqui encarnados?
Respondo, também sem hesitar: pela Educação; será tão-somente pela educação dos sentimentos, por isso que, o senso de justiça, como, alias, de todas as virtudes, nasce, cresce e frutifica no coração e não no cérebro.
Educar, formando ocaráter, eis o problema máximo cuja solução o momento reclama angustiosamente.
Portanto, repetimos: Ou o Espiritismo enfrenta corajosamente a questão educacional, concentrando nela as suas energias, ou terá falhado aquela finalidade que o Alto lhe assinalou
Autor: Pedro de Camargo
Fonte: O Mestre na Educação
HISTÓRIA DE UM PÃO
HISTÓRIA DE UM PÃO
Pelo Espírito Irmão X
Quando Barsabás, o tirano, demandou o reino da morte, buscou debalde reintegrar-se no grande palácio que lhe servira de residência.
A viúva, alegando infinita mágoa, desfizera-se da moradia, vendendo-lhe os adornos.
Viu ele, então, baixelas e candelabros, telas e jarrões, tapetes e perfumes, joias e relíquias, sob o martelo do leiloeiro, enquanto os filhos querelavam no tribunal, disputando a melhor parte da herança.
Ninguém lhe lembrava o nome, desde que não fosse para reclamar o ouro e a prata que doara a mordomos distintos.
E porque na memória de semelhantes amigos ele não passava, agora, de sombra, tentou o interesse afetivo de companheiros outros da infância...
Todavia, entre eles encontrou simplesmente a recordação dos próprios atos de malquerença e de usura.
Barsabás entregou-se às lágrimas de tal modo, que a sombra lhe embargou, por fim, a visão, arrojando-o nas trevas.
Vagueou por muito tempo no nevoeiro, entre vozes acusadoras, até que um dia aprendeu a pedir na oração, e, como se a rogativa lhe servisse de bússola, embora caminhasse às escuras, eis que, de súbito, se lhe extingue a cegueira e ele vê, diante de seus passos, um santuário sublime, faiscante de luzes.
Milhões de estrelas e pétalas fulgurantes povoavam-no em todas as direções.
Barsabás, sem perceber, alcançara a Casa das Preces de Louvor, nas faixas inferiores do firmamento.
Não obstante deslumbrado, chorou, impulsivo, ante o Ministro espiritual que velava no pórtico.
Após ouvi-lo, generoso, o funcionário angélico falou sereno:
– Barsabás, cada fragmento luminoso que contemplas é uma prece de gratidão que subiu da Terra...
– Ai de mim – soluçou o desventurado – eu jamais fiz o bem...
– Em verdade – prosseguiu o informante –, trazes contigo, em grandes sinais, o pranto e o sangue dos doentes e das viúvas, dos velhinhos e órfãos indefesos que despojaste, nos teus dias de invigilância e de crueldade; entretanto, tens aqui, em teu crédito, uma oração de louvor...
E apontou-lhe acanhada estrela, que brilhava à feição de pequenino disco solar.
– Há trinta e dois anos – disse, ainda, o instrutor – deste um pão a uma criança e essa criança te agradeceu, em prece ao Senhor da Vida.
Chorando de alegria e consultando velhas lembranças, Barsabás perguntou:
– Jonakim, o enjeitado?
– Sim, ele mesmo – confirmou o missionário divino –. Segue a claridade do pão que deste, um dia, por amor, e livrar-te-ás, em definitivo, do sofrimento nas trevas.
E Barsabás acompanhou o tênue raio do tênue fulgor que se desprendia daquela gota estelar, mas, em vez de elevar-se às alturas, encontrou-se numa carpintaria humilde da própria Terra.
Um homem calejado aí refletia, manobrando a enxó em pesado lenho...
Era Jonakim, aos quarenta de idade.
Como se estivessem os dois identificados no doce fio de luz, Barsabás abraçou-se a ele, qual viajante abatido, de volta ao calor do lar.
*
Decorrido um ano, Jonakim, o carpinteiro, ostentava, sorridente, nos braços, mais um filhinho, cujos louros cabelos emolduravam belos olhos azuis.
Com a benção de um pão dado a um menino triste, por espírito de amor puro, conquistara Barsabás, nas Leis Eternas, o prêmio de renascer para redimir-se.
* * *
(Do livro “O Espírito da Verdade”. Autores diversos.
1ª Ed. FEB.1961. Lição 81 (Cap. XIII – Item 15.), ditada pelo
Espírito Irmão X ao médium Chico Xavier. Págs. 183/185.)
O pão espiritual
O pão espiritual
O pão espiritual, amassado em luz invisível,
É alimento do coração – constante e durável.
Dado embora em migalhas – é valor infinito...
Semente de sabedoria – tornar-se-á celeiro farto,
Minuto de esclarecimento – rasga horizontes eternos,
Verbo silencioso – criará mundos novos,
Toque de fé – salvará muitas vidas,
Bênção de amor – renovará o estímulo apagado,
Gota de consolação – amenizará muitas dores,
Água da vida – fecundará campos mortos,
Dom divino – sustenta milhares de criaturas,
Réstia de esperança – erguerá desesperados,
Pétala da paz – elimina incêndios da discórdia,
Raio de luz – descerra caminhos ocultos,
Dádiva de compreensão –
extingue as sombras da ignorância e do ódio.
Abençoadas sejam as mãos – que cooperam à Mesa Imperceptível
de Deus, acrescentando esse pão – sublime e imperecível...
Distribui-o, em torno de teus passos,
E semearás gloriosos destinos,
Desfazendo as trevas em derredor,
Arando o chão duro dos corações cristalizados no mal,
Restituindo a visão aos cegos dos vales da morte,
Devolvendo alegria aos tristes,
Levantando os que tombaram,
Socorrendo náufragos,
Enriquecendo os pobres de luz,
Abrindo portas redentoras,
Rompendo muralhas e fronteiras
E unindo almas no Grande Amor...
Segue, mundo afora, espalhando-lhe as graças,
Na certeza de que o Cristo
É o Pão que desceu do Céu!
André Luiz
in: Correio Fraterno
NO PÃO ESPIRITUAL
Palavras da Vida Eterna - Emmanuel
Escrito por Emmanuel
“Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me?
Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: ‘amas-me?”
e disse-lhe: “Senhor, tu sabes que eu te amo.” Jesus disse-lhe:
“Apascenta as minhas ovelhas.” (JOAO, 21:17.)
Assinalando a preocupação do Divino Pastor, em se dirigindo a Simão Pedro para
recomendar-lhe as ovelhas, é importante observar que o Mestre solicita qualquer
atividade maravilhosa.
Não ordena que o apóstolo lhes c onverta os balidos em trechos de música.
Não determina se lhes transforme o pelo em fios de ouro.
Não aconselha se transfigure o redil em palácio.
Não exige se lhes conceda regime de exceção.
Não manda se lhes dê asas.
Roga simplesmente para que o apóstolo lhes administre alimento, a fim de que
vivam e produzam para o bem geral, sem fugir aos preceitos do trabalho e sem abolir os
ditames da evolução.
Certo, no entanto, o Excelso Condutor não sentia necessidade de advertir o
companheiro quanto ao cuidado justo de não se adicionarem agentes tóxicos aos
bebedouros e à forragem normal.
Assim também, no domínio das criaturas humanas.
Trabalhadores das idéias, chamados a nutrir o pensamento da multidão, em
verdade, o Cristo não espera mudeis os vossos leitores e ouvintes em modelos de
heroísmo e virtude. Conta com o vosso esforço correto para que a refeição do
conhecimento superior seja distribuída com todos aguardando, porém que a mesa de
vossas atitudes se mostre asseada e que o alimento de vossas palavras esteja limpo.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Afeto e Amor
O afeto é um estado da alma, onde podemos colocar em prática os melhores sentimentos em nós... O afeto é um momento onde interagimos intensamente com o outro, de forma humilde e amorosa... Construímos o afeto através de nossas relações pautadas no bem...
Não se pode ser afetuoso, com sentimentos mesquinhos e egoístas... Ao contrário, o afeto com o próximo , depende exclusivamente de nossa capacidade de amar o outro, sem cobranças e aceitando-o como é.
A melhor demonstração do afeto é sermos caridosos com aqueles que necessitam de nosso apoio... É dar ao outro o melhor de nós, respeitando acima de tudo os limites de cada um. Através do afeto, trabalhamos em nós a modificação para o bem, e consequentemente melhoramos o corpo e a mente.
O Afeto e o Amor estão sempre juntos, não existe afeto sem amor.
Para sermos afetuosos necessitamos do Amor... O afeto estimula em nós a capacidade de amar, dá –nos a oportunidade de colocarmos em prática a compreensão, nos dá a oportunidade da reflexão sobre nossos atos, porque através da reflexão podemos modificar nossos pensamentos... Sejamos afetuosos para com nossos semelhantes e veremos quanto amor temos em nosso coração.
Lembre-se sempre, que somente o Amor verdadeiro é livre de qualquer engano e pode colocar em nossos corações o real afeto que devemos praticar com nossos irmãos.
A dignidade da pessoa humana não está fundamentada em “parecer amar” e sim em “amar verdadeiramente”.
A autêntica afetividade está associada a uma ampliação da consciência e a um amadurecimento espiritual. Quem a possui aprende a ser caridoso, generoso, benevolente, deixando os outros livres não apenas para errar, para aprender, para discordar, mas também para amar, reconhecendo que as fragilidades que muitas vezes recriminamos nos outros podem ser as nossas amanhã.
Temos para com nossos irmãos de jornada o compromisso de nos colocarmos a disposição para ajuda- lo sempre que necessário.
É esse o ensinamento de Jesus:- “Amar a Deus sobre todas as coisas” e ao próximo como a ti mesmo” Através desta demonstração de Amor, exercitamos o afeto em nossos corações, revitalizando nossas forças interiores, trazendo a nós e aos outros vibrações positivas e caridosas. Perceba que quando fazemos o bem, nossos sentimentos melhoram, temos uma sensação de bem estar, nos sentimos revigorados e percebemos o quanto somos capazes de nos doarmos verdadeiramente.
Façamos esta revitalização de nossas almas, mantendo nossos sentimentos no Afeto.
Podemos fazer isso, com uma palavra amiga, com um abraço, ou simplesmente sendo ouvintes daqueles que nos procuram... Trazemos o Afeto em nosso íntimo, ele está lá... basta que estejamos atentos quando formos chamados à pratica deste sentimento.
Vamos revigorar o afeto, pois a necessidade essencial do ser humano é a Afetividade – fonte de vida, equilíbrio e saúde física e emocional. Sem ela a criatura se afunda na dor da carência emocional e nós só temos o afeto que damos.
Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XI – item 8 “A Lei do Amor “
Unidos pelo Amor - Texto 19 “Só temos o Afeto que damos” ( Wanderlet S. Oliveira/ Ermance Dufaux )
Prazeres da Alma :- Texto “Afetividade” pág. 57 a 60 ( Francisco do Espírito Santo Neto / Hammed )
Site Espírita “Gotas de Paz – Mensagens Edificantes” Texto “Afeto e Amor “
A Construção da Afetividade
Matilde Espíndola
De acordo com a teoria de Piaget o desenvolvimento intelectual é considerado com tendo dois componentes: o cognitivo e o afetivo. Embora nem sempre seja focalizado por psicólogos e educadores, o desenvolvimento afetivo se dá paralelamente ao cognitivo e tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Segundo Piaget o aspecto afetivo por si só não pode modificar as estruturas cognitivas, mas pode influenciar que estruturas modificar.
Se o desenvolvimento afetivo se dá paralelamente ao desenvolvimento cognitivo, as características mentais de cada uma das fases do desenvolvimento serão determinantes para a construção da afetividade. Quando examinamos o raciocínio das crianças sobre questões morais, um dos aspectos da vida afetiva, percebemos que os conceitos morais são construídos da mesma forma que os conceitos cognitivos. Os mecanismos de construção são os mesmos. As crianças assimilam as experiências aos esquemas afetivos do mesmo modo que assimilam as experiências às estruturas cognitivas.
O primeiro mês de vida de um bebê é um período de atividade reflexiva, um período dominado por impulsos reflexos e instintivos com os quais buscam alimentação e a libertação de desconfortos. Durante este período o afeto é associado com reflexos. Isso basicamente não muda até o 4o mês de vida. O corpo do bebê permanece o foco de toda atividade e afeto porque ainda não diferencia o eu como um objeto distinto dos outros objetos.
Após o 4o mês a criança começa a apresentar um comportamento dirigido a um fim (intencional), que evolui de uma repetição de eventos incomuns e interessantes (reações circulares), na qual as intenções só se estabelecem durante as repetições do comportamento para uma intencionalidade presente no início da ação.
Durante o segundo ano de vida os sentimentos começam a ter um papel na determinação dos meios usados para alcançar os fins tanto quanto na determinação dos fins. As crianças começam a experimentar o "sucesso" e o "fracasso" do ponto de vista afetivo e a transferir afetividade para outras pessoas. Com a diferenciação cognitiva que ela faz de si em relação aos objetos, sentimentos com gostar e não-gostar podem começar a ser dirigido para os outros, constituindo-se assim uma porta para o intercâmbio social. A criança de dois anos (final do período sensório motor) é afetiva e cognitivamente muito diferente do recém-nascido.
Com o advento do período pré-operacional (2 à 7 anos) surgem os primeiros sentimentos sociais em decorrência da linguagem falada e da representação. A representação permite a criação de imagens das experiências, incluindo as experiências afetivas. Assim, os sentimentos podem ser representados e recordados o que não ocorria no estágio sensório-motor. Enquanto uma criança sensório-motora pode "gostar" de um objeto ou pessoa hoje, mas não amanhã, a criança pré-operacional mostra maior consistência no gostar e no não-gostar.
Piaget concebeu o desenvolvimento do raciocínio moral com uma conseqüência do desenvolvimento cognitivo e afetivo. Ele sugere que a norma moral apresenta três características: é generalizável a todas as situações análogas, não apenas às idênticas; dura além das situações e das condições que a geraram; está ligada a sentimentos de autonomia. Estas normas do raciocínio moral não estão plenamente realizadas até o estágio operacional concreto. Por exemplo, uma criança pré-operacional acha errado mentir a seus pais e a outros adultos, mas não a seus colegas. Durante este período o raciocínio moral é pré-normativo, ou seja, baseia-se na obediência à autoridade mais por medo do que por respeito mútuo.
Embora o pensamento pré-operacional represente um avanço em relação ao pensamento sensório-motor, ele ainda é restrito em muitos aspectos. A criança é incapaz de reverter as operações e não consegue acompanhar as transformações, a percepção tende a ser centrada e a criança é egocêntrica, ou seja, não pode assumir o papel ou o ponto de vista do outro, acredita que todos pensam como ela. Conseqüentemente o conceito de intencionalidade ainda não foi construído e a criança não consegue compreender comportamentos acidentais de outras crianças. Acreditam firmemente na moral do "olho por olho, dente por dente" e em sua aplicação em todos os casos. Acreditam na necessidade de punições severas como forma de impedir desobediências futuras e preferem castigos arbitrários.
Assim como o raciocínio durante o período pré-operacional é semilógico, assim também é a compreensão infantil sobre regras e justiças e outros aspectos do raciocínio moral semilógico.
No estágio operacional concreto, o raciocínio e o pensamento adquirem maior estabilidade. A capacidade para raciocinar torna-se gradativamente lógica e menos sujeita às influências das contradições perceptuais aparentes. Os afetos adquirem uma medida de estabilidade e consistência que não apresentavam antes.
Com a aquisição da reversibilidade a criança torna-se capaz de coordenar seus pensamentos afetivos de um evento para outro. Se no estágio pré-operacional o afeto não reúne qualquer dos três critérios para ser normativo, durante o estágio operacional concreto estes critérios passam a ser encontrados a medida em que as capacidades de julgamentos infantis tornam-se "operacionais".
Piaget destaca dois elementos fundamentais no desenvolvimento do estágio operacional concreto: a vontade e a autonomia
A vontade é considerada como uma escala permanente de valores construída pelos indivíduos e a qual sente obrigado a aderir. A presença da vontade indica que a pessoa já tem capacidade de raciocinar sobre problemas afetivos sob uma perspectiva coordenada e reversível.
A autonomia de raciocínio consiste em raciocinar de acordo com um conjunto próprio de normas. Durante o estágio pré-operacional as crianças percebem as regras como provenientes de uma autoridade. É a moralidade da obediência ou respeito unilateral. A medida em que as crianças vão se tornando capazes de se colocar no ponto de vista do outro começam a ser capazes de fazer suas próprias avaliações morais. Começam a fazer avaliações a respeito do que é justo e do que não é justo, o que não significa que as avaliações sejam corretas. O estágio operacional concreto é um período chave para o desenvolvimento contínuo da autonomia afetiva, quando as crianças mudam de uma perspectiva moral baseada no respeito unilateral para uma perspectiva baseada no respeito mútuo.
Com o desenvolvimento da vontade e da autonomia, ocorrem mudanças significativas e claras nos conceitos infantis de regras, acidentes, mentira, justiça e julgamento moral. Se no estágio pré-operacional percebem as regras como fixas e permanentes e exigem dos outros uma adesão rígida, em torno dos sete ou oito anos começam a compreender a importância das regras para um jogo correto. A cooperação começa a se manifestar e as regras deixam de ser vistas como absolutas e imutáveis.
Com o desenvolvimento da capacidade de se considerar o ponto de vista do outro as intenções começam a ser compreendidas e consideradas nos julgamentos. A compreensão das intenções não podem ser "ensinadas" a crianças mais novas. De acordo com Piaget, cada criança deve construir este conceito através das interações com os outros. Enquanto não for capaz de compreender o ponto de vista do outro não pode construir o conceito de intencionalidade.
A aquisição da intencionalidade muda o conceito de justiça. A punição severa e arbitrária gradativamente dá lugar a punição por reciprocidade, ou seja, aquela que guarda alguma relação com o comportamento a ser punido. A moral deixa de ser quantitativa e passa a ser qualitativa. A intenção passa a ser mais importante do que o comportamento em si.
Durante o estágio das operações formais que em média começa em torno dos onze ou doze anos, uma criança desenvolve o raciocínio e a lógica necessária a solução de todas as classes de problemas. Após o desenvolvimento das operações formais, as mudanças nas capacidades mentais, no que se refere às estruturas e operações lógicas, passam a ser quantitativas e não mais qualitativas. A qualidade do raciocínio que uma pessoa é capaz de realizar não progride após este estágio, mas o conteúdo e a função da inteligência podem progredir.
O desenvolvimento afetivo durante o estágio das operações formais é caracterizado por dois fatores principais: o desenvolvimento dos sentimentos idealistas e a continuação da formação da personalidade.
A capacidade de raciocinar sobre o hipotético - o futuro - e de refletir sobre o próprio pensamento torna o adolescente invariavelmente idealista. Este idealismo pode ser visto como um idealismo falso ou incompleto, resultado de um raciocínio baseado no uso egocêntrico do pensamento formal. Faz julgamentos com base no raciocínio e suas conclusões são lógicas. Parecem idealistas porque não podem levar em conta a realidade de comportamento humano que nem sempre tem a ver com a lógica. Por exemplo, a sociedade confirma o mandamento "não matarás" apesar de historicamente ter aprovado as guerras.
Durante a formação das operações formais as crianças começam a ter seus próprios sentimentos ou pontos de vista sobre as pessoas. Estes são sentimentos autônomos cujas raízes se encontram no desenvolvimento da autonomia durante o estágio operacional concreto. De acordo com Piaget os aspectos finais da formação da personalidade não começa a se desenvolver antes da transição para a vida adulta. A medida em que o adolescente inconscientemente procura se adaptar à sociedade e ao mundo do trabalho a formação da personalidade vai se consolidando. A personalidade é resultado dos esforços individuais autônomos para se adaptar ao mundo social adulto.
No início das operações formais, a maioria das crianças constrói uma compreensão de regras sofisticada. As regras passam a ser vistas como fixadas a qualquer momento por um acordo mútuo. Reconhecem as regras cooperação e participação efetiva.
O conceito de "punição justa" começa a ser construído apenas depois que emerge a compreensão das regras, paralelamente ao aumento da capacidade de ver os pontos de vista dos outros. Por volta dos onze ou doze anos, a reciprocidade permanece a base para os julgamentos sobre punição, mas agora as crianças consideram as intenções e as circunstâncias atenuantes, ao formular julgamentos, ao que Piaget chamou de equidade. A punição não precisa mais ser, do ponto de vista quantitativo igualmente atribuída. Por exemplo as crianças mais novas não podem ser consideradas tão responsáveis quanto as mais velhas. O julgamento com base na equidade é uma implementação mais efetiva da igualdade.
Portanto é fundamental cuidarmos do aspecto afetivo no processo ensino-aprendizagem. Precisamos compreender que a criança é uma criança diferente cognitiva e afetivamente falando a cada fase de seu desenvolvimento. Querer ensinar regras de comportamento sem proporcionar a criança situações de interação que levem a uma real tomada de consciência é pura perda de tempo, e o que é pior, pode acabar dificultando a aquisição do pleno desenvolvimento cognitivo e afetivo.
Matilde Helena Espíndola
Coordenadora Pedagógica
Escola do Futuro - Guaratinguetá - SP
O poder do afeto
Olá,
A falta de tato para resolver conflitos e tratar de assuntos com pessoas que têm idéias opostas tem sido responsável por muitos desentendimentos e dissabores nos relacionamentos.
Por vezes, um problema que poderia ser facilmente resolvido, cria sérios rompimentos por causa da falta de jeito dos antagonistas.
O afeto, usado com sabedoria é uma ferramenta poderosa, mas pouco usada pela maioria dos indivíduos.
O mais comum tem sido a violência, a agressividade, a intolerância.
Existem pessoas que não gostam de mostrar sua intimidade e se escondem sob um véu de sisudez, com ares de poucos amigos, na tentativa de evitar aproximações que deixem expostas suas fragilidades.
São como os caramujos, os tatus, as tartarugas e outros semelhantes.
Ao se sentirem ameaçados, escondem-se em suas carapaças naturais, e não deixam à mostra nenhuma de suas partes vulneráveis.
A propósito, você já tentou alguma vez retirar, à força, de seu esconderijo, um desses animaizinhos?
Seria uma tentativa fracassada, a menos que você não se importe em dilacerar o corpo do seu oponente.
No caso da tartaruga, por exemplo, quanto mais você tentar, com violência, retirá-la do casco, mais ela irá se encolher para sobreviver.
Mas, se você a colocar num lugar aconchegante, caloroso, que inspire confiança, ela sairá naturalmente.
Assim também acontece com os seres humanos. Se, em vez da força, se usar o afeto, o aconchego, a ternura, a pessoa naturalmente de desarma e se deixa envolver.
Às vezes a pessoa chega prevenida contra tudo e contra todos e se desarma ao simples contato com um sorriso franco ou um abraço afetuoso.
Mas, se ao invés disso encontra pessoas também predispostas à agressão, ao conflito, as coisas ficam ainda piores.
Como a convivência com outros indivíduos é uma realidade da qual não podemos fugir, precisamos aprender a lidar uns com os outros com sabedoria e sem desgastes.
A força nunca foi e nunca será a melhor alternativa, além de causar sérios prejuízos à vida de relação.
Portanto, criar relacionamentos harmônicos é uma arte que precisa ser cultivada e levada a sério.
Mas para isso é preciso que ao menos uma das partes o queira e o faça.
E se uma das partes quiser, por mais que a outra esteja revestida de uma proteção semelhante a de um porco-espinho, ninguém sairá ferido e o relacionamento terá êxito.
Basta lembrar dessa regra bem simples, mas eficaz: em vez da força, o afeto. E tudo se resolve sem desgastes.
* * *
De tudo o que fazemos na vida ficam apenas algumas lições:
A certeza de que estamos todos em processo de aprendizagem...
A convicção de que precisamos uns dos outros...
A certeza de que não podemos deter o passo...
A confiança no poder de renovação do ser humano.
Portanto, devemos aproveitar as adversidades para cultivar virtudes.
Fazer dos tropeços um passo de dança.
Do medo um desafio.
Dos opositores, amigos.
E retirar, de todas as circunstâncias, lições para ser feliz.
Muita Paz
Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/accao-do-dia/o-poder-do-afeto/#ixzz27RYLisbh
Demonstrações de afeto fazem bem a saúde
Demonstrações de afeto liberam substâncias que fazem bem a saúde
Estudos comprovam que um beijo provoca mudanças no corpo. O teste do afeto: dois atores saíram pelo centro da cidade distribuindo beijos e abraços.
Paulo Gonçalves
Campinas, SP
É muito bom beijar e melhor ainda saber que os gestos de afeto liberam substâncias que fazem bem à nossa saúde.
Quem não gosta de ser admirado e receber afeto? Segundo os cientistas somos programados para isso. Um beijo, um abraço ou mesmo um toque na outra pessoa provoca mudanças no corpo de quem dá e recebe afeto. O cérebro libera um coquetel de substâncias. Dopamina, endorfina, oxitocina. Hormônios responsáveis pelo prazer e bem-estar.
“Tem estudos que mostram que pessoas que abraçam mais, que beijam mais, que riem mais, elas são mais felizes e até têm mais saúde. Ela tem uma resistência maior às doenças”, explica a neurocientista Silvia Cardoso.
Estudos revelam que a demonstração de carinho pode até reduzir a pressão sanguínea e fazer bem ao coração. O Jornal Hoje fez um teste do afeto. A atriz Ariane e o ator Josué saíram pelo centro da cidade distribuindo beijos e abraços.
O casal de atores sofreu com o carinho não correspondido. A maior parte das pessoas não retornava às demonstrações de afeto realizadas pelos atores.
Algumas pessoas reagiram com susto. Julgaram a atitude dos atores estranha. Outras não pararam e justificaram que estavam com pressa. “É uma atitude defensiva que a polulação se defende muito do outro. Outra parte é que nós temos o péssimo hábito de ter medo da não reciprocidade, o medo de oferecer carinho e não receber o carinho de volta”, conta o psiquiatra Geraldo Balone.
Quando nossa equipe apareceu o homem tentou até esconder o rosto, mas depois explicou porque estava tão arredio. “Ah, meu amigo, você sabe como funciona o Brasil. Segurança aqui é nota zero”, assume o estudante Vonilton Pereira.
O teste do afeto mostrou também muita gente disposta a receber carinho de um desconhecido. “É uma coisa de Deus, hoje em dia não se recebe assim abraço a toa, tem que ter motivo. Foi uma coisa maravilhosa”, fala a dona de casa Edith Araújo.
Para o psiquiatra, a população está acostumada que tenha agressão e com pessoas querendo sempre levar vantagem. Quando se percebe que realmente se trata de um simples beijo, as defesas caem por terra. “É muito bom o carinho. A pessoa se sente mais feliz, mais alegre”, confessa a dona de casa.
Notícia publicada na página do Jornal Hoje, em 13 de abril de 2011.
Cristiano Carvalho Assis* comenta
Com esta reportagem percebemos como a humanidade está sedenta de afeto. Transmissões de carinho são coisas raras e valiosas, normalmente reservadas para pessoas seletas do nosso convívio. Tal como os pequenos gramas de ouro manejados por um ourives, julgamos que os afetos se "compram" ou “trocam”, ficando escondidos das outras pessoas por medo do prejuízo.
A violência, os golpes, o medo de ser mal interpretado, a pressa do dia a dia e a vergonha de demonstrar sentimentos criaram o homem-desconfiado. Um abraço, um leve toque, um beijo na face ou uma demonstração de carinho logo acionam as nossas mentes: o que ele está querendo? Através deste comportamento, criamos as conhecidas figuras de homens sérios, sisudos e com cara de poucos amigos, que criam algum distanciamento e proteção em relação aos outros. Agindo dessa forma pensamos estar progredindo espiritualmente, mas: “Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de cinzas.” (Capítulo XVII – item 10, do livro O Evangelho Segundo Espiritismo, de Allan Kardec.)
O grande problema desta distância que criamos para os outros é a sensação de estar faltando algo no nosso espírito. E o que falta são justamente esses fluidos benéficos transmitidos quando nos sentimos queridos e dignos de ser amados, que nos alimentam a alma e nos dão uma maior confiança e amor-próprio. Comprovado agora cientificamente, a troca de carinho, afeição e amor promove um maior bem-estar íntimo. Mas estas conclusões não são novidade no meio espírita. Exemplo disso mesmo, um diálogo do livro Nosso Lar, de André Luiz, psicografia de Chico Xavier: “- Não se lembra do ensino evangélico do "amai-vos uns aos outros"? - prosseguiu a mãe de Lísias atenciosa - Jesus não preceituou esses princípios objetivando tão somente os casos de caridade, nos quais todos aprenderemos, mais dia menos dia, que a prática do bem constitui simples dever. Aconselhava-nos, igualmente, a nos alimentarmos uns aos outros, no campo da fraternidade e da simpatia. O homem encarnado saberá, mais tarde, que a conversação amiga, o gesto afetuoso, a bondade recíproca, a confiança mútua, a luz da compreensão, o interesse fraternal – patrimônios que se derivam naturalmente do amor profundo - constituem sólidos alimentos para a vida em si.” (grifo nosso)
Precisamos entender que esses sentimentos de afeto, compreensão e amor que tanto almejamos dos outros devem ser gerados inicialmente por nós mesmos. Deseja respeito, afeição, amor ou perdão? Procure-os dentro de você e seja o primeiro a oferecê-los aos que estão perto de si. Todas essas virtudes já estão presentes dentro de cada um de nós, basta querermos desenvolvê-las e distribuí-las a todos aqueles que nos rodeiam sem esperar retorno. É importante fazer isso para não criarmos dependências emocionais ou relacionamentos baseados em interesses ou cobranças. Não tenha receio de extinguir a sua dose de carinho e afeto porque a aritmética do amor é diferente da matemática da ciência. Na matemática da ciência quanto mais damos menos fica para nós, mas na aritmética do amor quanto mais oferecemos mais acumulamos em nossos corações. Quantas vezes nos revoltamos em nossas vidas por não conseguirmos acender em nossos relacionamentos a fogueira de virtudes como a concórdia, o afeto ou a boa convivência, mas não possuímos a humildade para dispor de uma única fagulha dos nossos sentimentos para que essa fogueira se inicie?
Por vezes, refletindo sobre a melhor forma de exercer a caridade, concluímos que não a podemos praticar por não termos tempo para andar a distribuir cestas, visitar pessoas doentes ou idosas, nem dinheiro para doações. No entanto, esquecemos que essa caridade pode ser exercida a todos os instantes: escutando a súplica de um desconhecido; respondendo com paciência àquela pessoa que nos trata mal gratuitamente; oferecendo um sorriso; transmitindo afeto, carinho e benevolência a todos aqueles que Deus e os Espíritos amigos colocam no nosso caminho.
Como Jesus disse: "Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?” (Mateus, 5:43 a 47.) Por que havemos de limitar nosso amor e afeto a algumas pessoas? Limitamos àquelas que pensam como nós, às que fazem parte de nossa família, às que pertencem ao nosso ciclo de amizade e mesmo assim é preciso que elas tenham atitudes recíprocas de amor e afeto. Só damos nosso amor a quem nos ama.
Para aqueles que já conseguem agir de outra forma, que continuem o bom trabalho transmitindo seus nobres sentimentos sem olhar a quem. Para aqueles que ficam na dúvida, vale a meditação: Quantas vezes pensaram no bem-estar do próximo hoje? Desses, quantos não eram seus parentes ou amigos?
Caminhemos irmãos, de corações abertos, oferecendo desinteressadas demonstrações de afeto e carinho por onde passarmos. Façamos o que está ao nosso alcance para transformar o ambiente terrestre em que nos encontramos. Ao agirmos dessa forma, teremos benefícios na saúde física, mas principalmente na saúde espiritual e emocional. Que brilhe vossa luz, iluminando todos aqueles que se aproximarem de você. Lembremos sempre do que Chico Xavier nos dizia: "O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros.”
* Cristiano Carvalho Assis é formado em Odontologia. Nasceu em Brasília/DF e reside atualmente em São Luís/MA. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Maranhense e colaborador do Serviço de Atendimento Fraterno do Espiritismo.net.
JESUS E A AFETIVIDADE
JESUS E A AFETIVIDADE
Mensagem do Mestre baseia-se no afeto.
Quando se propõe a falar de afetividade relacionada à figura do Mestre Jesus, nos deparamos na precariedade dos relatos evangélicos acerca dos mínimos gestos do Cristo em relação às criaturas que o abordavam. Precariedade provavelmente relacionada com a objetividade escolhida por Jerônimo, ao ser indicado, pelo Imperador Focas, para a montagem da Vulgata Latina, ou seja, a versão que se tornaria aceita pela Igreja Oficial sobre os textos até então reunidos sobre a vida de Jesus e seus principais seguidores. Ocupado com a necessidade de transmitir informações que compusessem o corpo doutrinário do Cristianismo, de forma clara e concisa, certamente abriu mão de relatos mais poéticos e, provavelmente, mais ricos no sentido da expressividade de Jesus em seus relacionamentos.
Nossa crítica, porém, não pretende denegrir ou negar os propósitos verdadeiros daquele sábio e mesmo querer negar que alguns fatos foram mantidos, registrando lições profundas da capacidade de Jesus para demonstrar os seus sentimentos para os que compartilhavam da sua presença.
Certamente os que conviveram com ele em sua intimidade tiveram a oportunidade de acompanhá-lo e com ele aprender as mais sublimes e sutis manifestações de afeto, não só no sentido de expressá-los, mas também de como recebê-los.
Afetividade
A palavra de origem latina está intimamente relacionada com o verbo fazer (agir, produzir, realizar), tendo como significados: qualidade ou caráter de quem é afetivo: conjunto de fenômenos psíquicos que são experimentados e vivenciados na forma de emoções e de sentimentos; tendência ou capacidade individual de reagir facilmente aos sentimentos e emoções, emocionalidade; ser também sinônimo de meiguice.
Na prática, ela refere-se à capacidade que a criatura tem de reagir positiva ou negativamente em relação a alguém ou a alguma situação.
A expressão da afetividade é de fundamental importância na vida de relação e denota a habilidade emocional e sentimental da criatura, tanto quanto facilita as trocas entre as pessoas. Essa expressividade pode se fazer no sentido positivo quanto no negativo, e fazer-se presente por uma infinidade de formas de manifestação.
O homem, em sua prática diária, sempre conviveu com dificuldades várias relacionadas ao aspecto da expressão de sua afetividade. Culturalmente, sempre foram determinadas regras que permitem ou excluem formas de afeto, relacionadas com o local, o sexo, a idade, o status social e econômico das criaturas, provocando repressão e desvios dos mais variados, empobrecendo os relacionamentos.
Podemos exemplificar com as principais emoções e como são vivenciadas em nossa cultura.
Somos frutos de uma sociedade latino-americana, de princípios patriarcais, fortemente determinados pelas idéias judaicas e cristãs (entendendo as últimas mais como um ponto de vista sectário de uma visão dominante, do que dos princípios verdadeiramente cristãos). Nesta sociedade, os papéis foram claramente determinados tanto para homens quanto para mulheres e nas mais diversas camadas sociais e etárias; e os valores definidos, determinando uma falsa superioridade para a figura masculina e todas as funções determinadas para ela. Em geral, ao homem foi dada a responsabilidade de provedor e gestor, a ser vivida de maneira racional, onde essa racionalidade tem mais a ver com frieza do que com lógica; e, à mulher, o papel de procriadora e de subserviência, com um estímulo a vivência do afetivo, esse mascarado de sentimentalismo.
Para clarear tal situação, lembremo-nos das emoções básicas segundo a tradição chinesa: o medo, a raiva, a tristeza, a alegria e a preocupação.
As emoções, segundo a psicologia, seriam reações orgânicas de intensidade e duração variáveis, geralmente acompanhadas de alterações respiratória, circulatórias etc. e de grande excitação mental.
As emoções citadas acima seriam consideradas naturais, presentes em todas as criaturas e com objetivos específicos e fundamentais para a manutenção da vida, em todos os seus sentidos. No entanto, culturalmente, determinamos valores positivos ou negativos a tais manifestações psíquicas, permitindo a expressão ou não das mesmas em nossa vida.
Assim, o medo, emoção natural, fundamental para a preservação da vida, correlacionada com a experimentação do novo e que proporciona a noção dos limites, é vista em nossa cultura como algo de menor valor, cuja expressão é permitida àqueles considerados inferiores: crianças, mulheres, deficientes e fracos. Mesmo as crianças do sexo masculino, após determinada idade, são reprimidas na manifestação de tal emoção e as que desobedecem tal proibição são consideradas inferiores.
Entretanto, sabemos, hoje, pelos estudos da psicologia, que o medo é fundamental para o reconhecimento da própria força e, conseqüentemente, dos limites individuais e para a conquista da coragem. Por não ser liberada para viver o medo, a grande maioria dos indivíduos do sexo masculino, em nossa cultura, transformam-se em valentes e não corajosos. Fazem-se fortes somente diante dos que lhe são física, cultural ou psiquicamente inferiores ou quando estão armados. Ao contrário, vamos encontrar no seio feminino os maiores exemplos de coragem. Prova disto, podemos observar na intimidade dos prontos-socorros: quando, geralmente, a criança doente ou ferida chega acompanhada pela mãe, esta mostra-se forte e auxiliar ao tratamento; caso a companhia seja masculina, o homem, na maioria das vezes, apresenta-se inseguro, incapaz de auxiliar e muitas vezes passa mal, precisando de assistência especializada.
Situação semelhante acontece com as outras emoções, as quais normalmente são reprimidas na nossa cultura, ficando a preocupação como a única socialmente aceita, gerando a grande quantidade de ansiosos e, por conseqüência, de doentes emocionais.
Jesus - O Terapeuta de nossas almas
O grande papel de Jesus, em sua passagem pelo orbe, foi mostrar ao homem, através de sua própria vivência, a supremacia do Amor como remédio para todos os males da humanidade.
Este Amor, no entanto, não é conquistado subitamente e nem é dado gratuitamente àqueles que se manifestam como crentes e fervorosos em relação ao Mestre Jesus. Sua presença, em nossas vidas, faz-se paulatinamente, através de um aprendizado que envolve um ensaio de acertos e erros.
A vida para se tornar plena exige-nos que alimentemo-nos do Amor e este só se faz presente através dos relacionamentos, que se iniciam em nós mesmos, passando pela inter-relação pessoal e conseqüente aprendizado do Amor a Deus.
Para tanto, Jesus, em sua vinda, apresentou-nos, em sua postura moral e emocional e através de seus ensinamentos, os verdadeiros caminhos da vivência amorosa.
Esta, porém, é precedida de uma vida afetuosa, pois diríamos que os gestos de afeto demonstrados e em sentido positivo são os construtores, as bases para a vivenciação do Amor.
É importante frisar que essas experiências na vida de Jesus faziam-se espontâneas, por expressarem a sua condição espiritual. Entretanto, a argumentação de muitos de que o que ele realizou não poderia ser repetido por nós, devido à diferença moral e espiritual, não se justifica, pois, certamente. num momento, o qual não podemos precisar, Jesus fez um aprendizado semelhante. Na verdade, somos essencialmente totipotentes, cabendo-nos fazer o despertamento das possibilidades, que habitam nossa intimidade, transformando-nos em verdadeiros filhos de Deus.
A Revelação de Amor apresentada no Evangelho é o grande mapa para as nossas maiores conquistas espirituais, fazendo-nos alcançar a Felicidade Eterna. Para isto, Jesus veio e preparou um grupo de discípulos, para que a Boa Nova se propagasse em todos os cantos da Terra, convidando-nos para a vivência desse Amor.
Jesus e a Afetividade
Em sua trajetória na Terra, em especial nos anos de seu messianato, o Mestre conviveu com homens das mais diversas classes sociais e culturais, aproveitando cada momento para oferecer-lhes um novo ensinamento que enfatizasse a supremacia da experiência amorosa como remédio para que as relações humanas fossem mais harmoniosas e felizes, levando a todos, por conseqüência, a um encontro íntimo com o seu Criador.
Embora desprezado e desonrado pelos seus contemporâneos, o Cristo Jesus, advindo de uma região de pouca importância (Nazaré) e de uma família socialmente desvalorizada. Com um papel aparentemente apagado em seu momento histórico, tornou-se na figura mais importante do contexto da história, transformando a contagem cronológica em antes e após a sua vinda.
Certamente, seus ensinamentos foram o grande feito de sua pessoa, mas eles só permaneceram registrados na história pela força dos seus exemplos, que dignificavam a sua posição diante de toda a Humanidade.
O Evangelho não apresenta relatos de que Jesus tenha sorrido (dando a impressão a muitos de que ele desvalorizasse a alegria) ou mesmo informa-nos de gestos simples e afetuosos de sua pessoa, gerados na intimidade do seu lar ou nas residências em que se hospedou; no entanto, informa-nos, a todo momento, do seu cuidado com a pessoa humana, com a valorização da criatura independentemente do sexo, raça, cor ou estado social e enfatiza-nos a importância da disponibilidade íntima e do exercício de servir como regras para o bem viver.
Suas posturas diante das crianças, seus contatos com as mulheres, em especial, com aquelas consideradas de má conduta e de condição social inferior, os diálogos desenvolvidos com indivíduos de outras raças (atitude condenada entre os judeus), aos quais ajudava prontamente, demonstram a sua envergadura espiritual e apontam para a urgência da transformação moral de nossa humanidade, postando-nos afetuosamente diante de qualquer criatura.
Todos seus posicionamentos são lições vivas para o aprendizado do Amor, sem contudo significarem abandono de regras morais divinas e imutáveis. Seus gestos gentis e doces eram substituídos por posicionamentos firmes e incisivos, quando estes se faziam necessários. Seus sentimentos eram coadjuvados pela razão, mas, acima de tudo, seus atos eram a expressão mais pura da Vontade divina, vivência plena da Lei de Deus.
Alguns exemplos, retirados do Novo Testamento, que retratam os seus ensinamentos para o atendimento das criaturas em diferentes condições, fornece o remédio para uma vida mais sadia (Fonte Perene de Paz).
Roberto Lúcio Vieira de Souza
A evolução nas obras de Chico Xavier
A evolução nas obras de Chico Xavier
Valdomiro Halvei Barcellos
Chico Xavier será estudado em profundidade após a sua desencarnação. Afirmação semelhante a esta ouvi de alguém, não lembro quem, porém, que vibra em minha mente toda a vez que leio algo referente a Chico ou algumas de suas Obras.
O tema proposto, em princípio, será baseado em pesquisa nas 16 obras clássicas psicografadas por Chico Xavier: Nosso Lar, Mensageiros... e, A Vida continua. Talvez consulte outras; vamos ver o que acontece. Nota: Chico psicografou mais de 400 obras.
Serão excertos de notações e destaques referentes ao: amor ; oportunamente poderemos enviar sobre:sexo; psicologia; reencarnação; saúde; religiosidade; sociedade; etc; etc.
O AMOR
EM "NOSSO LAR"
1. "... O verdadeiro amor, para transbordar em benefícios, precisa trabalhar sempre".
2. "O maior sustentáculo das criaturas é justamente o amor".
3. "Todo sistema de alimentação, nas variadas esferas da vida, tem no amor a base profunda. A alma, em si, apenas se nutre de amor".
4. "A vida terrestre se equilibra no amor, sem que a maior parte dos homens se aperceba. Almas gêmeas, almas irmãs, almas afins, constituem pares e grupos numerosos. Unindo-se umas às outras, amparando-se mutuamente, conseguem equilíbrio no plano de redenção. Quando, porém, faltam companheiras, as criaturas menos fortes costumam sucumbir em meio da jornada."
5. "Não temas insucessos. Toda a vez que oferecemos raciocínio e sentimento ao bem. Jesus nos concede quanto se faça necessário ao êxito. Tome iniciativa". "O gesto de amor ao desiludido da vida é serviço divino que nunca ficará deslembrado na Casa de Nosso Pai".
6. AMOR ALIMENTO DAS ALMAS: "A Alma em si se nutre de Amor".
"A vida terrestre se equilibra no Amor, sem que a maior parte dos homens se aperceba. Almas gêmeas, almas irmãs, almas afins, constituem pares e grupos numerosos. Unindo-se uns aos outros se amparando mutuamente, conseguem equilíbrio no plano de redenção. Quando, porém, faltam companheiras as criaturas menos fortes costuma sucumbir em meio à jornada". "Nem só de pão vive o homem".
7. Quando nos unimos aqueles a quem amamos, ocorre algo de confortador e construtivo em nosso íntimo. É o alimento do Amor. ...Os "pensamentos se entrelaçam, formando núcleos de força viva, através dos quais cada um recebe o seu quinhão de alegria ou sofrimento, da vibração geral. É por essa razão que, no planeta, o problema do ambiente é sempre fator ponderável no caminho de cada homem. Cada criatura viverá daquilo que cultiva. Quem se oferece diariamente à tristeza, nela se movimentará; quem enaltece a enfermidade, sofrer-lhe-á o dano";
COMENTÁRIOS
Quem entroniza o Otimismo terá saúde e alegria.
A caridade é o amor em ação.
EM "OS MENSAGEIROS"
1."Os que se consagram exclusivamente aos desejos do corpo, não sabem amar além da forma, são incapazes de sentir as profundas vibrações espirituais do amor sem morte". "Num casamento de almas é indispensável apurar o enxoval dos sentimentos".
2."Ninguém, comete erros por amar verdadeiramente. Os que amam, de fato, são cultivadores da vida e nunca espalham a morte".
3."Quando sabemos amar e esperar, meus filhos, não nos separamos dos entes queridos que morrem para a vida física".
COMENTÁRIOS
Não é possível ensinar sem exemplo e dirigir sem amor.
EM "OS MISSIONÁRIOS DA LUZ"
1."A Justiça Divina nunca foi exercida sem amor. E quando a fidelidade sincera ao Senhor permanece viva no coração dos homens, há sempre lugar para o acréscimo de misericórdia a que se referia Jesus em seu apostolado".
2."A procriação é um dos serviços que podem ser realizados por aquele que ama, sem ser o objeto exclusivo das uniões".
3."As fecundações psíquicas prescindem do cárcere de limitações ed efetuam-se nos resplandecentes domínios da alma, em processo maravilhoso de eternidade. Quando nos referimos ao amor do Onipotente, quando sentimos sede da Divindade, nossos espíritos não procuram outra coisa senão a troca de qualidades com as esferas sublimes do Universo, sequiosos do Eterno Princípio fecundante...".
COMENTÁRIOS
Antes de enfrentarmos os nossos inimigos, filhos da ignorância, devemos armar o coração com a luz do amor e da sabedoria.
EM "NO MUNDO MAIOR"
1."A crisálida de consciência, que reside no cristal a rolar na corrente do rio, aí se acha em processo liberatório; as árvores que por vezes se aprumam centenas de anos, a suportar os golpes dos Invernos e acalentadas pelas carícias da Primavera, estão conquistando a memória; a fêmea do tigre, lambendo os filhinhos recém-natos, aprende os rudimentos do amor; o símio, guinchando, organiza a faculdade da palavra".
2."Só o amor salva e constrói para sempre".
3"O amor maternal intervem no mundo para enobrecer o sentimento das criaturas".
4."O amor espiritualizado, filhos da renúncia cristã, é a chave capaz de abrir as portas do abismo para onde rolaram e rolam milhares de criaturas todos os dias".
5"O amor é sol Divino a irradiar-se através de todas as magnificências da alma".
6."<Amai-vos uns aos outros como Eu vos Amei>".
COMENTÁRIOS
Amando transformamos corações.
A Religião é A do Amor Universal.
EM "AGENDA CRISTÃ"
1."O verdadeiro amor não nasce das sombras do desejo. É fonte inexaurível do espírito eterno".
EM "LIBERTAÇÃO"
2."Funciona a justiça através da injustiça aparente, até que o amor nasça e redima os que se condenaram a longas e dolorosas sentenças diante da Boa Lei".
3."Somente o amor sentido, crido e vivido por nós provocará a eclosão dos raios de amor em nossos semelhantes".
4."Sei quanto te custa a incursão nos dominós da dor, porque só aquele que sabe amar e suportar consegue triunfo nas consciências que se degradaram no mal; entretanto meu amigo, os dons divinos descem sobre nós, dentro de justas condicionais".
5."A ciência de amar é a ciência de libertar, iluminar e redimir".
6. "Ama o teu inimigo, ora por aqueles que te perseguem e caluniam, perdoa setenta vezes sete".
7."Nunca te esqueças de que o amor vence todo ódio e de que o bem aniquila todo mal".
EM "ENTRE A TERRA E O CÉU"
1."Jesus aconselhava-nos a perdoar infinitamente, para que o amor, em nosso espírito, seja como o Sol brilhando em casa limpa".
2."Há serviços que não podemos pagar senão com amor. Nossa dívida para com os pais é dessa natureza...".
3."Quando amamos realmente, antes de tudo é a felicidade da criatura amada que nos interessa...".
4."Em verdade, quando o amor sublime penetra em nosso coração, a luz do Senhor passa a reger os passos de nossa vida".
5."... Quem cultiva a amizade somente na família consangüínea, dificilmente encontra meios para desempenhar certas missões fora dela. Quanto mais extenso o nosso raio de trabalho e de amor, mais ampla se faz a colaboração alheia em nosso benefício".
6"O paraíso da alma reside onde se lhe situa o amor".
7."... Fujamos à velha lamentação onde a inércia vende os seus frutos amargosos! Para levantar, porem, a escada de nossa ascensão, é imprescindível banhar o espírito, cada dia, na fonte viva do amor, do amor que recompensa a si mesmo com a alegria de dar! O Pai Celeste é onipresente, através do amor de que satura o Universo".
EM "NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE"
1.."O médium digno da missão de auxilio não é um animal subjugado à canga, mas sim um irmão de Humanidade e um aspirante à Sabedoria. Deve trabalhar e estudar por amor...".
2."É assim que Jesus nos reaparece agora, não como fundador de ritos e fronteiras dogmáticas, mas sim em suja verdadeira feição de Redentor da Alma Humana. Instrumento de Deus por excelência, Ele se utilizou da mediunidade para acender a luz da sua doutrina de Amor".
3."A melhor maneira de extinguir o fogo é recusar-lhe combustível. A fraternidade operante será sempre o remédio eficaz, entre as perturbações dessa natureza. Por isso mesmo, o Cristo aconselhava-nos o amor aos adversários, o auxílio aos que nos perseguem e a oração pelos que nos caluniam, como atitudes indispensáveis à garantia de nossa paz e de nossa vitória".
4."O amor não é tão somente a ventura rósea e doce do sexo perfeitamente atendido. É uma luz que brilha mais alto, inspirando a coragem da renúncia e do perdão incondicionais, em favor do ser e dos seres que nós amamos".
5."Abstenhamo-nos de julgar.Consoante a lição do Mestre que hoje abraçamos, o amor deve ser nossa única atitude para com os adversários".
COMENTÁRIOS
A mediunidade com Jesus espalhará amor por toda a Humanidade.
EM "AÇÃO E REAÇÃO"
1."Se a sabedoria de nosso Pai Celeste não prescinde da justiça para evidenciar-se, essa mesma justiça não se revela sem Amor".
2."... Todo o bem realizado, com quem for e seja onde for, constitui recurso vivo, efetuado em favor de quem o pratica".
3"Reconcilia-te depressa com o teu adversário, enquanto te encontras a caminho com ele...".
4."Até que a Alma obtenha a Sabedoria Infinita é indispensável caminha na longa estrada dos símbolos de alfabetização e cultura que a dirigem na senda de elevação intelectual, e, até que atinja o Infinito amor, é necessária palmilhe as longas rotas da caridade e da fé religiosa, nos múltiplos departamentos da compreensão que lhe assegura o acesso à Vida Superior".
5."Quanto mais se eleva aos cimos da vida, mais se despe a alma das convenções humanas, aprendendo que a Providencia é luz e amor para todas as criaturas".
6."É preciso considerar que nos achamos ainda longe de adquirir o verdadeiro amor, puro e sublime. Nosso amor é, por enquanto, uma aspiração de eternidade encravada no egoísmo e na ilusão, na fome de prazer e na egolatria sistemática, que fantasiamos como sendo a celeste virtude".
7."Amor que cobre a multidão dos pecados".
8."Oxalá, quando estivermos de novo em pleno nevoeiro da carne, possamos, também nós, abrir o coração ao excelso amor de Jesus, para que não venhamos a falir nas provas necessárias".
9."Quanto mais céu interior na alma, através da sublimação da vida, mais ampla incursão da alma nos céus exteriores , até que se realize a suprema comunhão dela com Deus, nosso Pai".
COMENTÁRIOS
As faculdades do amor geram obras sublimes.
A Caridade que é o Amor em ação não dispensa a ordem.
EM "EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS"
1."Consagra amor supremo ao Pai De Bondade Eterna, n’Ele reconhecendo a tua divina origem".
2."Jesus inaugurou na Terra o princípio do amor, a exteriorizar-se do coração, de dentro para fora lhe traçando a rota para Deus".
3."... Toda a criatura tem necessidade de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilíbrio geral".
4."Os espíritos que verdadeiramente se amam desconhecem o que seja abandono ou esquecimento".
5."Sem atitude de renovação moral, sem humildade e paciência, espírito de serviço e devotamento ao bem, não consegue assimilar as correntes benéficas do Amor divino".
6."Não será lícito, porém esquecer que o bem constante gera o bem constante e, que, mantida a nossa movimentação infatigável no bem, todo o mal por nós amontoado se atenua, gradativamente, desaparecendo ao impacto das vibrações de auxílio, nascidas, a nosso favor, em todos aqueles aos quais dirijamos a mensagem de entendimento e Amor Puro, sem necessidade expressa de recorrermos ao concurso da enfermidade para eliminar os resquícios de treva que, eventualmente, se nos incorporem, ainda, ao fundo mental".
COMENTÁRIOS
O Amor, desde priscas eras, vem emergindo através da "mentossintese", emitindo idéias e radiações própias e assimilando as radiações e idéias alheias.
Jesus a maior expressão do Amor de Deus na Terra.
EM "CONDUTA ESPÍRITA"
1."O trabalho da mulher é sempre a missão do amor, estendendo-se ao infinito".
2."Espíritas amai-vos este o primeiro ensinamento; instrui-vos este o segundo".
EM "E A VIDA CONTINUA"
1 "Esses paladinos da bondade e da paciência parecem escravizados aos infelizes que amam; no entanto, pela cátedra da sacrifício da humildade que esposam, acabam conseguindo prodígios pela força irresistível do exemplo".
2."Somos Espíritos endividados, perante as Leis Divinas, e estamos situados na faixa de expressiva transição do amor narcisista para o amor desinteressado".
3.ASSUNTOS DO CORAÇÃO: "Todos nos destinamos ao Amor Eterno e, no entanto, para alcançar o objetivo supremo, cada qual de nós possui um caminho próprio. Para a maioria das criaturas, o encontro do Amor ideal assemelha-se, de algum modo, à procura do ouro nas minas ou de diamante nas catas. É indispensável peneirar o cascalho ou mergulhar as mãos no barro do mundo, a fim de encontrá-lo. Sempre que amamos profundamente a alguém, transformamos esse alguém no espelho de nossos próprios sonhos... Passamos a ver-nos na pessoa que se nos transforma em objeto da afeição. Se essa criatura efetivamente nos reflete a alma, o carinho mútuo cresce cada vez mais, assegurando-nos o clima de encorajamento e alegria para a viagem nem sempre fácil da evolução. Nessa hipótese, teremos obtido o apoio seguro para a subida do acrisolamento moral... Em caso contrário, a pessoa a que particularmente nos devotamos acaba devolvendo-nos os próprios reflexos, à maneira de um banco que restituísse ou estragasse os". investimentos por desistência ou incapacidade de zelar por nossos interesses. Então, surgem para nós aquelas posições espirituais que nomeamos por mágoa, desencanto, indiferença, desilusão... Caminhamos na existência pelas vias da afinidade, de afeição em afeição, até achar aquela afeição inesquecível que se nos levante na vida por chama de amor eterno? Sim, mas entendendo-se o conceito de afeição, sem a estreiteza do sexo, uma vez que a ligação esponsalícia, embora sublime, é apenas uma das manifestações do amor em si...Em amor a afinidade é o que conta".
4."... Os que conhecem precisam auxiliar os que ignoram e não apenas auxiliar simplesmente, mas auxiliar com muito amor".
5."Quando sentirdes a tentação de revidar, lembrai-vos daquele que nos concitou a ‘amar os inimigos’ e a ‘orar pelos que nos perseguem e caluniam".
COMENTÁRIOS
A reencarnação é Lei de Amor, pois que "Deus nos permite abraçar, como filhos, aquelas mesmas criaturas que não soubemos amar em outras posições sentimentais"!
A colônia Nosso Lar é um pouso de Amor.
O que é o amor?
O que é o amor?
Autor: Orson Peter Carrara
Após a Introdução de O Livro dos Espíritos, o leitor atento encontra matéria com o título Prolegômenos que significa exposição preliminar dos princípios gerais de qualquer ciência ou arte, introdução expositiva de algum tratado científico. Ela vem assinada por diversos sábios da Humanidade e entre tais assinaturas destaca-se a de Vicente de Paulo (1576-1660), um sacerdote francês que em 1633 fundou a Congregação das Irmãs de Caridade com o objetivo de atender os pobres e os enfermos.
Quando morreu Vicente, já havia 40 casas das Irmãs de Caridade, que depois se espalharam pelo mundo e chegaram ao Brasil em 1849. Hoje, inspiradas por tal obra, distribuem-se pelo mundo através de hospitais, ambulatórios médicos, dentários, enfermagens, sendo mais conhecido por aqui através das Associações Vicentinas ou Casas de São Vicente de Paulo.
Por que falamos de Vicente de Paulo? Justamente para falar do amor... O que é o amor? Seria a afeição entre homem e mulher? ou o amor de mãe? Todas são expressões do amor, mas gostaríamos de comentar o amor vivido e demonstrado por Vicente, assim como também por Jesus, Francisco de Assis e tantos outros importantes nomes da história humana, inclusive na atualidade como Irmã Dulce, Madre Tereza de Calcutá ou Chico Xavier...
A Doutrina de Jesus, por exemplo, é a mais alta expressão do amor. Ele já ensinava que o maior mandamento é o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo... A própria Parábola do bom samaritano já indica isso. O Livro dos Espíritos em sua questão 888 traz resposta de Vicente e também em O Evangelho Segundo o Espiritismo a presença de Vicente é marcante na exaltação do amor ao próximo, através da caridade.
Nossa ausência de autoridade para falar do assunto, face à fragilidade na vivência espontânea do amor ao próximo não nos tira, entretanto, o entusiasmo de falar sobre o amor. Toca-nos o coração ver nossos irmãos carentes entregues ao relento, passando imensas dificuldades na própria sobrevivência, sofrendo a humilhação do desprezo social. Quantos irmãos nossos não vemos pelas ruas, no trânsito, carregando caixas de papelão ou coletando latinhas de refrigerantes, crianças em semáforos, velhos abandonados, enfermos entregues à própria sorte em hospitais...
A mensagem de Vicente de Paulo, entre tantos vultos inspirados pela mensagem do Evangelho, convida-nos a essa face real do amor. Deixemo-nos impregnar por tais exemplos e verdadeiros convites para o bem. É claro que ainda não somos capazes de agir como eles, nem ter a espontaneidade com que viveram, mas pelo menos pensemos nos exemplos que deram diante de nossos irmãos em dificuldade que encontremos pelo caminho, mesmo que for apenas para oferecer-lhes um sorriso e um minuto de atenção...
Amor: essência divina
Amor: essência divina
Antonio Celso Dias Duarte
Data: 12/05/97
Tempo: 20 m
Texto Básico:
- O Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. XI - Amar o próximo como a si mesmo Itens 8, 9, 12 e 14
- Texto de Apoio: O Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. XI - Demais itens; Cap. XII
- Problema do Ser, do Destino e da Dor - Leon Denis Parte III - 25
- Texto Extra : A Gênese Kardec Cap. I
- Evolução para o Terceiro Milênio Rizzini Parte IV, Cap. 8
- O Consolador Emmanuel Terceira Parte, Cap. III
Introdução
A busca constante do conhecimento faz parte da existência humana. Estamos sempre procurando aprender mais e mais. Por muitas vezes, esse processo faz-se mais fácil, por termos hoje instituições de ensino bastante avançadas em muitas áreas.
Há no entanto, outras áreas onde o conhecimento é obtido apenas através de extensas pesquisas, observações e deduções, uma vez que podemos não dispor de todas as condições necessárias para o aprendizado imediato.
Como exemplo, citamos o conhecimento sobre nossa pré-história, que obviamente não pode ser feito sob observação direta, mas através da análise das pistas deixadas por nossos ancestrais. Dessa forma, sem mesmo termos visto um deles, aprendemos muito sobre sua forma de vida e subsistência, o período em que por aqui estiveram, apenas observando os fragmentos de ferramentas e utensílios deixados por eles.
Transportemos agora essa analogia, para o nosso Criador Maior: estamos ainda muito distantes de possuir as condições necessárias para que possamos olhar para Ele , e compreendê-Lo diretamente. Entretanto estamos em um estágio que nos permite ao menos observar ao nosso redor e termos uma idéia (ainda que bastante simples) de quem é Deus, através das “pistas” que coloca diante de nossos caminhos. Kardec nos aponta n’A Gênese, que “Deus não se mostra, mas se revela pelas suas obras”.
Num período em que a Terra está passando por complexas transformações, objetivando um período de renovação (e bem sabemos que todo processo de transformação traz necessariamente extensos conflitos), é natural que se torne bastante complicado para um observador mais desatento, a compreensão da afirmativa tão popular de que Deus é Amor.
Propomos então aos amigos, que nos acompanhem nos próximos minutos neste modesto exercício de raciocínio, onde procuraremos observar como esse amor divino tem nos acompanhado: nosso tema da noite é “Amor, Essência Divina”.
A Gênese
O aparecimento do homem, descrito de forma bastante poética na Gênese Bíblica, mostra que Deus preocupou-se em nos oferecer um mundo que contivesse as condições adequadas para nossa subsistência, pois tomamos a Terra como morada apenas depois dela ter sido convenientemente preparada para a nossa vinda.
E continua a Gênese, que ao “criar-nos” disse Deus: -“Façamos o homem à Nossa imagem e semelhança”.
É certo que não somos perfeitos à semelhança do Pai, mas o Seu amor infinito por nós permitiu-nos ser perfectíveis. Somos então semelhantes a Ele, por possuirmos dentro de nós, as sementes de todas as qualidades e virtudes que O compõe, em particular, Seu amor. Cabe a nosso esforço próprio, levar estas sementes a produzir muitos e muitos frutos (o pai que ama verdadeiramente, não faz as lições de casa para o filho, mas orienta-o e o apóia para que ele consiga tirar sua nota dez através de seu próprio esforço).
Moisés
Seguindo-se ao grande gesto de amor de Deus para conosco, o Pai começou a passar-nos as primeiras “lições” de humanidade. Vamos nos deparar mais uma vez com esse amor “atravessando nosso caminho”, com o advento da primeira revelação, feita a Moisés. A importância do cultivo do amor por todos os homens é bastante clara, e por isto mesmo ele aparece em primeiro lugar, na tábua dos 10 mandamentos, que hoje conhecemos como:
“Amar a Deus sobre todas as coisas”.
Pelas contingências do momento, a Lei de Moisés era bastante severa. Só assim ele teria algum sucesso em conseguir controlar um povo ainda bastante turbulento e indisciplinado, recém saído de um austero regime de escravidão.
Embora a mensagem fosse de amor, o deus apresentado era ainda tirânico. O amor e o respeito a Ele ainda eram obtidos através da imposição pela força. Por isso mesmo as Leis mosaicas tinham um caráter transitório. A postura de Moisés era de autoridade, mas a mensagem divina começava a abrir nossas mentes para a importância desse amor.
Jesus
As coisas continuaram assim ainda por muito tempo, permitindo ao ser humano que ao menos se acostumasse com a idéia. No momento oportuno, Deus nos enviou então a segunda revelação, através de nosso Mestre Maior, Jesus.
Desde o princípio Ele posicionou-se como um continuador das Leis Divinas, conforme encontramos em Mateus, V: 17:
“Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim para destruí-los, mas para dar-lhes cumprimento.”
Dessa forma, sem nada destruir, Ele veste com uma roupagem mais moderna e adequada para os homens de Seu tempo, as duras leis pregadas por Moisés. Os dez mandamentos, ficam a partir de então, limitados a apenas dois, que abrangem todos os outros. Em Suas próprias palavras, nos afirma serem os mandamentos (Mateus XXII, 34-40):
“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contêm toda a lei e os profetas.”
De princípio, Jesus ratifica a importância da presença do amor em nossas vidas, conservando esse mandamento que já havia sido colocado por Deus há vários milênios atrás. Afirma que só há um imperativo moral realmente fundamental - amar - do qual todos os outros princípios derivam.
A seguir, amplia o conceito deste amor: se antes era suficiente apenas o amor ao criador supremo, agora começa a brotar a necessidade de se estender esse amor também ao próximo. Nada mais claro, pois o mesmo amor devido ao Criador, por extensão também deve ser aplicado a todos aqueles que foram feitos segundo à imagem e semelhança deste mesmo criador! Acrescenta ainda, que esses mandamentos compreendem tudo o que foi ensinado antes.
Por fim, Jesus tira esses conceitos da “folha de papel” e mostra que é perfeitamente possível colocá-los em prática. Enquanto a doutrina de Moisés é despótica, não admite discussão e é imposta pela força, a doutrina de Jesus é essencialmente conselheira: é livremente aceita e só se impõe pela persuasão.
Se o Cristo foi o maior dos missionários e dos profetas, foi porque trazia em si um reflexo mais poderoso do Amor Divino. Em Sua postura de total dedicação ao próximo, atendeu a todos; até mesmo à mulher adúltera e ao criminoso, sem temer prejudicar a Sua própria reputação.
Jesus passou pouco tempo na Terra. Foram suficientes três anos de evangelização para que o Seu domínio se estendesse a todos os cantos do planeta. Não foi pela ciência, nem pela oratória que Ele seduziu e cativou as multidões: foi pelo amor! Mesmo depois de sua morte, Seu amor ficou no mundo, como um foco sempre vivo. Por isso, apesar dos muitos erros e faltas cometidos em Seu nome, por aqueles que se diziam Seus justos representantes, o Cristianismo atravessou os séculos e continua presente ainda hoje, moldando a alma humana.
Espiritismo
Ao chegarmos aos dias atuais, deparamo-nos com a terceira revelação, que nos foi trazida não mais por apenas um representante divino como havia sido nas duas vezes anteriores, mas por uma grande quantidade de espíritos. Estamos falando da doutrina espírita.
Ela surge num período de emancipação e madureza intelectual do ser humano, que nada mais aceita às cegas, mas quer ver aonde o conduzem, que saber o porquê e o como de cada coisa.
Coube a Kardec coletar e compilar todas as informações passadas pelos espíritos, em diversos pontos do mundo, dando origem à codificação da doutrina espírita.
Assim como Jesus, o Espiritismo não vem contrariar as leis divinas: seu objetivo é aproveitar da melhor forma possível os recursos intelectuais do homem para através de mais este canal, facilitar a compreensão dos desígnios de Deus. E o caminho escolhido pelos espíritos, foi novamente nos esclarecer através do amor divino.
Diga-se de passagem, que o próprio trabalho de Kardec durante a preparação das obras da codificação, foi um belo exemplo de amor ao próximo, por ter suportado as duras críticas e incompreensões pelas quais passou.
Em tratando das Leis Divinas, o espiritismo nos traz em uma mesma lei, a justiça, o amor e a caridade.
Os raios de ação do amor, ampliam-se ainda mais: por vezes, confundimos amor com utilitarismo ao entendermos o amor aos semelhantes como sinônimo de promover o bem deles. O amor é mais do que simplesmente desejar beneficiar os outros; é possuir um sentimento que se manifesta em todas as atitudes exteriores, das quais o relacionamento com o próximo é apenas uma delas! E quando falamos em mudar todas as nossas atitudes, “temperando-as” ou “moldando-as” com o amor, estamos falando sobre um dos pontos mais importantes para nosso progresso, pregado pela doutrina espírita: a reforma íntima.
Aprendemos ainda que o amor é o princípio fundamental, a partir do qual derivam tantos outros.
Ele inclui a igualdade, na medida em que devemos amar ao próximo como a nós mesmos (não nos colocando em posição inferior, nem superior perante aqueles que nos são semelhantes).
O Evangelho traz ainda um segundo princípio, complementar do primeiro - o de justiça - ao nos ensinar que devemos fazer aos outros somente aquilo que desejamos que os outros nos façam.
No sentido evangélico, o amor costuma ser identificado com a caridade, que por sua vez geralmente entende-se como “dar esmolas”. É muito mais do que isso. Caridade, na língua latina, significava alta dos preços, estima; praticar a caridade com o semelhante é portanto, todo o gesto que fazemos e que valoriza este semelhante. Assim, bem distante do gesto de dar esmolas, a caridade é o amor a Deus e ao próximo, baseado na fraternidade que nos une a todos, como filhos de Deus.
Finalmente, podemos observar as uniões sinceras como um sagrado ponto de referência dessa lei única que dirige o Universo. A presença do amor que motiva a criação da família e que vem a ser a mais abençoada escola de evolução que Deus poderia ter nos dado, com todas as oportunidades de amparo, resgate, entendimento e crescimento que ela proporciona.
Conclusão
Retomando nossa linha de pensamento original, percebemos que dentro de todo o longo período de existência do ser humano, contamos sempre a orientação divina através de Seus mensageiros: Moisés, Jesus, Kardec: todos procurando esclarecer sobre quem é o nosso Criador Supremo, sendo que todos seguiram pelo mesmo caminho: mostrar o Pai através de sua essência: o amor. Assim como o Pai, o amor - que é a Sua essência - tem sido uma presença constante em toda a nossa existência como seres humanos.
Encerrando, gostaria de deixar a todos uma frase de nosso querido Chico Xavier, que mostra de forma tão sublime como ele aprendeu a cultivar o amor mais puro e sincero pelo semelhante, e de como ele hoje o distribui incansavelmente.
Mesmo cansado e abatido, ele jamais deixa de atender aos que buscam por seu auxílio. Certa vez, ao ser questionado sobre como ele conseguia ter tanta disposição para atender a todos, sempre sorridente, apesar da sobrecarga de trabalho, ele respondeu com muito carinho ao interpelante:
“- O corpo é meu, ele pode sofrer; o semblante é do próximo, ele deve sorrir!…”
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