Estudando o Espiritismo

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domingo, 27 de março de 2016

Miguel de Oliveira Couto




Médico clínico geral e sanitarista, político e professor brasileiro nascido na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império, que dedicou parte de sua vida profissional à melhoria das condições de saúde popular, pela pesquisa e divulgação dos princípios de higiene e deixou extensa obra nesse setor. Era filho de Francisco de Oliveira Couto e de Maria Rosa do Espírito Santo, freqüentou o Colégio Briggs e diplomou-se pela Academia Imperial de Medicina (1883), no Rio de Janeiro. Tornou-se assistente da cadeira de Clínica Médica até se doutorar (1885), dois anos em que foi interno da Santa Casa de Misericórdia e ao mesmo tempo assistente, por concurso, da cadeira de clínica médica, regida por João Vicente Torres Homem. Foi admitido na Academia Nacional de Medicina (1896), como membro titular, com o trabalho Desordens funcionais do pneumogástrico na influenza. Ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro como lente, por concurso (1898) e tornou-se professor de clínica propedêutica (1901), substituindo o notável professor Francisco de Castro. Foi eleito presidente da Academia Nacional de Medicina (1914) e reconduzido ao cargo sucessivamente. Membro da Academia Brasileira de Letras (1916) e empossado trÊs anos depois (1919), tornou-se presidente honorário da Associação Brasileira de Educação (1927). Na cerimônia em que lhe foi conferido o título, proferiu conferência cujo título se tornou um lema da ABE na época: No Brasil só há um problema: a educação do povo. Eleito deputado pelo Distrito Federal, atual cidade do Rio de Janeiro, para a Assembléia Nacional Constituinte (1933), obteve a aprovação do projeto que destinava dez por cento das rendas da União para a instrução popular. Membro de numerosas instituições científicas nacionais e internacionais, como da Société Médicale des Hôpitaux de Paris, e doutor honoris causa da Universidade de Buenos Aires, recebeu as medalhas da Instrução Pública da Venezuela e da Coroa da Bélgica.  Poliglota e profundo conhecedor da língua portuguesa., participou de vários congressos de Medicina nos quais se destacou pela sua competência profissional, sendo considerado um dos mais notáveis clínicos de sua época e faleceu na cidade do Rio de Janeiro, então capital da República, aos 69 anos. De sua vasta obra, entre suas obras destacaram-se Clínica médica (1923), Nações que surgem, nações que imergem (1925) e A medicina e a cultura (1932), além de Contribuição para o estudo das desordens funcionais do pneumogástrico na influenza, A gangrena gasosa fulminante e Diagnóstico precoce da febre amarela pelo exame espectroscópico da urina. Radical em seus conceitos, uma das suas teses político-científicas mais famosas e polêmicas foi sobre o darwinismo social e de eugenia racial. Esta idéia propunha a necessidade do branqueamento da população brasileira e o fim da imigração dos degenerados aborígenes orientais. O resultado foi a aprovação por larga maioria de uma emenda constitucional que estabelecia cotas de imigração sem fazer menção a raça ou nacionalidade e proibia a concentração populacional de imigrantes. Segundo o texto constitucional, o Brasil só poderia receber em por ano no máximo 2% do total de ingressantes da cada nacionalidade que tinha sido recebida nos últimos 50 anos. Esta política de cotas não afetou a imigração de europeus, mas prejudicou a imigração de japoneses e, futuramente, de chineses e coreanos. Pai de Miguel Couto Filho, e de Elza Couto Bastos Netto, em sua homenagem foi nomeado o famoso Hospital Municipal Miguel Couto, na cidade do Rio de Janeiro, referência nacional em ortopedia e traumatologia.
Figura copiada de página do site do IHGS:
http://www.ihgs.com.br/


https://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Couto_Filho

quarta-feira, 23 de março de 2016

A PSIQUE SEGUNDO A VISÃO DE JOANNA DE ÂNGELIS E SUAS IMPLICAÇÕES

http://www.ccconti.com/Slides/psiqueemediunidade.pdf

Consciência

Consciência

Leda de Almeida Rezende Ebner

de Ribeirão Preto, SP

O Espiritismo nos ensina que para podermos fazer nosso desenvolvimento espiritual (intelectual e moral) precisamos conhecer a nós próprios.

Como trabalhar conosco, com nossos sentimentos, emoções, pensamentos, com nossa inteligência, razão, sem esse conhecimento de quem realmente somos, do que sentimos enfim, da nossa individualidade, do nosso eu interior.

Geralmente, julgamo-nos melhores do que somos, porque nos baseamos em nossas intenções. Todavia, não somos intenções e objetivos, quase sempre ficamos muito aquém deles: há uma distância imensa entre desejar, aspirar a ser e ser.

Para que nossa existência atual seja produtiva em nosso desenvolvimento interior, necessário conhecermo-nos, internamente, o mais e melhor possível, conseguirmos a consciência de quem somos.

Segundo o dicionário Caldas Aulete, consciência é “sentimento do que em nós se passa”; “o testemunho ou julgamento secreto da alma, que aprova as ações boas ou rejeita as más”.

Consciência é pois, algo que existe em nós, que nos leva a reconhecermo-nos, a perceber com clareza, o que e como sentimos, pensamos, agimos e reagimos, em nosso viver cotidiano.

Quando Allan Kardec perguntou aos Espíritos: “Onde está escrita a lei de Deus?”, eles não responderam: “Na Bíblia” e sim “Na consciência” 1 Por isso, todos os seres humanos, quando tomam consciência da sua individualidade, fazem as mesmas perguntas e encontram as respostas que seu desenvolvimento intelectual e moral indicam: “Quem somos?”, “De onde viemos?” e “Para onde vamos?”

Essa consciência, inerente ao Espírito, vai se desenvolvendo no conhecimento das leis naturais, na medida do desenvolvimento espiritual de cada um.

Quanto mais se desenvolve o homem, intelectual e moralmente, quanto mais ele se educa no conhecimento e na vivência das leis de Deus, mais essa consciência se amplia e mais ele percebe quem é, como é, o que pode ser e, quanto mais claramente, ele ouve a voz da sua consciência, mais percebe os outros, tornando-se melhor pessoa. Possui mais e melhores condições de viver melhor, de ajudar mais e melhor seu próximo e de colaborar, com mais eficiência, na melhoria da comunidade onde vive.

No reino animal, o princípio inteligente, até então, alma - grupo na expressão de Jorge Andréa 2, torna-se um indivíduo, um ser particular só que ele não sabe disso, sua consciência continua “em germe”, em potencial.

É no reino hominal, como Espírito, que inicia a consciência de si mesmo, como um indivíduo semelhante a outros. Adquire a consciência de que é alguém, de que existe e vive.

Esse despertar da consciência, leva o homem a satisfazer suas necessidades físicas, desenvolvendo então, o egocentrismo, tão necessário à sua sobrevivência e manutenção, onde ele e suas necessidades são o centro: “primeiro eu, depois o outro”.

Infelizmente, esta idéia ainda persiste hoje, entre pessoas que não perceberam que atualmente, a necessidade maior é a da solidariedade, em favor de “nós” e não do “eu”.

Todavia, a progressão espiritual se faz também, através das lutas materiais e, chega um momento, na vida de cada Espírito, na qual ele percebe, adquire a consciência da sua realidade espiritual e das suas “novas” necessidades.

Geralmente, cansado de repetir experiências reencarnatórias, guiado pelo orgulho e egoísmo, percebe a luz do amor de Deus e o quanto dela se distanciou.

Vem, então, o arrependimento, a vontade de mudar tudo, de transformar-se, de recomeçar de novo, por que tem dentro de si, gravado na sua consciência, a lei da reencarnação, que leva à evolução.

É então, que ele se dispõe a esse trabalho de regeneração, que lhe parece gigantesco, e ele o é, quando outras lutas surgem, muitas vezes mais difíceis das vividas antes, lutas internas, consigo próprio, procurando ouvir a voz de sua consciência. Todas as tarefas que empreende, a partir de então, lhe parecem plenas de dificuldades, tanto maiores quanto mais egoísmo e orgulho carrega dentro de si.

Todavia, graças ao amor e à misericórdia de Deus, que nos criou para a perfeição e felicidade, a mesma vontade que ele (o homem) usou para satisfazer seus instintos e sensações primitivos e grosseiros, é a mesma que ele agora pode e deve usar na edificação da sua regeneração, do seu autoburilamento.

Por isso, Joanna de Ângelis escreveu: “Quando alguém se volta para o Evangelho, tentando a sua auto-iluminação, sofre as constritoras amarras dos hábitos até então mantidos, assim como a injunção vigorosa que a proposta libertadora estabelece. A luta íntima que trava, faz-se mais rude, porquanto todo um sistema de acomodação deve ser mudado, gerando novos condicionamentos” 3

Difícil não é conhecer e aprender coisas novas, difícil é desaprender hábitos arraigados!

Quando a vontade de modificar-se está no homem, esta disposição propicia à consciência, condições de melhor análise de si mesmo, tornando-se cada vez mais severa à medida que suas determinações vão sendo seguidas.

Vamos dar um exemplo. Em qualquer relacionamento difícil, entre duas pessoas, geralmente, o alvo ideal a ser conquistado é a tolerância. Quando, porém, já se conseguiu esta virtude em muitas situações, estando o relacionamento mais fácil, eis que a consciência, mais desenvolvida por esse esforço lhe diz: “Tolerar só não basta. A lei de Deus é a harmonização, que leva o homem a amar o próximo”.

E “nova” luta começa, processando-se assim, lentamente e sempre o autodesenvolvimento; cada vez que se atinge determinado alvo, que antes parecia quase inatingível, outro aparece, a fim de levar o filho e herdeiro de Deus à redenção.

Mas assim, vamos lutar sempre?

Sim, viver é lutar, crescer, desenvolver-se, vencendo os desafios internos e externos, Fomos feitos para mudanças, transformações. Os bibelôs, as estátuas são feitos para ficarem estáticos, a fim de serem admirados. O homem não. Vive, progride sempre, sendo, em qualquer idade, desafiado por dificuldades e obstáculos.

Por isso, a vida é sempre bonita! Tanto no viver da criança, do jovem, como no adulto, do velho, do Espírito desencarnado, a vida é sempre dinâmica, desafiadora, compensatória e pode ser prezerosa!

E a renovação interior é um “empreendimento de alto e nobre porte, que não deve ser postergado” 3

Bibliografia:

O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - q. 621
Impulsos Criativos da Evolução - Jorge Andréa - cap. 11, pág. 128
Fonte de Luz - Joanna de Ângelis: “Consciência e Testemunhas”
(Jornal Verdade e Luz Nº 187 de Agosto de 2001)

OS NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA

OS NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA

No inicio dos estudos a Psicologia estava ligada apenas ao cérebro fisiológico. Com a Psicologia Transpessoal observou-se estados alterados da consciência, ampliando as possibilidades de expansão da mesma. Vários estudos foram feitos inclusive com o uso do SLD e observou-se a ampliação da consciência.
“Segundo a tradição filosófica da Índia, a totalidade da vida psíquica pode ser entendida como uma estrutura dinâmica formada de vários níveis os quais se manifestam partindo de um único centro de irradiação, o Self. Em cada um desses níveis, são percebidos aspectos da realidade correspondente ao estado de consciência a partir do qual a atenção do individuo se mantém ativa.”   (RAMACHARACA – MÁRCIA TABONA EM A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL)
Desde as tradições hindus os níveis de consciência já eram percebidos = percepção variadas de sua existência.
É a partir da nossa atenção que vinculamos a energias que direcionamos para a vida. “Onde está o teu coração ai está a tua vida, tua energia, o teu pensamento.” JESUS
Quais os aspectos da vida te chamam mais atenção? Para onde tua vida é direcionada no dia a dia? Para onde se dirige a energia da vida é que determina o grau da consciência.
“No 1º nível se transita no sono sem sonho – apenas os fenômenos orgânicos automáticos se exteriorizam, assim mesmo sem o conhecimento da consciência, tais: respiração, digestão, reprodução, circulação sanguínea...” (JOANA DE ANGELIS EM O SER CONSCIENTE CAP.8)

No 1º nível estamos na terra estagiando no sono sem sonho, isto é, sem reflexão do significado existencial, limitando-nos a vida fisiológica de alimentação, reprodução e repouso.
Nossa vida é um esforço para despertar do sono. É o estado inicial da evolução, primeiras reencarnações. Vive-se quase que automaticamente sem perceber a realidade do outro. Predomina o ego.

“Embora o intelecto esteja em ação, não existem paradigmas para o comportamento que esteja arquivado no imo, sendo essas as primeiras experiências que se consolidarão, à medida que sejam vitalizadas podendo ressumar em forma de conhecimento que se aprimora quanto mais sejam vivenciadas.”
(JOANA DE ANGELIS EM CNCONTRO COM A PAZ E A SAUDE CAP.9)
Não há participação intelectual mais profunda por não ter arquivado experiências que proporcione maior grau de evolução. A vida oferece desafios em busca de soluções para o despertamento gradual.

“No 2º nível, o sono com sonho, ele libera clichês e lentamente incorpora-os à realidade, passando pelas fases dramáticas, pesadelos e pavores – para os da libido – ação dos estímulos sexuais – e os reveladores – que dizem respeito à parcial libertação do espírito quando o corpo está em repouso...”
(JOANA DE ANGELIS EM ENCONTRO COM A PAZ E A SAUDE CAP. 9)

Ainda não é a criatura desperta. Mas é sono com sonhos. Os sonhos tem a participação do inconsciente mas  há também a manifestação do ego e do espírito num processo que tem por objetivo despertar o ser.
Precisamos observar que tipo de energia temos represada e que se manifesta no sonho. Que forças não foram estruturadas, bem elaboradas na minha existência e que aparecem na vida inconsciente.
A partir do desenvolvimento da consciência temos sonhos reveladores.
Todas as forças da vida estão a serviço do ser. Se “alguma força está em conflito é porque não foram bem canalizadas e aparecem nos sonhos para revelar isso.” No instante em que a consciência se si se instala, o sentimento acompanha a capacidade de compreensão dos acontecimentos, dando lugar ao surgimento da culpa, no momento após a pratica do erro, em forma de remorso e de arrependimento com conseqüente resultado da busca em favor da reparação...”
(Joana de Angelis em ENCONTRO COM APAZ E A SAUDE  CAP.9)
Quando praticamos erro o ser percebe, a consciência acusa na forma da culpa. O objetivo da culpa é levar à responsabilidade. É forma de despertar do sono. Sem ela quanto desmando se praticaria quanto autoritarismo...
Precisamos conhecer o recado da culpa. Que tipo de crença interior foi contrariada para que ela se estabelecesse na consciência?

“A partir do sono com sonhos, a vontade desempenha papel relevante, impulsionando o ser a novas realizações e conquistas completadoras que enriquecem o arsenal psicológico amadurecendo o essencial à vida e selecionando-o do amontoado egóico do supérfluo.”
(Joana de Angelis em O SER CONSCIENTE  cap.8)

A vontade exerce papel preponderante em nossas realizações e na nossa transformação. A partir do exercício da vontade chegaremos ao terceiro nível de consciência.

“O desenvolvimento da consciência atinge o 3º nível, o do sono acordado, no qual a determinação pessoal, aliada à vontade conduz o ser aos ideais de enobrecimento, à descoberta da finalidade de sua existência, às aspirações do que lhe é essencial, ao auto-encontro, à realização total.”
(Joana de Angelis: O SE CONSCIENTE cap. 8)
Nesta fase não responsabilizamos mais os outros pela nossa felicidade ou infelicidade. Tomamos consciência da nossa responsabilidade. Sabemos que a paz, a felicidade é conquista íntima.
Nessa etapa acontecem transformações profundas e o senso de religiosidade nos abraça. Passamos a ver a vida sob nova dimensão. Direcionamos esforços para a família universal. Percebemos que a vida precisa nossa colaboração. O próprio JESUS colocou-se a serviço da vida.
Despertar é descobrir novos recursos que estavam desperdiçados. É descobrir novas possibilidades.

“Despertara significa identificar novos recursos ao alcance, descobrir valores expressivos que estão desperdiçados, propor-se significados novos para a vida e antes não percebidos.”
(Joana de Angelis: O SER CONSCIENTE cap.10)

Despertar é conduzir a vida de outra forma mais enriquecedora na busca de novos valos e possibilidades.

“Essa realização (o despertar) não se dá somente quando tudo parece bem, mas sim, quando sucedem ocorrências que são convencionalmente denominados infortúnios. Diante de tais fatos, ao invés de haver revolta ou desespero, na serenidade do estar desperto, interroga-se: O que me está desejando dizer este fenômeno perturbador?”
(Joana de Angelis: VIDA: DESAFIOS E SOLUÇÕES cap.,8)

Como nos comportamos perante os desafios da vida? Das contrariedades e frustrações que são necessárias, onde o ego deve estar sempre percebendo que ele não é o dono da situação?  Ele busca a condição de ser servido. A vida propõe desafios, novos limites... e desse choque entre a vida e o ego pode acontecer o crescimento, o despertar de nossa atitude. Como nos colocamos: na situação de vítima ou responsável pelo que acontece?
Em tudo há lições a se aprendidas. Precisamos examinar tudo o que ocorre ao nosso redor nos impulsionando para algo mais.

“Mediante a conquista – da autoconfiança – a vontade passa a ser comandada pela mente saudável, que discerne entre o que deve e o que pode fazer, quais são os objetivos da sua existência na terra e como amadurecer emocional e psicologicamente, para enfrentar as vicissitudes, as dificuldades, os problemas  que fazem parte do todo o desenrolar do crescimento interior.”
(Joana de Angelis – VIDA: DESAFIOS E SOLUÇÕES cap.,8)

Conquistando a autoconfiança, a vontade elaboramos uma mente saudável para lidar com todos os fenômenos existenciais. A vida passa não mais ser um mar de lágrimas, só de dificuldades...
A dificuldade existe na intensidade em que lhe damos importância. Precisamos aumentar o grau de consciência. Olhar com olhos do espírito para poder levar uma vida mais serena evitando dores desnecessárias.
Precisamos olhar a vida a partir do divino que somos então ampliaremos ao grau da consciência passando para o quarto nível de consciência. “A partir daí, ascende ao 4º estado, que é a descoberta da transcendência do eu, a identificação consigo mesmo com a conseqüente liberação do Eu profundo, realizando a harmonia intima com os ideais superiores, seu real objetivo psicológico existencial.”
(Joana de Angelis: O SER CONSCIENTE cap.8)

É o ser desperto. A consciência de si mesmo que vai avançando a medida que percebemos que somos muito mais que um corpo, do que as sensações que  esse corpo traz. Somos mais que do que o ego pode perceber. Vamos deixando lacunas no nosso próprio despertar. Paulo de Tarso: “Não sou mais eu que vive, mas o Cristo que vive em mim.”
Além do ego há algo superior. Precisamos colocar nossa aluiria a serviço da vida. Então alcançamos o 5º estágio= consciência cósmica que tem por exemplo máximo JESUS: “eu e o Pai somos um.” Então o divino se manifesta em nós.

Ser consciente

Ser consciente


Um caminho para a auto-realização do Si

Por - Joilson José Gonçalves Mendes

Heráclito, filósofo grego que viveu em 540 a.C. disse:
“Os homens são tão desatentos e descuidados, em seus momentos de vigília, com o que se passa à volta deles quanto o são durante o sono. Tolos, embora ouçam são como surdos; a eles aplica-se o adágio de que, mesmo quando presentes, eles estão ausentes. A pessoa não deve agir ou falar como se estivesse dormindo. Os que estão acordados têm um mundo em comum; os que dormem têm cada um o seu mundo particular. O que quer que vejamos quando acordados é morte, quando dormimos, são sonhos”.
Para compreendermos o pensamento do filósofo faz-se necessário entendermos dois conceitos. 1) Consciência – que segundo o dicionário Michaelis significa a capacidade que o homem tem de conhecer valores e mandamentos morais e aplicá-los em diferentes situações. Para Osho, a consciência “é pura, é sempre pura. É virgem; sua virgindade não pode ser violada”. Jung, psiquiátrico austríaco definiu como “a relação dos conteúdos psíquicos com o ego, na medida em que essa relação é percebida como tal pelo ego”. Por sua vez o físico indiano Amit Goswami afirma que “consciência é a base do ser; é a primeira e única, o absoluto”. Encontramos, ainda, em o Livro dos Espíritos, na questão 835 a seguinte resposta: “A consciência é um pensamento íntimo que pertence ao homem, como todos os outros pensamentos”. 2) Consciente – do dicionário Michaelis - Que sabe o que faz. Estado da mente, em vigília. Osho – “O homem de consciência, de entendimento, age. O homem que está desatento, inconsciente, mecânico como um robô, reage”. Joana de Angelis (espírito), no livro O Ser Consciente, ensina que “Ser consciente significa estar desperto, responsável, não-arrogante, não-submisso, livre de algemas, liberado do passado e do futuro”.
Com estes dois conceitos em mente e voltando ao pensamento de Heráclito, somos conduzidos a pensar que o ser humano vive em um estado de “dormência” que nossos atos são, na maioria das vezes, mecânicos e que agimos pelos nossos instintos, sem nos conscientizarmos do que acontece ao nosso redor. Isto acontece devido ao fato de ainda sermos seres imperfeitos em estado de evolução e nos identificarmos mais com as coisas do Ego do que com o Ser. Joana de Angelis ensina que também é decorrente de passarmos um longo período nos estágios primários da evolução, afirma, ainda, que a Consciência Cósmica, em nós, está adormecida aguardando o desenvolvimento e um contínuo despertar. O que mais uma vez nos leva a reflexão de vivermos em um estado de sonolência, que precisa ser despertado.
A referência feita a este estado em que vivemos é muito antiga e encontramos em várias passagens das antigas escrituras: “Digo isto, porque sabeis o tempo, que já é hora de vos despertardes do sono...” (Paulo-Romanos 13:11) - “Desperta, tu que dormes, e levanta-te entre os mortos”. (Paulo-Efésios 5:14) - “Tenho por justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com recordações...” (II Pedro 1:13) – Ainda, Joana de Angelis, em Vida Desafios e Soluções, também adverte-nos quanto ao estado de sono, seja o sono fisiológico, o sono moral ou o sono intelectual.
Agora começamos a compreender melhor a advertência às consciências adormecidas. Quanto ao sono fisiológico, quantas pessoas conhecemos que perdem horas, tempo precioso que poderia ser aplicado em favor do próximo, porque gostam de ficar dormindo, são pessoas que se deixar permanecem em um período de hibernação tal qual os ursos polares. É sabido que necessitamos em média, de 6 a 8 horas de sono para um refazimento completo das energias físicas. Outras poucas pessoas precisam de um descanso maior de 9 a 10 horas de sono, contudo devemos lutar contra esta natureza animalizada e avançarmos em favor de nossa evolução espiritual.
Quanto ao sono moral basta olharmos ao nosso redor, observarmos nossa sociedade em que, os valores morais são negligenciados desde os mais altos escalões governamentais, em que a corrupção não é vista e nem tratada com a rigidez necessária, até dentro de nossos lares, onde pais, com sentimentos de culpa por não passarem o tempo que gostariam com seus filhos, devido a fatores diversos, deixam que estes façam o que bem entendem sem ensinar-lhes valores tais como honestidade, verdade, lealdade, fé dentre outros. Vemos programas televisivos mostrando situações em que, muitas vezes, o vilão acaba em melhores condições do que as pessoas de boa índole, mostrando uma completa inversão de valores, estas são pequenas demonstrações deste estado de sono moral.
No que diz respeito ao sono intelectual observa-se que muitas pessoas não se preocupam em buscar uma melhor condição de vida por não sentir vontade de estudar, de ir ao encontro do conhecimento, seja ele em qualquer área. Ajuda-te e o céu te ajudará ensinou Jesus, mas infelizmente muitas pessoas acreditam que as coisas acontecem como que por encanto, o estado letárgico em que se encontram é tão grande que não percebem a condição em que se vive.
As consequências de vivermos nesta letargia são inúmeras e imprevisíveis, uma vez que vivemos longe da verdadeira realidade, dispersos, sem nos darmos conta das ocorrências dos fatos a nossa volta, acumulamos conflitos interiores e deixamos que os instintos passam a governar nossa vida. Carl Gustav Jung citado por Joana de Angelis no livro O homem integral – diz que “a existência só é real quando é consciente para alguém”  (...) “a tarefa do homem é (...) conscientizar-se dos conteúdos que pressionam para cima, vindos do inconsciente”. Por sua vez, Osho ensinava que “A menos que os olhos interiores se abram – a menos que seu interior fique cheio de luz, a menos que você consiga ver a si mesmo, quem você é – não pense que está acordado”.
Contudo existem maneiras de sairmos deste estado de consciência de sono e passarmos a viver em um estado desperto. Cabe a cada um se esforçar para despertar a consciência, lutar contra seus instintos e viver focado no momento presente, permanecer plenamente ciente das coisas que acontecem ao seu redor, estar presente.
Quando estamos conscientes, despertos nossas conquistas passam a ser interiores, experienciamos uma calma interior muito grande e passamos a agir na vida como seres livres que somos, sem medos, preconceitos, sem tédios.  Passa a ampliar o seu campo de comunicação com todos os seres, sem depressões nem irritações com aqueles que ainda encontram-se dormindo, pois você passa a conhecer a verdade.
Neste sentido, tanto Joana de Angelis quanto os mestres orientais são unânimes em afirmar que a prática da meditação é recurso precioso para mergulharmos em nosso interior e alcançarmos as estruturas mais profundas de nossa personalidade, remexendo arquivos arcaicos que ficaram por centenas de anos em nosso inconsciente profundo e liberarmos os conflitos que tanto nos atrapalham em nossa evolução, devolvendo o equilíbrio de que necessitamos. Segundo Joana, “A meditação, a busca interna, nessa fase, são relevantes e cientificamente basilares para o processo de crescimento, de discernimento, de lucidez.” Hoje em dia a ciência está comprovando o que os grandes mestres orientais já sabiam pela experiência direta, que a prática meditativa influência positivamente em nosso corpo fisco e nossa psique.
Segundo Osho, “O primeiro passo para ficar consciente é sempre prestar atenção ao próprio corpo. (...) Então você começa a se dar conta dos seus pensamentos. (...) O terceiro passo; ou seja, tomar consciência dos sentimentos, das emoções e dos estados de ânimo. O quarto e último passo é ficar consciente da própria consciência.”
“A única coisa que é preciso aprender é a atenção plena. Fique atento! Atente para cada gesto que faz. Atente para todo pensamento que lhe cruze a mente. Atente para cada desejo que tome conta de você. Fique atento até aos menores gestos – enquanto anda, fala, come ou toma banho. Não pare de observar tudo. Faça com que qualquer coisa seja uma oportunidade para observar”.
“Tudo quanto faz, realiza-o de forma consciente, desde o ato de coçar-se...”. (J.A - O Ser Consciente)
No item 63 do livro Consciência e Mediunidade – Projeto Manoel Philomeno de Miranda, encontramos a seguinte pergunta: A ação decorrente da meditação pode despertar, no homem, a solidariedade ativa? E a resposta:
“O homem, que se autodescobre, faz-se indulgente e as suas se tornam ações de benevolência, beneficência, amor. O seu espaço íntimo se expande e alcança o próximo, que alberga na área do seu interesse, modificando para melhor a convivência e a estrutura psicológica do seu grupo social. [...]
Em O homem integral, Joana ensina que “Uma das diferenças entre quem medita e aquele que não o faz, é a atitude mental mediante a qual cada um enfrenta os problemas. Os primeiros agem com paciência ante a dificuldade, e o segundo reage com desesperação.”
Meditar, portanto, não significa permanecer horas sem nada realizar, você pode escolher um período curto do dia e dedicar à prática meditativa, basta sentar-se com a coluna reta, acalmar a respiração e prestar atenção aos pensamentos, sem julgá-los, apenas observe-os como nuvens que passam no céu.
“Sempre desperto, Jesus é o exemplo máximo da conquista do Si”. (J.A Vida Desafios e Soluções)

REFERÊNCIAS
- Consciência – A chave para viver em equilíbrio - Osho
- A Janela Visionária – Um guia para a iluminação por um físico quântico – Dr Amit Goswami
- O livro dos espíritos – Allan Kardec
- Consciência e Mediunidade – Projeto Manoel Philomeno de Miranda
- Vida: Desafios e Soluções – Joana de Angelis
- O homem integral – Joana de Angelis

Carma e Consciência


O carma é o efeito das ações praticadas nas diferentes etapas da existência atual como da pregressa.

Fruto da árvore plantada e cultivada, tem o sabor da espécie que tipifica o vegetal.

Quando os atos são positivos, os seus resultados caracterizam-se pela excelência da qualidade, favorecendo o ser com momentos felizes, afetividade, lucidez, progresso e novos ensejos de crescimento moral, espiritual, intelectual e humano, promovendo a sociedade, na qual se encontra.

Quando atua com insensatez, vulgaridade, perversão, rebeldia, odiosidade, recolhe padecimentos ultrizes, que propiciam provas e expiações reparadoras de complexos mecanismos de aflições, que respondem como necessidade iluminativa.

O carma está sempre em processo de alteração, conforme o comportamento da criatura.

A desdita que se alonga, o cárcere moral que desarvora, a enfermidade rigorosa que alucina, a limitação que perturba, a solidão que asfixia, o desar que amargura, podem alterar-se favoravelmente, se aquele que os experimenta resolve mudar as atitudes, aprimorando-as e desdobrando-as em prol do bem geral, no que resulta em bem próprio.

Não existe nas soberanas Leis da Vida fatalidade para o mal.

O que ao ser acontece, é resultado do que ele fez de si mesmo e nunca do que Deus lhe faz, como apraz aos pessimistas, aos derrotistas e cômodos afirmar.

Refaze, pois, a tua vida, a todo momento, para melhor, mediante os teus atos saudáveis.

Constrói e elabora novos carmas, liberando-te dos penosos que te pesam na economia moral.

A consciência não é inteligência no sentido mental, mas, a capacidade de estabelecer parâmetros para entender o bem e o mal, optando pelo primeiro e seguindo a diretriz do equilíbrio, das possibilidades latentes, desenvolvendo os recursos atuais em favor do seu vir-a-ser.

Essas possibilidade que se encontram adormecidas, são a presença de Deus em todos, aguardando o momento de desabrochar e crescer.

A consciência, nos seus variados níveis, consubstancia a programação das ocorrências futuras, através das quais conquista os patamares da evolução.

Enquanto adormecida, a consciência funciona por automatismos que se ampliam do instinto à conquista dar azão. Quando a lucidez faculta o discernimento, mais se favorecem os valores divinos que se manifestam, aumentando a capacidade de amar e servir.

O carma, que se deriva da conduta consciente, tem a qualidade do nível de percepção que a tipifica.

Amplia, desse modo, os tesouros da tua consciência, e o teu carma se aureolará de luz e paz, que te ensejarãoplenitude.

Enquanto na ignorância, Maria de Magdala, com a consciência adormecida, vivia em promiscuidade moral. Ao defrontar Jesus, despertou, alterando o comportamento de tal forma, que elaborou o abençoado carma de ser a primeira pessoa a vê-lo ressuscitado.

Judas Iscariotes, consciente da missão do Mestre, intoxicou-se pelos vapores da ambição descabida, e, despertando depois, ao enforcar-se, estabeleceu o lúgubre carma de reencarnações infelizes para reparar os erros tenebrosos e recuperar-se.

O carma e a consciência seguem juntos, o primeiro como decorrência do outro.

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, na questão de número 132, interrogou:

– Qual o objetivo da encarnação dos espíritos?

E os Mensageiros responderam:

– Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros,missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação.

NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA

De acordo com a visão da Psicologia Transpessoal, os seres hu­manos transitam na Terra em variados níveis de consci­ência. Simbolicamente, é como se todos nós estivéssemos vivos, fisiologicamente falando, mas poucos seriam os que se encontram despertos para a vida.

A percepção dos estados alterados da consciência ganhou campo através dos experimentos de Stanislav Grof e outros pesquisadores com a Dietilamida do Ácido Lisérgico, mais conhecida como LSD. Posteriormente, verificou-se que não era necessário o uso de drogas alucinógenas para produzir tais efeitos, mesmo porque havia o risco de gerar dependência, além dos danos irreversíveis no campo físico.

Vários sistemas foram elaborados para explicar os níveis de consciência, que variam desde o “sono” completo, até a consciência cósmica. Não se trata aqui do sono fisiológico, somente, mas do sono em relação às questões e possibilidades existenciais, muitas vezes adormecidas em nosso mundo inconsciente.

Dentre as formulações transpessoais, Joanna de Ângelis (em O Ser Consciente) faz uma análise a respeito dos estudos do bioquímico Robert De Ropp, que a partir das suas experiências com a indução de estados alterados de consciência, e tendo como base os paradigmas formulados por Gurdjieff, resumiu os níveis de consciência em cinco, que são:



1 – Consciência de sono sem sonhos

 Nesse estágio a pessoa vive basicamente para cumprir os fenômenos fisiológicos: comer, dormir, reproduzir-se e atender aos prazeres sensoriais vinculados ao ego. Na análise de Joanna de Ângelis, nesta fase “apenas os fenômenos orgânicos automáticos se exteriorizam, assim mesmo sem o conhecimento da consciência”.

 

2 – Consciência de sono com sonhos  

Nesse nível de consciência a elaboração onírica intensifica-se, demonstrando um maior diálogo entre consciência e inconsciente, proporcionando a liberação de inúmeros clichês. Ainda há preponderância dos desejos e pulsões controlando as ações do indivíduo, embora um suave despertar.

Atingindo esse patamar, estabelece a Benfeitora que “a realidade apresenta-se ainda difusa, cujos contornos perdem-se em vagos delineamentos que não lhe correspondem à exatidão”.



3 – Consciência de sono acordado – Identificação

Avalia Joanna de Ângelis que “a determinação pessoal, aliada à vontade, conduz o ser aos ideais de enobrecimento, à descoberta da finalidade da sua existência, às aspirações do que lhe é essencial.” À medida que amadurece as reflexões em torno desses postulados, avança para a próxima etapa.



4 – Transcendência do eu

O ser desidentifica-se da persona, do coletivo, e deixa-se conduzir pelo SELF, a personalidade maior. Quantos homens e mulheres entregaram suas vidas – a vida do ego – por ideais que vieram a beneficiar toda a humanidade? Dentre vários recordamos de Gandhi, que abdicando dos honorários rentáveis que a advocacia poderia lhe proporcionar, resolveu advogar por uma causa maior, muito além do ego. Suportou prisões, greves de fome e todo tipo de violência, e sem pegar em armas conseguiu promover um dos maiores exemplos de libertação de uma nação de que se tem notícia. Demonstrou que, além do ego, existem forças poderosas que podem mobilizar toda uma massa humana.



5 – Consciência Cósmica

Nesse nível o ser atinge a perfeita identificação com a consciência cósmica, com os ideais superiores da vida, da qual Jesus é o exemplo perfeito. Disse o Mestre (João 10: 30) - “Eu e o Pai somos Um” - o que não quer dizer que Jesus era Deus, como equivocadamente interpretaram algumas tradições religiosas. A sua consciência vinculava-se à consciência cósmica, por já haver cumprido todas as etapas evolutivas.

            Não será tão importante descobrir em qual estágio nos encontramos, nem mesmo utilizar-se de mecanismos artificiais para alcançar a plenitude. Necessário é prosseguir no processo de autoconhecimento, de forma ética e consciente, avançando a cada dia ao encontro da perfeição relativa que nos aguarda, até que finalmente possamos nos tornar unos com o Pai, seguindo os passos do nosso Mestre maior.



Obs.: O presente artigo é um resumo do capítulo escrito pelo próprio autor, que se encontra na obra Refletindo a alma: a psicologia espírita de Joanna de Ângelis – lançado pela LEAL Editora.

Consciência e Plenitude

Consciência e Plenitude

A busca da plenitude constitui a meta essencial da

consciência lúcida que descobriu os valores reais da vida e superou os

equívocos do ego, no processo da evolução do ser espiritual.

Conscientizado quanto à realidade da vida, na sua qualidade de hálito

divino e eterno, sabe que a rapidez do trânsito carnal em nada afeta o

conteúdo de que se constitui, porquanto identifica o mecanismo da

evolução graças ao qual se adentra na existência física, através da

concepção fetal e abandona-a por meio da anoxia cerebral, quando lhe

advém a morte.

Felicitado pela perfeita identificação dos objetivos humanos, empenha-se

por entesourar os recursos inalienáveis do bem, preservando a paz

íntima e comportando-se dentro dos cânones da ordem e do dever,

fomentadores do próprio, como do progresso geral.

A consciência seleciona as necessidades reais das que são utópicas,

abrindo espaços à realização interior que induz ao amor como meio

especial de alcançar a plenitude.

Sonhada por todos os povos, nas mais variadas época

s da História, foi assinalada por santos, místicos e heróis, como Nirv

ana, Samadi, Paraíso, glória, encontrando em Jesus a denominação amena de

Reino dos Céus, onde não vicejam as dores nem as angústias , as saudades

nem as aflições.

Delimitando-lhe as balizas no próprio coração da criatura, o Mestre

Divino propôs o mergulho no oceano dos sentimentos,

onde pode sobrenadar, fruindo de harmonia, sem ansiedade, nem

arrependimento, sem perturbação ou tormento...

Conquistada a consciência que propicia amadurecimento, o ser alcança o estado de plenitude espiritual, não obstante se encontre no invólucro carnal.

Enquanto estejas na vida corporal, exercita-te na fraternidade, não te

deixando perturbar por querelas e paixões dissolventes.

Cuida de viver com intensidade e sem cansaço as horas da existência,

deixando-as passar com real aproveitamento, de modo

que a recordação delas não te cause remorso ou lamentação.



Os momentos de consciência profunda , objetiva, proporcionam a memória

da plenitude, passo inicial para a integração no espírito total da vida.

Jesus assinalou esta conquista ao afirmar :

"Eu e meu Pai somos um."

Havia uma perfeita identificação entre Ele e o Gerador Universal,

acenando aos Seus discípulos a possibilidade de consciência integral com

plenitude pessoal.

Interessado na elucidação da plenitude , ALLAN KARDEC indagou aos Gênios

Espirituais, conforme anotou em O Livro dos Espíritos, na questão 967:

- Em que consiste a felicidade dos bons espíritos ?

- Em conhecerem todas as coisas; em não sentirem ó

dio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que

ocasionam a desgraça dos homens. O amor que os une lhes é fonte de suprema felicidade. Não

experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da

Vida material. São felizes pelo bem que fazem....

Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Momentos de Consciência.

Culpa e Consciência

Culpa e Consciência

"A culpa surge como forma de catarse necessária
para a libertação de conflitos. Encontra-se
insculpida nos alicerces do espírito
e manifesta-se em expressão consciente ou
através de complexos mecanismos de auto-
punição inconsciente.
Suas raízes podem estar fixadas no pretérito -
erros e crimes ocultos que não foram justiçados
- ou em passado próximo, nas ações da
extravagância e da delinquência.
Geradora de graves distúrbios, a culpa deve ser
liberada a fim de que os seus danos
desapareçam.
A existência terrena é toda uma oportunidade
para enriquecimento contínuo. Cada instante é
ensejo de nova ação propiciadora de
crescimento, de conhecimento, de conquista.
Saber utilizá-lo é desafio para a criatura que
anela pela evolução espiritual.
Águas passadas não movem moinhos - afirma o
brocardo popular, com sabedoria -.
As lembranças negativas entorpecem o
entusiasmo para as ações edificantes, únicas
portadoras de esperança para a liberação da
culpa.
Desse modo, quem se detém nas sombrias
paisagens da culpa ainda não descobriu a
consciência da própria responsabilidade perante
a vida, negando-se à benção da libertação.
Sai da forma do arrependimento e age de
maneira correta, edificante.
Reabilita-te do erro através de ações novas que
representam o teu atual estado de alma.
A soma das tuas ações positivas quitará o débito
moral que contraíste perante a Divina
Consciência, porquanto o importante não é a
quem se faz o bem ou o mal, e sim, a ação em si
mesma em relação à harmonia universal.
A culpa deve ser superada mediante ações
positivas, reabilitadoras, que resultarão dos
pensamentos íntimos enobrecedores."


Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Momentos de Meditação

Consciência e Caráter

Consciência e Caráter


A eleição dos valores ético-morais e a identificação dos objetivos da vida, bem como a seleção das qualidades que estabelecem os critérios formadores do ser, caracterizam o surgimento da consciência. A sua vigência e desenvolvimento decorrem dos episódios que se repetem, produzindo a fixação das conquistas encarregadas de incrementar o progresso do espírito, sem demorados estágios nas províncias do sofrimento, que é legado da ignorância.

Toda realização pensada, sentida e cultivada, dá surgimento à memória, que imprime as impressões mais fortemente experimentadas.

A criatura humana deve preocupar-se, no bom sentido, com as emoções e acontecimentos positivos, de forma a guardar memórias que contribuam, por estímulos, para o próprio engrandecimento, para a harmonia pessoal.

Acossada, porém, pelo medo e pelo costumeiro pessimismo, que se atribui contínuas desventuras, passa com ligeireza emocional pelas alegrias, enquanto se detém nos desencantos.

Convidada aos padrões de bem-estar, busca com sofreguidão o autoflagelo, utilizando-se de mecanismos masoquistas para inspirar compaixão, quando possui equipamentos preciosos que fomentam e despertam o amor.

Nega-se, por sistemática ausência de consciência, a empolgar-se com a luz, a beleza, o sentido da vida, entregando-se aos caprichos da rebeldia, filha dileta do egoísmo insatisfeito.

Acreditando tudo merecer, atribui-se méritos que não possui e recusa-se a conquistá-los.

Compara-se com aqueloutros que vê sem diferentes patamares, sem dar-se ao cuidado de examinar os sacrifícios que foram investidos, ou que sentem, quem lá se encontra, estabelecendo conceitos de felicidade, conforme pensa que as outras usufruem.

Este é um estágio que remanesce do primitivismo do instinto, antes da fixação da consciência.

Aprisiona-se aos atavismos dos quais se deveria libertar, e cerra as possibilidades que lhe facultam os vôos mais altos do sentimento e da razão. A alternativa da desdita e a perturbação da consciência tornam-se inevitáveis, gerando um comportamento que conduz à alienação.

A consciência é uma conquista iluminativa. A sua preservação resulta do esforço que estabelece o caráter do ser.

Todos os seres passam pelos mesmos caminhos e experimentam equivalentes desafios. O comportamento, em cada teste, oferece a promoção ou o estacionamento indispensável à fixação da aprendizagem. A conquista, portanto, do progresso, é pessoal e intransferível, o que é lei de justiça e de equanimidade.

Cada um ascende através dos impulsos sacrificiais que desenvolva.

Fixa, nos painéis da memória, os teus momentos de júbilo, por mais insignificantes sejam. A sucessão deles dar-te-á uma vasta cópia de emoções estimuladoras para o bem.

Esquece os insucessos, após considerares os resultados proveitosos que podes haurir.

Quando algo de bom, de positivo te aconteça, comenta sem estardalhaço, revive e deixa-te penetrar pelo seu significado edificante.

Quando fores visitado pela amargura, o desencanto, a dor ou a decepção, procura superar a vicissitude e avança na busca de novos relacionamentos, evitando conservar ressentimentos e detalhes infelizes.

Não persistas nos comentários desagradáveis, que sempre ressumam infelicidade.

Por hábito doentio, as pessoas se fixam nas ocorrências malsãs, abandonando as lembranças saudáveis. Perdem, assim, as memórias superiores e acumulam as reminiscências perturbadoras, que ocupam os espaços mentais e emocionais, bloqueando as amplas áreas de desenvolvimento da consciência.

Os episódios de consciência, de pequeno ou grande porte, formam o caráter que é a linha mestra de conduta para a vida.

A consciência consegue descobrir os valores mais insignificantes e torná-los estímulos positivos para outras conquistas.

A decisão e o esforço empregados para alcançar novas metas evolutivas desenvolvem o caráter moral, sem o qual falham os mais bem elaborados planos de triunfo.

O caráter saudável, disciplinado e responsável define o homem de bem, verdadeiro protótipo, que não se detém nem desiste quando lhe surgem obstáculos tentando dificultar-lhe o avanço.

Necessitas levar adiante os planos bons, de desenvolvimento moral e espiritual, já registrados pela tua consciência.

Não dês trégua à indolência, nem te apóies em evasivas ou justificativas irrelevantes.

Identificado o dever, acorre a ele e executa-o.

Realmente preocupado com o progresso do espírito, Allan Kardec indagou aos Mentores Elevados, segundo consta da questão n° 674 de O Livro dos Espíritos:

-A necessidade do trabalho é lei da natureza?
-O trabalho é lei da natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidade e os gozos.


Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Momentos de Meditação

Aquisição da Consciência

Aquisição da Consciência



O momento da conscientização isto é, o instante a partir do qual consegues discernir com acerto, usando como parâmetro o equilíbrio, alcanças o ponto elevado na condição de ser humano.

Efeito natural do processo evolutivo, essa conquista te permitirá avaliar fatores profundos como o bem e o mal, o certo e o errado, e o dever e a irresponsabilidade, a honra e o desar, o nobre e o vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade e a libertinagem.

Trabalhando dados não palpáveis, saberás selecionar os fenômenos existenciais e as ocorrências, tornando tuas diretrizes de segurança aquelas que proporcionam bem-estar, harmonia, progresso moral, tranqüilidade.

Essa consciência não é de natureza intelectual, atividade dos mecanismos cerebrais. É a força que os propele, porque nascida nas experiências evolutivas, a exteriorizar-se em forma de ações.

Encontramo-la em pessoas incultas intelectualmente, e ausente em outras, portadoras de conhecimentos acadêmicos.

Se analisarmos a conduta de uma especialista em problemas respiratórios, que conhece intelectualmente os danos provocados pelo tabagismo, pelo alcoolismo e por outras drogas adictivas, e que, apesar disso, usa, ele próprio, qualquer um desses flagelos, eis que ainda não logrou a conquista da consciência. Os seus dados culturais são frágeis de tal forma, que não dispões de valor para fomentar uma conduta saudável.

Por extensão, a pessoa que se permite o crime do aborto, sob falsos argumentos legais ou de direitos que se faculta, assim como todos aqueles que o estimulam ou o executam, incidem na mesma ausência de consciência, comportando-se sob a ação do instinto e, às vezes, da astúcia, da acomodação, mascarados de inteligência.

Outros indivíduos, não obstante sem conhecimento intelectual, possuem lucidez para agir diante dos desafios da existência, elegendo o comportamento não agressivo e digno, mesmo que a contributo de sacrifício.

A consciência pode ser treinada mediante o exercício dos valores morais elevados, que objetivam o bem do próximo, por conseqüência, e próprio bem.

O esforço para adquirir hábitos saudáveis conduz à conscientização dos deveres e às responsabilidades pertinentes à vida.

Herdeiro de si mesmo, das experiências transatas, o ser evolui por etapas, adquirindo novos recursos, corrigindo erros anteriores, somando conquistas.

Jamais retrocede nesse processo, mesmo quando, aparentemente, reencarna dentro das paredes de enfermidade limitadora, que bloqueiam o corpo, a mente ou a emoção, gerando tormentos.

Os logros evolutivos permanecem adormecidos para futuros cometimentos, quando assomarão, lúcidos.

A aquisição da consciência é desafio da vida é o autoconhecimento, que merece exame, consideração e trabalho.

A tua existência terrena pode ser considerada uma empresa que deves dirigir de forma segura, a mais cuidadosa possível.

Terás que trabalhar dados concretos e outros mais abstratos, na área da programação de atividades, e fim de conseguires êxito. Todo emprenho e devotamento se transformarão em mecanismos de lucro, a que sempre poderás recorrer durante as situações difíceis.

Algumas breves regras ajudar-te-ão no desempenho do empreendimento, tais:

. administra os teus conflitos. O conflito psicológico é inerente à natureza humana e todos o sofrem;

. evita eleger homens-modelos para seguires. eles também são vulneráveis às injunções que experimentas, e, às vezes, comprometem-se, o que, de maneira alguma deve constituir desestímulo;

. concede-te maior dose de confiança nos teus valores, honrando-te com o esforço para melhorar sempre e sem desânimo. Se erras, repete a ação, e se acertas, segue adiante;

. não te evadas ao enfrentamento de problemas usando expedientes falsos, comprometedores, que te surpreenderão mais tarde com dependências infelizes;

. reage à depressão, trabalhando sem autopiedade nem acomodação preguiçosa;

. tem em mente que os teus não são os piores problemas, eles pesam o volume que lhes emprestas;

. libera-te da queixa pessimista e medita mais nas fórmulas para perseverar e produzir;

. nunca cedas espaço à hora vazia, que se preenche de tédio, mal-estar ou perturbação;

. o que faças, faze-o bem, com dedicação;

. lembra-te que és humano e o processo de conscientização é lento, que adquirirás segurança e lucidez através da ação contínua.

Interessado em decifrar os enigmas do comportamento humano, Allan Kardec indagou aos Benfeitores e Guias da Humanidade, conforme se lê em O Livro dos Espíritos, na questão número 621:

- Onde está escrita a lei de Deus?

- Na consciência. - Responderam com sabedoria.

A consciência é o estágio elevado que deves adquirir, a fim de seguires no rumo da angelitude.


Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco

Consciência e Evolução - Joanna

Consciência e Evolução

O despertar da consciência faculta a
responsabilidade a respeito dos
atos, face ao desabrochar dos códigos divinos
que jazem em germe no ser.
Criado simples e ignorante , o espírito tem como
fatalidade a perfeição
que lhe está destinada. Alcançá-la com rapidez
ou demorar-se por
consegui-la, depende da sua vontade , do seu
livre-arbítrio.
Passando pela fieira da ignorância , adquiriu
experiências mediante as
quais pode discernir entre o que deve e o que lhe
não é lícito realizar,
optando pelas ações que lhe proporcionem
ventura, bem-estar, sem os
efeitos perniciosos, aqueles que se tornam
desgastantes, afligentes.
Desse modo, torna-se responsável pelo seu
destino, que está a construir,
modificar, por meio das decisões e atitudes que
se permita.
O bem é-lhe o fanal , e este se constitui de tudo
aquilo que é conforme
as leis de Deus, que são naturais, vigentes em
toda parte.
A herança da ignorância primitiva prende-o no
mal, que é contrário à lei
de progresso, não , porém, retendo-o
indefinidamente e
impossibilitando-o de ser feliz.
Cumpre-lhe , portanto envidar esforços e romper
os elos com a
retaguarda, avançando nas experiências
iluminativas, a principio com
dificuldade, face à viciação instalada, para depois
acelerar os
mecanismos de desenvolvimento, por força
mesmo do prazer e alegria
fruídos.
Lentamente, em razão da própria consciência ,
descobre os tesouros
preciosos que lhe estão à disposição e dos quais
pode utilizar-se com
infinitos benefícios.
Saúde e doença , paz e conflito, alegria e tristeza
podem ser elegidos
através do discernimento que guia as ações. Sem
essa claridade, os
estados negativos tornam-se-lhe habituais e ,
mesmo quando
estabelecidos, podem alterar-se através do
empenho empregado para
vence-los.
Nunca te entregues à desesperança, ao
abandono. Não és uma pedra solta,
no leito do rio do destino, a rolar
incessantemente. Tens uma meta, que
te aguarda e que alcançarás.
Penetra-te , mediante a reflexão, e descobre as
tuas incalculáveis
possibilidades de realização.
Afirma-te o bem , a fim que o seu germe em ti
fecunde e cresça. Serás o
que penses e planejes, pois que da tua mente e
do sentimento procedem os
valores que são cultivados.
O teu estado natural é saúde. As enfermidades
são os acidentes de
trânsito das ações negativas, propiciando-te
reabilitação. È
indispensável manteres atenção e cuidado na
conduta do veículo carnal.
Assim , pensa no bem-estar, anela-o,
estimulando-o com realizações
corretas.

A tua constituição é harmônica. Os desequilíbrios
são ocorrências, na
corrente elétrica do teu sistema nervoso, por
distorção de carga que as
sensações cultivadas proporcionam . Mantém os
interruptores da
vigilância ligados, a fim de que impeçam as altas
voltagens que os
produzem.
Em tua origem és luz avançando para a grande
luz. Só há sombras porque
ainda não te dispuseste a movimentar os
poderosos geradores de energia
adormecida no teu interior. Faze claridade,
iniciando com a chispa da
boa vontade e deixando-a crescer até alcançar
toda a potência de que
dispõe.
O amor é o teu caminho, porque procede de
Deus, que te criou. Desse modo
verticaliza as tuas aspirações e agiganta os teus
sentimentos na
direção da causalidade primeira.
Tudo podes, se quiseres.
Tudo lograrás se te dispuseres.
Buscando penetrar na ordem das divinas leis que
propiciam o
entendimento da vida, ALLAN KARDEC interrogou
as venerandas entidades,
conforme registrou na questão 117 de O Livro
dos Espíritos :
Depende dos espíritos o progredirem mais ou
menos rapidamente
para a perfeição ?
Certamente. Eles a alcançam mais ou menos
rápido conforme o
desejo que têm de alcança-la e a submissão que
testemunham à vontade de
Deus. Uma criança dócil não se instrui mais
depressa do que outra
recalcitrante?




Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Momentos de Consciência

A Dualidade

AS 3 ETAPAS DA ALMA NA EVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA

http://estaremsi.com.br/as-3-etapas-da-alma-na-evolucao-da-consciencia/

Existem processos de transformação dentro da evolução da Consciência que se apresentam em três níveis de desenvolvimento. Para estes diferentes níveis de desenvolvimento do estado e das funções da Consciência, aparecem sinais completamente diferentes uns dos outros. Se somos capazes de perceber esses sinais característicos, podemos facilmente reconhecer em que estado de desenvolvimento da Consciência estamos: daConsciência comum, da desperta ou do nível da liberdade total.

1. O nível da Consciência Ordinária

Man's ConsciousEste é o nível mais baixo do processo evolutivo da Consciência. A Consciência comum está enraizada no tempo passado e nutre-se dele. O momento atual é menos importante para ela, que serve apenas como uma porta de entrada que conduza a um futuro que almejamos. Um futuro que seja uma versão melhorada e embelezada do passado; um futuro em que seremos bem sucedidos em todas as coisas que falharam no passado. Para a Consciência ordinária, apenas o passado e o futuro existem, vivendo e alimentando-se deles.
Neste estado de consciência a valorização e opinião dos outros são muito importantes para nós. Queremos satisfazer as expectativas dirigidas a nós e temos o prazer de atuar nos papéis sociais que são ditados pela nossa comunidade.
Nós prosperamos para sermos bons pais, bons maridos ou esposas, funcionários úteis e cidadãos cumpridores da lei. Nossa vontade de desempenhar esses papéis é causada pela nossa completa identificação com essas funções. Toda a nossa identidade é com base nesses papéis  Nós não olhamos para as verdadeiras respostas da pergunta “Quem sou eu?”; Estamos contentes de sermos ditados pelos outros.
No estado de Consciência ordinária, o caráter dominante da nossa vida é o Ego; queremos torná-lo maior, mais brilhante e mais individual. É por isso que estamos aprendendo e reunindo o conhecimento de outros, até o fim da nossa vida, na crença de que vamos, portanto, nos tornarmos mais e mais inteligentes. Ainda assim, tornamo-nos menos e menos auto-confiantes, e não temos coragem suficiente para enfrentar os desafios da vida da nossa própria maneira. Precisamos, portanto, de um guia, um apoio. Não desejamos a completa liberdade, seguindo assim, regras pré-determinadas e respeitando a autoridade.

2. O nível da Consciência Desperta

consciencia desperta estar em siO advento desse nível é indicado por momentos em nossa vida quando acordamos de nossa vida comum, e reconhecemos a realidade que, de fato, vivemos no cativeiro de nossos pensamentos, emoções e papéis sociais.
Sob o efeito desses momentos, um profundo desejo de liberdade e verdade surge em nós. Então, começamos a procurar os caminhos que levam à liberdade desejada. Temos a intenção de nos tornarmos mais conscientes e alertas, para encontrar a verdade por nós mesmos sobre quem somos e qual é nossa missão no mundo.
Nós já não queremos obedecer velhas regras, líderes, tradições e antigas autoridades. Não aceitamos mais teorias prontas e explicações de segunda mão. Já não queremos mais depender da opinião dos outros. Em vez disso, queremos adquirir conhecimentos e experiências do mundo, por nós mesmos. Temos o prazer de descobrir coisas novas e de embarcar em jornadas sem os velhos medos.
É nesse nível que o auto-controle real é criado em nós. Este auto-controle não está enraizado no medo de punição ou esperança de recompensa. Muitas pessoas são capazes de desenvolver um alto grau de auto-controle sobre o medo do inferno ou da esperança do paraíso, ou simplesmente porque querem trabalhar em conjunto com algo que consideram ser maior do que eles mesmos. Este tipo de autocontrole, no entanto, só produzem resultados temporários, uma vez que é a baseado na supressão. Sua manutenção exige de nós um esforço constante. Se, por algum motivo, o grau deste esforço declina, desejos reprimidos como raiva e outras emoções, explodem, causando-nos ainda mais sofrimento. 
O verdadeiro Auto-controle não nasce em nós, vindos da supressão, mas a partir do reconhecimento e entendimento do significado da vida. Esse tipo de auto-controle irá libertar a nossa Consciência do estado de identificação com o mundo de modelos e formas. Ele vai criar um espaço entre nós e as funções da mente, e nesse espaço nasce a capacidade de ver e compreender.
O verdadeiro Auto-controle não tem nenhuma regra e não há ninguém por perto para nos dizer como fazer isso. Todos devem criar esse auto-controle em si mesmos, sem qualquer pressão externa, deixando de lado todos os tipos de autoridades e usando a experiência pessoal.
Tudo que foi criado para nós por outras pessoas é transitório, mas o que criamos para nós mesmos será duradouro e permanente. Todos devem encontrar por si mesmos o que estão procurando.

3. O nível da Liberdade Total

11203147_815431031876610_3670852707891504366_nEste é o pico mais alto na evolução da Consciência. A característica mais importante deste nível é o estado de alerta, a aceitação do momento presente, uma abertura para a existência e uma celebração da vida.
Neste estado de Consciência uma dimensão inteiramente nova da existência se abre para nós, mostrando-nos a Existência de uma perspectiva completamente nova. A unidade por trás das controvérsias é revelada bem na frente dos nossos olhos, e não mais insistimos em olhar só para o lado ensolarado da vida, como somos capazes de descobrir a beleza no lado escuro também.
Aceitamos a vida como ela é, e isto não acontece sob pressão, já que a aceitação é o resultado da nossa liberdade completa. A liberdade é, por sua vez, um fruto da nossa fuga do mundo de modelos e formas.  Temos entendido e experimentado o processo do despertar.  O tempo chegou para assumirmos o controle sobre nossa mente sempre que for exigida pelas circunstâncias. Quando não precisamos diretamente do trabalho da mente, vamos dar-lhe algum descanso.
Tudo acontecerá calma e pacificamente em nós. Estamos além de tudo que é do bem e do mau, somos uma mera consciência que não analisa ou julga, apenas contempla. Nós percebemos que a mesma alma contemplativa vive em todos, então as diferenças entre os seres humanos são apenas superficiais, e que no fundo somos todos iguais. Vivenciando essa unidade nos trará o êxtase da Vida, a perfeita alegria da Existência.
EdiçãoShakyamuni

JUNG: AS CINCO ETAPAS DA CONSCIÊNCIA

A primeira etapa é caracterizada pela participation mystique (termo tomado do antropólogo francês Lévy-Bruhl). Refere-se a identificação entre a consciência do indivíduo e seu mundo circundante. Ex: Quando o carro tem algum problema, o proprietário fica doente, ou tem dores no estômago. Isso acontece por estarmos vinculados inconscientemente ao mundo que nos cerca. Neste sentido, a primeira etapa da consciência é equivalente á última etapa; a unificação com o TODO. O mundo de um bebê é extremamente unificado. Ele considera que a mãe é parte integrante dele, que não há limites entre ele e um móbile acima do berço. Chamamos a isso de projeção. A maioria das pessoas estão vinculadas às suas famílias, e há identificação quando o filho ou o marido acha que é dono da mulher.

Na segunda etapa, já é possível perceber os limites, a diferenciação sujeito/objeto eu/você. Mas isso não significa que a projeção foi superada, apenas passou a ser mais localizada. Note que as etapas não são exatamente superadas, mas interpoladas. É por isso que um adulto possa ter a mesma identificação com a esposa ("ela é minha") que tinha com a mãe, quando bebê. Mãe, brinquedos favoritos, objetos brilhantes... pessoas especiais são escolhidas e distinguidas. Os pais passam a ser objeto de adoração, e representam a onipotência e onisciência. Jung chamou a isso de projeções arquétipicas: "Papai é super forte, e pode fazer qualquer coisa! Mamãe me ama incondicionalmente!". A chocante revelação de que os próprios pais não sabem de tudo ocorre na adolescência, e então, durante um certo tempo, os pais estão "completamente por fora" (outro tipo de projeção). Também projetamos em irmãos (daí a rivalidade) e professores (daí as paixões, ou aversões).

Na terceira etapa a pessoa se dá conta que os portadores das suas projeções específicas não correspondem a essas projeções. As pessoas ficam desidealizadas, e o mundo perde muito do seu primitivo encanto. O conteúdo psíquico projetado torna-se abstrato, e manifesta-se através de símbolos e ideologias. O jovem entra pra uma banda, vira rebelde sem causa, usa drogas, manda toda a "sociedade" pra PQP, ou então vira um místico ou religioso. Nesse caso a onisciência e onipotência, antes atribuídas aos pais ou professores, são projetadas em entidades abstratas, como Deus, Destino, Anjos, Verdade ou Bob Marley. Filosofia e Teologia tornam-se possíveis. A Lei, ou a Revelação, passam a estar investidos de projeções arquétipicas, deixando o mundo concreto como algo neutro. A pessoa passa a não temer inimigos, pois quem está no controle é Deus, ou acha que pode manipular e assumir o controle do mundo racionalmente, porque ele obedece às leis da natureza. A empatia com as pessoas tende a diminuir, por não interessar o sofrimento de fulano com sicrano, mas sim as idéias vigentes para o bem comum. Ex: Uma pessoa faz uma coisa ecologicamente certa, não porque lhe doa no íntimo assistir à destruição do mundo natural, mas sim porque é o correto social e moralmente pra solucionar os problemas do mundo. Enquanto uma pessoa achar que Deus vai premiá-la ou puni-la, ela está na etapa 3 do nível da consciência.

A quarta fase representa a extinção total das projeções, mesmo na forma de abstrações teológicas ou ideológicas. Essa extinção leva à criação de um "centro vazio" que Jung identifica com a modernidade. O sentimento de alma - antes grandioso, no sentido e propósito da Vida, de um "Deus íntimo" - é substituído por valores utilitários e pragmáticos (os demônios estão convertidos em sintomas psicológicos e desequilíbrios químicos cerebrais). O indivíduo contenta-se com breves momentos de prazer, ou entra em depressão por querer sempre mais. Nesta quarta etapa da consciência, natureza e história são vistas como o produto do acaso e do jogo aleatório de forças impessoais. Parece como se as projeções psíquicas tivessem desaparecido completamente, quando na verdade o próprio ego é que foi investido com os conteúdos previamente projetados em outros, em objetos e abstrações. Assim, o ego está radicalmente inflado na pessoa moderna e assume uma posição secreta de Deus Onipotente. Embora a pessoa moderna pareça ser razoável e estar assentada em bases firmes, na realidade está louca. Mas isso está escondido, uma espécie de segredo guardado até da própria pessoa.

Jung acreditava que essa quarta etapa era extremamente perigosa pela razão óbvia de que o ego inflado é incapaz de adaptar-se muito bem ao meio ambiente e, por isso mesmo, é passível de cometer catastróficos erros de julgamento. Embora isso seja um avanço da consciência num sentido pessoal ou mesmo cultural, é perigoso por causa do seu potencial para a megalomania. A pessoa da Etapa 4 já não é controlada por convenções sociais relacionadas, seja com pessoas, seja com valores. Por isso o ego pode considerar possibilidades ilimitadas de ação. Isso não significa que todas as pessoas modernas sejam sociopatas, mas as portas para tal estão bem abertas...

Nem todo mundo chega à etapa 4. De fato, muitas pessoas não podem suportar suas exigências. Outras consideram-na maléfica. Os fundamentalismos do mundo insistem em manter-se aferrados às etapas 2 e 3, por temerem os efeitos corrosivos da etapa 4 e o desespero e vazio que ela engendra. Mas é uma verdadeira façanha psicológica quando as projeções têm de ser removidas a esse ponto e os indivíduos assumem responsabilidade pessoal por seus destinos. A armadilha é que a psique passa a estar escondida na sombra do ego. Mas tudo é evolução, e essas etapas são necessárias para o desenvolvimento da consciência. A pessoa que chegou na etapa 4 sem cair numa inflação megalomaníaca passa, na avaliação de Jung, por uma notável transformação.

Na quinta etapa temos a reunificação de consciente e inconsciente. Há um reconhecimento consciente da limitação do ego e uma clara percepção dos poderes do inconsciente; e torna-se possível uma forma de união entre consciente e inconsciente através do que Jung chamou a função transcendente e o símbolo unificador. A psique unifica-se mas, contrariamente à etapa 1, as partes permanecem diferenciadas e contidas na consciência. E, também ao contrário da etapa 4, o ego não é identificado com os arquétipos: as imagens arquetípicas continuam sendo o "outro", não estão escondidas na sombra do ego. São vistas agora como "aí dentro", ao invés da etapa 3, onde estão "lá fora" (em algum lugar no espaço metafísico), e não são mais projetadas em algo externo.

Oficialmente, Jung deteve-se na etapa 5, embora em numerosos lugares indique que considerou a realização de novos avanços para além dela. Há sugestões em seus escritos para o que poderia ser considerado uma sexta e talvez até uma sétima etapa. Por exemplo, no seu Seminário de Yoga Kundalini, realizado em 1932, Jung reconhece claramente a realização de estados de consciência no Oriente que superam amplamente o que é conhecido no Ocidente, e que poderia ser considerado uma etapa 7 potencial.


Fonte: Jung e o mapa da alma, de Murray Stein

Referência: Jung e a Nova Era parte 1; parte 2; parte 3; parte 4;
Symbolon: Estudos Junguianos

Evolução da Consciência


Carl Jung (1875-1961).

- Solidão não vem do fato de não ter pessoas a sua volta, mas da sua incapacidade de conseguir comunicar o que é importante pra você.

- Ser normal é o melhor objetivo para não ter sucesso.

- A primeira parte da vida é virada para criar um ego saudável  a segunda parte é ir para dentro de si e deixa-lo ir embora.

- Se a nossa religião é baseada na salvação, nossas emoções mais fortes serão medo e insegurança. Se a nossa religião for baseada em admirar a existência, então nossa emoção mais forte será gratidão.

- O que geralmente tem mais efeito psicológico na criança é a vida que os pais não viveram.

- Não existe como criar consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, não importa o quão absurdo seja, para evitar encarar a própria alma. Não nos tornamos iluminados imaginando figuras de luz, mas criando consciência da escuridão.

- O homem que é inconsciente de si mesmo age de maneira cega, instintiva, e ainda, é enganado por todas as ilusões que aparecem quando ele projeta tudo que está inconsciente nele mesmo sobre o seu vizinho.

- O artista não é uma pessoa com livre arbítrio, que busca o seu próprio beneficio, mas aquele que permite que a arte realize o seu propósito através dele. Como ser humano, ele tem humores, vontade, e objetivos pessoais, mas como artista, ele é “humano” em um sentido elevado: Ele é um “humano coletivo”, um veiculo e um moldador da vida psíquica inconsciente da raça humana.

- Eu não sou o que aconteceu comigo, eu sou o que escolhi me tornar.

- Até onde conseguimos discernir, o único proposito da existência humana é criar uma faísca de luz na escuridão de simplesmente existir.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Chico e Ignez de Castro



Chico e Ignez de Castro
O romance Ignez e Pedro, que editamos em dezembro de 2013, nasceu de longos papos com Francisco Cândido Xavier e relata a vida extremamente simples da bela Ignez de Castro, embora o poder real a visse como séria ameaça ao reino de Portugal. As alegadas razões de Estado para a sua morte permanecem inexplicadas.
Chico Xavier jamais escondeu seu fascínio pela dama galega, decapitada a 7 de janeiro de 1355, deixando o marido enlouquecido e três filhos pequeninos.
Nos velhos tempos de nossa convivência, Chico discorria sobre Ignez com lágrimas nos olhos. E falava-nos, também, com carinho inexcedível, de Maria João de Deus, sua mãe, e de Isabel de Aragão, a santa rainha que a comunidade da península Ibérica tanto respeita.
Lembra-me, especialmente, certa ocasião em que Chico, emocionadíssimo, relatoume com detalhes a cena que se seguiu à brutal morte de Ignez, ocorrida na presença dos filhos tão pequenos, da aia Ana, da irmã Maria do Convento de Santa Clara e do espírito de Isabel de Aragão. Não estava presente Pedro, seu esposo, envolvido em uma caçada com o cunhado Álvaro, a poucos quilômetros do local onde Ignez perdera a vida.
Ignez de Castro foi cruelmente degolada nas primeiras horas da manhã fria de uma quarta-feira, daquele trágico 7 de janeiro.
O que ouvi do Chico consta do capítulo Inês e Isabel, do livro Ignez e Pedro e reproduzo a seguir:
Surgiam as claridades do dia naquela manhã que enlutava toda Coimbra. Respirava- se imensa tristeza.
O carrasco cumprira sua missão e afastara-se, envergonhado, levando o cepo e o machado que martirizaram Inês. Os algozes se retiraram do pátio com a estranha sensação do dever cumprido...
Ana, atônita, desesperada ante a terrível cena que presenciara, envidava todos os esforços para ocultar Inês desfigurada às inocentes crianças, apesar da rebeldia do mais velho.
João Álvaro, apavorado, presenciou a decapitação da mãe, pois desgarrou-se de Ana, que fizera de tudo para segurá-lo.
Em eloquente mudez, estavam também presentes as caridosas irmãs do mosteiro.
Dentre elas uma se destacava pelo zelo e carinho com que procurava recompor o corpo de Inês, para conduzi-lo, com desvelo, à igreja do convento de Santa Clara.
Seu nome?
Maria! Tornara-se clarissa pelas mãos de Isabel. Sua caminhada, nos séculos vindouros, se interligaria à de Inês para toda a eternidade, sob as bênçãos da Rainha Santa.
O silêncio era sepulcral, e somente o interrompiam os soluços contidos das poucas pessoas presentes naquele ambiente de dor...
Serviçais reconhecidas à jovem dama lavavam, desconsoladas, o pátio do paço, onde o sangue da mártir se espalhava por toda parte.
Até mesmo a natureza prestava sua última homenagem à criatura de Deus cuja vida fora ceifada com tamanha violência:
Ali, bem próximos, na Quinta das Lágrimas, encontravam-se tentilhões em fuga dos rigores do frio do norte europeu, na ansiosa busca do inverno mais brando em Coimbra. Mas, não se ouvia o seu forte gorjeio tenoril.
Igualmente estavam ausentes o farfalhar das agitadas toutinegras e o alarido dos tordos. Silentes, abrigavam-se esses pássaros na ramaria dos carvalhos e plátanos, solidários a Inês naquele momento de infinita dor...
E Inês de Castro?
Onde se encontrava a mulher de olhar penetrante, que procurou, de todas as formas possíveis, evitar aqueles assustadores momentos, suplicando a atenção de Pedro para as tramas palacianas? Onde estaria Inês, que não conseguira sensibilizar o esposo com suas aflitivas premonições?
Já repousava na igreja do convento...
Do verde aguado do lençol translúcido que a cobria, emanava um quê de misteriosa paz. Isabel, vindo das Alturas Celestiais, desde a chegada dos algozes no paço de Santa Clara, ainda de madrugada, não se afastara de Inês em momento algum.
Enquanto as clarissas oravam ao Senhor, em comovente silêncio, irmã Maria divisou no recinto uma suave claridade que cobria toda a ambiência. E exclamou, levando a mão à boca na tentativa de conter a voz:
— Estou a ver a Rainha Santa, nossa protetora, nimbada de luz!
Isabel de Aragão contemplou-a com o olhar triste, sem nada dizer, em respeito à grave situação, e permaneceu junto ao corpo dilacerado da jovem martirizada, ajeitando Inês, já despojada do veículo físico, com desvelo em seu regaço. A santa soberana afagava Inês, beijando-a e acariciando seus cabelos com inexcedível ternura.
Em determinado momento, achegou-se um pouco mais do seu rosto, tão belo, e falou-lhe:
— Filha querida! Roguei tanto a Maria, nossa Mãe Santíssima, que me permitisse estar junto a ti!
Inês, decapitada, estava atordoada pela anestesia ministrada por caroáveis médicos da Vida Maior. Atentos e zelosos, seguiam de perto a Rainha Santa desde os primeiros instantes da tragédia.
Isabel permaneceu demoradamente em prece, apondo-lhe sobre a fronte suas mãos evanescentes.
A inocente vítima, aturdida, despertou sem nada compreender. As lágrimas brotavam de seus olhos glaucos.
Descrever sua beleza com nosso restrito acervo de palavras é impossível.
Seus longos cabelos estavam viçosos como sempre, qual se nada lhe tivesse ocorrido...
Assim como as flores no Plano Espiritual se revestem de matizes mais vivos que os da Terra, o rosto de Inês, agora sereno, estava arrebatador e mostrava-se diverso daquele que rolara minutos atrás, ante a cruel agressão do machado.
Do ouro dos cabelos e da face alva irradiava sutilíssima claridade que realçava o verde dos olhos tão belos.
Lembrava aquela Inês dos saudosos tempos, os da Quinta de Canidelos, de longe o período mais feliz de sua vida. Era quando Pedro a contemplava, qual se dirigisse o olhar a uma deusa, cujo sorriso exalava a paz que lhe reconfortava o espírito sempre atribulado.
Seu implemento físico restara destruído no pátio do paço da rainha, mas seu espírito estava vivo para a eternidade, aconchegado ao colo de Isabel.
Ao sentir as vibrações da santa rainha, ainda vacilante e indecisa, com extrema dificuldade, mal refeita do golpe de Brás, Inês conseguiu falar, reconhecendo a benfeitora:
— A senhora é Isabel de Aragão!
Eu vos reconheço pela descrição que ouço sempre de Pedro, destacando-vos a beleza e o olhar bondoso. Recordo-me também de vossa voz, tranquilizando-me, quando me achava febril, após o enlace de Pedro e Constança na Sé de Lisboa... Há quanto tempo, meu Deus!
Por favor, suplico-vos, trazei Pedro e as minhas crianças. Preciso vê-los! Sinto-me desmemoriada, cansada, com a sensação de que violento impacto atingiu-me. E, num último esforço, já abatida pelo cansaço, sussurrou:
— Graças a Deus, isso não aconteceu...
Isabel, não desejando assustá-la, respondeu com muito afeto, sem mencionar o que ocorrera:
— Sim, minha querida filha, sou Isabel. Precisas descansar um pouco.
Ofegante, Inês solicitou-lhe:
— Minha senhora, por misericórdia, antes trazei Pedro e as crianças.
Isabel ponderou:
— Minha filha tão amada! Que emoção reter-te em meus braços. Jesus permitiu-me que ficasse a teu lado nessa manhã que tanto significa para nós.
Doravante estaremos sempre juntas. Afinal tu és um pedaço do meu coração, minha criança. Acompanho-te há tempos que se perdem no imensurável passado. Tem paciência, rogo-te. Logo Pedro e os filhinhos virão. Tu careces de longo repouso, para retomar as energias combalidas. Trouxe comigo tua mãe para ficar a teu lado.
Num grande sobressalto, Inês, emocionada com o devotamento da Rainha Santa, divisou o vulto de D. Aldonça destacar-se no ambiente iluminado e abraçá-la com todas as forças de seu coração.
Apenas conseguiu dizer:
— Mãe, desde a meninice não vos vejo!
Então, com um travo de amargura, Inês a tudo compreendeu: já deixara o seu corpo na Terra...
— Anjo de minha vida, viestes buscarme? Ides levar-me ao Céu?
— Filha querida, já estamos no Céu. Tua profunda afeição a Pedro e às crianças e tua vida de renúncia fazem-te merecedora da presença de Isabel, um céu em nossas vidas.
Peço-te um pouco de paciência; logo reverás as criaturas que tanto amas, porém é preciso partir. Não te preocupes, pois estarei sempre vigilante ao lado de Ana, amparando a Pedro, Beatriz, João e Dinis.
Por favor, acompanha Isabel.
Inês segurou-lhe a mão com tamanha determinação que D. Aldonça dirigiu o olhar em súplica à Rainha Santa, rogando ajuda.
Nesse momento, surgiu no ambiente uma faixa etérea de um azul suave, desenhando o caminho a ser percorrido em direção a paragens celestiais.
Isabel fez Inês adormecer e conduziu-a, volitando sobre essa esteira de luz, a acolhedor recanto, onde lhe preparara com afeto um leito aconchegante.
Quem estivesse presente veria duas grandes almas de incomum beleza seguirem juntas.
Uma com as marcas do sofrimento, embora atenuadas, a lhe fatigar o rosto adormecido. Outra, levando consigo um presente de Deus, que conduzia com extremo cuidado. Era a mais bela rosa de seu jardim...
A precisão de repouso se fazia mister para o socorro imediato à jovem heroína, em decorrência de sua violenta e brusca separação do corpo. Era essencial que ela se desligasse do mundo que não a compreendera.
E Inês descansou.
Enquanto Isabel de Aragão ascendia aos Céus com aquele anjo ao colo, vozes harmoniosas de espíritos alcandorados seguiram- na, entoando hinos de louvor ao Divino Mestre:
— Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra!...
E foi assim que Portugal perdeu a oportunidade de viver sob a proteção de uma rainha que, inspirando o marido, traria paz e solidez ao reino, amparo e esperança ao povo, sobretudo à gente sofrida dos campos, que ela tanto amava.
Seria ela a discípula da santa rainha, seguindo-lhe o exemplo e auxiliando Pedro a exercer seu mandato real.
Isabel sempre acompanhara as deliberações de D. Dinis, sobretudo batendo-se com firmeza para atenuar ou evitar as guerras e mostrando-lhe, com sua sublime atuação em favor dos desafortunados, ser imprescindível a tolerância em suas decisões.
Inês, após quase três meses de repouso e reintegração à vida no Além, sob os cuidados de Isabel, voltaria à Terra já refeita, para rever os filhos e permanecer junto a Pedro.
Sob a orientação da Rainha Santa, dedicou- se com devoção, para que o esposo pusesse fim à vingança contra o pai e selasse as Pazes de Canaveses.
Com essa interferência direta do Plano Espiritual, o reino renasceria da comoção dos tremendos embates que o sacudiram, tendo como causa apenas uma simples história de amor.
História tão simples, qual aquela de um casal enamorado que vive no casebre, ao sopé da montanha, com o riacho cristalino correndo ao lado e tendo como dossel as estrelas...
Pena, pena mesmo, que Chico Xavier, com sua imensa bondade, não mais esteja fisicamente conosco.
Nós espíritas temos muito a aprender com ele, que a tudo renunciou, servindo a Jesus ao longo de todo o século passado.
Se estivesse ainda conosco, ter-nos-ia Chico contado muito mais sobre Ignez e Isabel de Aragão, anjos que iluminavam o triste e obscuro período medieval, mergulhado na fome, nas pestes e nas guerras.
E também falar-nos-ia daqueles tempos longínquos, baldos de esperança na vida após a morte, que tanto os infelicitava, desenhada para o cidadão da Idade Média na figura do Céu inabordável e das chamas infernais.
A consoladora doutrina de Kardec, vivenciada plenamente pelo Chico, somente se materializaria séculos depois, descortinandonos a realidade da vida no Plano Espiritual e as bênçãos regeneradoras da reencarnação.
E mais, Chico buscou, com seu terno sorriso, mostrar-nos que podemos, sim, ser felizes na Terra, qual ele foi. Como?
Servindo à causa de Jesus, que nos ensinou sua mensagem de Vida Eterna nas pregações no Mar da Galileia, o imenso lago de margens recamadas de simples povoados, de tão grata recordação: Corazim, Cafarnaum, Magdala, Tiberíades, Betsaida...
Caio Ramacciotti