PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO
É a busca do ser humano pela individuação – e não individualismo -, pelo autoconhecimento, pela integração com os demais homens e com a natureza, pela vivência espiritual e pelo sentido da vida e da morte.
Essa busca é instintiva e herdada de nossos ancestrais, desde o início da humanidade.
Os sinais dessa busca estão expressos nas manifestações artísticas dos homens primitivos e seu registro percorre toda a história da civilização.
A efetivação do Processo de Individuação implica na integração entre o Eu e o Self, entre consciente e inconsciente.
Esse mecanismo psíquico de integração dos opostos no Processo de Individuação foi denominado por Jung de Função Transcendente.
O próprio Jung esclareceu que a Função Transcendente não é um processo metafísico, mas uma função teleológica instintivamente herdada.
Apesar de o Processo de Individuação possuir uma natureza teleológica, sua realização é possibilidade e não certeza.
Essa possibilidade está estreitamente relacionada por um lado à Função Transcendente – no sentido da prontidão do Eu e do Self para desencadear e dar curso ao Processo de Individuação – e, por outro lado, a realidades exteriores que podem facilitar ou dificultar – e mesmo impedir – a realização desse processo, tais como certas patologias psicológicas e orgânicas e determinados contextos ambientais e sociais.
Abaixo, introduzimos texto e imagens publicadas por Silvia Helena Cardoso: buscamos, assim, exemplificar, de forma prática, o aspecto negativo da realidade sobre o processo de individuação aludido por Ramos em seus apontamentos.
A progressiva fuga da realidade para a fantasia está expressa nas figuras abaixo. São de Louis Wain, artista plástico europeu do início deste século. Wain, desde jovem, costumava pintar retratos de gatos para calendários, albuns, cartões-postais, etc. Aos 57 anos, sua vida e sua arte apresentavam sintomas de psicose. Passou os últimos 15 anos da vida em instituições psiquiátricas. Os retratos dos gatos que pintava, tomou uma forma ameaçadora. Reveladores de seu estado psicótico são os olhos dos gatos, que miram fixamente com hostilidade, mesmo num de seus primeiros desenhos desta fase (primeira imagem). O psicótico geralmente acha que o mundo crava nele olhares hostis. Outro sinal é a fragmentação do corpo. As imagens do corpo sofrem uma estranha transformação na psicose e quase sempre são representadas com distorção.
Período Normal:
Período Psicótico:
O Processo de Individuação, portanto, não implica em individualismo(egocentrismo e egoísmo), muito pelo contrário, significa individuação, isto é, o indivíduo tornar-se consciente de si mesmo na relação com os outros, melhorando as relações intra e interpessoais.
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