Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 31 de março de 2011

VENTANIA ACALMADA - Pastorino

Mat. 8:18 e 23-27
18. Ora, vendo Jesus a multidão em redor de si, mandou
passar para a outra margem (do lago).
. . . . . . . . . . . . . . . . .
23. E entrando ele no barco,
acompanharam-no seus
discípulos.
24. Surgiu então no mar tão
grande agitação que as ondas cobriam o barco; mas
Jesus dormia.
25. Aproximando-se, os discí-
pulos o acordaram dizendo: "Salva-nos Senhor, que
perecemos"!
26. Ele lhes disse: "Por que
temeis, homens de pequena
fé'? Então erguendo-se, repreendeu os ventos e o mar,
e fez-se grande calmaria.
27. E os homens se maravilharam, dizendo: “Quem é
esse, que até os ventos e o
mar lhe obedecem"?

Marc. 4:35-41
35. Naquele dia, ao cair da tarde, lhes disse: "Passemos
para o outro lado (do
lago)".
36. Deixando eles a multidão,
levaram-no assim como estava no barco; e estavam
com eles outros barcos.
37. E levantou-se grande turbilhão de vento e as ondas
caíram no barco, de modo
que já se enchia.
38. E ele estava dormindo na
popa sobre o travesseiro; e
eles o acordaram e lhe perguntaram: "Mestre, não te
importas que pereçamos"?
39. Tendo ele acordado, repreendeu o vento e disse ao
mar: "Cala-te! Fica amordaçado"! E cessou o vento e
houve grande calmaria.
40. Então lhes perguntou: Por
que sois tão medrosos?
Como ainda não tendes
confiança"?
41. E eles, cheios de medo, diziam uns aos outros:
"Quem é este, que até o
vento e o mar lhe obedecem"?

Luc. 8:22-25
22. E aconteceu que, num daqueles dias, entrou num
barco com seus discípulos e
disse-lhes: "Passemos para
o outro lado do lago".  E
partiram.
23. Enquanto eles navegavam,
ele adormeceu. E desabou
um turbilhão de vento sobre o lago e o barco se encheu e estavam em perigo.
24. Aproximando-se, despertaram-no, dizendo: "Mestre,
Mestre, perecemos"! Tendo
ele acordado, repreendeu o
vento e a fúria da água, e
cessaram, e houve calmaria.
25. Então lhes perguntou:
"Onde está vossa confian-
ça"? Eles, aterrorizados,
admiraram-se, dizendo uns
aos outros: "Quem é este,
afinal, que manda aos ventos e à água e eles lhe obedecem"?


Ao cair da tarde, já tendo terminado o ensino, Jesus ordena que se passe “para o outro lado". A frase
era suficiente, num país como a Palestina, dividido ao meio de norte a sul pelo rio Jordão e seus lagos
(Mar Morto e Lago de Genesaré, o qual, no domínio romano, passara a denominar-se Mar de Tiberíades), formando a faixa ocidental (Cisjordânia) e a oriental (Transjordânia).


O evangelista anota o pormenor de que Jesus foi "assim como estava", ou seja, não desceu à terra para
apanhar o manto, recomendável numa travessia do lago durante o frio da noite, a 200 metros abaixo do
nível do mar, onde as variações climáticas são bruscas.
O lugar de honra situava-se na popa, perto do leme, e o passageiro sentava-se geralmente num tapete
velho, apoiando-se num travesseiro de couro. Recostando-se, cansado - embora a elevação espiritual
extraordinária, possuía um corpo físico, e portanto estava sujeito ao cansaço - adormeceu para refazer
as células fatigadas pelo trabalho exaustivo dos  últimos dias, sobretudo pelo magnetismo gasto nas
curas. Note-se que esta é a única vez em que os Evangelhos nos apontam Jesus a dormir.
O barco seguia normalmente sua rota para a margem oriental, quer impelida pelos remos, quer, mais
possivelmente, pela vela que aliviava os braços dos discípulos.
A agitação violenta das águas do Tiberíades, provocada por correntes de ar que descem pelo vale do
Jordão, são, ainda hoje, tão repentinas, que é difícil prevê-las. Marcos e Lucas a chamam lailaps, isto
é, um "turbilhão de vento".
Os barcos aprumam-se na crista das vagas de até dois metros, abatendo-se a seguir nos sorvedouros,
enquanto os vagalhões passam por cima do barco, "cobrindo-o" literalmente e perigosamente adernando-o. Não é incomum, porém, terminar como começou: rapidamente. Pelas palavras dos três evangelistas, é disso que se trata, e não propriamente de "tempestade" com chuvas e trovoadas. Era, pois, um
vendaval mais violento que os comuns, de modo a  assustar os pescadores, tão acostumados ao seu
lago, que lhes dava o sustento.
Segurando-se nos bancos, chegaram até Jesus e  o despertaram do sono, bastante pesado, a ponto de
não ter sentido a ventania. Após pequena repreensão aos discípulos pela falta de confiança manifestada, usando um termo que era corrente entre os rabinos e no linguajar de Jesus (oligÛpistoi), Jesus ergue-se e comanda aos ventos, em primeiro lugar, por serem a causa; e em seguida ao mar; e imediatamente fez-se acalmaria (em grego foi usado o termo técnico, galÈnÈ).
As ordens, citadas só por Marcos, são curtas. Ao vento: cala-te; ao mar, fica amordaçado. É difícil traduzir exatamente o termo grego pephimÙso, que é o imperativo perfeito passivo de phimÙo, tempo que
não possuímos nas línguas românticas, nem mesmo havia em latim.
Mesmo habituados a uma bonança relativamente rápida, o inesperado da cena ataranta os discípulos;
embora familiarizados com as curas e as desobsessões (também praticadas em larga escala pelos essê-
nios-terapeutas), não sabem explicar o poder de uma criatura humana sobre os elementos desencadeados em fúria, amainando-os de súbito. E vem-lhes a dúvida: "quem será, afinal, esse carpinteiro? Era
bom e compassivo, dominava as enfermidades e os espíritos, mas ... comandar assim a natureza? Isso
superava-lhes a capacidade de compreensão.
As interpretaÁıes mais comuns do trecho vÍm da antiguidade (cfr. Agostinho, Serm„o 68, Patrol. Lat
o, vol. 38 col. 424), de que a cena simboliza:
a) a igreja crist„ que, mesmo na tempestade, tem Cristo ao leme e, embora este pareÁa dormir, na
hora oportuna despertar· e salvar·;
b) a alma humana que, mesmo agitada pelas provaÁıes, n„o sucumbir· se recorrer a Cristo que nela
se encontra, embora no silÍncio do sono.
Outras aplicaÁıes ainda poderiam ser feitas, para situaÁıes semelhantes, mas o sentido profundo do
fato È o segundo, dado por Agostinho.
O espÌrito est· viajando no barco do corpo, atravessando o lago deste mundo com seus veÌculos (discÌpulos) e com frequÍncia repentinamente se levantam turbilhıes de vento que ameaÁam o naufr·gio
total. O Eu Profundo jaz adormecido na popa, deitado no travesseiro no imo do coraÁ„o. Quando,
entretanto, as circunst‚ncias se tornam desesperadoras, os veÌculos recorrem aos gritos ao Cristo
Interno - embora, muitas vezes, por ignor‚ncia, se voltem para fora, a fim de recorrer ao "santo" externo. No entanto, DEUS EM N”S est· atento a nossas necessidades e "sabe melhor do que nÛs aquilo
de que necessitamos" (cfr. Mat. 6:8) e socorre-nos sempre a tempo. E com direito, ao presenciar nossa afliÁ„o, nos repreende docemente: "por que Ès medroso? como ainda n„o tens confianÁa"?
Mas qu„o dificilmente se corrige o homem, adquirindo a impassibilidade da confianÁa inabal·vel de
quem SABE que CRISTO est· conosco, est· DENTRO DE N”S, e que vivemos a prÛpria vida Dele e
que, portanto, nenhum furac„o externo poder· atingir-nos!
Outra liÁ„o aÌ vemos ainda. Quando nosso EspÌrito se vÍ envolvido pelo vendaval das paixıes, originadas em nossos veÌculos inferiores; quando percebe, por exemplo, que as violentas emoÁıes de uma
paix„o ilÛgica o envolvem, prestes a fazÍ-lo soÁobrar, nenhum auxÌlio melhor pode ser-nos trazido: o
recurso ao Pai que em nÛs habita È o ˙nico que consegue acalmar as ondas de desejo desenfreado,
trazendo bonanÁa aos veÌculos etÈrico, astral e intelectual. O ensino È de profundo alcance e mostranos o caminho certo: ligaÁ„o com o Cristo Interno, fazendo-O ìdespertar" em nÛs, para que Ele, com
Sua palavra autorit·ria, faÁa cessar os desordenados e perturbadores Ìmpetos do tuf„o borrascoso
que esses corpos provocam, arriscando matar espiritualmente nosso "espÌrito", por fazÍ-lo afogar-se
em terrÌveis convulsıes de longos e penosos carmas.

Tempestade acalmada - Caibar

A TEMPESTADE ACALMADA



“E entrando Jesus na barca, seus discípulos acompanharam-no, e eis que se levantou no mar tão grande tempestade que as ondas cobriam a barca; mas Jesus dormia. Os discípulos, aproximando-se, acordaram-no dizendo: Salva-nos, Senhor, que perecemos. Ele lhes disse: Por que temeis, homens de pouca fé? Então erguendose, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança. E todos se maravilharam dizendo: Que homem é este, que até o mar e os ventos lhe obedecem?”
(Mateus, VIII, 23-27.)

A autoridade de Jesus é verdadeiramente universal.
Espírito Superior que preside os destinos do nosso planeta, conhece-lhe a natureza, bem como a atmosfera que o circunscreve, assim como os Espíritos que atuam nos elementos; é sabedor, portanto, de que todos os fenômenos sísmicos e atmosféricos são dirigidos por seres inteligentes encarregados das manifestações da Natureza.
O Mestre, contemplando o temporal que se desencadeara no Mar da Galiléia, deliberou fazê-lo cessar, a rogo de seus discípulos, e, para que estes não perigassem, ordenou que o mar se acalmasse e os ventos não prosseguissem na sua faina destruidora!
Está claro que Jesus não se dirigiu ao mar e aos ventos, mas, sim, aos Espíritos que agitavam a atmosfera e encapelavam as águas. O vento e o mar não poderiam compreender, para obedecer às ordens do Mestre.
Esses fenômenos obedecem sempre a uma causa e Jesus, atuando sobre a causa, fez cessar o efeito!
Ensina, também, esta passagem, que com a fé em Jesus podemos, se lhe rogarmos, obter a calma nas tempestades da vida.
A Nova Revelação, com seus fatos maravilhosos, vem pôr-nos a par de tantas coisas que a ignorância humana considerava milagres, mas que não são mais que produtos ou resultados da ação de Espíritos que, em redor de nós, trabalham constantemente.

Parábolas E Ensinos De Jesus
Cairbar Schutel

A TEMPESTADE ACALMADA



"REFORMA ÍNTIMA"
E disse-lhes naquele dia, ao cair da tarde: "Passemos para a outra margem". Deixando a multidão, eles o levaram, do modo como estava, no barco; e com ele havia outros barcos. Sobreveio então uma tempestade de vento, e as ondas se jogavam para dentro do barco, e o barco já estava se enchendo. Ele estava na popa, dormindo sobre sobre o travesseiro. Eles o acordam e dizem: "Mestre, não te importa que pereçamos?" Levantou-se, ele conjurou severamente o vento e disse ao mar: "Silêncio ! Quieto ! Logo o vento serenou, e houve grande bonança. Depois, ele perguntou: "Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?" Então ficaram com muito medo e diziam uns aos outros: "Quem é este a quem até o vento e o mar obedecem?" (Marcos 4:35-41).
A palavra "tempestade", empregada por alguns autores espirituais, costuma expressar o desequilíbrio do Espírito. Vejamos um exemplo de Batuíra: "Sob tempestades de ódio e lágrimas, desesperação e arrependimento, consciências culpadas ou entorpecidas vos oferecem o triste espetáculo da derrota interior a que foram atiradas pelo próprio desleixo." (Xavier, F.C. Grandes Vozes do Além, p.40).
Diante da vicissitudes da vida, necessitamos de clamar a Deus e a Jesus, pois sem a fé em Deus, sem a orientação do Evangelho, é difícil vencermos sozinhos certas emoções, certas dificuldades do caminho, que se assemelham a uma tempestade. Para enfrentarmos uma situação aflitiva, como o encontro com um endemoninhado, é importante que venhamos a vencer primeiramente as nossas tempestades interiores a se projetarem para o exterior através de nossas vibrações de ódio, desesperação...
Para levarmos o socorro espiritual aos outros, devemos pedir a Deus o próprio equilíbrio, pois só dessa forma podemos doar o melhor de nós mesmos aos Espíritos que se encontram em desequilíbrio. Os discípulos estavam entrando em uma região estranha, na qual deveriam evitar a crítica e o julgamento aos costumes locais, a fim de que a tempestade da adversidade pudesse ser vencida pelo amor, pela compreensão e tolerância.
Não podemos esquecer o socorro prestado por alguns espíritas ou por pessoas de outras religiões, que gozam de uma condição moral e espiritual melhor, aos Espíritos encarnados ou desencarnados, quando, desdobrados durante o sono, acompanham os mentores espirituais às regiões umbralinas. Os discípulos de Jesus nos revelam uma certa ignorância em relação às realidades espiritual e material de cada um. Alguns deles eram pescadores, mas não eram detentores de todos os conhecimentos práticos para melhor desempenho das suas funções.
Vemos que eles tiveram medo de perecer no mar por causa da tempestade. Acordaram Jesus, dizendo-lhe: "Mestre, não te importa que pereçamos?" E Jesus, para acalmar a tempestade, disse: "Silêncio ! Quieto!" Para nós vencermos as tempestades exteriores e interiores, precisamos silenciar-nos, aquietar-nos. Assim, evitamos o enxame dos maus pensamentos e consequentemente o desequilíbrio, a ligação com os maus Espíritos.
Devemos silenciar os nossos desejos, os nossos anseios, para nos alçarmos aos céus, ao reino da paz. Porque certos desejos são fonte de desequilíbrio e agentes de tempestade. A FÉ EM DEUS nos proporciona a calma e a paciência diante dos problemas da vida. Mas a fé, parece-nos, depende, em parte, do conhecimento adquirido. Quanto mais conhecimentos temos sobre alguma coisa, mais seguros sentimos em relação a essa coisa e mais ousados somos.
Assim é também a confiança em determinadas pessoas. Quanto mais conhecimento e firmeza uma pessoa demonstra, mais confiamos nela. Quanto mais fé tivermos em Deus, mais seguros e ousados sentiremos para realizar as nossas obras. Os discípulos nos dão uma grande lição quando demonstram sua ignorância sobre algumas coisas e suas limitações. Precisamos estar conscientes da nossas limitações para nos superarmos a cada dia. Por mais conhecimentos que venhamos a ter, bem como habilidades, somos ainda pessoas carentes de outros conhecimentos e habilidades.
Quem é convencido dos seus conhecimentos e das suas habilidades pode ficar exposto a vexames. Assim, devemos cumprir os nossos deveres e aprender e sempre, e não cruzar os braços e exigir uma atenção especial de Deus, de Jesus e dos guias espirituais. Nessa passagem, Jesus nos ensina que, dormindo, nós entramos em contato com o plano espiritual e que, se estivermos preparados, podemos auxiliar aqueles que se encontram em desequilíbrio espiritual. O sono não é só refazimento físico mas é também um experiência sobre a vida e a morte.
Para alguns cristãos, a tempestade poderia ter sido provocada pelos demônios,com o objetivo de impedir que Jesus salvasse o endemoninhado geraseno. De acordo com os teólogos medievais, o demônio podia provocar ventanias e tempestades de raios. Mas os cristãos no tempo de Marcos não pensavam da mesma forma. Procedentes do paganismo, eles admiravam Jesus pelo fato de acharem que Zeus e Ísis eram os responsáveis pelos acontecimentos naturais e atmosféricos. Zeus, da sua alta morada, reinava sobre o mundo e provia as necessidades dos homens, agindo como um rei soberano.
Era o deus do raio e do trovão e foi primeiramente o deus das chuvas e das nuvens de tempestade, passando a ser responsável pela justiça. Assim, era o protetor dos necessitados, dos estrangeiros, dos fracos e desamparados, além de zelar pelos fortes. Os ventos da tempestade e as grandes vagas do mar erguiam-se ao seu comando. Zeus, o "dono da chuva", era quem garantia a fertilidade dos campos. Tinha um caráter quase universal a crença num deus que tornasse possível a fecundidade da Terra. Esse deus era dotado "de uma presciência e de uma sabedoria infinitas", bem como era responsável pelas leis morais estabelecidas por ele durante a sua passagem pela terra. Zelava pelo cumprimento das leis e fulminava aqueles que lhe eram contrários.
Os Ventos eram considerados entidades de origem divina, filhos dos deuses. Seu rei era Éolo, que os prendia dentro de uma caverna. Apesar de ser um deus, Éolo não tinha o direito de desencadear uma tempestade, sem o consentimento de Zeus, nem de fazer os Ventos voltarem à sua morada. Ísis é a personificação feminina do Divino. A grande deusa responsável pela agricultura, pela navegação, pelos ventos, rios, mar e por outras coisas mais. Era grande curandeira e feiticeira, podendo libertar os que estivessem presos.
Seu culto era realizado no início da primavera, quando cessavam as tempestades. Apuleio registrou na sua obra O Asno de Ouro: "O dia que nascerá desta noite foi sempre em todos os tempos, por um piedoso costume,colocado sob a invocação do meu nome. Nesse dia, acalmam-se as tempestades de inverno, não tem mais vagalhões o mar, nem tempestades, torna-se o oceano navegável". Essas são as palavras de Ísis a Lúcio, quando, em sonho, ela se manifestou a ele e o início nos seus mistérios. Daí que a admiração dos discípulos de Jesus era bastante natural, porque ele realizava obras dos dois principais deuses da época: Zeus e Ísis.
Além do mais, Jesus revelava uma lei moral superior à dos referidos deuses. Assim, aqueles que conheciam bem os deuses pagãos ficavam admirados e perguntavam: "Quem é este a quem até o vento e o mar obedecem?". Marcos responde a essa pergunta no início de seu evangelho, ao considerar Jesus Cristo como Filho de Deus. As pessoas comuns não poderiam compreender e aceitar que um homem tivesse o poder sobre a natureza, uma vez que esse poder pertencia a alguns deuses. Somente o Filho de Deus poderia realizar tais obras.
Não podemos esquecer o seguinte: "O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus Bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. Eu revelei a doutrina divina; e, como um segador, liguei em feixes o bem esparso pela humanidade, e disse: "Vinde a mim, todos vós que sofreis". (Kardec, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo, p.93). A Doutrina Espírita nos explica que o feito de Jesus não tem nada de sobrenatural. Como Espírito Superior, ele conhecia os fenômenos naturais e atmosféricos. Sabendo que esses fenômenos "são dirigidos por seres inteligentes encarregados das manifestações da Natureza".
Ele se dirigiu "aos Espíritos que agitavam a atmosfera e encapelavam as águas", e a tempestade foi acalmada (Cairbar Schutel, Parábolas e Ensinos de Jesus, p.168). Um outro aspecto importante é a tempestade como um índice de tempo, indicando o final do inverno e a proximidade da primavera. Segundo autora espiritual Amélia Rodrigues: "O mês de Kislev, portador das tempestades, é também o mensageiro da fartura, carreador dos ventos perfumados e leves". (Divaldo Franco, Primícias do Reino, p.137).
Kislev (também kisleu e quisleu) era o nono mês do calendário hebreu, correspondendo aos meses de novembro-dezembro do calendário moderno. Era o mês da estação da semeadura e da festa da Dedicação. É interessante notar que, no Evangelho de Marcos, a passagem da tempestade acalmada vem logo após a "Parábola do Semeador", a "Parábola da semente que germina por si só" e a "Parábola do grão de mostarda". Seria uma alusão à semeadura? O semeador saiu a semear.. Após passar pelas aldeias da Galiléia, Jesus se dirigiu para o outro lado do lago.
No Antigo Egito, como em outras regiões, o ano novo significava um novo ciclo agrícola com o início da estação de cultivo. O ano novo começava na primavera, quando eram realizados os festivais dedicados aos mistérios da criação. A relação entre a fertilidade agrícola e os mortos era bastante comum. Os mortos protegiam as sementes lançadas na terra. "Semelhantes às sementes enterradas na matriz telúrica, os mortos esperam o seu regresso à vida sob uma nova forma" (Eliade, M. Tratado de História das Religiões, p.283). No ano novo acontecia uma regeneração da sociedade e do tempo com a regeneração "da força ativa da vegetação".
No fim do ano velho e no início do ano novo, ocorriam purificações, iniciações nos mistérios relativos à deusa Deméter (a Legisladora), expulsão dos demônios e do mal da cidade; procissões de mascarados representavam os mortos, que eram recepcionados, festejados e encaminhados para fora da cidade. Na Grécia, durante a realização dos Mistérios de Elêusis, porcos eram sacrificados às deusas gregas Deméter, da agricultura, e sua filha Perséfone, rainha do reino dos mortos. Em algumas regiões, alguém podia servir de "bode expiatório", sendo espancado e depois expulso da cidade.
Ademar Trindade Cruz - Jornal Espírita, fevereiro/04.

Depois da tempestade vem a bonança




Restos de uma embarcação do século I encontrada próxima às margens do Lago de Genesaré.
É possível que seja o tipo de embarcação utilizada por pescadores nos tempos de Jesus.
Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas narram uma passagem que ficou conhecida como "A tempestade acalmada". Para mantermos fidelidade à narrativa, transcrevemos o trecho do evangelho segundo Lucas, capítulo 8, versículos 22 a 25:
"Num daqueles dias Ele subiu com os seus discípulos a uma barca. Disse Ele: 'Passemos à outra margem do lago'. E eles partiram. Durante a travessia, Jesus adormeceu. Desabou então uma tempestade de vento sobre o lago. A barca enchia-se de água, e eles se achavam em perigo. Aproximaram-se Dele então e o despertaram com este grito: 'Mestre, Mestre!  nós estamos perecendo!'. Levantou-se Ele e ordenou aos ventos e à fúria das águas que se acalmassem; e se acalmaram e logo veio a bonança. Perguntou-lhes, então: 'Onde está a vossa fé?'. Eles, cheios de respeito e de profunda admiração, diziam uns aos outros: 'Quem é este a quem os ventos e o mar obedecem?'.
Essa passagem, como todas as demais narradas nos evangelhos, embora se refira a um fenômeno de ordem material, apresenta valiosos ensinamentos quando buscamos analisar seu sentido moral e espiritual. É o que faremos a seguir.
Num daqueles dias Ele subiu com os seus discípulos a uma barca. Disse Ele: 'Passemos à outra margem do lago'. E eles partiram.
Jesus sempre preside nossas ações, quando voltadas para a prática do bem. No caso dessa passagem, Ele e os discípulos se dirigiam a outro vilarejo às margens do Lago para que Jesus pudesse levar Seus ensinamentos e Suas bençãos à outras pessoas. Isso nos ensina que sempre poderemos contar com a assistência espiritual superior quando nos propomos a estender o bem ao próximo e que essa oportunidade nos é concedida sempre pelo Alto. Dependerá, portanto, de nós mesmos, aproveitá-la ou não.
Durante a travessia, Jesus adormeceu. Desabou então uma tempestade de vento sobre o lago. A barca enchia-se de água, e eles se achavam em perigo.
Se Jesus realmente adormeceu ou não, é fato irrelevante. O que importa é o sentido oculto desse fato. Jesus adormecer significa que, após ter encaminhado os discípulos para a travessia do Lago e eles terem concordado, o Mestre os deixa por sua própria conta, já que eram eles que comandavam a embarcação. Que sentido maravilhoso! O Mestre nos concede a oportunidade e nos deixa à vontade para conduzirmos nossa existência (no caso, representada, figuradamente, pela barca no mar alto), respeitando nosso livre-arbítrio, deixando-nos à vontade para nossas escolhas e decisões. Ele não nos abandona; o controle material é nosso mas o controle espiritual é Dele. Apenas nos deixa a tarefa que nos cabe, mesmo sabendo que as 'tempestades' virão.
Aproximaram-se Dele então e o despertaram com este grito: 'Mestre, Mestre!  nós estamos perecendo!'
Sem dúvida, só nos lembramos de recorrer à proteção divina quando estamos atravessando momentos de perigo ou de intensas aflições, no caso, representadas pela tempestade e pela forte ventania. Ainda  alimentados pela ilusão do privilégio pessoal, gritamos por Jesus, fazendo "barulho" através de preces desesperadas e descontroladas, esperando, com essas atitudes, que Ele nos ouça. Fazemos questão de destacar que estamos sofrendo intensamente, que nossa dor é a mais importante, para que Ele logo nos atenda...
Levantou-se Ele e ordenou aos ventos e à fúria das águas que se acalmassem; e se acalmaram e logo veio a bonança.
Mesmo sabendo da nossa falta de confiança, Jesus não deixa de nos atender. E somente Ele possui poder para mobilizar todos os recursos necessários, materiais e espirituais, para acalmar nosso sofrimento. Nada acontece sem a permissão divina, assim como nenhum Espírito Benfeitor poderá atuar a nosso favor se não tiver a intercessão e a concessão de Jesus. Esse fato também nos ensina de que não adianta recorrermos às intercessões humanas, já que todos temos nossa tempestade individual a vencer.
Perguntou-lhes, então: 'Onde está a vossa fé?'.
Após a intensidade de nossas aflições se amenizar, é que nos damos conta de que nos faltou confiança. Mais calmos e equilibrados, verificamos que não ficamos sem a assistência divina; envergonhados e admirados, nos conscientizamos de que faltou fé. Não somente fé na providência divina mas também fé em nós mesmos. É o momento de saber se estamos colocando nossa fé mais nos homens do que em Jesus.
Eles, cheios de respeito e de profunda admiração, diziam uns aos outros: 'Quem é este a quem os ventos e o mar obedecem?'.
No tempo em que esse fato aconteceu, Jesus ainda era um grande enigma para os discípulos. Conviviam há pouco tempo com Ele; ainda não sabiam exatamente quem Ele era, qual o seu objetivo, qual a sua evolução espiritual. Infelizmente, isso ainda acontece. Ficamos admirados quando as nuvens de dores passam e a tranquilidade retorna em nossa vida, maravilhados  com o imenso poder divino... Jesus ainda é desconhecido para a Humanidade... Mas Ele nos conhece e sabe o quanto nos falta aprender em matéria de fé e confiança...
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Durante as tempestades e ventanias que sacodem nossa vida, quando achamos que não iremos aguentar, que estamos navegando sem direção, sem saber o que fazer, lembremo-nos dessa pergunta de Jesus - 'Onde está a vossa fé?' . Guardemos a certeza de que, nas tempestades da vida, nossa existência não é "um barquinho remando sem remo e sem luz". Temos e podemos contar sempre com a proteção de Jesus!

terça-feira, 22 de março de 2011

Aborto e Suicídio - Luiz Carlos Formiga

Recordo a história de uma gestante, filha de espíritas. Durante uma obra de alvenaria na casa de seus pais, apaixonou-se pelo pedreiro responsável. Casaram-se. Nasceu uma filha, doce menina, bela jovem.
Dificuldades financeiras eram muitas. Ele era obrigado a fazer horas extras em outras cidades e, durante a semana, ficava longe da família. Engravidaram de um menino “temporão”.
Os problemas financeiros, que não eram poucos, certamente aumentariam, mas tiveram a criança.
Em outro caso, onde a mãe dona Anna disse: “Não, Doutor! Matar? Nunca!”, o menino recebeu o nome de Divaldo Pereira Franco.
http://br.msnusers.com/DIVALDOFRANCONORJ/nodoutormatarnunca.msnw
No que lhes narro o menino é outro.
O pedreiro e a mulher venceram desafios, mas o destino resolveu ser cruel.
A lesão cardíaca roubou-lhes a filha, na juventude.
Ela entrou em depressão lutando e resistindo para cuidar do filho, ainda na primeira infância.
O tempo passou, o menino cresceu, chegou à universidade, doutorou-se e lhe deu três netas e um neto. Voltou a ser feliz.
Mas, “o tempo não para!”.
Prova final, no leito do Hospital da Universidade, onde o filho agora era professor, faz-lhe a confissão: “quando sua irmã morreu senti vontade de morrer também. Não cometi suicídio porque você era tão pequeno!”.
É extenuante a dor de quem perde um filho!
Chico Xavier passou bom tempo dedicando-se às mães desesperadas. “Ninguém tem o direito de se omitir”, http://www.chicoxavier.org.br/ (com som).
Certa vez fui a Uberaba. Impressionou-me o sofrimento e a expectativa daquelas mães esperando a comunicação, como Nair Belo.
Chico tinha um limite e psicografava “poucos”, durante cada reunião.
Qual o critério utilizado pela espiritualidade para a escolha das mães privilegiadas?
Um amigo disse-me já ter feito a pergunta. Fora informado de que o critério era a profundidade da dor, aquela que poderia levar ao suicídio.
Hoje também sou avô, mas mal posso imaginar a dor da esposa do pedreiro.
Na terceira idade, devo agradece-lhe a luta e a resistência. Ela me criou. Permitiu-me estar agora recordando a poesia de Plínio. (LUIZ CARLOS FORMIGA) http://www.ajornada.org/materias/perfil/perfil-0006.htm  

Relação de artigos de Luiz Carlos Formiga...

LUIZ CARLOS D. FORMIGA é professor universitário da UFRJ e UERJ, aposentado.

Jornal dos Espíritos - o seu jornal espírita na internet

segunda-feira, 21 de março de 2011

Capacitação de Voluntários

Aos Amigos, o Posto Samaritano Abolição, integrado ao Programa CVV
realiza gratuitamente há 49 anos serviço de Apoio Emocional e
Valorização da Vida (consequentemente prevenindo o suicídio),
utilizando o telefone como ferramenta. Nos dias 09/04 E 10/04//2011 no
horario das 13hs às 19hs haverá curso para seleção e capacitação de
novos voluntários e solicitamos a colaboração em divulgar o evento
conforme release abaixo.
EVENTO:
O Posto Samaritano Abolição, Vinculado ao Programa CVV de Apoio
Emocional e Prevenção ao Suicidio nos dias 09 e 10 de abril de 2011,
realizara curso para capacitação de novos voluntários da entidade. Nos
dois dias do evento o horario sera das 13hs às 19hs- Onde sera
apresentada a filosofia da entidade e a forma de conduta a ser seguida
pelo voluntário.
INSCRIÇÕES:
As inscrições podem ser feitas pessoalmente na sede da entidade na Rua
Abolição, 411- Bela Vista - SP em horário comercial ou pelo telefone
3242-4111 apos as 19hs00 ou via e-mail:
abolicao@postosamaritano.org.br ou  30 minutos antes do curso.
DURANTE A ATIVIDADE:
Durante a atividade - que é gratuita - haverá seleção dos interessados
em colaborar com a entidade. Para ser voluntário Samaritano, vinculado
ao Programa CVV Prevenção ao suicídio, Apoio Emocional e valorização
da vida, basta ter mais de 18 anos, ter disponibilidade de tempo
(média de 4 horas e meia por semana), disposição para ajudar o próximo
e abertura para o autoconhecimento e ser treinado.
INSTITUIÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS:
Instituição sem fins lucrativos os postos Samaritanos desenvolvem
trabalhos de apoio emocional por meio de contatos telefônicos,
atendimento pessoal, via correio, e-mail e mais recentemente, via
chat, no próprio site da entida de(www.cvv.org.br).
Obs: É necessário o comparecimento aos 2(dois) dias do evento.
Ver Cartaz do Evento em Anexo.
CONFIRA O ENDEREÇO:
http://www.cvv.org.br.

sábado, 19 de março de 2011

INÁCIO FERREIRA

Dr.Inácio Ferreira


INÁCIO FERREIRA 
Brasileiro, nasceu em 1904, na cidade de Uberaba, Estado de Minas Gerais.
Dr. Inácio Ferreira somente se ausentou de sua cidade, a fim de estudar medicina, carreira que tanto amou, na então capital do Brasil, Rio de Janeiro.
Ao término de seus estudos, já formado médico em psiquiatria, retorna à sua cidade natal, com a tarefa predestinada ao espírita cristão.
Assume, após um casamento por amor e apoiado pela esposa, a direção do primeiro Sanatório Espírita na região: “Sanatório Espírita de Uberaba”.
O ano de 1933 vem marcar um grande feito: a assistência gratuita e fraterna no referido Sanatório, à luz do Espiritismo, assistência que existe ainda até os dias atuais.
A obra em referência foi construída por uma personagem sempre lembrada em terras do chamado Brasil Central – Maria Modesto, médium de grande abnegação cristã.
O ciclo literário de Inácio Ferreira veio enfatizar a era da psiquiatria, em face da pesquisa doutrinária. Por outro lado, a literatura-verdade, demonstrada através das curas de doentes envoltos na chamada loucura, e comprovadamente curados nas sessões espíritas, por ele realizadas, torna-se marcas de luz, até hoje apresentadas nas páginas dos livros que o grande médico publicou, há quase meio século.
Vale dizer que Espíritos brasileiros que leram as primeiras edições de suas obras, no ano de 1940, jamais esqueceram o valor contido nessas obras.
“Novos Rumos à Medicina”, Volumes I e II, “Psiquiatria em Face da Reencarnação”, “Espiritismo e Medicina”e outros vêm colocar o Dr. Inácio Ferreira como sendo o primeiro autor médico dentro d doutrina.
A obsessão mostra os horizontes do chamado mundo sombrio, dentro da psiquiatria, que, à luz cristã do Espiritismo, faz com que diversos doentes sejam curados.
Dr. Inácio Ferreira publicou também “Conselhos ao Meu Filho”, assim como uma vasta coleção de livros para crianças, dentro da pedagogia espírita infantil.
Uma outra obra até hoje esquecida do mundo editorial: “Subsídios Para a História de Eurípedes Barsanulfo”. Este Livro mostra em destaque, o processo judicial movido pelo catolicismo contra o médium de Sacramento, cidade próxima a Uberaba, onde Euripedes viveu.
A obra descreve inúmeras curas de pessoas desenganadas pela medicina terrena, que foram curadas por Eurípedes Barsanulfo.
O grande médico espírita, Dr. Inácio Ferreira, sempre se referia a sua esposa, sua companheira de ideal, com amor, visto que o casal não teve filhos; esta alusão sempre foi com muito carinho.
Poucos dos seus livros reapareceram, mas com muito êxito, quase cinqüenta anos distantes da primeira edição, ganhando, no entanto, grande aceitação do público.
Em 27 de setembro de 1988 Dr. Inácio Ferreira faleceu. Seus restos mortais repousam no cemitério de Uberaba, MG, terra que o grande médico espírita tanto amou e serviu.

LIVROS DO DR. INÁCIO FERREIRA, NESTE ANO DE 1991

“Psiquiatria em Face da Reencarnação”- Obra considerada como o melhor Tratado sobre obsessão e cura evangélica; foi editada em uma única edição em 1940.
Reapareceu, em 1ª Edição pela Editora FEESP. Em 1987, distante quase cinqüenta anos da primeira edição, publicada pelo próprio autor, O êxito da obra é comprovado pela grande aceitação do público; hoje, encontra-se em 3ª Edição, com 15 mil exemplares.
“Novos Rumos à Medicina”- A obra foi publicada em 2 volumes, ambos com mais de duzentas páginas, o 1º volume reapareceu em fevereiro de 1990 e, neste ano, (1991) o 2º volume.
O 1º com 7 mil exemplares, e o 2º encontra-se em fase final já próximo da 2ª edição.
Como espírita o Dr. Inácio Ferreira sempre dedicou na primeira página de seus livros palavras como estas: “Às sombras amigas, a cuja dedicação devemos tantos informes.”
No volume I, da  referida obra, destacamos os seguintes capítulos: Psicoterapia, Loucura Psíquica, Pobres Obsedados, Reflexos de Injúrias e outros.
No volume II, há casos espirituais como no capítulo: “Tuberculose Psíquica”, “A Vingança de uma Suicida”, “Amor de Mãe”, ‘Tragédias do Deserto”e outros. “Novos Rumos à Medicina”conduz aos iluminados conhecimentos espirituais.
Jornal O Semeador 2ª quinzena-Set/97

Foto de Inácio (o mais velho) com o médium Baccelli.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Os atributos de Deus


2010-09-07 12:54:25


A fé racional faz com que a busca do homem por Deus seja um processo que tem começo, mas não fim. As descobertas sobre a natureza divina durante essa trajetória levam à sublime e verdadeira comunhão com Deus
Por Juvan de Souza Neto

Pode-se dizer que atualmente é diminuta a parcela de pessoas que se declara verdadeiramente ateísta. Cada vez mais, a crença num Ser Superior é admitida e impulsionada pelas populações no mundo. Interessante é observar que nenhum povo, raça ou grupamento humano, desde os tempos primitivos e em qualquer época da humanidade, se declarou verdadeiramente ateu. Os registros históricos, paleontológicos e culturais mostram a ligação do homem com a divindade desde os mais remotos tempos.
Então, partindo da constatação da realidade da existência de Deus – sensação haurida não só pelo conhecimento repassado pelos pais e tradições familiares, ou pelo estuda história e das religiões, mas principalmente pela sensibilidade - , o homem passa a buscar entender e conceituar Deus em sua intimidade, tudo para fortalecer esta busca infinita, que apenas se inicia.
A fé racional e consciente faz com que a busca pelo homem por Deus seja um processo que tem um começo, mas que não terá fim. Devido a esta filiação divina, o homem está imerso numa trajetória evolutiva infinita, e cada vez mais, sua ligação, sua intimidade com Deus será maior. E este é, talvez depois da sua imortalidade, o maior presente que o Criador já outorgou a seus filhos: a capacidade da comunhão total com Ele, quando esses mesmos filhos cumprirem sua trajetória evolutiva e se tornarem Espíritos perfeitos. A interação com o Pai, neste momento, será perene.
E é justamente nesse ponto, quando a interação do homem com deus se torna mais latente, que sentimos a grandiosidade dos conceitos que a Doutrina Espírita nos mostra sobre o Criador e seus atributos.

O QUE É DEUS?
A Doutrina, na sua missão de trazer novamente o Evangelho redivino, fala sobre um Deus Diferente e pleno de amor, não mais um “senhor de guerra” ou um soberano intocável, mas um Criador que institui uma legislação sábia, imutável. E, sobretudo, racional.
Para quem não sabe, a Doutrina Espírita tem a crença na existência do Criador como pedra angular de toso o seu edifício doutrinário. O advento do Espiritismo na Terra, que se deu pela publicação de O Livro dos Espíritos, em 18 de abril de 1857, destina suas 16 primeiras questões - de um total de 1019 – para o tema “Deus”. Inteligentemente, a diferença com as demais crenças inicia já na sua questão número um.
Allan Kardec, dotado de incrível percepção e intuição superiores, já pergunta aos Espíritos “o que é Deus”, e não o tradicional “quem é Deus”- já demonstrando um conceito muito diferente do tradicional – o do velhinho de barbas brancas – e mostrando que Deus, na verdade, possui um conceito além da compreensão humana. Aliás, é isto que nos fascina: a humanidade dos Espíritos Superiores e do próprio Kardec em admitir que estamos evolutivamente aquém da capacidade de entender verdadeiramente Deus.
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”; essa foi a resposta dada na primeira questão de O Livro dos Espíritos. Aqui, já se elimina a idéia de Deus como alguém com características humanas. Subtrai-se o antropomorfismo do Criador, que vive até hoje no seio das religiões tradicionais – que crêem num Ser punitivo, vingativo, mau.
Para o Espiritismo, Deus está infinitamente acima dessas conceituações incompletas, muito próprias da pequenez de nós, homens.
A CIÊNCIA EXPLICA A DIVINDADE
Diz O Livro dos Espíritos que a prova da existência de Deus pode ser encontrada na máxima aplicada às ciências: não há efeito sem causa. “Procurai a causa de tudo que não é obra do homem e a razão vos responderá”, atestam os Espíritos. Kardec tece comentários a esse respeito, dizendo que se o homem lançar os olhos às obras da Criação verá a existência do Universo. Portanto, é um efeito que deve ter uma causa. A causa é Deus. Lógica pura e direta.
Os Espíritos também rechaçam a tese de que o sentimento da existência de Deus é fruto da obra da educação ou produto de idéias adquiridas – na família, por exemplo. “Se assim fosse, por que os selvagens teriam esse sentimento?”, questionam os Espíritos, devolvendo a pergunta a Kardec e seus médiuns.
A Doutrina Espírita atesta a existência de Deus, sufoca o materialismo e traz todo um novo panorama para a crença humana, Os Espíritos realmente admitem que falta ao homem o sentido para entender a natureza íntima de deus.
O fato é que o Espiritismo propõe-nos uma relação com Deus absolutamente abstrata. O Criador – embora saibamos que seja o mesmo em todas as religiões e devemos respeitar todas as crenças como parcelas de uma verdade única – ganha um entendimento diferente na Terceira Revelação. O Deus que o Espiritismo nos traz ultrapassa aquela imagem do velhinho de barbas longas ou de um senhor de exércitos, zangado e punitivo. O Espiritismo mostra Deus sem esta visão monárquica de seu reino, e acrescenta ainda mais ä racionalidade da fé ao despachar de vez a crença numa suposta trindade, pois O coloca em seu devido lugar: como nosso Criador incriado, e Jesus como seu filho, nosso irmão. De ‘rei’ e integrante da ‘trindade’, o Cristo passa a ser o governador espiritual do planeta Terra – Espírito perfeito que acompanha o planeta desde sua formação geológica.
E nós, espíritos imortais, porém imperfeitos, somos os irmão de Jesus, a caminho do Pai e anda tão imaturos que não podemos entendê-lo de forma plena. Um dia, porém, teremos a primazia da verdadeira comunhão com o Pai. “Quando o Espírito do homem não estiver mais obscurecido pela matéria e, por sua perfeição, se houver aproximado do mistério da Divindade, ele então O verá e compreenderá”, prevêem os Espíritos na 11ª questão de O Livro dos Espíritos.
DEUS, A CIÊNCIA E O CRISTIANISMO
É interessante destacar que a vinda do Cristo (Segunda Revelação) teve papel preponderante na disseminação da idéia de Deus (que já era considerado como único, devido à Primeira Revelação de Moisés). Jesus Cristo aliou a idéia do Deus único ao seu Evangelho (código moral), redefinindo o pensamento sobre Deus para toda a humanidade e desenhando para o homem o mapa de sua relação com o Pai.
Emmanuel, no livro que leva seu nome, psicografado por Chico Xavier, comenta que o Cristianismo inaugurou um novo ciclo de progresso espiritual, pois renovou as concepções de Deus no seio das idéias religiosas – apesar de que a propagação das idéias de Jesus deu lugar ás várias interpretações das Escrituras e abriu espaço aos dogmas da fé.
Jesus foi realmente quem sedimentou a idéia de Deus. Ao Espiritismo (Terceira Revelação) coube, a partir de 1857, a missão de relembrar a verdadeira mensagem de Jesus e acrescentar informações que o Cristo confessou serem avançadas demais para a época em que ele encarnou entre os homens. E ele disse isto textualmente.
O mais interessante, porém, é ver que Emmanuel, no mesmo livro, contextualiza Deus, O Cristianismo, o Espiritismo e a Ciência – entrelaçando os três últimos como complementares – até, mesmo porque Emmanuel já via o Espiritismo em seu tríplice aspecto, contemplando elementos de religião, ciência e filosofia. “A Ciência desvendou ao espírito humano as perspectivas inconcebíveis do infinito: o telescópio descortinou a grandeza do Universo e os novos conhecimentos cosmogônicos demandaram outra concepção do Criador”, destacou Emmanuel. E acrescentou: “Desvendando, paulatinamente, as sublimes grandiosidades da natureza invisível, a Ciência embriagou-se com a beleza de tão lindos mistérios e estabeleceu o caminho positivo para encontrar Deus, como descobrira o mundo microbiano, ao preço de acuradas perquirições. É que a Divindade das religiões vigentes era defeituosa e deformada pelos seus atributos exclusivamente humanos; as Igrejas estavam acorrentadas ao dogmatismo e escravizadas aos interesses do mundo”.
Para Emmanuel, a Ciência tem no universo infinito condições de conceituar Deus, através da pesquisa. Ele não está errado.
JUVAN DE SOUZA NETO é jornalista. Trabalhador da Casa Espírita Jesus de Nazaré, em Barra Velha, litoral norte de Santa Catarina, é editor do jornal doutrinário Espaço Espírita.
Matéria publicada originalmente na revista Universo Espírita, umas das publicações espíritas mais profundas e esclarecedoras já surgidas no mercado editorial. A revista está paralisada momentanemente na busca de recursos para prosseguir na sua trajetória. O portal da Sociedade Espírita Nova Era trará, eventualmente, alguma matéria da publicação procurando manter viva esta iniciativa, tão importante para o espiritismo.

Atributos da Divindade


AUTOR: Emmanuel José
 
ATRIBUTOS DA DIVINDADE

As religiões tradicionais, ainda hoje, trazem como heranças, algumas idéias errôneas que estão momentâneamente distante do senso racional a respeito de Deus. Esta idéia até hoje influencia consciências e comportamentos de boa parte da sociedade. Este Deus que é preconizado está cada vez mais distante de seus filhos, Ele é vingativo e acima de tudo injusto e mau, por escolher sem nenhum critério aqueles dentre muitos a viverem na Terra uma vida miserável, sem que os mesmos tenham nenhuma culpa aparente que justificasse a punição. Estamos falando aqui da negação da reencarnação. O Espiritismo por sua vez, traz em sua rica literatura, ensinamentos espirituais, pautados na razão, que nos revela, que falta ao homem um sentido para compreender a natureza íntima de Deus, mas quando seu Espírito não estiver mais obscurecido pela matéria e próximo da perfeição moral, verá e compreenderá, no entanto, sempre incompleto.
Os atributos da divindade que iremos agora abordar estão elaborado n’”O Livro dos Espíritos”, é uma idéia muito vaga das perfeições divinas, por motivos já mencionados que tornamos a lembrar que ainda nos faltam condições apropriadas intelectual, lingüísticas e acima de tudo morais. De certo que as perfeições divinas são em graus de infinidades. Aproveitamos no decorrer de cada atributo abordado, compará-los aos atributos humanos a serem percebidos e aperfeiçoados, aguardando, é lógico, as infinitas diferenças de par-ticularidades e proporções.
Deus é eterno. Se Ele tivesse tido um começo, teria saído do nada, ou então, teria sido criado por um ser anterior. O ser humano também é eterno, mas só no sentido de imor-talidade da alma; no outro sentido, deferimos de Deus, por que fomos um dia criado.
Deus é imutável. Se Ele estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo não teriam nenhuma estabilidade. O desenvolvimento moral nos levará um dia a uma estabilidade emocional, ao o contrário de que vivemos como “folhas ao vento”.
Deus é imaterial. Quer dizer, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, pois de outra forma Ele não seria imutável. Nossa natureza também difere da matéria, embora também difere por total da divindade. Somos seres espirituais vivenciando experiências na matéria; é por isso que devemos empreender esforços no desapego aos bens terrenos, a fim de gozarmos da felicidade propiciada pela li-berdade.
Deus é único. Se houvesse muitos deuses, não ha-veria unidade de vistas, nem de poder na organização do Universo. Como inteligência individualizada, somos únicos, ou seja, não há no universo infinito dois ou mais Espíritos iguais.
Deus é Todopoderoso. Por que é único. Se não tivesse o poder supremo, haveria alguma coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto Ele, como por exemplo, a idéia fantasiosa do diabo de algumas grandes religiões. Temos também o poder supremo, mas sobre nós próprios, para domarmos as más tendências e enobrecer os sentimentos.
Deus é soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e esta sabedoria não nos permite duvidar da sua Justiça, nem da sua Bondade.
Quando aplicarmos a lei do amor nos relacionamentos com o próximo, conseqüentemente, seremos justo e bom, estaremos aplicando a máxima: “Não se pode amar a Deus, sem amar o próximo”. ▲

Atributos da Divindade



Apenas muito imperfeita idéia pode fazer o homem dos atributos da Divindade. Atributos são qualidades que caracterizam o ser e, estão, evidentemente, em relação com a sua íntima natureza. Para que tivéssemos, portanto, idéia completa dos atributos divinos deveríamos conhecer integralmente a sua pura essência. Pode o homem compreender Deus através da razão, bem como do sentimento inato que lhe dá a intuição da sua existência, mas não pode percebê-lo como se percebem as coisas materiais. Arguidos por Allan Kardec a respeito da possibilidade de compreender o homem a natureza íntima de Deus, os Espíritos responderam categoricamente: Não: falta-lhe para isso o sentido.
Não podendo o homem abarcar, na sua carência perceptiva, todos os atributos divinos de absoluta perfeição, pode, entretanto, fazer idéia de alguns, exatamente aqueles de que Deus não pode prescindir. Nesses atributos, que vamos a seguir enumerar, Ele tem de ser perfeito, possuir em seu grau supremo todas as perfeições e ser em todas infinito.
"(...) A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já Ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. (...)"
Deus é espírito - o Supremo Espírito! Absolutamente perfeito, não é comparável a quaisquer outros seres, estando infinitamente acima de todos: possuindo sabedoria e poder infinitos, paira, onipotente, sobre todo o Universo, e a comunica, onipotente, o seu influxo e a sua vontade.
01. Deus é eterno, não tem princípio, existe e existiu sempre.
Afigura-se-nos difícil conceber algo que não tenha tido princípio.
Mas isso é em se tratando das criaturas. Deus é o criador de tudo, independente e absoluto. A criatura é finita, Deus é infinito.
Se Deus ‘(...) tivesse tido princípio, teria saído do nada (...)", o que é absurdo, pois do nada não pode sair alguma coisa -, "ou então, também teria sido criado por um ser anterior. (...) Deus já não seria, então o Absoluto. " É assim - diz Kardec - que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade. (...)
02. Deus é imutável. Não fosse assim, nenhuma estabilidade teria o Universo, porque estariam sujeitas a variações as leis que o regem. O contrário, porém, é o que se verifica por toda parte e em tudo, a estabilidade e a harmonia.
03. Deus é imaterial. Sua natureza difere de tudo o que conhecemos como matéria. Por isso é absolutamente invisível, intangível, enfim, inacessível a qualquer percepção sensória. (...) De outro modo, ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria. (...)"
04. Deus é único. Não há deuses, mas um Deus somente, soberano do Universo, criador absoluto e incriado, infinito e eterno. "(...) se muitos deuses houvesse, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo. (...)"
05. Deus é onipotente. Sua vontade é soberana e prevalecem sempre seus desígnios sábios e justos. "(...) Ele o é, porque é único. Se não dispusesse do soberano poder, algo haveria mais poderoso ou tão poderoso quanto ele, que então não teria feito todas as coisas. As que não houvesse feito seriam obra de outro Deus. (...)"
06. Deus é soberanamente justo e bom. Em tudo e em toda parte aparecem a bondade e a justiça de Deus na providência com que, através de leis perfeitas, assiste às suas criaturas; desde que estas se submetem aos seus desígnios sábios e não se insurjam contra essas leis reguladoras do ritmo do Universo, tanto quanto do funcionamento da vida do homem. "(...) A sabedoria providencial das leis divinas se revela, assim, nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite se duvide nem da justiça nem da bondade de Deus."
Entre os atributos acima ressalta a imaterialidade. Por considerar Deus como absolutamente imaterial é que o Espiritismo repele in totum o Panteísmo, doutrina que - em vez de ser um distinto e onipresente no Universo, pelo seu infinito poder de irradiação - considera-o como (...) a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas (...). Segundo a mesma doutrina, "todos os corpos da natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade. (...)
A razão repele tal absurdidade e Kardec argumenta a respeito dela com grande lucidez:
"(...) Esta doutrina faz de Deus um ser material que, embora dotado de suprema inteligência, seria em ponto grande o que somos em ponto pequeno. Ora, transformando-se a matéria incessantemente, Deus, se fosse assim, nenhuma estabilidade teria; achar-se-ia sujeito a todas as vicissitudes, mesmo a todas as necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade. (...)
A inteligência de Deus se revela em suas obras como a de um pintor no seu quadro; mas, as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro é o pintor que o concebeu e executou."
Deus é Espírito, repitamos. Afirmou-o Jesus em seu colóquio com a Samaritana, quando acrescentou também que em Espírito e Verdade é que o devem os homens adorar. Sua essência íntima não pode o homem perceber, porque lhe falta o sentido para isso, conforme a resposta dos Espíritos à argüição de Kardec.
Entretanto o Codificador, mostrando uma alta inspiração que em si vibrava e uma lúcida esperança, redargüiu ainda:
"Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade?"
A que os Espíritos, solícitos, responderam:
"Quando não mais tiver o Espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá. (...)"
Então, na própria idéia de Deus, como essência puramente espiritual, e na possibilidade de um dia chegar a vê-lo e compreendê-lo - quando se tornar Espírito puro e perfeito - está delineada, para o homem, toda uma perspectiva de trabalho e de esperança: de degrau em degrau ele progredirá e, evoluindo espiritualmente, adquirirá novos e mais aperfeiçoados sentidos até conquistar um puro sentido espiritual que lhe permitirá por-se em relação com Deus, vendo-o, ouvindo-o e compreendendo-lhe a Divina Vontade.
Jesus, em cujo testemunho devemos crer, quando ele afirmou que tudo o que fazia, ou dizia, não era de si mesmo, mas refletia a vontade do Pai, Espírito puro e perfeito que é, tem essa incomparável felicidade de auscultar a vontade divina através de delicadíssimo sentido espiritual, que lhe outorgam a sua pureza e a sua perfeição.
BIBLIOGRAFIA
XAVIER, Francisco Cândido. In: Fonte Viva. Ditado pelo Espírito Emmanuel.
20 ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995, lição 139, p. 312.
01. KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 75.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1983. Perg. 10.
02.___. Perg. 11.
03.___. Perg. 13.
04.___. Perg. 14.
05.___. Perg. 15.
06.___. Perg. 16.
Estudos Sistematizados da Doutrina Espírita - FEB - Programa I - Edição 1996

Atributos da Divindade e Panteísmo (Estudo 10 de 193)

             
         
Centro Virtual de Divulgacao e Estudo do Espiritismo

LE010-Estudo Sintetico do Livro dos Espiritos
LIVRO DOS ESPIRITOS- Allan Kardec, Das causas Primarias,
Parte Primeira, Capitulo I, De Deus ,perguntas 10 a 13.
Tema: Atributos da Divindade e Panteismo.

ATRIBUTOS DA DIVINDADE:
a) "O homem nao pode compreender a natureza intima de Deus,
pois que lhe falta para isso o sentido."
b) A limitacao da inteligencia, a inferioridade de suas
faculdades, suas imperfeicoes o impedem de conhecer a
natureza intima de Deus.
c) "Um dia o homem compreendera o misterio da divindade,
quando nao mais estiver o Espirito obscurecido pela materia.
Quando, pela sua perfeicao, se houver aproximado de Deus,
ele o vera e compreendera."
d) "O homem podera compreender a natureza intima de Deus e
formar ideia de algumas de suas perfeicoes a proporcao que
se elevar acima da materia. Entao as entrevera pelo
pensamento."
e) A razao nos diz que Deus deve possuir em grau absoluto a
perfeicao de todos os seus atributos divinos. Esta acima de
todas as coisas e isento de qualquer vicissitude.
f) "Os atributos de Deus, sob o ponto de vista do homem,
sao:
- Deus e eterno. Se tivesse tido principio, teria saido do
nada, ou, entao, tambem teria
sido criado, por um ser anterior. E assim que
remontamos ao infinito e a eternidade.
- E imutavel. Se estivesse sujeito a mudancas, as leis
que regem o Universo nenhuma
estabilidade teriam.
- E imaterial. A sua natureza difere de tudo o que
chamamos
materia. De outro modo, ele nao seria imutavel, porque
estaria sujeito as transformacoes da materia.
- E unico. Se muitos Deuses houvesse, nao haveria
unidade de vistas, nem unidade de
poder na ordenacao do Universo.
- E onipotente. Ele o e, porque e unico. Se nao
dispusesse do soberano poder, algo
haveria mais poderoso ou tao poderoso quanto ele, que
entao nao teria feito todas as coisas.
- E soberanamente justo e bom. A sabedoria
providencial das leis divinas se revela,
assim nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, e
essa sabedoria nao permite se
duvide nem da justica nem da bondade de Deus.
Ha coisas que estao acima da inteligencia do homem
mais inteligente, cuja a linguagem, restrita as ideias
e sensacoes, nao contem meios de exprimir."

PANTEISMO:
a) Deus e um ser distinto e nao resultante de todas forcas
e de todas as inteligencias, reunidas, do Universo. Deus
existe, disso nao se pode duvidar. Se nao existisse seria
efeito e nao causa. Nao devemos penetrar em labirintos donde
dificilmente sairiamos.
b) A doutrina panteista que admite ser todos os corpos da
natureza, todos os seres, todos os globos do universo, parte
da Divindade, reflete um proposito de que nao podendo fazer
Deus, o homem quer, ao menos, ser parte Dele.
c) Revela-se a inteligencia de Deus em suas obras, como a do
pintor nos seus quadros. E como o quadro nao e o pintor
que o concebeu e executou, assim as obras de Deus nao sao o
proprio Deus.

QUESTOES PARA ESTUDO E DIALOGO VIRTUAL:
1 - Pode o homem compreender a natureza intima de Deus?

2 - Podera um dia o homem compreender a natureza de Deus?

3 - Quais atributos podemos deduzir da natureza de Deus?

4 - Quais as diretrizes da doutrina Panteista e porque ela
e contraria a definicao espirita de Deus?

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Centro Virtual de Divulgacao e Estudo do Espiritismo
Conclusao LE010

1-Pode o homem compreender a natureza intima de Deus?

Embora ainda não possa o homem compreender a natureza intima
de Deus, por lhe faltar para isso o sentido, pode formar
ideia de algumas de suas perfeiçoes. Compreende-as melhor `a
medida que se eleva acima da materia, entrevendo-as pelo
pensamento. O homem compreendera o misterio da Divindade
qdo não mais tiver o espirito obscurecido pela materia.
Quando pela sua perfeiçao relativa, se houver aproximado de
Deus, ele o vera e compreendera.

2 - Podera um dia o homem compreender a natureza de Deus?

Quando pela perfeição moral e intelectual houver se
desprendido do
jugo da matéria, forjará em seu espírito o sentido para a
percepão e a
compreensão da natureza e do mistério da Divindade.
Na resposta que os espíritos dão a Kardec, na questão 11 do
Livro dos
Espíritos, informando que um dia veremos e compreenderemos a
Deus, não
se referem, obviamente, ao nosso órgão de visão sensorial,
mas à visão
profunda, que é atributo das entidades angelicas que já
alcançaram as
culminancias do Amor e da Sabedoria.

3 - Quais atributos podemos deduzir da natureza de Deus?

Do ponto de vista humano, limitado, Kardec relacionou os
seguintes atributos divinos:
*Deus é Eterno,isto eh, não teve começo e não tera fim.Se
lhe supusessemos um começo ou fim poderiamos conceber uma
entidade existente antes dele e capaz de lhe sobreviver e
assim por diante, ao infinito.
*É imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma
estabilidade teriam as leis que regem o Universo.
*É Imaterial.A sua natureza difere de tudo o que chamamos
materia. De outro modo, não seria imutavel, pois estaria
sujeito `as transformaçoes da materia.
*É único. A unicidade de deus eh consequencia do fato de
serem infinitas as suas perfeiçoes.
*É onipotente. Se não possuisse o poder supremo, sempre se
poderia conceber uma entidade mais poderosa.
*É soberanamente justo e bom.A soberana bondade implica a
soberana justiça.
*É infinitamente perfeito. Eh impossivel conceber-se Deus
sem o infinito das perfeiçoes.

4 - Quais as diretrizes da doutrina Panteista e porque ela
e contraria a definicao espirita de Deus?

A Doutrina Panteista que ensina serem todos os corpos e
seres do
universo particulas da Divindade, confunde o Criador com sua
Criatura.
Assim como a gota de chuva retorna para a massa oceânica tão
igual na
sua origem quanto na sua destinação, em nada diferenciando
das outras
que ali permanecem, assim o Panteismo nega o crescimento e
aperfeiçoamento do espírito, onde pelo esforço da vontade as
criaturas
se sublimam e evoluem, em estagios sucessivos, conservando
suas
individualidades.

2ª etapa do estudo:

1 - Temos idéia dos atributos de Deus? Como podemos entender sua perfeição?
Deus possui todas as qualidades em grau supremo de perfeição e todas elas são infintas. Podemos entender uma perfeição infinita e suprema? Acredito que não. Infelizmente nossa inteligência e moralidade não chegaram a tal ponto. Dessa forma, não conseguimos, ainda, entender todos os atributos de Deus. Mas podemos ter alguma idéia de sua perfeição, através de sua criação que é perfeita e maravilhosa.

2 - Deus é o conjunto de todas as coisas do Universo? Explique.
Não.
Deus é o Criador de todas as coisas no Universo. Plantas, animais, homens não fazem parte de Deus, foram criados por Ele.

3 - A Doutrina Panteísta é contrária a definição espírita de Deus. Explique o porquê.
A Eloci falou algo muito interessante:
"Deus está em tudo que existe", embora ele "não seja tudo o que existe". Estará aí a diferença?
Acho que essa é a diferença entre a Doutrina Espírita que diz que "Deus está em tudo que existe" e a Doutrina Panteísta que diz que "Deus é tudo o que existe".
O Panteísmo é contrário ao Espiritismo, pois acredita que tudo é parte de Deus, que tudo que existe, em conjunto, formam o próprio Deus.
O Espiritismo diz que "Deus é a inteligência duprema, causa primária de todas as coisas"