Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

O espírito irmão Estrela

http://www.oconsolador.com.br/ano5/233/entrevista.html 

Como surgiu o Espiritismo no Sertão da Bahia? 


No início do século XX nasceu na fazenda Retiro, que é um pequeno povoado do município de Biritinga, Bahia, um jovem de nome Lourival da Silva Lima, que aos dezessete anos começou seu desenvolvimento mediúnico na área da vidência, da clarividência e da clariaudiência, quando passou a receber a assistência de um Espírito superior denominado Irmão Estrela. Este o convocou para a instauração do Evangelho do nosso senhor Jesus Cristo no Sertão da Bahia. Na sequência, o Espírito Irmão Estrela, por intermédio da psicofonia de Lourival, convidou um grupo a se reunir na cidade de Serrinha-BA para estudar o Pentateuco Kardequiano. Dentre os que compunham esse grupo destacamos: Aristóteles Damasceno Peixinho, Tenente Melo, Sr. Profeta, Sr. Limeirinha, Sr. Felipe Mira, os quais fundaram na data de 3 de outubro de 1946 o Centro Espírita Deus, Cristo e Caridade. 


http://memoriaespiritual.blogspot.com/2012/08/aristoteles-damasceno-peixinho.html

domingo, 23 de outubro de 2022

Conto: A lenda do quarto rei mago

 Conto: A lenda do quarto rei mago

Dizem que houve um quarto rei mago que também viu a estrela brilhar e decidiu segui-la. Como presente, pensou em oferecer ao menino um baú cheio de pérolas preciosas.

No entanto, em seu caminho, ele encontrou várias pessoas que estavam pedindo sua ajuda.

O rei mago os auxiliou com alegria e diligência e doou uma pérola a cada uma dessas pessoas. Ele encontrou muitos pobres, doentes, aprisionados e miseráveis e não podia deixá-los sem ajuda. Ficou o tempo necessário para aliviar a dor de todos eles, depois partiu. Mas novamente encontrava outro desamparado pelo caminho. O rei tinha um coração nobre e bom e, mesmo ficando atrasado para chegar até o menininho, parava sua viagem e socorria todos os que dele necessitavam.  Ao partir entregava sempre uma de suas pérolas preciosas…

A estrela guia brilhava luminosa no alto céu noturno e o rei pôde segui-la com confiança.

Aconteceu que, quando finalmente chegou a Belém, os outros reis magos já não estavam mais lá. José, Maria e o menino Jesus também não estavam na casa indicada pela estrela-guia que agora brilhava cada vez mais suave até desaparecer no céu infinito. Os pais do menininho haviam recebido a visita dos anjos celestes a anunciar: “José, Maria, peguem o menino divino e fujam para as distantes terras do Egito. Herodes, o rei caído nas sombras, quer matar o menininho”. Eles imediatamente haviam se colocado a caminho.

O quarto rei mago decidiu, mesmo sem ter a estrela guia no céu, continuar sua busca até encontrar a criança divina. Ele sentia que a estrela brilhava também em seu coração e de lá ela o conduziria.

Ele procurou e procurou e procurou… e dizem que ele passou mais de trinta anos viajando pela terra, procurando a criança e ajudando os necessitados. Até que um dia chegou a Jerusalém justamente no momento em que o Cristo era crucificado. Conseguiu perceber, ao redor dele, o mesmo brilho da estrela que o guiara primeiro do céu e depois de dentro de seu coração. Eis a criança que ele havia procurado por tanto tempo.

A tristeza encheu seu coração, já velho e cansado pelo tempo. Embora ainda guardasse uma pérola na bolsa, era tarde demais para oferecê-la à criança que, agora, transformada em homem, pendia de uma cruz. Ele havia falhado em sua missão. E sem ter mais para onde ir, ficou em Jerusalém para esperar a morte chegar.

Apenas três dias se passaram quando uma luz, ainda mais brilhante do que mil estrelas, encheu seu quarto. O Ressuscitado veio ao seu encontro! O rei mago, caindo de joelhos diante dele, pegou a pérola que restava e estendeu-a a Jesus Cristo que a segurou e carinhosamente disse: “Você não falhou em sua missão. Pelo contrário, você me encontrou por toda a sua vida. Eu estava nu e você me vestiu. Eu estava com fome e você me deu comida. Eu estava com sede e você me deu de beber. Eu fui preso e você me visitou. Eu estava em todas as pessoas pobres que você ajudou no seu caminho. Muito obrigado por tantos presentes de amor! Agora você estará comigo para sempre, porque o céu é a sua recompensa”.


Autor /a desconhecido/a

Ampliada por Viviane Trunkle

sábado, 16 de abril de 2022

A velha ilusão das aparências[1]

Ermance Dufaux


Não basta que dos lábios manem leite e mel. Se o coração de modo algum lhes está associado, só há hipocrisia.

Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se desmente; é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade.

Esse, ao demais, sabe que se, pelas aparências, se consegue enganar os homens, a Deus ninguém engana.


Lázaro (Paris, 1861)


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. 9, Item 6



Os adeptos sinceros do Espiritismo mais que nunca carecem de abordar com franqueza o velho problema da hipocrisia humana. Nesse particular, seria muito proveitoso que as agremiações doutrinárias promovessem debates grupais acerca dos caminhos e desafios que enfrentamos todos nós, os que decidimos por uma melhoria moral no reino do coração.

O chamado “vício de santificação” continua escravizando o mundo psicológico do homem a noções primitivas e inconsistentes sobre como desenvolver o sagrado patrimônio das virtudes, que ele encontra adormecido de vida superconsciente do ser.

Hipocrisia é o hábito humano adquirido de aparentar o que não somos, em razão da necessidade de aprovação do grupo social em que convivemos. Intencional ou não, é um fenômeno profundo nas suas raízes emocionais e psíquicas, que envolve particularidades específicas e cada criatura, mas que podemos conceituar como a atitude de simular, antes de tudo para nós mesmos, uma “imagem ideal” daquilo que gostaríamos de ser. Difícil definir os limites entre o desejo sincero de aperfeiçoar-se em direção a esse “eu ideal”, e o comportamento artificial que nos leva a acreditar no fato de estarmos nos transformando, considerando a esteira de reflexos que criamos nas fileiras da mentira.

Aliás, para muitos corações sinceros que efetivamente anelam por aprimoramento e mudança, detectar uma atitude falsa e uma ação que corresponda aos novos ideais costuma desenvolver um estado psicológico de insatisfação consigo mesmo, que pode ativar a culpa e a cobrança impiedosa. Instala-se assim um cruel sistema mental de inaceitação de si mesmo, que ruma para a mais habitual das camuflagens da hipocrisia: a negação, a fuga.

Não podemos asseverar que todo processo de defesa psíquica que vise negar a autêntica realidade humana seja algo patológico e nocivo. Muitas almas não teriam a mínima saúde mental não fossem semelhantes recursos que, em muitas ocasiões, funcionam como um “escudo protetor” que vai levando a criatura, pouco a pouco, ao conhecimento doloroso da verdadeira intimidade, até ter melhores e mais seguros recursos de libertação e equilíbrio. No entanto, quando nesse processo existe a participação intencional de ações que visem impressionar os outros com qualidades ainda não conquistadas, principalmente para auferir vantagens pessoais, então se estabelece a hipocrisia, uma ação deliberada de demonstrar atitudes que não correspondem à natureza dos sentimentos que constituem a rotina de sua vida afetiva.

As vivências sociais humanas com suas exigências materialistas conduziram o homem à aprendizagem da hipocrisia. A substituição de sentimentos foi um fenômeno adquirido. O hábito de camuflar o que se sente tornou-se uma necessidade perante os grupos, e certas concepções foram desenvolvidas nesse contexto que estimulam a falsidade. Convencionou-se por exemplo que homens não devem chorar, criando a imagem da insensibilidade masculina, em torno da qual bilhões de almas trafegam em papéis hipócritas e doentios. Certas profissões como a de educador, durante séculos aprisionadas nas sombras do mito, levaram à criação de um abismo entre educador e educando, que eram ambos obrigados a disfarçar emoções para respeitarem seus limites, impostos pela perversa institucionalização dos “super-heróis da cultura”. Naturalmente todos esses convencionalismos vêm sofrendo drásticas reformulações para um progresso das comunidades em direção a um dia mais feliz e pleno de autenticidade nas atividades humanas.

Acompanhando essas renovações de mentalidade na cultura, é imperioso que os líderes e condutores espíritas tenham a coragem de sair de seus papéis, perante a coletividade doutrinária, e erguerem a bandeira do diálogo franco e construtivo acerca das reais necessidades que todos carregamos, rompendo com um ciclo de “faz de conta”. Ciclo esse que somos infelizmente obrigados a afirmar, tem feito parte da vida de muitos adeptos espíritas e até mesmo de grupos inteiros. Sem qualquer reprimenda, vejamos esse quadro como sendo inevitável em se tratando de almas como nós, mal saídas do primarismo evolutivo. Nada mais fizemos que caminhar para a nossa hominização, ou seja, largar a selvageria instintiva e galgar os degraus da humanização – o núcleo central do aprendizado na fase hominal, a qual estamos apenas penetrando.

Adquirir essa consciência de que a evolução não se faz aos saltos, e sim etapa a etapa, é um valoroso passo na libertação desse “vício de santificação”, essa necessidade neurótica que incutimos ao longo de eras sem fim, especialmente nas letras religiosas, com o qual queremos passar por aquilo que ainda não somos. Disso resulta o conflito, a dor, a cobrança, o perfeccionismo e todo um complexo de atitude de autodesamor.

Sejamos nós mesmos e não nos sintamos menores por isso. Aparentar santificação para o mundo não nos exonera da equânime realidade dos princípios universais. Ninguém escapa das leis criadas pelo Criador. A elas todos estamos submetidos. Que nos adiantará demonstrar santificação para os outros, se a vida dos espíritos é um espelho da Verdade que mostrará, a cada um de nós, particularmente, como somos?

Se acreditamos, portanto, na imortalidade e sabemos da existência dessas “leis espelho”, deveríamos então concluir que o quanto antes, para aqueles que se encontram na carne, tratamos nossa realidade sem medos e culpas, maior será o bem que fazemos a nós mesmos.

Recordemos, nesse ínterim, que a caridade para com o outro, conquanto seja extenso tributo de ajuste aos Estatutos Divinos, não é “passaporte de garantia” par a movimentação nas experiências de autoridade e de equilíbrio nos planos imortais. Aprendamos o quanto antes a cultivar essa “sensação de salvação”, experimentada nos serviços de doação, também em nossos momentos de autoencontro. Essa conquista realmente nos pertence e ninguém nos pode tirar em tempo algum.

Viver distante da hipocrisia necessariamente não significa expor a vida íntima e as lutas que carregamos a qualquer pessoa, mas expô-las antes de tudo, a nós mesmos, assumindo o que sentimos, os desejos que nutrimos, os sonhos que ainda trazemos, os sentimentos que nos incendeiam de paixões, os pensamentos que nos consomem as horas, esforçando-se por analisar nossas más condutas. Por outro ângulo, esse mesmo processo de “detecção consciente” precisa ser realizado com nossos valores, as decisões infelizes que deixamos de tomar, o sacrifício de construir uma atividade espiritual, os novos costumes que estamos talhando na personalidade, os sentimentos sublimes que começam a ensaiar projetos de luz na nossa mente, as escolhas que temos feito no bem comum.

Reforma íntima, como a própria expressão comunica, quer dizer a mudança que fazemos por dentro. E jamais, em caso algum, ela se dará repentinamente, num salto. A santificação é um processo lento e gradativo. Cuidemos com atenção das velhas ilusões que nos fazem acreditar na “angelitude por osmose”, ou seja, de que a simples presença ou participação nos ofícios doutrinários é garantia de aperfeiçoamento.

Temos recebido na vida espiritual inúmeros companheiros de ideal, cuja revolta consigo próprios leva-os a tormentos patológicos de graves proporções, quando percebem o equívoco em acreditar que tão somente suas adesões às atividades de amor lhes renderam o “reino dos céus”. A ilusão é tão intensa que requer tratamentos especializados e longos em nosso plano. E vejam, os meus amigos na carne, o que a mente é capaz, pois muitos desses corações poderiam intensamente se beneficiar das realizações a que se entregaram, podendo mesmo alguns obter um trespasse tranquilo, todavia, sem exceção, estão esperando mais do que merecem, é quando surge a inconformação diante das expectativas de honrarias e glórias injustificáveis na espiritualidade. Então esbravejam ao perceberem que são tratados com muito carinho e amor, a fim de assumirem sua verdade realidade de doentes com baixo aproveitamento na reencarnação, colhendo espinhoso resultado de seu autoengano.

Espíritas amigos e irmãos, lembrai-vos de que todos estamos na Terra, planeta de testes infindáveis ao nosso aperfeiçoamento. Mesmo os que nos encontramos fora do corpo ajustamo-nos a essa conotação evolutiva. E nessa conjuntura o caminho da santificação se amoita à realidade do homem que nela habita. Se, por agora, estivermos pelo menos nos esforçando para sair do mal que fazemos a nós e ao próximo, dirigimo-nos para essa proposta sagrada. Todavia, se ansiamos por concretizar em mais larga escala as luzes de nossa santificação, lancemo-nos com louvor a outra etapa do processo e aprendamos como criar todo o bem que pudermos em torno de nossos passos, soltando-nos definitivamente de todos os grilhões do terrível sentimento do fingimento, o qual ainda nos faz sentir que somos aquilo que supomos ser.




[1] Reforma Íntima sem Martírio – Wanderley S. de Oliveira