Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Reforma Íntima Sem sofrimento - Espírito Imortal


Morel Felipe Wilkon

Você acha importante a reforma íntima? Compreende mais ou menos o que ela exige de você? Sim, há algumas exigências que você deve observar. Mas isso não quer dizer que você terá que mudar tudo, começar tudo de novo. Afinal, estamos falando de reforma, não de construção. Não se trata de começar do zero, mas de aproveitar a base construída por você através de inúmeras reencarnações. Sobre esta base são efetuados alguns ajustes. Saem algumas partes, outras são acrescentadas.

Talvez nada seja tão imprescindível para a reforma íntima quanto o gosto de aprender, a aceitação de que somos aprendizes, que estamos aqui para aprender e que o aprendizado se oferece para nós todos os dias. Basta aceitá-lo, observá-lo e apreendê-lo. É preciso ter coragem para mudar conceitos, para se dar conta de que algumas opiniões que juntamos pelo caminho simplesmente não têm mais serventia, e devem ser abandonadas.

Dessa disposição para aprender surge a descoberta de que o principal foco de aprendizado é você mesmo. Você deve se conhecer. Você deve conhecer a si mesmo mais do que a qualquer coisa. Você é um universo a ser explorado. Suas emoções e sentimentos oferecem um riquíssimo e fascinante campo de pesquisa. Também aqui é preciso ser corajoso. Corajoso para enfrentar os aspectos mais sombrios de si mesmo. Enfrentar por meio de uma fria e detida observação, análise e avaliação. Mas sem julgamento, sem condenação.

Se você conseguir conhecer e compreender melhor a si mesmo, provavelmente mudará uma série de hábitos. Sem muito esforço, sem sofrimento. Pois você irá notar que muitos de seus costumes e pontos de vista atuais não são verdadeiramente seus. Foram adotados por você em algum momento; ou por desconhecimento de algo melhor, ou por imitação de alguém que você admirava, ou como exigência da sociedade. Você automatizou um monte de comportamentos que não têm nada a ver com você, com o que você realmente quer, com o que você realmente acredita.

Você não se tornará um modelo de perfeição se conseguir realizar isso. Vai continuar sendo humano. Com algum esforço, ficará dez por cento melhor do que é hoje. Você acha pouco? Esses dez por cento são suficientes pra fazer a diferença. Num concurso público, a diferença entre um classificado e um desclassificado é muito, muito menor que isso. E essa diferença decide uma carreira e tudo o que ela acarreta.

Você não irá se livrar dos erros que já cometeu e provavelmente cometerá outros erros. Perdoe-se . Você precisa se perdoar pelos erros cometidos. Isso lhe dará mais coragem e humildade para lidar com os erros que ainda estão por vir. Aceite-se, ame-se. Permita-se começar de novo.

A maneira mais eficaz de evitar erros e promover acertos é estar sempre ligado, sempre comprometido consigo mesmo. Sempre alerta, vigiando, controlando e orientando seus pensamentos.  Você lembra que tudo começa pelo pensamento? Sei que não preciso dizer, mas é bom reforçar. Tudo o que existe nasceu de um pensamento. Tudo. Todos os ideais, toda a tecnologia, todo o progresso material, tudo é pensamento colocado em prática.

Tenha bons pensamentos, reeduque sua mente, ensine sua mente a pensar. Adquira o hábito de orar. Com ou sem palavras. É a maneira que temos de nos conectarmos com o que há de mais elevado. Não é preciso dizer, também, que só oração não basta; é preciso trabalho, muito trabalho. Fazer de cada dia um dia produtivo; de cada hora uma hora útil. Se for útil a mais alguém além de você, melhor ainda.

Um cuidado que devemos ter é não querer que todos mudem conosco, que todos sigam nosso exemplo. Você sabe, cada um tem o seu tempo. Por isso é necessário ser tolerante. E gostar de si mesmo. Acho que nada é mais urgente do que amar a si mesmo. Aceitar que erramos, que nossa trajetória contém erros e acertos. Valorize sua história. Respeite sua história evolutiva. Mesmo seus maiores erros pareceram a melhor alternativa, quando você os cometeu.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Amar, não sofrer - Hammed


21 do livro Renovando atitudes

Capítulo 5, item 26
“Perguntais se é permitido abrandar as vossas próprias provas: essa
questão leva a esta: é pernitido àquele que se afoga procurar se salvar?
Àquele que tem um espinho cravado, de o retirar?...”
“... contentai-vos com as provas que Deus nos envia, e não aumenteis
sua carga, às vezes tão pesada...”
(Capítulo 5, item 26.)
Sofremos porque ainda não aprendemos a amar; afinal, a lei divina nos
incentiva ao amor, como sendo a única forma capaz de promover o nosso
crescimento espiritual.
Os métodos reais da evolução só acontecem em nós quando entramos no
fluxo educativo do amor. Sofrer por sofrer não tem significado algum, pois a dor
tem como função resgatar as almas para as faixas nobres da vida, por onde
transitam os que amam em plenitude.
Temos acumulado inúmeras experiências nas névoas dos séculos, em
estâncias onde nossas almas estagiaram, e aprendido invariavelmente que só
repararíamos nossos desacertos e equívocos perante a vida através do
binômio “dor-castigo”.
Nas tradições da mitologia pagã, aprendemos com os deuses toda uma
postura marcada pela dor. A princípio, os duelos de Osíris, Sete Hórus, do
Antigo Egito. Mais além, assimilamos “formas-pensamentos” das desavenças e
vinganças entre Netuno e Júpiter no Olimpo, a morada dos deuses da Grécia.
Por outro lado, não foi somente entre as religiões idólatras que
incorporamos essas formas de convicção, mas também nos conceitos do Velho
Testamento, onde exercitamos toda uma forma de pensar, na exaltação da dor
como um dos processos divinos para punir todos aqueles que se encontravam
em falta.
A palavra “talião” significa “tal”, do latim “talis”, definida como a “Lei de
Talião”, ou seja, “Olho por olho, dente por dente”. (1) Significa que as criaturas
deveriam ter como castigo a dor, “tal qual” fizeram os outros sentir.
Constatamos, assim, a idéia de que se tinha do poder divino era caracterizada
por atributos profundamente punitivos.
Já afirmava: “e Deus na sua ira lhes repartirá as dores”; (2) o Gênesis,
em se referindo aos castigos da mulher: “multiplicarei os teus trabalhos e em
meio da dor darás à luz a filhos”. (3) São algumas dentre muitas assertivas que
nos levaram a formar crenças profundas de que somente o sofrimento era
capaz de sublimar as almas, ou reparar negligências, abusos e crimes.
No “Sermão do Monte”, Jesus Cristo se refere à Lei de Talião
revogando-a completamente: “Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por
dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se alguém te bater
na face direita, apresenta-lhe também a outra”. (4)
Longa foi a estiagem dos métodos conetivos pela dor, contudo o Mestre
instalou na Terra o processo da educação pelo amor.
Apesar de Jesus ter invalidado a lei do “tal crime, tal castigo”, ela ainda
prevalece para todos os seres humanos que não encontraram no amor uma
forma de “viver” e pensar.
54Realmente, durante muito tempo, a dor terá função dentro dos
imperativos da vida, estimulando as pessoas às mudanças e às renovações,
por não aceitarem que o amor muda e renova e, portanto, utiliza-se dos “cilícios
mentais”, como meios de suplícios e tormentos, para se autopunirem, pondo
assim em prática toda sua ideologia de “exaltação à falta-punição”.
Crenças não são simplesmente credos, máximas ou estímulos
religiosos, mas também princípios orientadores de fé e de idéias, que nos
proporcionam direção na vida. São verdadeiras forças que poderão limitar ou
ampliar a criação do bem em nossa existência.
Mudar para o amor como método de crescimento, reformulando idéias e
reestruturando os valores antigos é sairmos da posição de vítimas, mártires ou
pobres coitados, facilitando a sintonização com as correntes sutis e amoráveis
dos espíritos nobres que subiram na escala do Universo, amando.
Podemos, sim, “sutilizar” nossas energias cármicas, amando, ou
“desgastá-las” penosamente, se continuarmos a reafirmar nossas crenças
punitivas do passado.
Reforçar o “espinho cravado” ou não retirá-lo é opção nossa.
Lembremo-nos, porém, de que idéias arraigadas e adotadas seriamente por
nós tendem a motivar-lhes a própria concretização.
(1) Êxodo 21:24.
(2) Jó 21:17.
(3) Gênesis 3:16.
(4) Mateus 5:38 e 39

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Dor e evolução


Dor e evolução

Amílcar Del Chiaro Filho
de Guarulhos, SP
As religiões classificam a Terra como um lugar de degredo, de expiação. Marcados pelo pecado original, arrastamo-nos pela vida, e sacerdotes e ministros das diversas igrejas, afirmam ter os meios de se alcançar a salvação para o outro mundo, mas as vezes, com a promessa de uma boa cota de felicidade, ainda para esse mundo.
Por outro lado, são muitas as pessoas que ensinam que se pode ser feliz, desde que se queira, bastando pensar positivamente. O pensamento positivo ajuda bastante, contudo, não é o suficiente.
Carregando a culpa de um pecado original, e da fragilidade humana, acrescida por um “deicídio”, ou seja, o assassinato de Deus, pois segundo a teologia cristã, Jesus de Nazaré foi a encarnação de Deus na Terra, ficamos sujeitos a mil sofrimentos, desnecessários, por incapacidade de vencer os condicionamentos com os quais reencarnamos, e que introjetaram em nossa mente desde os primeiros dias da nossa vida aqui na Terra.
Que bom seria se pudéssemos esvaziar a nossa mente de tudo que ali colocaram, desde que éramos pequeninos, e selecionarmos aquilo que seja realmente útil para a nossa evolução. Numa linguagem de hoje, precisaríamos deletar os arquivos inúteis, selecionar e criar novos arquivos, usando um bom antivírus, como o conhecimento espírita, para evitarmos a perda ou distorção do aprendizado.
Os espíritos disseram a Allan Kardec, que a felicidade completa, ou permanente, aqui na Terra, é impossível, mas pode-se ter momentos felizes.
No entanto os momentos felizes, quando se tem sensibilidade, fraternidade, é empanado pela dor de ver o sofrimento do próximo. Nossas vitórias quase sempre eqüivalem a derrota de outrem. Um exemplo simples é uma partida de futebol, basquete ou qualquer jogo esportivo. Enquanto uma torcida delira com a vitória, a outra amarga a derrota.
Para cada cidadão que consegue um título universitário, existem milhares de analfabetos ou cidadãos de segunda classe, que mal aprenderam a escrever o próprio nome.
Quantas vezes, alguém está saudável, forte, pleno de alegria, mas tem em sua própria família, um ente querido doente, paralisado, canceroso, mentalmente obnubilado.
Talvez poucos, ao degustarem um prato sofisticado, caríssimo, com nome estrangeiro complicado, feitos por cozinheiros famosos em elegantes restaurantes, se lembram de que existem milhões de pessoas no mundo, e muitas ali por perto, que não comem o suficiente para manter as energias, ou simplesmente não comem.
Não prezado leitor, esse artigo não é a exaltação do pessimismo. É apenas uma chamada à consciência, um exame do gozar e sofrer, da felicidade e da infelicidade.
O que queremos dizer é que precisamos ser fraternos, e aplicar aquilo que os espíritos codificadores disseram a Kardec:  Do supérfluo dos ricos, muitos pobres se sustentariam. Mas as riquezas não são apenas valores amoedadados, mas também, fé, compreensão, amizade, amor, inteligência.
Nascemos para sofrer? Para pagar nossos débitos perante as leis divinas? Somos réprobos neste mundo que foi classificado como penitenciária e hospital? Estamos sujeitos ao pecado original? Afinal, é possível ser feliz aqui na Terra?
Cada uma dessas perguntas suscitariam páginas e mais páginas para análises e respostas. Em síntese, responderíamos que não nascemos para sofrer, mas sofremos! Sofremos porque o nosso mundo é imperfeito. Nós somos imperfeitos. Sofremos porque erramos, mas erramos porque somos ainda ignorantes e temos pouca evolução. As desigualdades são aumentadas pela falta de solidariedade, fraternidade, e pelo império do egoísmo.
A Doutrina Espírita ensina que Deus nos criou simples e ignorantes, e determinou, por meio das suas leis, que o nosso desenvolvimento se faça através de vidas sucessivas em mundos materiais. Logicamente esses mundos obedecem a uma escala evolutiva: mundos primitivos para espíritos primitivos. Mundos angelicais para espíritos angélicos. Mas todos começaram pelo primitivo. Entretanto, porque Deus quis que fosse assim, ninguém poderá responder.
Porém, prezado leitor, o que queremos dizer realmente nesse artigo, é que a dor, em qualquer uma das suas formas, tem uma mensagem para nós. Decodificar essa mensagem é tarefa de cada um. Talvez possamos decodificar aquilo que é comum em todas elas: Evolua! Cresça! Ame incondicionalmente! Confie na providência divina! Partilhe a sua felicidade, os seus momentos felizes com o seu próximo. Examine o seu patrimônio moral e intelectual, os seus direitos adquiridos, e ensine todos a conquistá-los.
Podemos dizer que Deus não castiga, se entendermos as dores do mundo como lições preciosas, aprendizado. Precisamos compreender que a vida num corpo físico é muito importante e devemos valorizá-la, devemos amar e respeitar esse corpo e não culpá-lo pelos nossos deslizes, pois quem pensa, ama e sente é o espírito imortal, e não a matéria.
Se você está passando por grandes sofrimentos, não se revolte, nem desanime. Não se julgue, também, um grande pecador, mas alguém que batalha para evoluir. O peixe, ao lutar para fugir da rede, perde muitas escamas. Portanto, a rede do sofrimento que te aprisiona, não exigirá menores perdas, mas valerá a pena. E como valerá a pena, quando compreendermos o que disse o Rabi Nazareno: Conhecereis a verdade e ela vos libertará.
(Jornal Verdade e Luz Nº 168 de Janeiro de 2000)

Dor


Segundo o dicionário Michaelis, a dor, entre outras coisas, é uma “sensação desagradável ou penosa, causada por um estado anômalo do organismo ou parte dele”.


Muitos de nós sentimos dor em algum momento. Seja a dor física, como uma dor de cabeça, seja uma dor que não sabemos dizer onde dói, como a dor da saudade...


Mas... qual a real função da dor (no sentido mais amplo) em nossas vidas?


Conforme nos diz Patrícia, no livro “Vivendo no Mundo dos Espíritos”, “quando não aproveitamos as lições para progredir através do amor, a dor nos obriga a caminhar. Porque é através, quase sempre, da dor que procuramos Deus, uma religião, uma modificação interior, e fazemos assim a troca de vícios por virtudes. Aquele que se revolta não aproveita o sofrimento como preciosa lição. Sofre às vezes mais. A diferença entre o bem sofrer e o mal sofrer é a aceitação e a compreensão do sofrimento.”


Como podemos perceber, a dor possui uma função muito importante para nós. No livro “Nos Domínios da Mediunidade”, André Luiz afirma: “A dor em nossa vida íntima é assim como o arado na terra inculta. Rasgando e ferindo, oferece os melhores recursos à produção.”


No livro “Ação e Reação”, André Luiz mais uma vez esclarece-nos sobre o tema, apresentando-nos os seguintes conceitos:


Dor-evolução: Atua de fora para dentro, aprimorando o ser. Sem ela não existiria progresso. A dor é ingrediente mais importante na economia da vida em expansão. O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifício, a criança chorando, irresponsável ou semi-consciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor-evolução.


Dor-expiação: Vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça.


Dor-auxílio: Em muitas ocasiões, no decurso da luta humana, nossa alma adquire compromissos vultosos nesse ou naquele sentido. Habitualmente, logramos vantagens em determinados setores da experiência, perdendo em outros. Às vezes, interessamo-nos vivamente pela sublimação do próximo, olvidando a melhoria de nós mesmos. É assim que, pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais freqüentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitável na Vida Espiritual.


Alan Kardec, no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, também não poderia deixar de falar neste assunto:


"Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento por que se passa nesse mundo seja necessariamente o indício de uma determinada falta: trata-se freqüentemente de simples provas escolhidas pelo Espírito, para acabar a sua purificação e acelerar o seu adiantamento. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas a prova nem sempre é uma expiação. Mas provas e expiações são sempre sinais de uma inferioridade relativa, pois aquele que é perfeito não precisa ser provado. Um Espírito pode, portanto, ter conquistado um certo grau de elevação, mas querendo avançar mais*, solicita uma missão, uma tarefa, pela qual será tanto mais recompensado, se sair vitorioso, quanto mais penosa tiver sido a luta. Esses são, mais especialmente, os casos das pessoas de tendências naturalmente boas, de alma elevada, de sentimentos nobres inatos, que parecem nada trazer de mau de sua precedente existência, e que sofrem com resignação cristã as maiores dores, pedindo forças a Deus para suportá-las sem reclamar. Podem-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam reclamações e levam o homem à revolta contra Deus. O sofrimento que não provoca murmurações pode ser, sem dúvida, uma expiação, mas indica que foi antes escolhido voluntariamente do que imposto; é a prova de uma firma resolução, o que constitui sinal de progresso."


*ou ainda, no exercício de amor e abnegação em favor do próximo.


No livro “Paulo e Estêvão” (autoria do Espírito Emmanuel, psicografia deChico Xavier), encontramos a seguinte reflexão sobre o tema, atribuída ao Apóstolo Paulo de Tarso: “Não clamamos tanto contra a dor? E quem nos traz maiores benefícios? Às vezes, nossa redenção está naquilo mesmo que antes nos parecia verdadeira calamidade.”


Eurípedes Kühl, no seu livro “Animais, Nossos Irmãos”, também discorre sobre esse assunto, afirmando que “a dor é inapelável conseqüência do erro”. Fala-nos ainda:


“Quando o espírito se compenetra de que colherá segundo o que plantar, entende, na amplitude, o conselho do Cristo: A cada um será dado segundo suas obras.”


“Assim, não será prudente nem admissível conjeturarmos sobre eventual falha da Vida, que imponha sofrimento a inocentes. A Natureza, mais propriamente Deus, Nosso Pai, é a Suprema Inteligência e de forma alguma se enganaria ao atribuir expiações ou provações.”


“Repetimos: é urgente destruir o conceito que Deus castiga ou premia – as Leis Naturais, criadas antes dos seres, balizam toda a trajetória evolutiva. Por isso, aquele que sofre, sofre na medida exata da sua própria culpa e na dimensão adequada à sua capacidade de resgate.”


Podemos compreender então, que a dor, seja ela como for, é comum a todos nós, o que difere é a maneira pela qual a encaramos. E alguns sofrem mais do que os outros devido à sua própria imprevidência, seja na vida atual ou em existências anteriores. Só compreendemos melhor a causa das aflições quando passamos a aceitar a idéia de que somos espíritos imortais, que vivemos ao longo dos séculos buscando nossa própria evolução, e que muitos males que sofremos são originados pela nossa própria conduta, portanto, cabe a nós mesmos sofrer as conseqüências. Dessa maneira, devemos sempre interrogar a nossa própria consciência e analisar nossas atitudes, procurando sempre buscar a causa das nossas aflições e, conseqüentemente, a solução dos problemas, dentro de nós mesmos...


Amigos, espero ter contribuído de alguma maneira em relação ao esclarecimento desse assunto. Não espero com isso esgotar esse tema, que afinal, é tão rico e tão bem estudado pelo Doutrina Espírita. Recomendo a todos a leitura dos livros que relaciono a seguir e que foram utilizados como fonte de pesquisa para esse texto. Indico especialmente o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, um livro abençoado que esclarece e consola com seus belos ensinamentos. Abraços a todos!


“Só a dor nos ensina a ser humanos”.
Emmanuel – Paulo e Estêvão – Chico Xavier


Obras citadas neste texto:


Vivendo no Mundo dos Espíritos” – Patrícia (autora espiritual) / Psicografado por Vera Lúcia M. de Carvalho – Editora Petit


Nos Domínios da Mediunidade” – André Luiz (autor espiritual) / Psicografado por Francisco Cândido Xavier – Editora FEB


Ação e Reação” – André Luiz (autor espiritual) / Psicografado por Francisco Cândido Xavier – Editora FEB


Evangelho Segundo o Espiritismo” (Tradução de José Herculano Pires) – Allan Kardec – Editora EME


Animais, Nossos Irmãos” – Eurípedes Kühl – Editora Petit


Paulo e Estêvão” – Emmanuel (autor espiritual) / Psicografado por Francisco Cândido Xavier – Editora FEB

Uma Visão da Dor





 Adésio Alves Machado

 
O ser humano, espírito reencarnado na Terra, enfrenta terrível inimigo conhecido como dor, mas por necessidade evolutiva, destaquemos. Para os Espíritos Superiores a dor é mecanismo de progresso espiritual, constituindo-se, pois, como instrutora.

A dor pode apresentar-se em três aspectos: física, espiritual e moral. Estas recebem denominações várias: angústias, amarguras, aflições, tristezas, solidão, despeito, mágoa, ciúme, inveja, ingratidão, insegurança, irritação, indiferença, egoísmo, orgulho e todo um rosário de outras manifestações do espírito que se expressam na sua estruturação interna, com repercussões externas, incomodando-o profundamente.

Muito simples entender o que pretendemos mostrar. Não existisse a dor, o que aconteceria com a mão esquecida sobre uma chapa incandescente? Como ficariam nossos pés se caminhássemos sobre espinhos? Se fôssemos insensíveis ao choque elétrico, que conseqüências adviriam?

Para a medicina da terra a dor física é um sintoma de alarme, apresentado pelo organismo, dizendo que algo não vai bem com o seu funcionamento. Vista desta forma, a dor física deixa de ser uma inimiga e passa a ser uma grande aliada do nosso organismo ou do nosso corpo, pois este autêntico alarme revela que devemos parar e nos cuidar, de forma a atenuar ou aliviar por completo a sua presença desagradável. A forma mais eficaz para evitar a recidiva de qualquer sofrimento é descobrir a sua causa. Quando descoberta, a criatura inicia toda uma vigilância a fim de não o provocar, agindo de forma a neutralizar a sua fonte geradora.

O mesmo devemos fazer com as nossas dores da alma, isto é, a dor moral, aquela que atinge diretamente o espírito, acima referidas, que se mostram, na maioria, de difícil erradicação, tendo em vista que também existe a necessidade de descobrir-se a causa, a sua origem, muitas delas não encontradas nesta vida, mas no passado reencarnatório, dificultando muito a sua descoberta para quem não for um médico ou um psicoterapeuta reencarnacionista.

Depois de encontrar os analgésicos para alívio da dor física, a medicina terrena moderna chegou à conclusão de que o sistema que dispara a dor física tem seu fulcro central na alma, no processo emocional que funciona em seu interior. Evidencia-se para a medicina dos homens que a dor física tem a sua origem no desajuste da alma, é uma enfermidade espiritual que Jesus, o Médico Excelente, veio tratar através de um medicamento chamado Amor. Amar, eis o grande antídoto contra a dor do espírito, o medicamento que deve ser “ingerido” para neutralizar o seu surgimento. .

Fugir da dor, portanto, libertar-se do sofrimento são anseios buscados pelo espírito reencarnado, ou na erraticidade, ligados à Terra e ainda estigmatizados pela necessidade de incorporar ao seu conviver com o próximo, consigo mesmo e consequentemente com Deus os verdadeiros valores da Vida. Com o advento da Doutrina Espírita, sabemos que tais valores se acham em estado embrionário em nosso íntimo mais profundo, carecendo de serem encontrados e trabalhados, porque temos, os espíritas, a melhor noção de que somos espíritos imortais, com um destino fatal - a perfeição. Este é um determinismo divino.

Vejamos, inicialmente, que a dor, seja física ou espiritual, é sofrida por quem a provoca e que nunca bate em porta errada. Não há por quê, em hipótese alguma, atribuir a terceiros a culpa de nossas dores, pois que elas resultam das atitudes, dos procedimentos, das ações praticadas contra a Vida, ou, como queiram, contra Deus. Estivesse a dor fora de nossa realidade, estaríamos reencarnados em outro mundo.

Importa termos a consciência de que não é com o próximo que o ofensor contrai uma dívida, compromete-se, porque caso seja perdoado pelo ofendido, como ficaria a dívida contraída pelo ofensor? Sem resgate, sem pagamento? Assim sendo, saindo o ofendido com o seu perdão do ciclo energético negativo criado pelo ofensor, este será trazido às instâncias da Lei, de onde estiver, para aprender, através do mecanismo da dor, a não reincidir no mesmo erro. Desta forma, aqui na Terra, estamos aprendendo, em essência, a não errar mais.

Deus a ninguém liberta gratuitamente de suas faltas, por mais possam apregoar certas doutrinas cristãs, as quais preceituam que a aceitação simplista de Jesus, como o Salvador, seja o suficiente para que o crente se livre da dor. Transferir para outrem, para Jesus mesmo, as suas faltas a fim de que seja perdoado e liberto da dor é um ledo engano que não encontra respaldo na lógica da Justiça Divina.

Entorpecer o corpo de prazeres, segundo correntes materialistas científicas ou filosóficas, a ninguém isenta da dor. Existe, sim, a necessidade de assumir a responsabilidade de uma mudança comportamental, mudança que sempre pode libertar o indivíduo da dor, quando bem realizada segundo padrões éticos/morais cristãos.

Ignora quem aconselha a busca dos prazeres como forma de libertação da dor, que eles não costumam atender a sede total de quem os busca de forma desordenada. Muito pelo contrário, leva aos desvarios provocados pelas drogas alucinógenas, estupefacientes, quando usadas para se chegar a essas alegrias superlativas, diferentes, aquelas que projetam a criatura para fora de sua realidade. A consciência enferma que busca estes elementos nocivos para alegrar-se não pode ser conduzida à felicidade que não merece, nem à paz a que não faz jus.

A dor espiritual, principalmente, tem uma tarefa na sua postura existencial de servidora do ser humano: provocar-lhe o despertar consciencial, mostrando-lhe a necessidade de reequilíbrio emocional diante da Lei, o que redunda em fortalecer o seu sistema imunológico.

A linguagem da dor e o seu objetivo educativo repontam apenas em poucas pessoas, aquelas com certo amadurecimento espiritual, capacitadas a escutar e entender o seu funcionamento na Vida, no seu contexto dual, isto é, material e espiritual..

Sócrates, Francisco de Assis, Martin Luther King Júnior, Joanna d’Arc, Gandhi, John Fitzgerald Kennedy, Madre Tereza, Chico Xavier e tantos outros sentiram o aguilhão da dor na carne, sem permitir que ela lhes atingisse a alma, eles que sofreram a dor da humilhação, do cárcere injusto, de arbitrários julgamentos, mantendo, não obstante, a força do amor nos corações, oferecendo, assim,  para os pósteros, o testemunho de suas condições internas de leais servidores do Bem e da Humanidade.

Como moeda de resgate e alta concessão divina, a dor ajuda a fixar o bem em quem a sofre. “...Com a sua ausência ignoraríamos a paz, desconsideraríamos a alegria, maldiríamos a saúde”, na palavra de Joanna de Ângelis.

Nosso dever é a fixação da prática do bem em nossas telas mentais, em nosso inconsciente, ou psiquismo de profundidade, a fim de que este responda sempre aos nossos apelos nobres, às nossas justas iniciativas, preparado que se acha para responder de conformidade com o que nele introjetamos. Nosso inconsciente é terra fértil, nem boa nem má, apenas armazena o que lhe enviamos pela zona consciente, devolvendo, como recebeu, as nossas emoções e os nossos sentimentos, as nossas alegrias e as nossas mágoas, as nossas venturas e as nossas aflições.

Acalmar-se, tranqüilizar o emocional, eis a palavra de ordem do consciente ao inconsciente, embora a tormenta externa nos atinja e nos faça sofrer. Requisitado, o inconsciente responderá de conformidade com o que lhe enviou o consciente, repitamos.

Para Jesus a dor sofrida é felicidade, Ele que soube encarar o seu sofrimento como um amigo de todas as horas. Em todos os instantes de seu sofrimento elegeu a dor para exaltar o amor e a bondade como rota de luz, visando à pacificação geral. Assim mesmo prosseguiu imperturbável.

Mesmo que estejamos amesquinhados por dores e preocupações, dilacerados por aflições ultrizes, levantemo-nos estóicos e cristãos, com a cabeça aureolada de esperanças. Tomemos as asas do amor para com elas louvarmos a Jesus, o Senhor do Bem e da Paz, e sigamos rumo às regiões de Libertação onde nos aguardam todos quantos se amam, após haverem perlustrado os caminhos tortuosos dos enganos.

Temos, às nossas meditações, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. V, item 10, que as provações da vida fazem adiantar quem as sofre, quando bem suportadas; elas apagam as faltas e purificam o espírito faltoso. “Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio”, salientam os Espíritos Superiores. Continuam: “( ... ) Dele, depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá que recomeçar”. E, no mesmo livro, capítulo XIV, item 9: “As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus”.


(Artigo reproduzido com autorização do autor)


Ante a dor



Muitos de nós reagimos de forma bastante negativa aos sofrimentos.
Cremos em Deus, falamos de fé, esperança e gratidão ao Pai
enquanto nossa vida corre tranquila.
Contudo, quando os ventos dos reveses nos atormentam, a revolta se
instala e gritamos: Por que, Deus? Por que comigo?
Nesses momentos, esquecemos que Deus é o Pai de Amor e Justiça,
olvidamos do poder da prece, esquecemos tantas coisas…
Analisando, no entanto, a vida de algumas criaturas verificamos que
sofrem muito mais do que nós e não se mostram rebeldes, nem
ingratas.
Recordamos que, mais ou menos seis anos antes de morrer, Francisco de
Assis passou a sofrer de uma grave doença nos olhos, que lhe causava
fortes dores.
A visão parecia coberta por um véu. Primeiro, ele começou a sentir
como se os olhos estivessem se rasgando. Mais tarde, as pálpebras
incharam devido à irritação e infecção.
Esfregar os olhos somente piorava. A luz o incomodava. E sua visão
foi ficando sempre pior.
Acredita-se que se tratava de uma doença que grassava no clima seco
e arenoso do Egito: o tracoma.
Francisco de Assis
Francisco havia passado bastante tempo no acampamento dos cruzados,
nas margens fétidas e úmidas do rio Nilo. Ali faltava higiene
adequada e as doenças se alastravam.
No início da primavera de 1225, amigos levaram Francisco a um
médico que havia imaginado um método revolucionário no tratamento
das doenças dos olhos.
O médico chegou com o instrumento de ferro usado para
cauterização. Acendeu o fogo e depois colocou nele o ferro.
Os amigos explicaram a Francisco o que ia fazer o médico: já
vermelhos, os ferros seriam aplicados para queimar a carne dos dois
lados da cabeça de Francisco, das maçãs do rosto às sobrancelhas.
As veias das têmporas seriam abertas e a esperança era que a
infecção que causava a cegueira fosse drenada.
Enquanto os ferros avermelhavam, Francisco espantou a todos.
Com voz fraca e, com certeza, ansiosa, falou:
Meu irmão fogo, és nobre e útil entre todas as criaturas do
Altíssimo. Sê bondoso comigo nesta hora.
Durante muito tempo te amei. Rogo a nosso Criador que te fez para que
tempere teu calor, a fim de que eu possa suportar.
E com um gesto, abençoou o fogo.
Os amigos, apavorados com o procedimento que seria executado, fugiram
e ele ficou só com o médico.
Os ferros foram aplicados e a queimadura se estendeu das orelhas às
sobrancelhas. A cabeça ficou cauterizada. As veias abertas.
Quando os companheiros retornaram à sala, o paciente estava
extraordinariamente calmo e sem queixas.
Todo o procedimento foi ineficiente mas o que ressalta é a fé de
Francisco, exemplificando que o verdadeiro cristão deve suportar a
dor, com serenidade, atestando da sua coragem.
* * *
Com certeza, muito ainda temos que aprender. Mas, enquanto os dias de
bonança nos abraçam, oremos e peçamos a Deus que nos fortaleça
para os dias de tempestade que poderão advir, em algum momento.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Quinze

O SIGNIFICADO DO SOFRIMENTO


O SIGNIFICADO DO SOFRIMENTO
Sergito de Souza Cavalcanti



     O sofrimento é útil, bendito, um elemento absolutamente necessário para nossa evolução. Se não existisse a dor, nosso progresso seria infinitamente mais lento.
     Nossas dores, tropeços, erros e problemas, no fundo, são os maiores agentes de nosso progresso. São testes que a Divina Providência coloca em nosso caminho para aquilatar nossa capacidade de paciência e resignação.
     Bendiga suas dificuldades. Por meio delas aprendemos, nos esclarecemos e aumentamos nossa fé em Deus. Ninguém progride sem luta, sem sofrimento, sem resignação.
     Francisco de Assis sempre se referia à dor como sua irmãzinha querida, porque sabia do seu poder e utilidade. Paulo de Tarso sempre se referia, em suas cartas, aos aguilhões que o machucavam e o faziam sofrer, mas, como Francisco de Assis, entendia sua dor e podia dizer inspirado: “Transbordo de júbilo no meio de todas as minhas atribulações” (II Cor. 7-4 ).
     fase evolutiva em que vivemos, todos sofrem. A história da humanidade é uma imensa cadeia de sofrimentos, tanto de ordem física como moral. O sofrimento é um apanágio do planeta em que vivemos. Aqui sofre o rico, o pobre, o que mora no palácio e o que mora na choupana, o branco, o índio, enfim, todos sofrem, uns mais outros menos. Entramos na vida chorando e sairemos dela gemendo.
     Por que sofremos tanto? Sofremos muito porque erramos muito. E ainda erramos muito movidos por nossa ignorância. Somos mais ignorantes do que maus. O sofrimento, pois, é conseqüência do mal; o mal é conseqüência de nossa ignorância.
     Há um ditado que diz: “Quem não quiser andar de braços dados com Jesus andará de braços dados com a dor, e essa dor é tão amiga do homem errado que jamais o abandona enquanto voluntariamente não voltar para os braços de Jesus”.
     Aceitemos, pois, nossas dores com muita humildade e resignação. Saibamos, no entanto, sofrer e retirar da dor tudo o que ela possa nos ensinar. Ninguém sofre sem merecer. Se sofre muito é porque erra ou errou muito. Nossos erros advêm de nossa ignorância espiritual. Se todos soubessem por que sofrem, este mundo seria mais ditoso.
      Há uma grande verdade  que não podemos nos esquecer: “o que plantamos temos de colher”.  Paulo, em sua carta aos Gálatas, afirma: “Não queiras errar; de Deus não se zomba, porque aquilo que o homem semear isso também colherá”( Gl.6-7 ).
     Colhemos aquilo que plantamos. Ninguém padece sem justa razão, pois Deus não permitiria. O homem é herança de si mesmo, portanto, se é escravo do ontem é dono do amanhã.
     Aceitemos nossas provações sem revolta nem reclamações. Sendo Deus a suprema justiça, não permitiria que alguém sofresse sem merecer. Portanto, se alguém sofre justa há de ser a causa de seu sofrimento, e somente a preexistência do espírito pode explicar a desigualdade na repartição do bem e do mal entre os homens.
     Nas venerandas páginas da Bíblia encontramos a história de Jó:
     “Vivia na terra de Huz um homem por nome Jó, que era irrepreensível e homem de bem, que temia a Deus e evitava o mal. Tinha sete filhos e três filhas. Possuía 7.000 ovelhas, 3.000 camelos, 500 juntas de novilhas, 500 jumentos, além de numerosos fâmulos. Era mais rico que todos os filhos do Oriente. Mas eis que desaba sobre esse homem piedoso e bom a mais tremenda catástrofe!
     Perdeu todos os seus haveres. Pereceram-lhe todos os filhos. E ele mesmo se viu coberto de lepra, da cabeça aos pés. Ficou-lhe apenas, como desgraça viva e perene, a mulher insensata e descaridosa.
     Sentou-se, então, o milionário, subitamente reduzido a mendigo, sobre um monturo e, com o caco de um vaso partido, última relíquia da sua fortuna, raspava o pus que lhe escorria das fétidas chagas.
     E dizia Jó em meio a sua dor:
     “Nu saí do seio de minha mãe...
     Nu voltarei ao seio da terra...
     O Senhor me deu...
     O Senhor me tirou...
     Bendito seja o nome do Senhor...”
     A atitude de compreensão de Jó diante da grande tragédia que se abateu sobre sua vida demonstra a grandeza e a evolução do seu espírito. Entendeu, sem revolta, o porquê do sofrimento e soube, assim, sofrer com resignação, teve calma, paciência e não se desesperou.”
Sergito de Souza Cavalcanti

Dor e Sofrimento


Marlio Lamha
Engenheiro e Administrador de Empresas - Palestrante Espírita

Dor e Sofrimento

É comum usarmos as expressões Dor e Sofrimento quase como se fossem sinônimos ou, quando muito, como eventos co-incidentes, isto é, quando um se apresenta o outro necessariamente também acontece.

Obviamente não há sofrimento sem dor, mas confundir um com o outro é um equívoco.

A dor é uma “necessidade evolutiva” e, aceita sem rebeldia, não leva ao sofrimento. O sofrimento tem origem na rebeldia. O sofrimento é a conseqüência da não aceitação das regras evolutivas.

Evoluir é “superar limitações”. E, ninguém evolui sem aplicar esforços e todo esforço de “auto-superação” consome energia e, é a essa “necessidade de consumo de energia” que costumeiramente chamamos de dor.

Vejamos um exemplo do acima exposto na vida material: todo “atleta de ponta”, aquele atleta que compete em busca da quebra de recordes, convive necessariamente com a dor. Quebrar um recorde ou atingir um índice é um exercício da superação de uma limitação. Para vencer as suas limitações o atleta treina, se esforça, consome energia, sente dor. O resultado final quando vencida a barreira limitadora é a Felicidade da conquista e não sofrimento. Toda aquela dor decorrente do esforço da “auto-superação” resulta em Felicidade.

Todos nós, encarnados neste planeta, somos “atletas morais”. Todos, sem exceção, estamos encarnados para sermos submetidos aos exercícios necessários de superação de nossas limitações. Todos nós, sem exceção, teremos que conviver com a “dor do esforço de superação”. Somente a rebeldia a esse processo é que pode causar o Sofrimento.

A Dor


A Dor


Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br




Oração Inicial:


<lflavio> Com alegria, amigos, elevamos nossos pensamentos até Deus, nosso Pai Celestial, e agradecemos, em primeiro lugar, pela benção de mais um dia e pela oportunidade de nos encontrarmos aqui, neste canto virtual, para estudar e aprender. Que os Espíritos amigos, trabalhadores de Deus, possam envolver a todos nós, para que possamos aproveitar este estudo que traz um tema tão importante e atual: a Dor, que nos aflige, mas que nos ajuda também a crescer, a caminhar. Que as bênçãos de Deus possam ser derramadas, em especial, sobre a nossa irmã Dulce, encarregada do tema da noite. Assim iniciamos mais um trabalho e agradecemos a Deus. Que assim seja!

Apresentação do Palestrante:


<Dulce_Alcione> Boa noite a todos! É com muita alegria que voltamos a este canal de fraternidade e estudo. Sou trabalhadora da Casa da Irmã Maria Angélica, onde atuo, principalmente, junto ao setor de cursos (Centro Espírita Maria Angélica - Rio de Janeiro - RJ).

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Dulce_Alcione> Queridos irmãos, que a paz de Nosso Senhor Jesus nos envolva nesta noite de estudos. Nosso tema de hoje é "A Dor".


Em sua visão estreita e imediatista, o homem, em geral, entende a dor ou como punição divina ou como injustiça, por não achar-se merecedor dela. E então vem a conhecida questão: Por que eu? A dor pode ter causas em vidas anteriores quando violamos as leis de Deus, ou nessa vida, quando invigilantemente caímos nas armadilhas de nossa imprevidência, orgulho ou ambição e, por conseqüência, sofremos imediatamente ou acumulamos novos débitos para o futuro. Tudo gerado pelo nosso mal proceder. Todos nós, em algum momento, nos deparamos com a dor. É ela, muitas vezes, que nos reajusta no caminho, nos aproximando do Pai. Deus, que é soberanamente justo e bom, criou as leis que são perfeitas. Quando vivenciamos essas leis, ficamos equilibrados e somos felizes. Todas as vezes que violamos essas leis entramos em desequilíbrio.


Para nos reequilibrarmos é necessário nos reajustarmos com as leis. Esse reajuste pode se dar pelo amor ou pela dor. Como nossa capacidade de amar ainda é muito limitada, acabamos por nos reajustar através da dor, que, portanto, tem uma função educativa e não punitiva.

Perguntas/Respostas:

<[Moderador]>  <Dilma> Amiga Dulce, a dor é imposição ou escolha? Teríamos outro caminho?

<Dulce_Alcione>

A dor será sempre proporcional ao estrago que fizermos em nós mesmos pelo mau uso do nosso livre-arbítrio. Ao ferir o próximo, o mal retorna para junto de nós, pois fica gravado em nossa consciência. O resgate está proporcionalmente ligado às nossas quedas. (t)

<[Moderador]>  <Terraplaneta>

Será que a dor que um espírito encarnado tem e/ou recebe neste mundo é apenas um resgate, um débito a pagar ou pode ser um crédito, uma exemplificação para outros e talvez um aperfeiçoamento próprio mais rápido? Em conseqüência: até quando isso - de acordo com a resposta - será válido?

<Dulce_Alcione>

A dor é um mecanismo natural da vida que objetiva a educação do indivíduo. Todo sofrimento é uma doença da alma em desajuste. A dor é o remédio amargo que desperta no ser a necessidade de transformação. A dor, portanto, é apenas um mecanismo da lei. (t)

<[Moderador]>  <lflavio_palestra> Como mostrar as pessoas a finalidade da dor, se normalmente se sentem tão aflitas por esta mesma dor ?

<Dulce_Alcione>

Recorremos a Léon Denis, quando afirma que "a dor será necessária enquanto o homem não tiver posto seus pensamentos e seus atos de acordo com as leis eternas. Somos os arquitetos de nossa vida. Se temos essa consciência, devemos trabalhar hoje por um amanhã melhor."


Coragem, bom ânimo e refúgio na prece são nossas melhores armas no momento de dor. Fé em Deus, estudo e ações no bem. Muitas maravilhas nos são reveladas nos momentos mais difíceis de nossa existência. E muitas vezes é a dor que nos desperta e nos recoloca num caminho mais equilibrado e harmonioso.

<[Moderador]> <lflavio_palestra>

Que fazer para sentir que a dor não é tão grande quanto imaginamos?

<Dulce_Alcione>

Primeiramente vamos lembrar que todos somos filhos do Pai Eterno. Nenhum pai quer ver sofrer o seu filho. Mas qualquer pai, ao ver um filho doente, prefere que ele sofra momentaneamente com a injeção dolorosa, mas que se recupere, do que fique doente e sofrendo por mais tempo. Nos momentos de dor, devemos nos ligar ao Pai através da oração, da leitura edificante, buscando nos mantermos o mais equilibrado possível.

<[Moderador]>  <|Tati||> Que implicações terá a dor para aqueles que se entregam a ela, e por sofrerem demasiadamente abandonam seu caminho, sua missão?

<Dulce_Alcione>

Sabendo que a dor não é punitiva, mas educativa, devemos entender que a dor tem origem nas causas evolutivas. Nas resistências morais características dos espíritos ainda ignorantes e insubmissos. Um dos objetivos da dor é nos fazer mais fortes. Cada vez que fugimos dela, estamos retardando a marcha do nosso progresso.

<[Moderador]>  <cames>

É lícito dizer que toda ação tem um teor de energia? Sendo lícito, as ações contrárias a lei natural tem marcas próprias que só o refazimento do caminho, até pelo desconforto físico e moral (dor), pode alterar essas marcas do erro no nosso perispírito?

<Dulce_Alcione>

Todos os desregramentos ficam registrados em nosso perispírito, marcando-o e até desorganizando-o. Assim, retornamos à vida espiritual com essas marcas que nos incomodarão profundamente. Ao reencarnar, estes distúrbios que estão gravados no perispírito serão impressos no novo corpo, pois o perispírito é o organizador da forma do corpo. Dessa forma, o corpo será portador de deformações físicas, perturbações psíquicas, etc. Como colocou Emmanuel: "teu hoje é a luz ou a treva do teu amanhã."

<[Moderador]>  <Terraplaneta>

Se a dor que sentimos - sofrimento - é sempre uma doença da alma em desajuste, como ficaria a 'dor' que o próprio Mestre sentiu no limiar de seu passamento com sua frase em aramaico conhecida por muitos estudiosos: 'Avi Avi Lama Savtani' (Pai, meu Pai, por que me desamparastes). Para alguns - não estou certo por completo - isto também pode ser chamado de 'getsemani'. Houve momentos que Jesus chorou, sofreu, etc. Ele estava em desajuste?

<Dulce_Alcione>

Querido irmão, sendo Jesus o governador espiritual do nosso planeta, nosso modelo de perfeição e nosso mestre, é ele o espírito mais elevado e puro de que a humanidade já teve conhecimento. Pensamos que o sofrimento de Jesus em momento algum foi através da dor como a conhecemos. Jesus, como ele mesmo colocou, veio para os que estavam doentes, ou seja, para todos nós, pertencentes à humanidade terrena. Como espírito puro, Jesus é equilíbrio e perfeição. Não tinha o que resgatar. Veio à Terra por misericórdia. Por muito amar a humanidade deve sim ter sentido o longo caminho que ainda teríamos para percorrer, caminho de dor e muito desespero por sermos ainda indisciplinados, orgulhosos e egoístas. Quanto à menção feita na cruz, diz respeito a um salmo que Jesus recitou.

<[Moderador]>  <tonyfer> Que dizer da dor que acomete o espírito que sofre por ver um ente querido em contínuo desacordo com as leis de Deus? Ela também é um instrumento de cura?

<Dulce_Alcione>

Joana de Angelis, no excelente livro "Leis Morais da Vida", nos coloca que é no passado espiritual de cada criatura que se inscrevem as causas dos sofrimentos humanos. Todos nós sempre estamos junto das criaturas com as quais nos comprometemos em nosso passado. Tanto pelos laços de amor, quanto não. Nossa maior redenção se dá através do trabalho. A dor é um meio de despertamento para as nossas necessidades de crescimento. Ela também é um meio de união. Com a dor, o espírito encontra-se mais maleável e acessível à dor do próximo. Um de nossos objetivos é ajudarmos àqueles que sofrem, principalmente se estão vinculados a nós mesmos.

<[Moderador]>  <Esquilo33> Amiga Dulce, todos os nosso débitos podem ser resgatados numa mesma ou em várias encarnações?

<Dulce_Alcione>

O Espiritismo nos esclarece que somos responsáveis pelos nossos atos e que não existe engano na obra de Deus. Deus, em sua justiça, nos dá infinitas oportunidades de resgatarmos nossos débitos de acordo com as nossas forças. Ninguém renasce para carregar um fardo maior do que o que possa suportar. Portanto, cada um terá sua encarnação programada de acordo com suas forças. Passa-se, entretanto, que, na maioria das vezes, adquirimos novos débitos em nossa encarnação, o que torna o nosso fardo extremamente pesado, por responsabilidade exclusivamente nossa.

<[Moderador]> [10] <Dilma>

Dulce, conforme Léon Denis, em caso de nos acharmos sem condições para enfrentarmos provas ou expiações mais duras, recebemos uma encarnação transitória, sem grandes abalos. O que você pode nos falar sobre isso?

<Dulce_Alcione>

Toda dor é sempre relativa, assim como a idéia da felicidade. Para alguém que já conquistou méritos espirituais, a idéia de felicidade será oposta à de alguém que ainda vivencia a matéria em seus excessos. Tanto a dor física quanto a dor moral objetiva que o homem tenha coragem de suportá-las. Só assim atinge-se o objetivo. Léon Denis nos esclarece que a dor é sempre uma lei de equilíbrio e educação. Dado que o Pai é misericordioso, cada encarnação refletirá a capacidade de enfrentar dificuldades.

Considerações Finais do Palestrante:

<Dulce_Alcione>

Emmanuel nos esclarece que o sofrimento do espírito é a dor realidade e o tormento físico é a dor ilusão. A dor física pretende despertar a alma para os seus grandes deveres. A dor física é fenômeno e a dor moral é essência. A primeira vem e passa, mas só a dor espiritual é bastante grande e profunda para promover o aperfeiçoamento e redenção. Sejamos resignados perante os tormentos da vida. Lembrando que ser resignado é ter o entendimento do que se passa conosco numa atitude positiva, de crescimento, o que é contrário ao conformismo. Nos inspiremos no Evangelho de Jesus que é um manual de bem viver para crescer. Lembremos de Jesus, nosso mestre amado: "Bem-aventurados os aflitos porque serão consolados." Muita paz!

Oração Final:

<|Tati||>

Senhor, agradeço em nome de todos a oportunidade de estarmos unidos com o objetivo do estudo. Agradeço pela capacidade de aprendizado, de assimilação e a benção de podermos aprender. Peço que nos guie sempre no caminho de luz, para que possamos perceber nossos erros e aprendermos com eles. Peço a capacidade de entendermos e aceitarmos nossa dor. Peço que nos alerte quando estivermos inertes e desperte em nós a vontade do trabalho no bem, na caridade. Que possamos levar o amor onde impera o ódio, que possamos ser seres humanos melhores e seguirmos nosso caminho da maneira mais próxima de suas leis morais. Peço pelos irmãos em sofrimento, que possam encontrar a paz. Peço entendimento e cumprimento de suas leis naturais, que sua bondade infinita nos estabeleceu. Permita que possamos sempre aprender sobre elas e assim encurtarmos ao máximo o caminho que nos levará a semelhança do teu ser. Assim seja!

Dor e Sofrimento - Palestra



Precisamos entender primeiramente que dor é algo bastante particular a cada ser e não nos cabe julgamento sobre o tamanho do sofrimento de cada um.

Existem dois tipos de dores: - a dor física e a dor moral
Dor física – é uma resposta do corpo físico ao mau uso que fizemos de nosso envoltório material que nos serve muitas vezes como alerta. Ex.: Certa ocasião uma senhora nos contava que estava envolvida na pratica de esportes e, embora já tivesse 70 anos, como sentia-se bem resolveu treinar corrida todos os dias de manhã, de tarde e de noite...não sentia o peso da idade. Ocorreu que após um ano desta nossa conversa soubemos que ela havia adquirido um bico de papagaio que a impossibilitava de levantar da cama (...) Vejam aí o abuso e a incoerência do ser. Certamente todos nós temos um caso parecido para contar.

Dor Moral – é aquela que o próprio ser angaria em virtude de seus equívocos e tem como finalidade evoluir o homem, lapidar seus sentimentos e purificar sua alma.

Qual a dor maior?
Quando questionados sobre dor os Espíritos superiores nos afirmaram que a Dor Moral é certamente maior porque enquanto o indivíduo não aprender a lição que ela deverá trazer esta dor perdurará.

Buda nos afirma que a dor faz parte da vida, mas que a própria vida ensinará o caminho para deixarmos de sofrer. Um pensamento muito parecido com a D.E.

Lembrando que a D.E. nos aponta que a dor deverá sempre nos servir de educação/aprendizado e nunca de punição.
Ex.: Seres que se auto flagelam em busca de iluminação estão completamente equivocados, pois Deus não quer que nós criemos dores para nós.

Deus Pai maior
Deus é nosso pai maior e como todo pai quer que seu filho progrida, cresça, alavanque sua vida sempre com ideais enobrecedores e jamais nos proporcionaria dores para que sofrêssemos sem necessidade.

Remédio amargo: Um exemplo bem clássico é aquele pai que ao ver seu filho doente é obrigado a ministrar-lhe um remédio ruim, mas sabe que este recobrará sua saúde.
Assim Deus é para conosco. Todo e qualquer sofrimento nos servirá sempre de escada para sendas de nosso progresso moral.

Ex.: No livro “Nos bastidores da obsessão” – Hermírio de Miranda conta um caso de um senhor, pai de uma família grande, viciado em jogo certa ocasião fora apunhalado por um colega de jogo por chamá-lo de ladrão e jurou vingança – pretendia ceifar a vida de seu antagonista. Ainda acamado foi interferir em uma briga caseira causada por uma de suas filhas e o corte abrirá novamente agravando-lhe o mal e obrigando-o a permanecer na cama por muitos outros dias. O Caso é que durante toda sua recuperação a filha, causa do acréscimo de sua dor, resolveu ler o E.S.E. todos os dias para reconfortá-lo. Passado muitos meses, quando no julgamento do homem que lhe havia apunhalado as costas ele própria falará ao Delegado para absorver o homem dizendo que ele era o responsável, pois havia ofendido verbalmente o rapaz. Vejam que mudança de pensamentos e o quanto esta dor fora útil ao homem. Esta história nos trás muitas reflexões.

Mundo de Provas e Expiações
Qual a diferença entre expiação e prova?
Expiação: é o resgate imposto pela Justiça Divina a espíritos recalcitrantes. Prova: é o resgate escolhido por espíritos conscientes de seus débitos e necessidades.

Como identificar o espírito em expiação?Geralmente é o indivíduo que não aceita seus sofrimentos, as situações difíceis que enfrenta, rebelando-se.Atravessa a existência a reclamar do peso de sua cruz.

E o espírito em provação?Podemos identificá-lo como aquele indivíduo que enfrenta as atribulações da existência de forma equilibrada, aceitando-as sem murmúrios.
Como um aluno que se submete a exame, tenta fazer o melhor, habilitando-se a estágio superior.

É sempre assim?Nada é definitivo no comportamento humano, já que exercitamos o livre-arbítrio. Um espírito em provação, que fez louváveis planos para a vida presente, pode refugar o que planejou. Da mesma forma, um espírito em expiação pode experimentar um despertamento da consciência, dispondo-se a enfrentar suas dores com dignidade, buscando o melhor.

Miséria é expiação?Não é a posição social que determina a natureza das experiências vividas pelo espírito. O homem rico pode estar em processo expiatório, caracterizado por graves problemas. Por outro lado, a extrema pobreza pode ser uma opção do espírito em provação, atendendo a imperativos de sua consciência.

Bem sofrer e Mal sofrer
Como já dissemos não podemos julgar o tamanho da dor de cada um, pois cada qual receberá o fardo que necessitará carregar. A dor atinge á todos tanto o Rico quanto o Pobre. O que é dor para alguns não o é para outros.

Ex.: Um homem rico que perder cem reais sequer sentirá falta quanto para o pobre isto fará grande diferença.

A diferença entre os que sofrem mais ou menos é justamente a evolução de cada ser. A D.E. nos ensina que devemos ser pacientes e resignados. Firmes na fé e conscientes de que tudo passará. Lembrando que todo aquele que se revolta e se desespera a esta ou aquela dor acaba sofrendo muitíssimo mais do que aquele que tem fé em dias melhores.

No L.E. os Espíritos superiores nos apontam que os homens dóceis são mais atentos aos avisos da espiritualidade enquanto que os rebeldes sofrem muito mais. Os bons atingem mais rapidamente os objetivos e todos, embora fadados à perfeição, há quem sofre mais ou menos por serem mais ou menos harmonizados diante dos fatos.

O livro “As dores da Alma” – Francisco do Espírito Santo Neto pelo espírito Hammed nos trás informações ricas sobre dores que nós próprios cavamos para nossas vidas e nos informa sobre as causas, conseqüências e possíveis soluções.
Dentre os inúmeros temas abordados gostaríamos de ressaltar o Orgulho, a Inveja e o Egoísmo como sendo as principais causas das dores humanas. Vale a pena sua leitura.

Como já aprendemos na D.E. existe a Lei da Ação e Reação que todos nós estamos sujeitos, não há como fugir desta lei maior. Por este motivo quando não encontramos, nesta vida, causa de nossas dores certamente a D.E. nos indica que é causa de nossos equívocos de vidas pretéritas.

A dor prolongada é necessária?
No livro “O problema do Ser do Destino e da Dor” – Leon Denis nos aponta que a dor será necessária enquanto o homem não tiver posto seus pensamentos e seus atos de acordo com as Leis Morais.

Sabemos que somos nós os arquitetos de nossa vida e dentro desta consciência devemos trabalhar hoje por um amanhã melhor. O que eu plantar eu certamente colherei: Se plantar rosas colherei rosas (...) Ainda na lei da ação e reação o que eu semear eu colherei...

Dores prolongadas serão amenizadas à medida que o ser evoluir espiritualmente.
Ex.: quer exemplo maior do que Jesus que tanto sofreu, mas em todos os momentos esteve firme na fé em dias melhores na Casa de seu Pai?

Precisamos olhar mais o outro, sermos mais altruístas do que egoístas. Quantas vezes não reclamamos por coisas tão banais enquanto outros, menos afortunados, choram a dispensa vazia, a doença sem cura, a morte prematura de filhos...

Se não alçarmos vôo à certeza de que estamos aqui neste planeta somente de passagem, de que somos espíritos em evolução, de que tudo passa (...) dores e alegrias são passageiras, estarei envolto de dores infindas que certamente eu PRÓPRIO AS CRIEI.

Mudar para não mais sofrer
No livro “Reforma Ìntima sem Martírios” de Ermance Dufaux temos um capitulo inteiro sobre como nos auto melhorarmos.

Como dizia Sócrates “Conheça-te a ti mesmo”.
Quando nos avaliamos e nos observamos sabemos exatamente nossos pontos positivos e negativos. Poderemos identificar o que ainda deve ser melhorado para finalmente evoluirmos.

Não temos dúvidas de que trata-se de um trabalho árduo e que requer, muitas vezes, mais do que alguns dias de reflexão e sacrifício para largarmos o homem velho, mas quando nos olharmos no espelho e vermos mais luz nos sentiremos felizes e recompensados.

Ex. Santo Agostinho no E.S.E. sugere que todos os dias antes de dormirmos devemos apontar tudo o que fizemos naquele dia. Às boas coisas repeti-las, mas aos maus feitos  tratar de corrigi-los o quanto antes para não levarmos mais débitos para nosso futuro.

Não há trabalho que não tenha sua recompensa
E que se hoje a dor me assalta que eu faça o melhor que puder deixando de lado o egoísmo, a inveja, o orgulho que eu pratique caridade com amor lembrando que haverá sempre um irmão mais necessitado do que eu e finalmente, após fazer a minha parte eu, mesmo em lágrimas agarre-me, com todas as minhas forças, a minha fé lembrando que o Pai Maior não desampara ninguém nunca!!!

Muito obrigada por sua atenção.
Paz e Luz a todos!

Dores e sofrimentos



Enéas Martim Canhadas

Alguém disse, com sabedoria, que as dores são obrigatórias, mas os sofrimentos não. Suponho que uma frase como esta, represente bastante bem, o estado de espírito com o qual devemos encarar as dificuldades e os sofrimentos.

Sabemos, pelos conhecimentos científicos atuais, que a dor é, ao mesmo tempo, um problema para os seres humanos e um termômetro indispensável para a nossa proteção dos perigos, riscos, acidentes e mesmo das doenças. Que paradoxo! Pensar que o mesmo sintoma que indica uma doença é também a nossa salvação. A dor informa.

E, do ponto de vista espiritual, a dor transforma. No entanto, tal transformação vai depender de como vivemos a dor.

Se não fosse a dor não saberíamos, por exemplo, quando estamos machucados. Você poderia ter o seu dedo esmagado por um martelo e não sentiria nada. Num acidente automobilístico, você poderia sangrar até a morte sem perceber que foi ferido.

Vamos refletir sobre o sofrimento, quando ele se constitui numa armadilha para nos destruir, para arrebatar a nossa auto-estima e para nos fazer ficar com muita pena de nós mesmos. É quando corremos o risco de ficarmos perdidos pelo caminho que pode nos levar à destruição. Se comungamos com a Doutrina Espírita, que as nossas provas são proposições nossas, para um aprendizado quando encarnados, precisamos entender melhor o que é sofrer, o que é sentir dor e o que é sacrifício. A dor está, invariavelmente, ligada a aspectos físicos. A dor é física. Mas o sofrimento é moral. Um dos agravantes, é que moralizamos o sofrimento, conferindo-lhe conotações de virtude, santificação e até mesmo o sentido sacrificial.

Sobre os sacrifícios, falaremos mais adiante. O sofrimento, do ponto de vista moral, torna-se uma espécie de penitência, e, quanto maior for a capacidade de suportação do sofredor, maior será a sua recompensa, melhor será o seu lugar no céu imaginário da sua consciência, e mais rápida dar-se-á a sua salvação. O sofrimento então, é tido como uma espécie de passagem para a felicidade. Em algumas crenças ele é, literalmente, a passagem para o paraíso, como vemos noticiados nos jornais e na mídia em geral, todos os dias, sobre os homens e mulheres bombas.

Mas, você poderá estar se perguntando: quando estamos passando por dificuldades, como uma doença prolongada, ou quando a prova parece dura demais, essa pessoa não está sofrendo? No senso comum, chamamos a isso sofrimento ou dor. No sentido psicológico ou emocional, o que temos, é alguém com muito medo, ansiedade, angústia, baixa estima, depressão e outros termos para designar que, emocionalmente a pessoa está mal ou com problemas. Do ponto de vista espiritual, temos alguém que não está transcendendo a dor, e então perde a fé, duvida, desespera-se, e desesperar-se é, literalmente, desesperançar-se, ficar sem esperança. Daí decorrem a revolta ou a procura de um culpado. Geralmente é nesse momento que Deus entra na história dessas pessoas, não como a Providência mas como o responsável ou injusto por não acudir aquela alma em meio a tanto sofrimento.

Se a pessoa transcende a dor, abandona os seus desejos pessoais e contempla a determinação e a esperança que vem da fé. Digo que os desejos, nessa hora, precisam ser abandonados, por que a fé permanece, independente dos desejos realizados ou não. Quando há coincidência entre os nossos almejos e a fé, parece que chegamos quase à plenitude de um estado de espiritualização. Assim, parece que confirmamos que Deus ouve as nossas preces e está do nosso lado. Quando não temos as expectativas atendidas, resta-nos a fé para compreender o que aconteceu e prosseguir na trajetória evolutiva de compreensão e superação das frustrações, ou do vazio que se abre uma vez que, a felicidade que não veio após a dor.

Assim sendo, se você pensar com a tão propalada fé raciocinada, vai compreender que a dor é o fenômeno físico, mas o sofrimento é uma maneira de dizer que estamos com dor ou uma forma aviltada de pensar que o sofrimento é algo que nos é imposto junto com a dor. O sofrimento passa a existir, profundo e sem solução, quando não compreendemos a dor.

Mas, falando de sofrimento e dor, temos que falar também em sacrifício. É outra confusão que fazemos. Os sacrifícios constituem uma outra forma de moralizar a dor, no sentido de conferir-lhe sentido moral, isto é, julgar a dor se boa ou má, merecida ou não, em especial quando não estamos suportando. O sacrificado morre pelos outros, entrega-se. Morre no lugar dos outros. Viver sacrificando-se, tem o sentido de fazê-lo por alguém, ao invés desse alguém passar pelo sofrimento que lhe cabe. O gesto da pessoa que diz estar fazendo um sacrifício por alguém, afasta-o da razão do por quê está fazendo o que faz. Se eu me sacrifico por você, a razão verdadeira da minha intenção, que daria sentido ao que estou fazendo ou quero fazer para você, fica enviesada. Não me sacrifico pelo meu filho, mas faço por consciência e prazer da tarefa que abracei um dia. Não me sacrifico pela minha família, mas trabalho e me canso na tarefa de ser participante de uma construção que se faz a dois. O projeto do casamento é uma tarefa que se realiza pela dedicação de todos os seus componentes, pais e filhos, e não o sacrifício exclusivo de alguém, nem tão pouco o sacrifício de todos. Em outra situação, não me sacrifico por alguém que não conheço, até por que esse desconhecido, não reconhece a minha dedicação por ele pois, na nossa trajetória evolutiva, ainda não estamos capacitados a tal ponto que nos tornasse capazes de tamanha doação. Se fazemos por nós mesmos, pelo dever fazer, pela honra de ter o privilégio e de aproveitar a oportunidade de querer fazer, se fazemos por que julgamos justo, e se fazemos porque temos consciência do que é preciso fazer, então por quê o sacrifício? Se há honra, justiça e o dever moral de fazer, por quê desejo agradar e servir a você, então onde o sacrifício? Trata-se aí de dedicação, de ato de amor por alguém, e não de sacrifício.

Quer dizer que, se eu não precisasse fazer algo por você, então eu não o faria? Então trata-se de obrigação, dever ou coerção, e em nenhum desses casos cabe o conceito de sacrifício. O sacrificado é o bode expiatório. É aquele que carrega a carga dos outros. Os sacrifícios que o ser humano pratica ao longo da história da humanidade, são atos simbólicos. Derramar o sangue ou imolar a vítima escolhida para o sacrifício, evocará os favores divinos para os fiéis, seja alcançando graças ou aplacando a ira dos seus deuses, inclusive do Deus de Israel de que fala a Bíblia. Por isso os sacrifícios com animais sempre escolhiam um animal puro, sem mancha como diz a Bíblia no Velho Testamento e quando se tratava de sacrificar pessoas, geralmente eram crianças ou adolescentes para preservar também a pureza. Esses atos que hoje nos parecem horrendos, simbolizavam a limpeza e remissão de erros e pecados. A vítima do sacrifício não recebia nada em troca, a não ser a própria morte. Aquele que sacrifica-se por alguém o faz por ser virtuoso, não espera nada em troca a não ser os favores divinos. É uma prova de amor, e o sacrificado para realizar o verdadeiro sacrifício tem que ser perfeito de modo que não exista nele nem o mal e nem erro algum. Nós Espíritos encarnados, ainda na infância espiritual, não temos, nem de longe, as condições para ser vítima de sacrifício, muito menos em favor de alguém. O sofrimento do sacrificado não é sofrimento, mas sim o caminho natural daquele que possui a força necessária e suficiente, para passar pelas adversidades ou pelos problemas, segundo a proposição que deve ter feito quando do seu projeto reencarnatório.

Assim sendo, vamos ficar combinados que, ao sentir alguma dor, física ou moral, possamos compreendê-la no seu real significado e dimensão de aprendizado para as nossas vidas. Desta forma, seremos capazes de superá-la, mas sem a distorção do sofrimento (que muito facilmente nos faz vítimas ou cúmplices) ou do sacrifício (que impropriamente nos transforma em falsos redentores).

A DOR É OBRIGATÓRIA, MAS O SOFRIMENTO É OPCIONAL


A DOR É OBRIGATÓRIA, MAS O SOFRIMENTO É OPCIONAL

            Se você está passando por um mau pedaço, talvez o texto abaixo possa te ajudar. Mas para compreendê-lo melhor é preciso querer enxergar a verdade. Portanto, baixe a guarda e encaixote suas crenças.
Pronto? Pra começar, entenda que nosso mundo é regido por leis (assim como a gravidade) – nem sempre visíveis a olho nu, mas perceptíveis através dos resultados em nossa vida. Você pode não acreditar nelas, mas isso não impede você de se machucar ao pular de um prédio! Lembre-se que muitas vezes o absurdo de uma época é completamente aceito em outra: até 500 anos atrás nosso mundo era plano e considerado o centro do universo... Compreender as leis da vida é a melhor maneira de seguir o fluxo da maré ao invés de remar contra ela. Vivemos num universo-espelho. Tudo que vemos com nossos olhos físicos não são mais do que o resultado de algo mais profundo. Profissão, relacionamentos, prosperidade e saúde são apenas resultados. Para modificar resultados precisamos sempre iniciar pela origem: dentro, em nossos pensamentos e emoções. Observe a natureza (sempre nossa melhor referência): assim como as raízes invisíveis sustentam uma árvore, nosso mundo externo é sustentado pelo invisível (mas muito palpável) mundo interior. Adube as raízes e os frutos aparecem! Perceba que dentro de um mesmo ambiente (em casa, escola ou trabalho) existem pessoas com os mais diversos estados interiores: alegria, tristeza, tédio... mas se o ambiente é o mesmo qual é o diferencial? Muitos operários são mais felizes do que alguns empresários – dinheiro, portanto, continua sendo apenas outro resultado.
Não gosta do que vê?
Bem, não se colhe maçãs de uma laranjeira! “Tal como o homem pensa em seu coração, assim ele é”. Projetamos nossas debilidades no próximo. Vivemos em um mundo de projeções, e em função do nosso próprio nível de consciência, costumamos enxergar nas pessoas nossos próprios erros e defeitos. É fácil de entender: Você é crítico? Quem você critica? O que você critica? Observe-se com muita atenção e vai encontrar em suas palavras aspectos muito escondidos de sua própria personalidade. Condenamos-nos outro aquilo que não aceitamos em nós mesmos. E esta é a melhor forma de nosso ego despistar nossos erros e de nos iludirmos mais um pouco tentando passar por melhor. Crítica é fruto da intolerância e da falta de autoconhecimento. Apontar as falhas nos demais é apontar para dentro de si mesmo.
Quer um conselho?
Comece a elogiar. Se você enxerga apenas defeitos no mundo, talvez não tenha nenhuma virtude dentro de você! “Não resistais ao mal” (outra frase bíblica) – em outras palavras: aceite! Se algo em sua vida não está como você gostaria, não tem jeito, alguma coisa está acontecendo em suas raízes.
Negar por quê?
A dor não erra de endereço e a aceitação é o primeiro passo para uma mudança verdadeira. Aprenda com as artes marciais: use a força do seu oponente contra ele mesmo – neste caso, permita que a energia da aceitação te ilumine na dissolução do erro. Resistir cria conflitos e estes, mais erros e mais sofrimento (que é opcional...). Vou dar um exemplo: seu gato quebrou seu vaso de flores favorito ou o trânsito te atrasa para uma reunião importante e você “arranca os cabelos” de raiva.
Resolveu? Solucionou o problema?
Você está se sentindo melhor ou fez o mundo melhor com esta atitude? Encontre sempre a beleza das coisas. Em seguida, lubrifique suas emoções: abençoe a tudo. Dizem que ao ver que a fábrica de seu pai pegava fogo, o filho de Thomas Edson correu desesperado ao encontrou do pai – que observava extasiada a fogueira: “Filho, olha só que maravilha...” Viva o presente a cada segundo.
Porque o momento do agora se chama “presente”?
Porque este é o maior presente de Deus em nossas vidas: o eterno agora. Viva cada segundo como se não houvesse amanhã, e aprenda a ser grato por ele. Viver desta forma nos permite fazer tudo com amor – e sem que precisemos falar nada, começamos a atrair boas circunstâncias em nossa vida.
Qual será o segredo?
O corpo sempre diz a verdade, escute-o com carinho! Embora a medicina moderna tenha seus méritos, ainda tem muito a aprender com as tradicionais. Doença é sinal de desequilíbrio, é o grito de socorro da alma – outro resultado em nossa vida! Você sabia que cerca de 1/3 de todos os males do mundo são curados através do chamado “efeito placebo ou cura espontânea”? E que os medicamentos químicos já são a primeira causa de mortes nos EUA? É de fazer a gente pensar, não? Assuma totalmente a responsabilidade pela sua vida. A cegueira da idade média já passou e você ainda acredita num “deus” carrasco e vingativo? Somos todos 100% responsáveis por tudo que acontece ao nosso redor. Desde um resfriado até um acidente, tudo são projeções do subconsciente. Atraímos aquilo que pensamos. “Nós somos do tecido de que são feitos nossos sonhos”. Nosso corpo, entre outras coisas, é um potente ímã que atrai as circunstâncias.
Podem ser medidos nele fenômenos de calor e eletricidade – portanto, também carrega magnetismo. E isto explica, entre outras coisas, a Lei da Atração. Lembre-se de que o Universo está o tempo inteiro conspirando a nosso favor. Porque essa é a natureza do cosmos: o caminho mais fácil!
Se você ainda não percebeu isto, comece a revisar seus conceitos. Um mundo cheio de oportunidade para uns e dissonante para outros não lhe parece um tanto estranho? Mais uma vez, o problema é o “mundo” ou “você”??? A água sempre desce a montanha... Ação e reação – Você chuta uma parede, quebra seu pé e ainda reclama dos tijolos? A física já conseguiu comprovar esta lei há muito tempo, porque então não transportá-la para nossa vida? Jamais se sinta vítima de injustiças. Mesmo que você não entenda os porquês, saiba que a causa está dentro de você – SEMPRE! “Deus não joga dado!” Como se pode perceber, o fato de ignorar estes princípios básicos não nos isenta de cumpri-los. Até pouco tempo atrás eu costumava dizer que nascemos sem manual, mas hoje revisei meus conceitos: há muitos sinais pelo mundo pra dizermos “eu não sabia” – outra atitude vitimista. Basta não resistir - e se entregar... E se ainda assim estiver difícil de resolver algum problema, procure um bom terapeuta: as técnicas energéticas conseguem fazer verdadeiros milagres diariamente - e acredite, não é mera força de expressão!


POR:   Viviane Ramos de Toledo Rocha Camargo  -  MICROFISIOTERAPEUTA
         

O Espiritismo e a Dor


O Espiritismo e a Dor

"É muito difícil fazer entender aos homens que o sofrimento é bom" Léon Denis

O problema da dor, considerada como toda manifestação de sofrimento humano, sempre esteve ligado à religião. Mesmo na Filosofia, observamos que maior preocupação acerca do assunto se concentrou na fase que antecede a separação entre filosofia e religião, no mundo helênico. Daí, o Budismo, o Bramanismo etc. pregando princípios filosóficos acerca do problema, tomando como premissas doutrinas de conteúdo nitidamente religioso.

Na tradição cristã-judaíca, os liames ainda permanecem: "porque tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança" - escreveu S. Paulo (Romanos 15:4).

Com o divórcio crescente entre a Filosofia e a Religião, notadamente com Sócrates, os teólogos começaram a trilhar outros caminhos para equacionar a questão - por que sofremos? -com o abandono, muitas vezes, total da razão e a apologia da revelação.

Mais perto de nós, certos pensadores, aparentemente saldos dos meios eclesiásticos, deram à dor uma significação mística, através de obras cujo valor filosófico fica escondido por trás de uma retórica exagerada, dentro dum lirismo afetado, extremamente sentimental. É o caso do pensador cristão Humberto Rhoden que dividiu a humanidade em resignados, regenerados e revoltados, dando a esses termos conceitos teológicos produzidos por meio de raciocínio excêntrico. Um outro autor recente e de grande valor, é Gibran Calil Gibran que na beleza poética de "O Profeta" entre outras coisas, à semelhança do Espiritismo, diz que "a dor é o rompimento do envólucro em que se encerra nossa compreensão" (pág. 55).

Admitamos assim, que a filosofia, transferindo seus objetivos para a Teoria do Conhecimento e "para o Ser enquanto Ser", abandonou o campo das especulações sobre o homem em si. Por outro lado, a religião fundamentou-se cada vez mais no conhecimento revelado e tentou equacionar o problema de maneira excessivamente teórica, sem nenhum valor pragmático.

Há gente que acusa o Espiritismo de ter seguido a mesma trilha das demais religiões, ao procurar desvendar o porque do sofrimento do homem, cometendo os mesmos erros daqueles. É o que se poderia pensar, desavisadamente, com a leitura de pensamentos psicografados, sobretudo de Emmanuel, como aquele que nos ensina que a dor costuma agitar os que se encontram no "vale da morte", onde o medo estabelece o ranger de dentes nas trevas exteriores; mas existe a luz interior que é a da esperança" (Vinha de Luz, 161).

De tudo isso, concluímos que a dor sempre foi vista como algo de origem transcendental. No estudo de seu conhecimento sempre entra, obrigatoriamente, aquele instinto que liga o homem ao infinito, ao ignoto, a Deus.

Acontece, entretanto, que essa tendência do homem a buscar o transcedental nem sempre - ou quase nunca - foi bem sucedida, dando os resultados esperados por ele em termos de paz interior, de um melhor entendimento de seus problemas existenciais. E a religião tentou superar essa dificuldade, procurando clarear o caminho com o facho escondido do dogma'>dogma, apelando para a apologia da dor. Surgiu assim o conceito de que "Todo sofrimento é agradável a Deus".

Neste ponto, há relação aparente entre o Espiritismo e as demais doutrinas religiosas: pessoas há, dentro do movimento, que buscam a mortificação, pregada na doutrina da igreja, como forma de elevação espiritual. Coube a Emmanuel desfazer essa falsa interpretação doutrinária, ensinando que "não vale a pena sofrer, é preciso aproveitar o sofrimento". (Caminho, Verdade e Vida, pág. 50) .

Voltando à posição da filosofia ante dor, temos diversas correntes de pensamento que a definem, apenas, sem mostrarem interesse em explicações da sua etiologia. Nessa linha de pensamento, os intelectualistas, ,com Leibniz, a definem como a "diminuição do Ser"; os simpatizantes e denfesores da teoria da efetividade identificam o sofrimento com a ação (?), uma identificação um tanto confusa. Finalmente temos a retomada do pensamento antigo de Lucrécio e Epicuro, com a teoria simplista que define a dor como a ausência de prazer, sem nada acrescentar.

Como se trata de um problema de caráter geral no mundo e no seio da humanidade, e por isso essencial para o conhecimento, a posição do Espiritismo não tem necessidade de ser buscada em outra fonte que não a própria codificação. Kardec e o Espírito da Verdade esclareceram-no rio corpo da Doutrina. E o problema da dor é um desses pontos.

Em primeiro lugar, temos o conceito de evolução e o estudo dos diversos tipos de mundos habitados, de onde advém o ensinamento de que nos encontramos num mundo de expiação e provas, isto é, num mundo onde o sofrimento é uma característica dos espíritos nele encarnados. Nesse particular, entretanto, não é absolutamente correto, tomar o Espiritismo uma doutrina que vem pregar o sofrimento.

Para que possamos entender a posição da Doutrina, temos que vê-la em seu aspecto dor'>consolador, isto é, como doutrina que visa o sofrimento no interior de cada criatura, através do esclarecimento, o que ela representa, o que é, e suas causas. Parte ela, para isso, da premissa de que só usamos bem aquilo que conhecemos em seus conceitos de causa e efeito.

Como resultado dessa posição doutrinária, vemos o Espiritismo claramente diferenciado das outras religiões, com o novo conceito de resignação e consolação que ultrapassa ao campo intelectual e sentimental, indo até o campo do agir; É o que se nos depara no cap. V., n.° 13 de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" onde se lê que "o homem pode minorar ou agravar as asperezas de sua luta, pela maneira com que encara a sua vida terrena". Aí observamos que, embora o conceito de sofrimento não perca seu aspecto transcendental, o homem perde a passividade pregada por outras doutrinas. E conclui no item 14 b do mesmo capítulo: "a calma e a resignação auferidas na maneira de encarar a vida terrena, bem assim a fé no futuro, conferem ao espírita essa serenidade que é o preservativo contra a loucura e o suicídio".

O "Livro dos Espíritos" não poderia ser mais explícito a esse respeito:

Questão nº 920:

- O homem pode gozar na terra uma felicidade completa?

Resposta dos Espíritos:

"Não, pois a vida lhe foi dada como prova ou expiação, mas dele depende abrandar seus males e ser tão feliz quanto se pode ser na terra".

Finalmente, devemos lembrar que a não compreensão da dor, tem gerado problemas sociais. Isso porque os "resignados" de Rhoden trazem consigo um arsenal interior pronto a explodir a cada instante; os regenerados se não tiverem consciência do fim do último de sua regeneração, em termos de eternidade, estão sempre numa condição de instabilidade interior; os revoltados sempre são foliões cujas lágrimas umedeceram e rasgaram as máscaras que lhes escondiam a face e buscam, de rosto nú, o sorriso do futuro na face carrancuda do presente.