Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

As Desculpas de Moisés


Tentando Fugir da Responsabilidade
Moisés nasceu num momento crítico. O povo dele, os descendentes de Abraão escolhidos para receber grandes promessas, estava sofrendo terrivelmente. Os egípcios dominavam os hebreus com tirania, e até matavam os filhos recém-nascidos para controlar o crescimento da nação escrava. A mãe de Moisés escondeu o próprio filho e, depois, deixou que ele fosse adotado por uma princesa do Egito.

Moisés viu a injustiça e tentou defender seu povo. Ele matou um egípcio que espancava um dos hebreus, imaginando que o povo lhe daria apoio. Mas, o povo medroso não entendeu o que Moisés queria fazer, e ele tinha que fugir do Egito. Dos 40 aos 80 anos de idade, ele ficou longe do Egito, servindo como humilde pastor de ovelhas. Neste tempo, ele casou e teve filhos. Talvez ele conseguiu esquecer um pouco do sofrimento dos parentes no Egito. Até um dia, quando Deus apareceu no monte Sinai, numa moita que ardia mas não se queimava. Deus mandou que Moisés descesse para o Egito para livrar o povo da escravidão.

Moisés, com 40 anos de idade e com todo o vigor físico e o desejo ardente de ajudar os parentes, não conseguiu fazer nada. Agora, com 80 anos, vai fazer o que? Vai entrar na presença do rei do país mais poderoso do mundo e exigir a libertação de milhões de escravos? Moisés se considerava um libertador pouco provável, e começou a oferecer suas desculpas ao Senhor. Vamos examinar as cinco desculpas que ele deu, e a maneira que Deus respondeu a cada uma. O relato se econtra em Êxodo 3 e 4.
ì Quem sou eu?
"Então, disse Moisés a Deus: Quem sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel?" (3:11). Que convite para uma pregação positiva! Dá para ouvir alguns pastores, hoje em dia, fazendo belas pregações elogiando tal pobre sujeito que não reconhece sua força interior. "Você é alguém", diriam para Moisés. "Com pensamentos positivos, você pode realizar seus sonhos." Mas esses pastores não estão pregando a palavra do Deus que chamou Moisés. Deus não elogiou Moisés. Ele não fez algum grande discurso para mostrar que Moisés era alguém. Deus, implicitamente, concordou com Moisés. É verdade. Você não é ninguém.  Mas eu sou o Criador do universo e "Eu serei contigo"(3:12).

Muitas pessoas recusam cumprir os papéis que Deus lhes tem dado, porque se julgam incapazes. Olham para outras pessoas mais talentosas e acham desculpas por não fazer a vontade de Deus. O fato é que sempre encontraremos ao nosso redor pessoas mais inteligentes, mais fortes, mais eloqüentes e mais conhecidas. Mas, Deus nunca usou tais qualidades para medir seus servos. Ele não quer pessoas auto-confiantes, mas pessoas que confiam nele. Se você tende a fugir da responsabilidade porque não é ninguém, está olhando na direção errada. Pare de olhar no espelho para ver suas limitações, e comece a olhar para Deus Todo-Poderoso.
í O que direi?
Deus respondeu à primeira desculpa, e Moisés já ofereceu a segunda. Tudo bem, eu vou lá para falar com o povo sobre a libertação, e eles vão perguntar para mim. Vão querer saber o nome do Deus que me enviou. O que eu direi para eles? (3:13).

Os egípcios serviam muitos deuses, e os hebreus foram corrompidos pela influência deles (veja Josué 24:14). Para alguém chegar no meio deles e dizer que "Deus me mandou" seria uma mensagem vaga. Ao mesmo tempo, Deus já tinha se identificado para Moisés (3:6). Da mesma maneira que Deus usa muitas descrições de si nos outros livros da Bíblia, ele usou várias neste capítulo. Além de ser o Deus de Abraão, Isaque, Jacó e do pai de Moisés (3:6), ele se descreve como "Eu Sou o Que Eu Sou" (3:14). Esta descrição, a mesma usada por Jesus em João 8:24 e 58, é uma afirmação da eternidade de Deus. Ele é, e sempre existia. Mais ainda, Deus usou o nome traduzido na maioria das Bíblias atuais com maiúsculos: S
ENHOR. Este nome vem do tetragrama, ou nome de quatro letras (YHWH). Sem vogais, ninguém sabe a pronuncia correta deste nome (alguns sugerem Javé). Alguns séculos depois de Moisés, os judeus acrescentaram vogais e começaram pronunciar o nome como "Jeová". A tradução grega do Antigo Testamento usa a palavra "Kyrios" que é traduzida em nossas Bíblias como "Senhor".

Algumas pessoas hoje, incluindo as Testemunhas de Jeová, têm insistido que "Jeová" ou alguma forma semelhante é o único nome de Deus, e que devemos usar este nome exclusivamente. Usam passagens como Êxodo 3:15 ("este é o meu nome eternamente"). Algumas observações na Bíblia mostram claramente que Deus não estava dizendo que os servos dele usassem este nome como a única maneira de falar sobre Deus. Outras passagens usam diversos nomes ou descrições de Deus, mostrando seu poder, sua eternidade, etc. Um versículo é suficiente para provar o erro da doutrina de "um único nome" para Deus. Amós 5:27 diz: "...diz o S
ENHOR, cujo nome é Deus dos Exércitos". Se o próprio SENHOR  (YHWH) diz que seu nome é Deus (Elohim) dos Exércitos, nenhum homem tem direito de proibir o uso de descrições bíblicas de Deus. Para tirar qualquer dúvida, podemos ver o exemplo de Jesus. Ele citou, várias vezes, a tradução grega do Velho Testamento, que usa a palavra Kyrios (Senhor) no lugar de YHWH. (Por exemplo, ele cita a Septuaginta, que usa a palavra Kyrios, em Marcos 12:11). Mais uma observação nos ajudará: o nome YHWH não aplica somente a Deus Pai, como alguns falsos mestres sugerem. Mateus 3:3 fala sobre o papel de João Batista em preparar o caminho de Jesus, e cita Isaías 40:3. YHWH (Javé ou Jeová) de Isaías 40:3 é Jesus!

A resposta do Senhor a Moisés não foi dada para sugerir que haveria apenas um nome oficial de Deus. O Deus eterno e soberano queria se destacar dos falsos deuses adorados pelos egípcios e até pelos próprios hebreus.
î Eles não crerão
A terceira desculpa de Moisés mostra que ele continua preocupado com sua própria credibilidade. Eles não crerão na minha palavra, ele diz (4:1). Deus reconheceu que esta preocupação era válida, e ofereceu três sinais para confirmar a palavra de Moisés (4:2-9). O bordão se virou em serpente, a mão se tornou leprosa e a água tirada do rio se tornou em sangue. Esta é a primeira vez na Bíblia que Deus concedeu ao homem o poder para realizar milagres. O propósito dos milagres é bem explicado pelo contexto: para confirmar a palavra falada. Quando Elias e Eliseu introduziram a época de profecia do Velho Testamento, realizaram milagres. Quando Jesus e os apóstolos introduziram o evangelho, operaram vários sinais. Os milagres deles tinham o mesmo propósito: "...confirmando a palavra por meio de sinais..." (Marcos 16:20); "... a salvação, ... tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo..." (Hebreus 2:3-4). Quando Deus mandou pessoas com novas revelações, ele confirmou a palavra com sinais milagrosos.
ï Eu nunca fui eloqüente
Moisés ainda não foi convencido (4:10). Mesmo depois de ver os sinais, ele tinha dúvida! Parece que ele não conseguiu entender que o mensageiro não é ninguém. É a mensagem que importa. Sobre esta desculpa de Moisés, podemos observar: 
ì Que não tinha base em fato. Estêvão, comentando sobre os primeiros anos da vida de Moisés, disse que ele "foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras" (Atos 7:22). í Que não tinha importância. Mesmo se Moisés havia esquecido tudo que já aprendeu e não se achava eloqüente, foi o Senhor que fez a boca do homem (4:11). O mesmo Deus que concedeu dons miraculosos para Moisés, o mesmo que fez o universo, o mesmo que escolheu o povo de Israel e o mesmo que apareceu na sarça ardente fez a boca do homem. Deus controlaria a língua de Moisés para comunicar o que ele queria.

Ainda hoje, os homens tendem a supervalorizar a eloqüência. Enfatizam a homilética ao invés de ensinar como estudar e entender as Escrituras. Em muitos púlpitos, a embalagem se tornou mais importante do que o produto.

Paulo recusou valorizar a eloqüência acima do conteúdo: "Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando_vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus" (1 Coríntios 2:1-5).

Observamos a mesma coisa quando estudamos as qualificações de obreiros na igreja (presbíteros, diáconos, etc.). Deus quer homens com conhecimento que mostram obediência nas suas vidas (1 Timóteo 3:1-13; Tito 1:5-9; Atos 6:3). Os homens querem homens que têm sido formados em seminários e institutos de teologia. Vamos seguir a sabedoria de Deus ou a dos homens?
ð Envie aquele que hás de enviar, menos a mim!
Pode ser que as primeiras "desculpas" de Moisés mostraram uma preocupão válida sobre sua própria capacidade. Assim, Deus respondeu a cada objeção que ele ofereceu. Mas, agora, ele ultrapassou o limite. Moisés não tinha mais motivo para recusar, mas ainda não queria assumir a grande responsabilidade de tirar o povo do Egito. Quando Moisés pediu que Deus enviasse outro, o Senhor se irou contra ele. Ele resumiu todas as outras respostas, dizendo que tinha o bordão, que Arão iria com ele, etc. e mandou que Moisés fosse.

É natural se sentir inadequado para as responsabilidades da vida. Muitos homens não se sentem capazes de ser bons maridos e pais. Muitas mulheres não querem assumir a grande responsabilidade de ser donas de casa e mães dedicadas. Muitos cristãos têm medo de ensinar a palavra de Deus, de corrigir um irmão ou de ajudar com os problemas dos outros. Mas, nem sempre dá para fugir! Às vezes, somos as pessoas indicadas para determinados trabalhos. O pai de família tem que protegê-la. A mãe de filhos tem que cuidar deles. Os pastores de igrejas têm que alimentar e proteger as ovelhas.

E se fugirmos da responsabilidade que Deus tem nos dado? A ira do Senhor se acendeu contra Moisés. Será que ele ficará contente conosco, se recusamos fazer a vontade dele?
Conclusão: Moisés obedeceu!

Depois de todas as desculpas, Moisés fez o que Deus pediu. Ele era um servo fiel na casa do Senhor (Hebreus 3:5), e ainda é um bom exemplo para nós. Às vezes, somos tentados fugir de alguma responsabilidade. Daqui para frente, vamos procurar ser servos fiéis, fazendo tudo que Deus pede de nós. O poder não está em nós, porque realmente não somos ninguém. O poder está em Deus. Precisamos aprender o que Paulo aprendeu: "tudo posso naquele que me fortalece" (Filipenses 4:13).
Spor Dennis Allan

A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma

A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma

Leonardo Boff

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o "silêncio obsequioso" pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o "Brasil Nunca Mais" onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.
Esta história de vida me avaliza para fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a mídia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.
Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como "famiglia" mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.
Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido à mais alta autoridade do pais, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.
Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.
Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) "a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e nãocontemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence (p.16)".
Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidente de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.
Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coronéis e de "fazedores de cabeça" do povo. Quando Lula afirmou que "a opinião pública somos nós", frase tão distorcida por essa mídia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da mídia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.
O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.
Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituídas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.
O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.
O que está em jogo neste enfrentamento entre a mídia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocolonial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes.
Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da mídia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construído com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.
(*) Teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

EL VERDADERO PARENTESCO

Mateo 12:46-50

Mientras Jesús estaba hablando a la gente, fijaos: Su madre y Sus hermanos se presentaron fuera, buscando una oportunidad para hablar con Él. Y se Le dijo: -Mira: Tu Madre y tus hermanos están ahí fuera, y quieren tener oportunidad de hablar contigo. Jesús le contestó al que Se lo dijo: -¿Qué madre, y qué hermanos? -Y, extendiendo el brazo hacia Sus discípulos, añadió- : Mira: ¡estos son mi madre y mis hermanos! La persona que hace la voluntad de Mi Padre del Cielo, es Mi hermano y Mi hermana y Mi madre.

Una de las grandes tragedias humanas de la vida de Jesús fue que, durante Su vida, los que tuvo más cerca y Le eran más queridos no Le comprendieron. < Porque ni siquiera Sus hermanos -nos dice Juan- creían en Él» (Juan 7:5). Marcos nos dice que, cuando Jesús emprendió -Su misión pública, Sus amigos trataron de impedírselo, porque decían que estaba loco (Marcos 3:21). Les parecía que se estaba dedicando a tirar Su vida por la borda en una locura. Ha sucedido muchas veces que, cuando una persona se embarca en la Obra de Jesucristo, sus parientes y amigos no la pueden entender y le son hostiles. < Un cristiano no tiene más parientes que los santos,» dijo uno de los primeros mártires. Muchos de los primeros cuáqueros pasaron esta -amarga experiencia. Cuando Edward Burrough se sintió llamado al nuevo camino, «sus padres desintieron de su "espíritu fanático" y le echaron de casa.» Le suplicó humildemente a su padre: «¡Déjame que me quede, y seré tu servidor! Haré para ti el trabajo de un jornalero. ¡Déjame quedarme!» Pero, como dice un biógrafo: « Su padre se mantuvo impertérrito; y por más que el joven amaba su hogar y su ambiente familiar, su padre no quiso saber más de él.»
La verdadera amistad y el verdadero amor se basan en ciertas cosas sin las que no pueden existir.
(i) La amistad se basa en un ideal común. Personas que son muy diferentes de ambiente, de equipamiento intelectual y aun de métodos, pueden ser buenos amigos si tienen un ideal común por el que trabajan y que tienen por meta.
(ii) La amistad se basa en una experiencia común, y en los recuerdos que deja. Muchas veces la amistad surge de haber pasado por alguna gran experiencia que pueden revivir juntos.
(iii) El verdadero amor se basa en la obediencia. «Vosotros sois mis amigos -dice Jesús- si hacéis lo que Yo os mando» (Juan 15:14). No hay manera de demostrar la realidad del amor más que por el espíritu de obediencia. Por todas estas razones, el verdadero parentesco no es siempre una cuestión de carne y hueso. Sigue siendo verdad que la sangre es un vínculo que nada puede romper, y que muchas personas encuentran su deleite y su paz en el círculo familiar; pero también es verdad que a veces los más allegados familiarmente de una persona son los que menos la entienden, y que encuentra la verdadera amistad entre los que trabajan con ella por un ideal común y con, los que comparte una
experiencia común. No se puede negar que, aunque un cristiano se encuentre con que los que están
más cerca de él son los que menos simpatizan con él, siempre tendrá la comunión con el Señor
Jesucristo y la amistad de todos los que aman al Señor.

Evangelho Segundo o Espiritismo - Piedade Filial

Piedade Filial. - Quem é minha Mãe e Quem são meus Irmãos? - Parentela Corpórea e Parentela Espiritual. - Instruções dos Espíritos: A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família.

1. Sabeis os mandamentos: não cometereis adultério; não matareis; não roubareis; não prestareis falso-testemunho; não fareis agravo a ninguém; honrai a vosso pai e a vossa mãe. (S. MARCOS, capítulo X, v. 19; S. LUCAS, cap. XVIII, v. 20; S. MATEUS, cap. XIX, vv. 18 e 19.)
2. Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos dará. (Decálogo: "Êxodo", cap. XX, v. 12.)
Piedade Filial
3. O mandamento: "Honrai a vosso pai e a vossa mãe" é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao próximo, visto que não pode amar o seu próximo aquele que não ama a seu pai e a sua mãe; mas, o termo honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Quis Deus mostrar por essa forma que ao amor se devem juntar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência, o que envolve a obrigação de cumprir-se para com eles, de modo ainda mais rigoroso, tudo o que a caridade ordena relativamente ao próximo em gera!. Esse dever se estende naturalmente às pessoas que fazem as vezes de pai e de mãe, as quais tanto maior mérito têm, quanto menos obrigatório é para elas o devotamento. Deus pune sempre com rigor toda violação desse mandamento. Honrar a seu pai e a sua mãe, não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco, na infância.
Sobretudo para com os pais sem recursos é que se demonstra a verdadeira piedade filial. Obedecem a esse mandamento os que julgam fazer grande coisa porque dão a seus pais o estritamente necessário para não morrerem de fome, enquanto eles de nada se privam, atirando-os para os cômodos mais ínfimos da casa, apenas por não os deixarem na rua, reservando para si o que há de melhor, de mais confortável? Ainda bem quando não o fazem de má-vontade e não os obrigam a comprar caro o que lhes resta a viver, descarregando sobre eles o peso do governo da casa! Será então aos pais velhos e fracos que cabe servir a filhos jovens e fortes? Ter-lhes-á a mãe vendido o leite, quando os amamentava? Contou porventura suas vigílias, quando eles estavam doentes, os passos que deram para lhes obter o de que necessitavam? Não, os filhos não devem a seus pais pobres só o estritamente necessário, devem-lhes também, na medida do que puderem, os pequenos nadas supérfluos, as solicitudes, os cuidados amáveis, que são apenas o juro do que receberam, o pagamento de uma dívida sagrada. Unicamente essa é a piedade filial grata a Deus.
Ai, pois, daquele que olvida o que deve aos que o ampararam em sua fraqueza, que com a vida material lhe deram a vida moral, que muitas vezes se impuseram duras privações para lhe garantir o bem-estar. Ai do ingrato: será punido com a ingratidão e o abandono; será ferido nas suas mais caras afeições, algumas vezes já na existência atual, mas com certeza noutra, em que sofrerá o que houver feito aos outros.
Alguns pais, é certo, descuram de seus deveres e não são para os filhos o que deviam ser; mas, a Deus é que compete puni-los e não a seus filhos. Não compete a estes censurá-los, porque talvez hajam merecido que aqueles fossem quais se mostram. Se a lei da caridade manda se pague o mal com o bem, se seja indulgente para as imperfeições de outrem, se não
diga mal do próximo, se lhe esqueçam e perdoem os agravos, se ame até os inimigos, quão maiores não hão de ser essas obrigações, em se tratando de filhos para com os pais! Devem, pois, os filhos tomar corno regra de conduta para com seus pais todos os preceitos de Jesus concernentes ao próximo e ter presente que todo procedimento censurável, com relação aos estranhos, ainda mais censurável se torna relativamente aos pais; e que o que talvez não passe de simples falta, no primeiro caso, pode ser considerado um crime, no segundo, porque, aqui, à falta de caridade se junta a ingratidão.
4. Deus disse: "Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos dará." Por que promete ele como recompensa a vida na Terra e não a vida celeste? A explicação se encontra nestas palavras: “que Deus vos dará” , as quais, suprimidas na moderna fórmula do Decálogo, lhe alteram o sentido. Para compreendermos aqueles dizeres, temos de nos reportar à situação e às idéias dos hebreus naquela época. Eles ainda nada sabiam da vida futura, não lhes indo a visão além da vida corpórea. Tinham, pois, de ser impressionados mais pelo que viam, do que pelo que não viam. Fala-lhes Deus então numa linguagem que lhes estava mais ao alcance e, como se se dirigisse a crianças, põe-lhes em perspectiva o que os pode satisfazer. Achavam-se eles ainda no deserto; a terra que Deus lhes dará e a Terra da Promissão, objetivo das suas aspirações.
Nada mais desejavam do que isso; Deus lhes diz que viverão nela longo tempo, isto é, que a possuirão por longo tempo, se observarem seus mandamentos.
Mas, ao verificar-se o advento de Jesus, já eles tinham mais desenvolvidas suas idéias. Chegada a ocasião de receberem alimentação menos grosseira, o mesmo Jesus os inicia na vida espiritual, dizendo: "Meu reino não é deste mundo; lá, e não na Terra, é que recebereis a recompensa das vossas boas obras." A estas palavras, a Terra Prometida deixa de ser material, transformando-se numa pátria celeste. Por isso, quando os chama à observância daquele mandamento: "Honrai a vosso pai e a vossa mãe", já não é a Terra que lhes promete e sim o céu. (Caps. II e III.)
Quem é minha Mãe e quem são meus Irmãos?
5. E, tendo vindo para casa, reuniu-se aí tão grande multidão de gente, que eles nem sequer podiam fazer sua refeição. - Sabendo disso, vieram seus parentes para se apoderarem dele, pois diziam que perdera o espírito.
Entretanto, tendo vindo sua mãe e seus irmãos e conservando-se do lodo de fora, mandaram chamá-lo. - Ora, o povo se assentara em torno dele e lhe disseram: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te chamam. - Ele lhes respondeu: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E, perpassando o olhar pelos que estavam assentados ao seu derredor, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; - pois, todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe. (S. MARCOS. cap. III, vv. 20, 21 e 31 a 35 - S. MATEUS, cap. XII, vv. 46 a 50.)
6. Singulares parecem algumas palavras de Jesus, por contrastarem com a sua bondade e a sua inalterável benevolência para com todos. Os incrédulos não deixaram de tirar daí uma arma, pretendendo que ele se contradizia. Fato, porém, irrecusável é que sua doutrina tem por base principal, por pedra angular, a lei de amor e de caridade. Ora, não é possível que ele destruísse de um lado o que do outro estabelecia, donde esta conseqüência rigorosa: se certas proposições suas se acham em contradição com aquele princípio básico, é que as palavras que se lhe atribuem foram ou mal reproduzidas, ou mal compreendidas, ou não são suas.
7. Causa admiração, e com fundamento, que, neste passo, mostrasse Jesus tanta indiferença para com seus parentes e, de certo modo, renegasse sua mãe. Pelo que concerne a seus irmãos, sabe-se que não o estimavam. Espíritos pouco adiantados, não lhe compreendiam a missão: tinham por excêntrico o seu proceder e seus ensinamentos não os tocavam, tanto que nenhum deles o seguiu como discípulo. Dir-se-ia mesmo que partilhavam, até certo ponto, das prevenções de seus inimigos. O que é fato, em suma, é que o acolhiam mais como um estranho do que como um irmão, quando aparecia à família. S. João diz, positivamente (cap. VII, v. 5), "que eles não lhe davam crédito”.
Quanto à sua mãe, ninguém ousaria contestar a ternura que lhe dedicava. Deve-se, entretanto, convir igualmente em que também ela não fazia idéia muito exata da missão do filho, pois não se vê que lhe tenha nunca seguido os ensinos, nem dado testemunho dele, como fez João Batista. O que nela predominava era a solicitude maternal. Supor que ele haja renegado sua mãe fora desconhecer-lhe o caráter. Semelhante idéia não poderia encontrar guarida naquele que disse: Honrai a vosso pai e a vossa mãe. Necessário, pois, se faz procurar outro sentido para suas palavras, quase sempre envoltas no véu da forma alegórica.
Ele nenhuma ocasião desprezava de dar um ensino; aproveitou, portanto, a que se lhe deparou, com a chegada de sua família, para precisar a diferença que existe entre a parentela corporal e a parentela espiritual.
A Parentela Corporal e a parentela Espiritual
8. Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.
Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências. (Cap. IV, nº 13.)
Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espírito.
Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual: "Eis aqui meus verdadeiros irmãos." Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias.
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família
9. A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os corações honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais odioso. E, em particular, desse ponto de vista que a vamos considerar, para lhe analisar as causas e os efeitos. Também nesse caso, como em todos os outros, o Espiritismo projeta luz sobre um dos grandes problemas do coração humano.
Quando deixa a Terra, o Espírito leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza e se aperfeiçoa no espaço, ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz. Muitos, portanto, se vão cheios de ódios violentos e de insaciados desejos de vingança; a alguns dentre eles, porém, mais adiantados do que os outros, é dado entrevejam uma partícula da verdade; apreciam então as funestas conseqüências de suas paixões e são induzidos a tomar resoluções boas. Compreendem que, para chegarem a Deus, lima só é a senha: caridade. Ora, não há caridade sem esquecimento dos ultrajes e das injúrias; não há caridade sem perdão, nem com o coração tomado de ódio.
Então, mediante inaudito esforço, conseguem tais Espíritos observar os a quem eles odiaram na Terra. Ao vê-los, porém, a animosidade se lhes desperta no íntimo; revoltam-se à idéia de perdoar, e, ainda mais, à de abdicarem de si mesmos, sobretudo à de amarem os que lhes destruíram, quiçá, os haveres, a honra, a família. Entretanto, abalado fica o coração desses infelizes. Eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários. Se predomina a boa resolução, oram a Deus, imploram aos bons Espíritos que lhes dêem forças, no momento mais decisivo da prova.
Por fim, após anos de meditações e preces, o Espírito se aproveita de um corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos incumbidos de transmitir as ordens superiores permissão para ir preencher na Terra os destinos daquele corpo que acaba de formar-se. Qual será o seu procedimento na família escolhida? Dependerá da sua maior ou menor persistência nas boas resoluções que tomou. O incessante contacto com seres a quem odiou constitui prova terrível, sob a qual não raro sucumbe, se não tem ainda bastante forte a vontade. Assim, conforme prevaleça ou não a resolução boa, ele será o amigo ou inimigo daqueles entre os quais foi chamado a Viver. E como se explicam esses ódios, essas repulsões instintivas que se notam da parte de certas crianças e que parecem injustificáveis. Nada, com efeito, naquela existência há podido provocar semelhante antipatia; para se lhe apreender a causa, necessário se torna volver o olhar ao passado.
Ó espíritas! compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a comprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem estar futuro. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado à vossa guarda? Se por culpa Vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando de vós dependia que fosse ditoso. Então, vós mesmos, assediados de remorsos, pedireis vos seja concedido reparar a vossa falta; solicitareis, para vós e para ele, outra encarnação em que o cerqueis de melhores cuidados e em que ele, cheio de reconhecimento, vos retribuirá com o seu amor.
Não escorraceis, pois, a criancinha que repele sua mãe, nem a que vos paga com a ingratidão; não foi o acaso que a fez assim e que vo-la deu. Imperfeita intuição do passado se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mães! abraçai o filho que vos dá desgostos e dizei convosco mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei-vos merecedoras dos gozos divinos que Deus conjugou à maternidade, ensinando aos vossos filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas oh! muitas dentre vós, em vez de eliminar por meio da educação os maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm e desenvolvem esses princípios, por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso coração, ulcerado pela ingratidão dos vossos filhos, será para vós, já nesta vida, um começo de expiação.
A tarefa não é tão difícil quanto vos possa parecer. Não exige o saber do mundo.
Podem desempenhá-la assim o ignorante como o sábio, e o Espiritismo lhe facilita o desempenho, dando a conhecer a causa das imperfeições da alma humana.
Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os rebentos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem mais tarde pagos com a ingratidão. Quando os pais hão feito tudo o que devem pelo adiantamento moral de seus filhos, se não alcançam êxito, não têm de que se inculpar a si mesmos e podem conservar tranqüila a consciência. A amargura muito natural que então lhes advém da improdutividade de seus esforços, Deus reserva grande e imensa consolação, na certeza de que se trata apenas de um retardamento, que concedido lhes será concluir noutra existência a obra agora começada e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. (Cap. XIII, nº 19.)
Deus não dá prova superior às forças daquele que a pede; só permite as que podem ser cumpridas. Se tal não sucede, não é que falte possibilidade: falta a vontade. Com efeito, quantos há que, em vez de resistirem aos maus pendores, se comprazem neles. A esses ficam reservados o pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no entanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Vem um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os braços para receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés. As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. E um momento supremo, no qual, sobretudo, cumpre ao Espírito não falir murmurando, se não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus o ensejo que vos proporciona de vencerdes, a fim de vos deferir o prêmio da vitória. Então, saindo do turbilhão do mundo terrestre, quando entrardes no mundo dos Espíritos, sereis aí aclamados como o soldado que sai triunfante da refrega.
De todas as provas, as mais duras são as que afetam o coração. Um, que suporta com coragem a miséria e as privações materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, pungido da ingratidão dos seus. Oh! que pungente angústia essa! Mas, em tais circunstâncias, que mais pode, eficazmente, restabelecer a coragem moral, do que o conhecimento das causas do mal e a certeza de que, se bem haja prolongados despedaçamentos d'alma, não há desesperos eternos, porque não é possível seja da vontade de Deus que a sua criatura sofra indefinidamente? Que de mais reconfortante, de mais animador do que a idéia que de cada um dos seus esforços é que depende abreviar o sofrimento, mediante a destruição, em si, das causas do mal? Para isso, porém, preciso se faz que o homem não retenha na Terra o olhar e só veja uma existência; que se eleve, a pairar no infinito do passado e do futuro. Então, a justiça infinita de Deus se vos patenteia, e esperais com paciência, porque explicável se vos torna o que na Terra vos parecia verdadeiras monstruosidades. As feridas que aí se vos abrem, passais a considerá-las simples arranhaduras. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família se vos apresentam sob seu aspecto real. Já não vedes, a ligar-lhes os membros, apenas os frágeis laços da matéria; vedes, sim, os laços duradouros do Espírito, que se perpetuam e consolidam com o depurarem-se, em vez de se quebrarem por efeito da reencarnação.
Formam famílias os Espíritos que a analogia dos gostos, a identidade do progresso moral e a afeição induzem a reunir-se. Esses mesmos Espíritos, em suas migrações terrenas, se buscam, para se gruparem, como o fazem no espaço, originando-se daí as famílias unidas e homogêneas. Se, nas suas peregrinações, acontece ficarem temporariamente separados, mais tarde tornam a encontrar-se, venturosos pelos novos progressos que realizaram. Mas, como não lhes cumpre trabalhar apenas para si, permite Deus que Espíritos menos adiantados encarnem entre eles, a fim de receberem conselhos e bons exemplos, a bem de seu progresso. Esses Espíritos se tornam, por vezes, causa de perturbação no meio daqueles outros, o que constitui para estes a prova e a tarefa a desempenhar.
Acolhei-os, portanto, como irmãos; auxiliai-os, e depois, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará por haver salvo alguns náufragos que, a seu turno, poderão salvar outros. - Santo Agostinho. (Paris, 1862.)

Parentela




Está no Evangelho de Mateus (12:46-50) que Jesus pregava a pequena multidão, em uma residência, quando foi informado de que sua mãe e seus irmãos o procuravam e desejavam falar-lhe.

Perguntou o Mestre:
- Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?

E, indicando seus discípulos:
- Eis aí minha mãe e meus irmãos! Pois quem cumpre a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.

Estranha essa reação de Jesus. Uma desconsideração para com sua família, particularmente sua mãe, por quem, em outras oportunidades, sempre demonstrou solicitude.
Sua primeira aparição na vida pública, nas Bodas de Caná, deu-se ao lado de Maria. Sua última preocupação, na cruz, foi com Maria, que confiou aos cuidados do apóstolo João. Melhor que ninguém Jesus conhecia e cumpria o dever de honrar pai e mãe, consoante o princípio divino enunciado na Tábua da Lei, o que, obviamente, implica dar-lhes atenção e deles cuidar.

Por que, então, essa aparente contradição?
Não é difícil definir o que ocorreu.

Suponhamos que eu estivesse em casa de amigos espíritas, falando a respeito da pluralidade dos mundos habitados.

Alguém avisa:
- Richard, sua mãe e seus irmãos estão aí fora e querem falar-lhe.
Soaria mal.
Mas se estivesse falando sobre os valores da fraternidade, considerando a existência da família universal, filhos de Deus que somos todos, então a observação surgiria como uma ilustração, sem causar estranheza.

É provável que assim tenha ocorrido com Jesus.
Como o episódio foi registrado fragmentariamente, a observação pode sugerir uma desconsideração com sua família.

Há várias passagens evangélicas em que temos dificuldade para compreender seu pensamento, que nos parece enigmático e obscuro justamente porque houve um registro precário, sem que saibamos das circunstâncias que ensejaram a lição das explicações posteriores que ofereceu aos ouvintes.

Consideremos também o problema da afinidade. Explica Kardec, em "O Evangelho segundo o Espiritismo", que as palavras de Jesus sugerem que há uma parentela carnal e uma parentela espiritual.

Os parentes pela carne são aqueles que tem o mesmo sangue. Pais e filhos, irmãos e irmãs... Não raro, embora vivendo sob o mesmo teto, atendendo a variados compromissos, estão separados pela diferença de aptidões, de tendências, de estágio evolutivo...
As ligações pela carne podem ser constrangedoras e atritantes, porquanto envolvem pessoas que devem caminhar juntas mas não entram em acordo quanto aos caminhos ideais. Se não conseguem ajustar-se, exercitando entendimento, podem resvalar para a frustração e a rebeldia, transformando o lar em palco de lamentáveis dramas, onde se fazem presentes a traição, a agressão, a deserção...

Já a parentela espiritual é diferente. São Espíritos que se identificam nos mesmos ideais, nas mesmas tendências, nos mesmos desejos de realização superior, estabelecendo preciosos elos de simpatia e afetividade.

As ligações humanas podem romper-se com a morte, se determinadas apenas pelo sangue; mas as ligações espirituais, sustentadas pela afinidade, prolongam-se além-túmulo.

Formam famílias ajustadas e felizes, cujos membros ajudam-se sempre, cada vez mais unidos, embora atendendo, eventualmente, a compromissos distintos.

Pode ocorrer que um membro de nossa família espiritual não esteja reencarnado ao nosso lado, mas poderá ter assumido a posição de nosso mentor, o chamado anjo de guarda, que nos acompanha, estendendo sobre nós sua proteção e nos estimulando ao cumprimento de nossos deveres.

Quem melhor que o membro qualificado da família espiritual poderia desempenhar com maior dedicação e eficiência semelhante tarefa?

Imagino a esposa pensando:
Agora sei por que é tão difícil conviver com aquela besta que se intitula meu marido. Certamente é um inimigo do passado que devo aturar para ver-me livre dele um dia.

O marido:
Ainda bem que aquela megera que se faz mãe de meus filhos pertence apenas à família humana. Não precisarei me preocupar com ela quando o diabo a levar.

O filho:
Desconfio não existir nenhuma ligação maior com meus pais. São uns quadrados que só complicam minha vida. Logo que puder darei no pé. Quero distância... Gente que pensa assim não entendeu bem o espírito da lição. A convivência com a parentela carnal não é um mero exercício de forçada tolerância para que nos livremos dela um dia. A finalidade maior é a harmonização.

Trata-se de aprendermos a conviver bem com os familiares, criando elos de simpatia e afeto, ainda que sejamos diferentes.

Se apenas toleramos aquele que está a nosso lado, guardando mágoas e ressentimentos, estaremos perdendo o nosso tempo e semeando dificuldades para o futuro. Certamente todos gostaríamos de pertencer à família de Jesus. Para tanto, segundo suas palavras, é preciso cumprir a vontade de Deus.

Parece meio complexo, não é mesmo, amigo leitor?
Saber o que Deus espera de nós...
É assunto de uma vida para os filósofos.
É desafio de muitas bibliotecas para os pesquisadores.
Aqui entra a incomparável sabedoria do Mestre.
Em breve enunciado ao alcance de todas as inteligências, explica que cumprir a vontade de Deus é fazer pelo semelhante todo o bem que gostaríamos de receber.

Simples, não é mesmo?
Simples e eficiente, principalmente no lar.

Quando alguém se torna irmão de Jesus a família humana é invariavelmente beneficiada. Ninguém consegue ficar indiferente a exemplos diários de abnegação e sacrifício, compreensão e renúncia, bondade e discernimento.

Quando, observando o Evangelho, deixamos de ver nos familiares a besta, a megera, o quadrado, e os enxergamos como a nossa oportunidade de colaborar com Deus na edificação de seus filhos, operam-se prodígios de entendimento em favor da mais gloriosa das realizações:
Integrar-nos todos na família universal. Richard Simonetti


DESAPEGO FAMILIAR



Hammed

Capítulo 14-ESE, item 5

“... Mas ele lhes respondeu: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E olhando aqueles que estavam sentados ao seu redor: Eis, disse, minha mãe e meus irmãos; porque todo aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe.”

Em correta acepção, desapego quer dizer o sentimento de alguém que desenvolveu sua capacidade de avaliar e selecionar o que “pode” e o que “deve fazer”, estruturado em seu próprio senso de autonomia.

Agarrar-se a familiares de modo exagerado gera desajustes e doenças psicológicas das mais diversas características: desde a mais leve das inseguranças - se deve ou não sair de casa para um passeio a sós, ou que roupa deve usar - até o pânico incontrolável de tudo e de todos, que leva o indivíduo ao desequilíbrio em seu desenvolvimento e maturidade emocional.

A reencarnação faz o ser humano exercitar a independência, quando propõe que ele é um viajante temporário entre pessoas, sexo, profissão, países, continentes ou mundos.

Não obstante, ela não destrói os laços do amor verdadeiro, antes cria diversos vínculos afetivos entre as almas. Pais, cônjuges, filhos e amigos voltam a conviver em épocas e em posições completamente diferentes, estabelecendo na consciência uma maneira universalista de ver os relacionamentos da afeição e da simpatia, sem aprisionamentos ou dependências.

É importante compreendermos que, mesmo em família, não viemos à Terra só para fazer o que queremos, para satisfazer fazer nossos caprichos ou nos agradar, pois não devemos nos ver como devedores ou cobradores uns dos outros, mas como criaturas companheiras que vieram cumprir uma trajetória evolutiva, ora juntas no mesmo séquito consangüíneo. Desse modo, devemos levar em conta a individualidade de cada membro familiar e respeitá-lo, sem imposições ou submissões, pelo modo peculiar que encontrou de ser feliz e dirigir sua própria existência.

Cada pessoa que vive neste planeta deve aprender suas próprias lições, e é inconcebível tentarmos fazer os deveres por elas, porque cada uma aprende com suas próprias experiências e no momento propício.

Podemos, sim, oferecer aos familiares uma atmosfera de compreensão e apoio, para que tenham por si sós a decisão de mudar quando e como desejarem, atitudes essas possibilitadoras de relacionamentos seguros e duradouros.

É imperativo que se entenda que as ações possessivas criam indivíduos servis e profundamente inseguros, que futuramente precisarão ter sempre os familiares em sua volta, como uma “corte”, a fim de se sentir amparados.

O exemplo clássico de criaturas apegadas é o daquelas que foram criadas por “superpais”, e que durante muito tempo se mantiveram subjugadas e presas pelos fios invisíveis dessa “suposta proteção”, que, na realidade, era apenas uma “forma inconsciente” de suprir fatores emocionais desses mesmos adultos em desarranjo.

Crianças que foram educadas sob a orientação de adultos incapazes de estabelecer limites às vontades e desejos delas, contentando-as de forma irrestrita, sem nenhuma barreira, desenvolveram dependências patológicas que geraram progressivamente uma acentuada incapacidade de resolver problemas peculiares a sua idade, enquanto outras, nessa mesma idade, mostraram-se perfeitamente habilitadas para encará-los e solucioná-los.

Crianças que se jogam ao chão, entre crises de falta de fôlego e de choro fácil, sem nenhuma razão de ser, são consideradas mimadas. Tais comportamentos resultam do fato de terem sido tratadas como incapazes e com atitudes infantilizadas.

Pessoas inseguras e insuficientemente maduras educam os filhos da mesma maneira que foram criadas, repetindo para sua atual família os mesmos comportamentos “superprotetores” que vivenciaram na fase infantil; ou mesmo, por terem tido uma enorme experiência de rejeição no lar, também adotam a “superproteção” como forma de compensar tudo o que passaram e sofreram na infância.

Encontramos uma das maiores lições sobre a liberdade e o desapego nas palavras de Jesus de Nazaré, quando se aproveitou da circunstância em que estavam reunidas varias pessoas, e lançou o ensinamento do “amor sem fronteiras”.

Apesar de respeitar e amar profundamente sua família, exaltou o “desapego familiar” como a meta que todos deveríamos atingir, a fim de alcançarmos os superiores princípios da fraternidade universal e o verdadeiro sentido da liberdade integral.

Livro Renovando Atitudes. Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto.

A Família na visão espírita


Considerações iniciais do palestrante:

<Oneida_Terra> O estudo da Doutrina dos Espíritos conduz a uma compreensão muito grande do que seja família. A lei da reencarnação, alicerçada na Justiça Divina, esclarece corretamente quanto às questões relacionadas à família. Nada fica encoberto sob o estudo criterioso das Leis de Deus. Família é bênção do Criador às suas criaturas. São possibilidades e realizações aos que sabem lutar. Fora da compreensão, do apoio mútuo e de esforços realizados mutuamente, encontramos uma reunião de pessoas que se misturam e que se enganam. Que se maltratam agravando as suas fragilidades. Sob a oportunidade sublime que Deus oferece às suas criaturas, na constituição da família, devemos empreender seqüentes esforços para acessarmos evolução. (t)

Perguntas/Respostas:

<[Moderador]> [1] <Jackk> Como são montadas as famílias na Terra - pelo perdão a ser dado, ou pela renovação? (Complementação do moderador: que finalidades podem justificar a formação de uma família terrena?)
<Oneida_Terra> As famílias são montadas na Terra, mediante um planejamento reencarnatório e esse planejamento obedece a justiça divina. Essa justiça irá atuar de acordo com a evolução de cada um. O objetivo, na formação de um grupo familiar, é o reajuste, visando o crescimento interior de todos. (t)

<[Moderador]> [2] <Safiri-SP> Dizem que os maiores carmas a serem cumpridos são os de dentro da família? Isso sendo verdade, como fazer para tentar nos corrigir e resgatar o carma?
<Oneida_Terra> Primeiramente, é muito importante entender o que seja "carma". Carma nem sempre é dor e sim ação. A realização do ser eterno,através de milênios é o que chamamos "carma". O que ocorre é que no núcleo familiar a espiritualidade planeja reajustes. É fácil, fora de casa, nos afastarmos das pessoas. O mesmo não ocorre com os familiares e consangüíneos. É importante observar que no núcleo familiar, sempre existe alguém que vem para o apoio e crescimento da família. Pelos anos de luta e convivência com famílias, observamos que nem sempre nos colocamos com boa vontade e força de vontade para equilibrarmos e preservarmos a família. (t)

<[Moderador]> [3] <GRAAL> Por que existem pessoas tão boas com filhos muito perversos? Como fica, então, A Lei de Atração de igual espécie nesses casos?
<Oneida_Terra> O conhecimento da reencarnação nos orienta quanto as conseqüências dos nossos atos e aí relembramos as palavras do Cristo: "Cada um colhe aquilo que semeia". A mãe amorosa de hoje nem sempre o foi ontem. Não existindo acaso na Lei, os reencontros obedecem a critérios sábios.(t)

<[Moderador]> [4] <Safiri-SP> Como identificar nossa missão dentro da família?
<Oneida_Terra> Cada família reflete uma realidade e realmente é necessário uma reflexão para agirmos corretamente. Vamos relembrar Sócrates, quando ele diz que antes de qualquer decisão ele buscava inspiração no Criador. O que nós precisamos é um trabalho constante conosco mesmo, independente de sermos mães ou pais. O ser humano precisa ser trabalhado. A jovem educada será uma mãe consciente; o jovem honesto saberá agir adequadamente em todas as circunstâncias.(t)

<[Moderador]> [5] <Franz> Mandamento IV: "Honrarás a teu pai e a tua mãe". Não é muito difícil acontecer de pais estuprarem suas próprias filhas. O que pensar disso?
<Oneida_Terra> No nosso trabalho com a parte social, famílias carentes, em Barra do Piraí, encontramos casos assim. Esses casos refletidos à luz da prece trouxeram o conhecimento de que muitas dessas jovens violentadas pelos próprios pais foram as amantes de ontem. Mulheres que não se fizeram respeitar e que exerceram fascínio sobre os homens provocando-os. (t)

<[Moderador]> [6] <Canalhag> Diante de um Lar em que um casal, com filhos e bem estabelecidos, mas distantes em todos os sentidos, neste caso, seria lícito perante a Lei de Deus a separação?
<Oneida_Terra> É sempre importante questionar se já realizamos todos os esforços que estejam ao nosso alcance para evitar a separação. Emmanuel, André Luiz e outros orientadores espirituais, nos esclarecem que quando um casal não mais está crescendo no matrimônio e entra em perdas, talvez o melhor seja a separação. (t)

<[Moderador]> [7] <CY-FELIZ> Como seria reparado o erro de uma esposa traída? Seria cármico?
<Oneida_Terra> É sempre importante refletirmos com base na Lei. Não existindo acaso na vida, as traições têm as suas raízes. Conhecemos casais que não se unem à luz da fé para o seu crescimento interior e sob uma falta de respeito muito grande provocam dores. Muitas das infelicidades que presenciamos hoje têm as suas raízes aqui mesmo.(t)

<[Moderador]> [8] <Juliah> Algumas vezes a Doutrina Espirita é apresentada como destruidora dos laços de família. Por que se tudo é união e amor e justiça?
<Oneida_Terra> A primeira coisa que nós devemos saber é quem apresenta a Doutrina assim!! A Doutrina dos Espíritos é a revivescência do Cristianismo. O Cristianismo é amor. Sendo amor, conduz à união. (t)

<[Moderador]> [9] <Franz> No seio familiar: o que seria uma esposa ideal e um marido ideal? Um casal se forma por causa do destino ou aleatoriamente?
<Oneida_Terra> A esposa ideal é aquela que busca o seu aprimoramento como filha de Deus e vice-versa. O que será que entendemos quando falamos "destino"? Um casal se forma mediante um planejamento reencarnatório. Nenhum de nós está jogado na vida. Há muito mais amor e proteção do que entende o homem. (t)

<[Moderador]> [10] <CY-FELIZ> Pode um obsessor entrar em uma família e destruí-la toda? Com vícios, brigas até o final?
<Oneida_Terra> Um obsessor pode acessar uma família e existem inúmeros casos assim. Se a família não estiver alicerçada na moral e no esforço de boa conduta, esse obsessor pode influenciar dolorosamente. (t)

<[Moderador]> [11] <GRAAL> Por que hoje as pessoas estão cada vez mais distantes da família e as famílias cada vez mais separadas e desestruturadas, já que estamos evoluindo e não retrocedendo? Antigamente, aparentemente existia mais união. Como verificar nos casos mais recentes de desestruturação familiar evolução?
<Oneida_Terra> Nós não sabemos se realmente existia mais união no passado. Na verdade, as coisas não eram claras como são hoje. Nós não estamos retrocedendo. Pode ocorrer que mediante um planejamento reencarnatório que exija mais esforço e dedicação, não desenvolvamos boa vontade para atingirmos objetivos traçados. Quem se une não se separa. Se chegamos à amizade, jamais retornaremos à inimizade. Sabemos, através de estudos, pesquisas e vivências que esses mesmos separados no grupo familiar, já são indiferentes de ontem. Cabe-nos um trabalho sincero para auxiliarmos, de alguma maneira, a esses mesmos que não entenderam ainda o valor de compartilhar, de ser útil de dar e receber, crescendo juntos. (t)

<[Moderador]> [12] <Juliah> Tentamos ser bons Espíritas, mas por que a dor nos atinge ainda tão profundamente ante a possibilidade do desencarne de um ente querido, uma mãe, nome abençoado! Quando estaremos preparados para tal dor?
<Oneida_Terra> Na lei da vida, desencarnar é mais vida e não dor. A idéia que temos de dor, na verdade, é apego, solidão, medo. Quando nos colocamos receptivos à Doutrina dos Espíritos nesse movimento amplo que ela permite, descobrimos que não existe separação na Lei e que é possível continuarmos juntos rumo à eterna evolução. A semi-liberdade do sono permite encontros, reencontros e esse prosseguir vitorioso do amor em nossos corações. Ocorre com os mesmos que se afirmam espíritas muita desconfiança e medo quando chamados a testemunhos. (t)

<[Moderador]> [13] <Jack_Pirata> Seria o ciúme um medo de que o outro repita um erro que cometemos em outras vidas?
<Oneida_Terra> Não! Necessariamente, não é isso. Ciúmes é insegurança, carência, medo. Quando acreditamos em nós mesmos, quando desenvolvemos um ideal, quando amamos a luta e queremos vencer, esse sentimento mórbido não toma conta dos nossos corações. (t)

<[Moderador]> [14] <Lauren> As ligações de outras vidas podem explicar as diferenças nas relações entre a mãe e filhos diferentes?
<Oneida_Terra> Claramente! (t)

<[Moderador]> [15] <Franz> Qual a idade ideal dos nossos filhos conhecerem o Espiritismo?
<Oneida_Terra> Falando desta existência, desde o momento em que nós mesmos fazemos contato com os fundamentos da Doutrina, os nossos filhos, futuros filhos, já estão sendo beneficiados. Se considerarmos o matrimônio, desde os sonhos do namoro, os filhos já devem estar envolvidos nas reflexões, nas idealizações e quando concretizamos a idéia da maternidade na gestação, os filhos já devem fazer parte de todo nosso movimento interior na busca de espiritualidade. (t)

<[Moderador]> [16] <Safiri-SP> Em questionamento a resposta da pergunta 9, se tudo é planejado - inclusive na união entre dois seres - não é possível então haver uma união errada? Digo, alguém se casar com alguém por "engano"?
<Oneida_Terra> Pode. Nós sabemos que existe livre-arbítrio e muito respeito do plano espiritual para com as criaturas de Deus. Alguns renitentes e teimosos conseguem burlar o planejamento. Fazem as suas escolhas para perceberem depois o engano em que se envolveram. (t)

<[Moderador]> [17] <Canalhag> Que papel tem os Gêmeos, trigêmeos e etc, na família?
<Oneida_Terra> Os gêmeos ou trigêmeos, eles têm o mesmo papel de todos os filhos, mas, com certeza, o nascimento de gêmeos, trigêmeos, etc. envolve um exercício de doação, de gratuidade interior, de fraternidade bem maior do que quando o casal tem um único filho. Tanto os pais, quanto os filhos, nessas circunstâncias, são chamados a um trabalho maior, no exercício do amor e na união da família. (t)

<[Moderador]> [18] Duas perguntas correlacionadas: <Cassia> O conceito de família para nos espíritas não deve ser muito maior do que o genético? /// <Jack_Pirata> Como é feito o planejamento do filho adotivo?
<Oneida_Terra> Com certeza! Tendo como base a reencarnação e o planejamento reencarnatório, a valorização desse reencontro tão sério deve ser muito bem valorizado. E como valorizar? Qual o trabalho ideal? Com certeza, é nessa busca de aprimoramento interior, nesse cultivo da fé, que vamos conseguir constituir e preservar muito bem a família. O planejamento do filho adotivo é tão criterioso quanto do filho natural. Nós observamos, também, que nesses casos os pais são chamados a um desprendimento, a uma aceitação maior, a um reajuste. Muitas vezes, após a adoção de uma criança, a mulher engravida, provando que esse filho adotado não veio por acaso, mas sim mediante a bondade superior. (t)

<[Moderador]> [19] <mirna_jf> Fale um pouco sobre a passagem quando Jesus diz: "Onde está minha mãe e onde estão meus irmãos?"
<Oneida_Terra> Bem, se hoje o apego é tão grande entre familiares e consangüíneos, muito mais o era há dois mil anos atrás. Jesus enobrece e dignifica todos os companheiros do Colégio Renovador quando interroga: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E diz que "minha mãe e meus irmãos são todos aqueles que cumprem com a vontade do Pai que está no Céu". Vamos refletir que Jesus não estava discriminando os mesmos que se encontram indiferentes ao Criador. Destacava, o Mestre, a amizade, o respeito e a compreensão que existem entre aqueles que se reconhecem irmãos, filhos de um mesmo Pai. (t)

<[Moderador]> [20] <Safiri-SP> Como um filho deve agir diante de uma separação iminente de seus pais? Ou ainda de um pai irresponsável com suas dívidas e consigo mesmo?
<Oneida_Terra> Primeiro, nós teríamos que considerar qual a idade desse filho, quais as condições que ele tem para trocar com os pais recursos e sentimentos que possam promover equilíbrio. Destacamos a conversa pacífica, a prece, a confiança em Deus como recursos que podem promover equilíbrio. Um pai irresponsável consigo mesmo precisa de muita compreensão, muita prece e energia. Nem sempre conseguimos utilidade passando a mão na cabeça das pessoas. Não é pela consangüinidade que iremos permitir desrespeito. Um filho não pode arcar com responsabilidades que pertençam ao seu pai. (t)

<[Moderador]> [21] <Brab> Pode nos falar um pouco sobre o caso de irmãos siameses? Haveria mérito em, sendo cientificamente possível, tentar separá-los, mesmo tendo o risco de um deles desencarnar? Como são vistos espiritualmente gêmeos siameses?
<Oneida_Terra> Como estudantes da Doutrina dos Espíritos, respeitando a Lei e sabendo que não existe acaso, precisamos respeitar profundamente esses casos. E acreditamos que diante de opções a serem tomadas, os pais tenham que buscar Deus, acima de todas as coisas para, bem orientados, agirem.(t)

<[Moderador]> [22] <Canalhag> Tomo um exemplo caseiro, se me pemite: Minha filha de 8 anos, odeia ir a casa espirita, ficando ela em local apropriado para tal. Seria esse sentimento passageiro, ou denotaria algum incômodo com a Doutrina?
<Oneida_Terra> Nós aprendemos, ou estamos aprendendo, com Irmã Virgínia, nossa amiga espiritual, que as crianças precisam ser respeitadas. A palavra "odeia" é muito forte. Se a criança revela uma resistência tão forte às aulas de moral cristã apropriadas às crianças, deve haver uma razão muito séria para isso. O ideal é não forçar, mas, com muita paciência, no lar mesmo, buscar, através de conversas leves e delicadas, instruí-la a respeito da criação divina, da reencarnação, do respeito ao próximo. Necessariamente, um filho de pais espíritas não tem que ser espírita. Aliás, a salvação não está na Casa Espírita. Jesus disse que o Reino de Deus está no íntimo de cada um. É possível evolução nas lutas naturais do dia-a-dia. No esforço sincero, na vida profissional, na vida familiar e na vida em sociedade, o homem também evolui. Seja paciente com a sua filha e procure, com carinho, descobrir quais as razões dessa rejeição. (t)

<[Moderador]> [23] <Canalhag> Quanto ao ritual da primeira comunhão, seria lícito desconsiderá-lo, para que a criança decida num futuro próximo? É correto submeter a criança a rituais eclesiásticos alegando ser uma postura para sua não discriminação na sociedade?
<Oneida_Terra> Os pais que respeitam os seus filhos e que se sentem seguros não impõem quaisquer práticas. O ideal é exemplificar os sentimentos positivos, confiando que os filhos seguirão os bons exemplos, buscando trilhar os caminhos da moral. (t)

<[Moderador]> [24] <Safiri-SP> Qual o impacto de alguém optar por não se casar (e conseqüentemente não ter filhos, constituir família etc)? Ou seja, como podemos saber que estamos na opção correta? Digo, não é justo casar sem amor, só para constituir família, não é?
<Oneida_Terra> Primeiramente, nós precisaríamos saber se não nos casamos por vontade própria, ou porque não estava planejado. Muitas pessoas afirmam que casaram ou deixaram de casar por escolha e nem sempre é verdade. Agora, mesmo diante do planejamento reencarnatório, nós podemos dizer não, mas, conseqüentemente, teremos que arcar com as conseqüências. Não dá certo desrespeitar o que nos é indicado na reencarnação. Não podemos esquecer que o planejamento reencarnatório obedece a critérios sábios. Quanto a casar sem amor, se assim está planejado, o casamento ocorre e então é o cumprimento de uma Lei. (t)

<[Moderador]> [25] <Jafer> Como fazer com uma filha que tem dificuldades de externar o que quer e o que sente? Em casa existe muito diálogo e já houve tratamento psicológico.
<Oneida_Terra> Geralmente, nós, pais, somos ansiosos em relação aos nossos filhos. Não lidamos bem com o silêncio. Entendemos que as crianças têm que estar gritando, pulando, correndo. Podemos receber no lar um ser que prefira o silêncio, que não queira comunicar os seus sentimentos. Como também pode ocorrer de ser esse espírito um estranho a essa família. A melhor maneira de lidar é com cautela, paciência e carinho. Permitir que essa criança seja ela mesma e que ela entenda que falando, sorrindo, chorando ou ficando calada é amada. (t)

<[Moderador]> [26] <_ney> Espiritualmente, como fica a mãe que abandona seu filho, mesmo que ele seja adotado por outra pessoa?
<Oneida_Terra> Ela fica com a responsabilidade desse abandono e isso não é tão simples: as conseqüências que essa criatura possa viver conduz a mãe responsabilidades muito sérias. Quem abandona enfraquece e os laços da maternidade fortalecem profundamente os sentimentos da mulher. (t)

<[Moderador]> [27] <Franz> Gostaria de colocar duas máximas que eu guardo mas gostaria que fossem comentadas: 1) "A diferença entre amigo e parente é que amigo é aquele que escolhemos"; 2) "Parentes, só ficam bem em fotografia" Delfin Neto.
<Oneida_Terra> Não sei se você escolheu a pessoa certa para comentar duas máximas que me parece você guarda com carinho. Eu discordo completamente! Porque eu amo a minha família. E tenho lutado com muita alegria para preservá-la. O ideal é tentarmos cultivar sentimentos positivos, onde a indiferença possa ameaçar crescer. (t)

<[Moderador]> [28] <mirna_jf> Neste exato momento a Rede Globo exibe um programa sobre educação sexual. O que o Espiritismo nos diz sobre isso?
<Oneida_Terra> O Espiritismo nos diz que devemos esclarecer as nossas crianças sobre a realidade da Vida. O sexo é estudado pela Doutrina com naturalidade, fazendo ele parte da Vida. Se questionamos quanto ao momento ideal para falarmos sobre sexo com as nossas crianças, vamos entender que o momento ideal é o da própria procura, quando a criança começa a fazer questionamentos ela já está indicando que é hora de ensinar. Muitos pais têm medo desses momentos e preferem que os seus filhos aprendam nas ruas. Vamos olhar nos olhos de nossas crianças transmitindo confiança e elas estarão sempre ao nosso lado, fazendo as perguntas certas e muitas vezes elas mesmas indicando-nos o que devemos falar. (t)

<[Moderador]> [29] <Cassia> O conceito de família para nós, espíritas não deve ser muito maior do que pai / mãe / filho / irmão / tio, etc. Ou seja: essa é nossa família hoje, mas nossa verdadeira família é muito maior e abrange encarnados e desencarnados, certo? Na verdade, minha preocupação é que temos essa tendência ao nos fechar nesse ciclo familiar e achar que nossa família é mais importante que os outros irmãos que temos. Esta é a penúltima pergunta.
<Oneida_Terra> Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", nós refletimos que a chaga da Humanidade é o egoísmo. Esse sentimento, se não trabalhado, domina. Observamos em grande parte de nós mesmos, que nos dizemos espíritas, uma forte tendência a tão só valorizar aqueles a quem queremos bem. A Doutrina dos Espíritos exatamente esclarece sobre a eternidade e a filiação divina. A nossa verdadeira identidade é a de filhos de Deus. Por certo, com estudo, reflexão e trabalho atingiremos esse sentimento ideal de respeito e amor para com todas as criaturas. (t)

<[Moderador]> Última pergunta da noite, amiga: [30] <[duda]> Como é visto o planejamento familiar criado pelos homens, já que este pode acabar impedindo a vinda de um espírito que deveria reencarnar e por este motivo acaba privado de uma nova experiência?
<Oneida_Terra> Aquele que nega oportunidades, naturalmente viverá restrições. O ideal é o homem buscar Deus e se esforçar para refletir nos seus atos a vontade suprema. Enquanto isso não ocorrer, conheceremos dores e lágrimas, nesse constrangimento de fugirmos do trabalho de reajuste perante os mesmos faltosos de ontem. Na verdade, quando convidados ao reencontro com os amados, não recalcitramos. (t)

Considerações finais do palestrante:

<Oneida_Terra> Primeiramente, gostei muito de participar, é a minha primeira experiência e todos os recursos que possam ser usados na divulgação do Evangelho e da Doutrina dos Espíritos são valiosos. A respeito da família, eu gostaria de reafirmar a urgência de reavaliarmos o nosso comportamento nessa reunião dentro de uma casa que precisamos transformar em lar. A Doutrina esclarecendo sobre a beleza da Vida, deixa-nos excelentes oportunidades para alcançarmos esse ideal. A respeito dos nossos livros, gostaríamos de dizer que estamos trabalhando de uma forma inédita. Os nossos livros, a partir de 1998, estarão, todos, acompanhados por um CD, ou fita K7, com músicas mediúnicas. Teremos o maior prazer em atender a quantos queiram conhecer os nossos livros e as nossas músicas. Nosso endereço: Pousada de Francisco - Rua Carlos Queiroz, 190 - CEP: 27140-060 - Barra do Piraí - RJ. Telefone: (024) 442-1672. Nosso último lançamento é o livro "A Convite do Pai". Encontros de Jesus que refletem o halo amoroso dessas vivências. O CD, que acompanha o livro, é também constituído por músicas mediúnicas de Irmã Virgínia relembrando os encontros do Cristo. Gostaríamos de convidar para o lançamento do nosso próximo livro no dia 02/05, na Bienal em São Paulo. O livro será "Três Mulheres e o Vento". Obrigada! (t)

A FAMÍLIA DE JESUS - Pastorino




Carlos Torres Pastorino


Mateus 12:46-50

Enquanto ele ainda falava à multidão, a mãe e os irmãos dele estavam de fora, procurando falar-lhe.
E alguém disse-lhe: "olha, tua mãe e teus irmãos estão lá fora e procuram falar-te".
Mas ele respondeu ao que lhe falava: "quem é minha mãe e quem são meus irmãos"?
E estendendo a mão para seus discípulos, disse: "Eis minha mãe e meus irmãos;
porque aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe!


Marcos 3:20-21 e 31-35

E entrou em casa; e mais uma vez a multidão afluiu de tal modo que nem sequer podiam comer pão.
Quando seus parentes souberam disso, saíram para segurá-lo, porque, diziam, "está fora de si".
Chegaram sua mãe e seus irmãos; e ficando do lado de fora, mandaram chamá-lo.
E muita gente estava sentada ao redor dele e disseram-lhe: "Olha, tua mãe e teus irmãos [e tuas irmãs] estão lá fora e te procuram".
Ele perguntou-lhes dizendo: "quem é minha mãe ou meus irmãos"?
E olhando em torno para os que estavam sentados em roda, disse: "eis minha mãe e meus irmãos;
pois quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe".


Lucas 8:19-21

Vieram ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele por causa da multidão.
E foi-lhe dito : "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora querendo ver-te".
Ele, porém, respondendo, disse-lhes: "minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a praticam". 

Aqui são nos apresentados os familiares de Jesus, numa cena curta e objetivas. Jesus achava-se em casa, e a multidão o comprimia de tal forma que ninguém podia chegar até ele (cfr. Marc. 2:1-2; vol. 2o.pág. 81). E quando se apresentam Sua Mãe e Seus irmãos e querem falar-Lhe.


Em Mateus, o vers. 47 parece apócrifo, pois falta nos códices aleph e B, em quatro manuscritos, nas versões siríacas (sinaítica e curetoniana) e na saídica. Por isso não é aceito por Hort, Soden, Tischendorf, Lagrange e Pirot. Com efeito é redundante, com um pormenor desnecessário, podendo passar-se do 46 ao 48.

Em Marcos, que apesar de mais sucinto é o que traz mais minúcias, a cena é descrita em dois lances. No primeiro dá-nos ciência de que seus parentes (hoi par'autou) vieram a saber, em Nazaré (que distava de Cafarnaum cerca de 30 km) do que se passava com Jesus. As notícias chegam sempre aumentadas, mormente após caminharem trinta quilômetros! Tão exagerada, que seus "Parentes" o julgaram "fora de si" e foram depressa "para segurá-lo", a fim de impedir que Seu entusiasmo e Sua exaltação mística Lhe prejudicassem a saúde. A expressão "fora de si" é usada por Paulo (2 Cor. 5:13) para exprimir exatamente o êxtase místico, e não (como traduziu a Vulgata) a loucura.

Entre a notícia recebida e a chegada a Cafarnaum, Jesus tem tempo de discutir com os escribas de Jerusalém.

Quando seus "parentes" chegam, é que ficamos sabendo de quem se tratava: "sua mãe, seus irmãos e suas irmãs".

A expressão "suas irmãs" está nos códice A, D, E, F, H, M, S, U, V, Gama, e na maior parte das antigas versões latinas; é aceita por Soden e Merck; Vogel e Nestle a colocam entre colchetes. Não aparece nos códiçes Aleph, B, C, G, K, Delta, Pi, 1, 13, 33 e 69 e na Vulgata, sendo recusada por Westcott-Hort, Souter, Swete, Lagrange e Pirot.

A pergunta, aparentemente desrespeitosa para com Sua mãe, vem demonstrar que Jesus, em sua missão, näo está preso pelos laços sangüíneos, tão frágeis que só vigoram numa dada encarnação. A família espiritual é muito mais sólida, pois os vínculos são espirituais (sintônicos) e não materiais (sangue e células perecíveis). Jesus não pode subordinar-se as exigências do parentesco terreno, mesmo em se tratando de Sua mãe. Com o olhar benévolo sobre os que O rodeavam, Jesus lança Sua doutrina nítida: o ideal é superior aos laços de sangue; a família espiritual é mais importante que a natural e sobreleva a ela. Nem se diga que há mais obrigação de cuidar dos "próximos" consangüíneos, mais do que dos estranhos, já que aqueles constituem uma "obrigação" (e por isso os romanos os designavam com a palavra "necessários"), e os outros "apenas" amizade. Não vale isso: pois se os parentes consangüíneos realmente amam o idealista e querem sua presença e assistência constante, por que também não se tornam seus discípulos espirituais e o acompanham por toda parte como os demais adeptos?

Para o que se dedica ao ministério espiritual contam apenas, como parentes" aqueles que lhes bebem os ensinos e dele se aproveitam para evoluir. Se os consangüíneos quiserem, podem agregar-se aos discípulos (como o fizeram os irmãos de Jesus Tiago e Judas Tadeu, que até se tornaram Seus emissários (apóstolos).

Quanto aos quatro irmãos de Jesus (Tiago, Judas Tadeu, Simão e José e às duas irmãs (Maria e Salomé), já apresentamos o problema do parentesco no vol. 2o. pág . 111-112.

A lição de Jesus (individualidade) quanto ao modo de serem tratados os parentes consangüíneos, vale hoje e sempre. Não é o fato, repitamos, de haver um laço de parentesco, que pode desviar o curso evolutivo de um espírito. O parentesco espiritual de fraternidade REAL com todas as criaturas (porque filhos do mesmo PAI celestial), é muito mais forte; e Jesus ensina categoricamente: "a ninguém na Terra chameis vosso Pai, porque só um vosso Pai: aquele que está nos céus" (Mat. 23:9), ou seja no imo do coração: a Centelha Divina, o Cristo Interno.

Os Parentes - inclusive pai, mãe, irmãos e irmãs - são acidentes temporários que se desfazem ao terminar essa encarnação, renovando-se a cada novo nascimento (salvo exceções em que se verifica uma repetição que, por vezes, dura duas ou três vidas).

Mas os sintônicamente afins, esses seguem em grupos homogêneos que, mesmo sem parentesco físico algum, se reencontram seguidamente durante milênios.

Outra lição que depreendemos ao texto, é que os parentes representamos veículos do espírito (físico, etérico, astral e intelecto), que são os "parentes" terrenos mais próximos e chegados ao espírito encarnado. E a descrição do modo de tratá-los mereceu um tratado especial, o Bhagavad-Gita.

A cena evangélica, neste passo, mostra-nos como a individualidade deve tratar seus veículos. Muitas vezes o Espírito se retira ou trabalha, na meditação ou no estudo; e os veículos físicos vem chamá-lo, porque o acham "fora de si", desequilibrado. Mas o Espírito, de acordo com a lição de Jesus, precisa colocá-los em seu devido lugar. Eles tem que ser veículos que façam a vontade do Pai (Centelha Divina) e conduzam à espiritualizaçäo. Se quiserem atrapalhar, conclamando o Espírito para satisfação dos apelos do físico, das sensações do etérico, das emoções desequilibradas do astral e dos prazeres puramente intelectuais, não devem ser atendidos, mas rejeitados, quanto o Espírito busca seus pares, os que estão na mesma faixa vibratória.

As exigências fisiológicas tendem sempre a afastar o Espírito de sua ascensão evolutiva, e por isso a personalidade é, realmente, um "satanás" ou "diabo", que tenta desviar todos os impulsos que levam ao Sistema, ao pólo positivo - que é árduo de conquistar - para arrastá-lo para o pólo negativo, onde tudo é mais fácil, agradável e satisfatório. Mas o Espírito prevenido pelo ensino do Mestre recusa ouvir-lhe essas exigências, e lhe responde autoritariamente que, se quiserem algo dele, o acompanhem na sua evolução, como servos dóceis e eficientes.

(Extraído do livro "Sabedoria do Evangelho")