Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Amai-vos e instruí-vos: estudando Ciência

Amai-vos e instruí-vos: estudando Ciência

Alexandre Fontes da Fonseca

A quase dois mil anos, Jesus nos disse pessoalmente para amarmo-nos uns aos outros como recomendação para vivermos em paz e progredirmos. Mesmo tendo Ele dado todos os exemplos possíveis, infelizmente a humanidade ainda não compreendeu o alcance de seus ensinamentos.

O advento do Espiritismo marcou uma nova época para a humanidade. Sua função básica é ajudar as pessoas a compreenderem os ensinamentos de Jesus através da razão, objetivando o seu progresso espiritual. Com o lema “Fora da Caridade não Há Salvação” e com as recomendações dos espíritos superiores para “nos amarmos” e “nos instruirmos”, o Espiritismo claramente revela o caminho pelo qual a nossa sociedade encontrará a Paz e o Progresso em todos os sentidos.

Apesar das diversas barreiras que impedem que o Amor e a Fraternidade se instalem definitivamente em nosso planeta, o movimento espírita segue firme no trabalho de divulgação da Doutrina Espírita por entender que ela é capaz de levar os indivíduos à reforma íntima e, consequentemente, ao progresso.

Nessa difícil tarefa de divulgação, o movimento espírita, na atualidade, tem destinado boa parte de suas atenções para o aspecto científico do Espiritismo. O constante e extraordinário avanço em todas as áreas da Ciência aliados à recomendação de Kardec de que o Espiritismo deve seguir de mãos dadas com ela, têm gerado um enorme interesse em avaliar as concordâncias entre Ciência e Espiritismo, bem como têm estimulado diversos companheiros espíritas ao estudo e à pesquisa de temas ligados ao assunto.

Em nome do sentimento de Amor recomendado pelos espíritos superiores como nosso primeiro mandamento, podemos e devemos buscar o conhecimento que permite que auxiliemos com mais eficiência nossos irmãos em humanidade. Se o aspecto científico do Espiritismo é um dos caminhos que promove a sua divulgação, então vamos buscar estudá-lo “instruindo-nos” nesse aspecto, para podermos contribuir de forma humilde mas efetiva, para o progresso da nossa humanidade.

Desta forma, em se tratando de um tema difícil e de pouca familiaridade para muitos de nós e buscando seguir a recomendação de “instruirmo-nos”, neste e nos próximos números do Boletim do GEAE, estaremos estudando várias questões sobre, por exemplo, o que é Ciência, como se trabalha em Ciência, o que são e como relacionar algumas das disciplinas científicas ordinárias com o Espiritismo, etc. Certamente, esperamos pela participação de todos os assinantes deste boletim na leitura e envio de perguntas e comentários para que possamos aproveitar a oportunidade de aprendermos um pouco mais sobre esses assuntos.

Desde já pedimos ao Pai que nos abençoe em todos os nossos propósitos de crescimento e que nos ilumine para que possamos compreender e encontrar o caminho mais eficaz ao nosso progresso.

Muita paz, estudo e trabalho no bem,

Muita Paz,

Alexandre Fontes da Fonseca

Editor GEAE

(Publicado no Boletim GEAE Número 476 de 15 de junho de 2004)

A Necessidade de Amai-vos e Instrui-vos

A Necessidade de Amai-vos e Instrui-vos

Homens fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.

Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misárias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar que estendas a mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades.

Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instrui-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam : "Irmãos ! nada perece. Jesus-Cristo e' o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade. - O Espírito de Verdade. (Paris, 1860)." [...].

Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são bem-amados meus. Instruí-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos mostra o sublime objetivo da provação humana. Assim como o vento varre a poeira, que também o sopro dos Espíritos dissipa os vossos despeitos contra os ricos do mundo, que são, não raro, muito miseráveis, porquanto se acham sujeitos as provas mais perigosas do que as vossas. Estou convosco e meu apóstolo vos instrui. Bebei na fonte viva do amor e preparai-vos, cativos da vida, a lançar-vos um dia, livres e alegres, no seio dAquele que vos criou fracos para vos tornar perfectíveis e que quer modeleis vós mesmos a vossa maleável argila, a fim de serdes os artífices da vossa imortalidade. - O Espírito de Verdade (Paris, 1861)." (Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 107. ed., p. 130-131).

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Porque precisamos estudar ?

"[...] em qualquer setor de trabalho a ausência de estudo significa estagnação. Esse ou aquele cooperador que desistam de aprender, incorporando novos conhecimentos, condenam-se fatalmente às atividades de subnível [...]" (André Luiz, Nos domínios da mediunidade, 8. ed., p. 166).

"ESPIRITISMO E EDUCAÇÃO - Doutrina eminentemente racional, o Espiritismo dispõe de vigorosos recursos para a edificação do templo da educação, porquanto penetra nas raizes da vida, jornadeando com o espírito através dos tempos, de modo a elucidar recalques, neuroses, distonias que repontam desde os primeiros dias da conjuntura carnal, a se fizerem no carro somático para complexas provas ou expiações.

Considerando os fatores preponderantes como os secundários que atuam e desorganizam os implementos fisicos e psíquicos, equaciona como problemas obsessivos as conjunturas em que padecem transfugas da responsabilidade, agora travestidos em roupagem nova, reencetando tarefas, repetindo experiências para a libertação.

A educação encontra no Espiritismo respostas precisas para melhor compreensão do educando e maior eficiência do educador no labor produtivo de ensinar a viver, oferecendo os instrumentos do conhecimento e da serenidade, da cultura e da experiência aos reiniciantes do sublime caminho redentor, através dos quais os tornam homens voltados para Deus, o bem e o próximo." (Joanna de Angelis, Estudos espíritas, p.173).

- A alma humana poder-se-á elevar para Deus tão-somente com o progresso moral sem os valores intelectivos?

- O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita.

No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são classificados com adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas, como estamos examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém, considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte intelectual sem a moral pode oferecer numerosa perspectivas de queda, na repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas.

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O que Estudar

"No que diz respeito à Doutrina Espírita, cabe-nos a todos o dever de mergulhar o pensamento nas fontes lustrais do conhecimento, a fim de melhor entendermos os quesitos preciosos da existencia, simultaneamente, as leis preponderantes da Causalidade, de modo a podermos dirimir equivocos e duvidas, colocando balizas demarcatorias no campo das conquistas pessoais, intransferiveis...

Um quarto de hora, diariamente, dedicado ao estudo;

Pequena pagina para reflexao, diuturnamente;

Um conceito espírita como glossario para cada dia;

Uma notula retirada do contexto luminoso da Codificação para estruturar seguranca em cada 24 horas;

Uma noite por semana para o estudo espírita, no dia reservado ao Culto Evangelico do Lar, como curriculo educativo;

Uma pausa para a prece e singelo texto para vigilancia espiritual, sempre que possivel...

Sim, todos podem realizar curso inadiavel para promoção espiritual na escola terrestre.

O estudo do Espiritismo, portanto, hoje como sempre e' de imensuravel significação.

Estudar sempre e incessantemente a fim de amar com enobrecimento e liberdade." (Joanna de Angelis, Celeiro de bençãos, p. 33).

"Consagrar diariamente alguns minutos 'a leitura de obras edificantes, esquecendo os livros de natureza inferior, e preferindo, acima de tudo, os que, por alimento da propria alma, versem temas fundamentais da Doutrina Espírita.

Luz ausente, treva presente.

Digerir primeiramente as obras fundamentais do Espiritismo, para entrar em seguida nos setores praticos, em particular no que diga respeito 'a mediunidade.

Teoria meditada, ação segura.

Disciplinar-se na leitura, no que concerne a horarios e anotacoes, melhorando por si mesmo o proprio aproveitamento, não se cansando de repetir estudos para fixar o aprendizado.

Aprende mais, quem estuda melhor." (Andre' Luiz, Conduta Espírita, 15 ed., p.137-1 39)

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O Estudo em grupo

"P - O estudo em grupo e' hoje um metodo muito divulgado. Este metodo e' vantajoso para o adolescente ?

R - Tanto para os Jovens como para os adultos o estudo em grupo e' o mais eficiente ate' porque nos não podemos esquecer que na base do Cristianismo, o proprio Jesus desistiu de agir sozinho, procurando agir em grupo. Ele reconheceu a sua missão divina, constituiu um grupo de doze companheiros para debater os assuntos relativos 'a doutrina salvadora do Cristianismo, que o Espiritismo hoje restaura, procurando imprimir naquelas mentes, vamos dizer, todo o programa que ainda hoje e' programa para nossa vida, depois de quase vinte seculos. Programa de vivencia que nos estamos tentando conhecer e tanto quanto possivel aplicar na Doutrina Espírita, no campo de nossas lides e lutas cotidianas." (Emmanuel, A terra e o semeador, 6. ed., p. 80-81).

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Aliar o estudo à prática

"Pelo menos uma vez por semana, cumprir o dever de dedicar-se 'a assistencia, em favor dos irmaos menos felizes, visitando e distribuindo auxilios a enfermos e lares menos aquinhoados.

Quem ajuda hoje, amanha~ sera' ajudado. (Andre' Luiz, Conduta espírita, 15. ed. P 53). =20 6 - Escola da alma

"[ ..] Estamos defrontados no Espiritismo por uma tarefa urgente: desentranhar o pensamento vivo de Allan Kardec dos principios que lhe constituem a codificação doutrinaria, tanto quanto ele, Kardec, buscou desentranhar o pensamento vivo do Cristo dos ensinamentos contidos no Evangelho.

Capacitemo-nos de que o estudo reclama esforco de equipe. E a vida em equipe e' disciplina produtiva, com esquecimento de nos mesmos, em favor de todos.

Destacar a obra e olvidar-nos.

Compreender que realização e educação solicitam entendimento e apoio mutuo [...]

Somos trazidos 'a escola espírita, a fim de auxiliarmos e sermos auxiliados, no permute de experiencias e na aquisição de conhecimento. [...]

Estudar para aprender. Aprender para trabalhar. Trabalhar para servir mais sempre.

Estude e viva.

Pense no valor de sua cooperação na melhoria e no engrandecimento da equipe de que participa, esteja ela constituida no templo doutrinario ou em seu culto domestico de elevação espiritual.

Não esquecer que o seu auxilio ao grupo deve ser tao substancial e tao importante quanto o auxilio que o grupo esta' prestando a voce.'' (Emmanuel e Andre' Luiz, Estude e viva. 6. ed., p. 20-22).

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O Estudo como propiciador da Reforma Intima

"- Nenhuma tentativa para o reerguimento moral sera' eficiente se continuarmos presos 'a ignorancia de nos mesmos! Sera' indispensavel, primeiramente, averiguar quem somos, donde viemos e para onde iremos, a fim de que nos convencam do valor da nossa propria personalidade e 'a sua elevação nos dediquemos [...]." (Y A. Pereira, Memorias de um suicida, 18. ea., p. 468).

"Qual o meio pratico mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir 'a atração do mal?

Um sabio da antiguidade vo-lo disse: "Conhece-te a ti mesmo"." (Kardec, O Livro dos Espíritos, 72. ed., perg. 919).

"Conhecemos toda a sabedoria desta maxima, porem a dificuldade precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?

Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia. Interrogava a consciencia, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguem tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, as noites, evocasse todas as acoes que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem e o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda esclarecessem, grande forca adquiriria para se aperfeicoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vos mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tende feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstancia, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censurarieis, sobre se obrastes alguma ação que ousarieis confessar. Perguntai ainda mais: "Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguem, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos onde nada pode ser ocultado?"

"Aspiras à posse do conhecimento espírita evangelico?

Iniciemos o aprendizado pela reforma intima.

Disse Jesus: "O reino de Deus esta' dentro de vos"

Descobri-lo e estabelecer as vias de acesso para alcanca-lo depende de nos. (Emmanuel, No portal da luz, 3. ed., p. 15).

"Qual a maior necessidade do medium?

- A primeira necessidade do medium e' evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar 'as grandes tarefas doutrinarias, pois, de outro modo podera' esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.

Como iniciar o trabalho de iluminação da nossa propria alma?

- Esse esforco individual deve comecar com o auto-dominio, com a disciplina dos sentimentos egoisticos e inferiores, com o trabalho silencioso da criatura por exterminar as proprias paixoes." (Emmanuel, O consolador, 15. ed., perg. 387, 230)

"A AUTO-EDUCAÇÃO e' um processo de busca da perfeição. Para nos, espíritas, não se trata de um processo ilusorio, segundo aqueles que julgam ser inatingivel a perfeição humana.

Os espiritistas sabem que a perfeição, como a felicidade, não são para o nosso mundo. Mas sabem tambem que não estaremos eternamente limitados 'as formas de vida da Terra. As vidas sucessivas são meios de aperfeicoamento do Espírito, visando 'a libertação do ciclo das reencarnacoes.

A auto-educação, como empenho na afirmação de uma consciencia sempre mais esclarecida e reta, corresponde ao esforco que o aprendiz emprega para melhorar-se e engrandecer-se espiritualmente

Ao exortar os seus discipulos a se tornarem perfeitos como o Pai Celestial, Jesus não exigia uma igualdade de perfeição com Deus. Indicava somente o dever do aperfeicoamento, o caminho da evolução, ensino aplicavel a todos nos, por extensão.

Hoje, sob a luz da Doutrina Espírita, a exortação do Mestre torna-se muito clara. O caminho para o Alto acha-se perfeitamente identificado pelos estudiosos com boa vontade.

Se não podemos atingir a perfeição relativa ao nosso Orbe em uma so=B4 vida teremos outras oportunidades. Nosso dever e' o de aproveitar ao maximo cada encarnação.

A auto-educação e' o meio para isso. O Consolador indica-nos as metas, caminhos, o programa a ser cumprido.

Deter-se na caminhada, perder tempo irrecuperavel e' retardamento da chegada, com mais trabalho, mais repeticoes, mais esforcos, quica' mais sofrimentos.

Instruí-vos - O consolador

Instruí-vos


A instrução é clara: “Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo” (O Evangelho segundo o Espiritismo - 6, 5). Todavia, sua operacionalização não é de fácil execução. Primeiramente, como é difícil aprender a amar de verdade! Vestido num escafandro pesado e desajeitado de carne, é preciso aprender a se amar para aprender a imolar-se e a ter as rédeas do destino. Ora, medidas paradoxais para enfrentar as doces ilusões da vida. É o libertar-se de maya (ilusão). Já diziam os hindus que o corpo é uma carruagem que, se o piloteiro não for habilidoso, os cavalos dos sentidos físicos é que irão decidir para onde ir.

Ainda sobre o amor, vale a pena lembrar que, na Bíblia, há três palavras utilizadas para designar amor: eros (amor libidinoso), philia (amor de amizade) e agape (amor de afeição). Eros é o amor apaixonado na sua forma sexual. É a busca do prazer, da satisfação do apetite sexual e da valorização do hedonismo do corpo. Certamente a Bíblia não faz apologia a isso. Todavia, não se pode desprezar, nem subestimar eros devido a sua força, a ponto de Freud qualificá-lo como um dos dois instintos principais que determinam o comportamento do Homem. O outro instinto é o da morte.

Por sua vez, philia é o amor brindado no Evangelho de João: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei! Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (15, 12-15).

É importante lembrar que dos vários Espíritos citados nos Prolegômenos de O Livro dos Espíritos, São João Evangelista é o primeiro a encabeçar a lista. O segundo é Santo Agostinho que também tem uma relação toda especial com o amor. O amor como necessidade, como problema existencial, pois é o que dá plenitude. Se da transição das vidas inferiores para as superiores precisamos desaprender até então a estratégia dominante, o egoísmo, precisamos agora aprender a amar. É preciso esvaziar o nosso jarro cheio de egoísmo e preencher com amor, transmutando o vaso de barro em taça límpida de cristal. Todavia, é difícil esquecer aquilo que se sabe fazer bem e que foi vitorioso até então. O passado é o tempo do egoísmo. O presente e o futuro, o do amor. O amor como amizade é precioso néctar que exige abnegação, paciência e dedicação, sendo a amizade patrimônio eterno que guardam os corações amigos.

O terceiro tipo de amor é o agape e está ligado à questão da afeição e da caridade, sendo o tipo de amor mais presente nos textos bíblicos. Tenha afeição, respeito, simpatia, admiração por Deus, por teus inimigos, por teus amigos, por teus pais. O “Hino ao Amor-Caridade” de Paulo de Tarso (1Corintios, 13) é uma passagem de magistral beleza sobre agape. Segue pequeno trecho: “o amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo”.

Esta é, sem dúvida, para doutrina que tem como lema “fora da caridade não há salvação”, uma instrução minuciosa, mas não exaustiva, do “‘Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento”. Até porque “o forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo este família, a sociedade deve fazer as vezes desta. É a lei de caridade.” (O Livro dos Espíritos, perg. 685).

Sobre o “instruí-vos”, cabe antes de tudo remetermo-nos novamente à famosa pergunta 685 de O Livro dos Espíritos, agora com os comentários de Kardec:

Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar.
Primeiramente é importante perceber que a educação, pelo menos se restrita a esta pergunta, não é a instrução baseada em livros, mas na formação de pessoas que saibam cuidar, administrar sua própria vida. É o famoso “vai e não peques mais” de Jesus. Ou ainda: vai, não peques mais e sê útil ao teu semelhante. Uma vida com ordem e previdência, utilidade e criação de valor. Uma vida produtiva é uma vida bem vivida. Aliás, “todo administrador sincero é cioso dos serviços que lhe competem; todo pai consciente está cheio de amor desvelado. Deus também, meu filho, é Administrador vigilante e Pai devotadíssimo” - nos ensina a Mãe de André Luiz (Nosso Lar, p. 219).

Cabe lembrar que a palavra “administrador” vem do latim ad minister e significa “tendência para subordinação, obediência”. Outra palavra comumente usada como sinônimo é manager e está ligada à “ménagère” que significa “dona de casa”. Administrador é o que cuida da casa, da vida.

Assim, a instrução é adquirir conhecimentos, hábitos, recursos que possibilitem ao indivíduo administrar sua vida e os bens do Senhor de forma sábia e produtiva. Se realmente os comentários de Kardec sobre a pergunta 685 são a crème de la crème de O Livro dos Espíritos, então é necessário perceber que a ligação com a lei do trabalho e a Economia não é por acaso. Desde Adam Smith sabe-se que o trabalho é a fonte de criação de valor e riqueza da Economia. Todavia, numa visão mundana, é o enriquecimento ilícito do burguês que se sobressai ao invés do seu trabalho, prudência e previdência. Por exemplo, o publicano Zaqueu era malvisto até mesmo pelos apóstolos como nos referencia Humberto de Campos em seu magistral “Boa Nova”. Todavia, foi esse mesmo homem abastado que deu pouso e alegria para Jesus, sendo chamado por ele de servo bom. Ainda neste livro, na passagem da última ceia, percebe-se o critério de valor para ser o maior: “porque no Reino do Bem e da Verdade o maior será sempre aquele que se fez sinceramente o menor de todos” (p. 211).  

Assim, a maior de todas as riquezas é conseguida por meio do trabalho, da dedicação, do sacrifício ao próximo. Ou como diria outro lema do Espiritismo: “Trabalho, Solidariedade, Tolerância”.

Mas, será que todo tipo de trabalho é importante?

Pesquisando a questão da criação de valor e consequentemente da condição competitiva das empresas, Bowman e Ambrosini (2000) sugerem que há três tipos de trabalho: genéricos, diferenciados e improdutivos.

Trabalhos genéricos são aqueles comuns, não diferenciados, que são facilmente entendidos, codificados e rotinizados e que muitas outras empresas possuem. Apesar das organizações necessitarem de trabalhos genéricos, não são eles que trazem vantagem competitiva ou rendimentos superiores.  

Trabalho Diferenciado é mais exclusivo. Não é encontrado de forma equânime entre as empresas e por isso pode ser fonte de retornos superiores. Os exemplos podem ser desde um talento especial de um engenheiro, um designer, ou a maneira idiossincrática de um vendedor. Trabalhos diferenciados fazem a diferença. Um subtipo do trabalho diferenciado é o trabalho empreendedor. Antes de tudo é preciso definir empreendedor como sendo o visionário, o sonhador prático, aquele que vislumbra oportunidades e consegue articular recursos, pessoas no alcance de tais objetivos. Assim, Bowman e Ambrosini (2000) definem trabalho empreendedor como sendo as habilidades e conhecimentos específicos que possibilitam inovações, melhorias, articulações de ideias e recursos para aproveitamento de oportunidades e aumento de receitas para o alcance de uma situação melhor da empresa. No campo espiritual, o trabalho empreendedor guarda proximidades com os homens de gênios de Kardec. (A Gênese, cap.1.)

Já trabalhos improdutivos são aqueles que nada acrescentam, perdendo tempo e valor para as empresas e funcionários.

Desta forma, o lema “Trabalho, Solidariedade, Tolerância” não pode ser encarado de forma simplista. É necessário perceber que todo trabalho tem um propósito e que o trabalho diferenciado/empreendedor é ímpar para a evolução. Ou ainda, para a coevolução, haja vista que o homem é um ser social e a malha, a rede social onde ele está inserido pode influenciar, positiva ou negativamente, na questão.

De acordo com Von Zuben (s/d, p. 1), “Na biologia, coevolução é associada à influência evolucionária mútua entre duas espécies que apresentam dependências entre si, de forma que uma espécie exerce pressão seletiva sobre a outra”. Ademais, há autores que defendem que toda evolução é coevolutiva, não havendo evolução isolada. Assim, a coevolução está ligada ao conceito de múltiplas adaptações por meio de competição e/ou cooperação. A coevolução competitiva vem da ligação presa-predador ou de jogos com soma “zero”, para um ganhar o outro tem que perder. Já a coevolução cooperativa aparece na simbiose, no mutualismo etc.

Em outra área que aparece o termo coevolução com certa frequência é na computação, principalmente com trabalhos de algoritmos evolucionários (AE) que auxiliam na solução de problemas dinâmicos e complexos, principalmente aqueles que se intensificam ao longo do tempo.

Em 2003 a IBM realizou simpósio sobre o assunto. De acordo com Spohrer (2003), coordenador desse evento, a coevolução acontece quando dois ou mais sistemas evoluem de maneira conjunta e progressiva, dependente e recorrente. Conjunta porque não representa mudanças isoladas, mas dependentes e progressivas visando a um fim. Recorrente porque busca haver uma continuidade na linha do tempo.

Outro caso interessante é registrado no artigo de Husbands e Mill (1991). Os autores tratam sobre a coevolução e o processo de planejamento e simulação computacional. Para eles, quando se compartilha de um mesmo mundo, a adaptação de qualquer indivíduo em qualquer população sofre influências de coevolução, haja vista as interações e limitações de recursos.

Além disso, a coevolução é ativa. Não é simples adaptação de mudança que acontece e se reage a ela. A coevolução é participar ativamente na mudança de si e indiretamente na do outro, principalmente pelo aumento de ágape para que se possa alcançar uma condição descrita como “ganhe mais, ganhe mais”, por Ramaswamy (2009), ao invés da colaboração do tipo “ganha x perde”. Todavia, para adentrarmos numa coevolução positiva é necessário criar condições para um círculo virtuoso de respeito, trabalho, progresso, admiração, trabalho, progresso etc.

Mas, como fazer isso?

É fundamental o trabalho diferenciado e os homens de gênios, bem como fornecer condições para que se possam existir rotinas e processos organizacionais que dão sustentação e estabilidade a esse círculo virtuoso.

Na área organizacional a questão é abordada por meio do diálogo e da comunicação clara e transparente, do planejamento estratégico, da busca pela cooperação, da motivação e do exemplo.

O relacionamento humano é permeado de desentendimentos e interpretações equivocadas. Um gesto malfeito, uma palavra mal colocada, uma expressão menos dócil, e o relacionamento é posto em xeque. Desta forma, o diálogo é forma de entendimento entre as interpretações das interpretações. Assim, é necessário que haja o devido respeito, a humildade de quem manda e ativismo de quem é subordinado para a existência da conversa, do diálogo, da superação de mal-entendidos e pontos de divergência. Além do mais, é necessária a comunicação clara e transparente das ações e processos da gerência, uma vez que sem comunicação plena e aberta não há confiança e nem cooperação a longo prazo. Assim, a informação é fonte para o conhecimento, prova de confiança e de bom senso. Sua falta prejudica, assim como também o uso desregrado. Não se pode ensinar tudo para todos. Os Espíritos nos dão o exemplo.

Já o planejamento estratégico é maneira de assegurar o progresso por meio do uso racional dos recursos e do tempo. Quem não planeja, nem fixa indicadores de desempenho, não sabe para onde vai, nem a qual velocidade. É necessário planejar para realizar avaliações, monitoramentos, revisões periódicas e ajustes. Lembre-se que no plano espiritual nada acontece por acaso, nem sem planejamento prévio. Com o planejamento busca-se uma condição superior junto com a ordem e a previdência.

Por sua vez, a cooperação é elemento para ampliar as possibilidades de ganho, fazendo mais do que se poderia fazer sozinho. Quem coopera ajuda e é ajudado. Todavia, entre seres imperfeitos, mas plenamente perfectíveis, a cooperação pode ser amistosa ou não. A primeira é a cooperação natural. A segunda é o que se chama de cooptação, ou seja, cooperação e competição ao mesmo tempo. Paradoxal, mas uma prática que já vem sendo difundida entre as empresas devido ao acirramento competitivo. Neste caso, é interessante as partes perceberem que, por um dado tempo, trabalhando-se em conjunto, os ganhos individuais e coletivos são superiores.

A cooperação sofre profunda influência do processo de comunicação e de motivação. Com a motivação, a pessoa fica bem disposta a ajudar, pois não apenas se sente útil, mas também valorizada. Um fato interessante na motivação é que quando ela existe, o trabalho, por mais difícil que seja, é realizado com vontade. Motivação e vontade influenciam-se reciprocamente Por isso, é necessário haver um tratamento especial na motivação dos frequentadores e trabalhadores da Casa Espírita.

De maneira geral, toda Casa Espírita tem três tipos de “clientes”: desencarnados, encarnados frequentadores, encarnados voluntários. Os desencarnados são pessoas com necessidades especiais e exigem conhecimentos especializados e condições específicas para sua satisfação e atendimento de necessidades. Já os encarnados frequentadores são aqueles com vínculo tênue com a Casa, mas que exigem cuidados, seja do lado espiritual, seja do material. Por sua vez, os encarnados trabalhadores voluntários também representam tipo especial e valioso de cliente; um cliente trabalhador. Sem ele as atividades da Casa diminuiriam ou até cessariam. Ele é um cliente que exige motivação, haja vista que está lá para usufruir dos serviços disponíveis da Casa, mas também para exercitar suas mãos, seu trabalho, seu bem-estar. Todavia, ele é plenamente livre e sensível aos mandos e subordinações. É um cliente exigente, muitas vezes mais do tipo cliente-cliente, do que cliente-trabalhador. Sendo assim, ele é um bom termômetro para verificar a qualidade e efetividade da gestão da Casa. Sua permanência e desenvolvimento dependem muito de seu amadurecimento, bem como da sensibilidade e tato da gerência. Outro ponto importante é a existência de serviços e experiências disponíveis para envolvê-lo com motivação, interesse, respeito, cooperação e, principalmente, valorização. É necessário dividir tarefas sem mutilar sentimentos ou engessar o desenvolvimento individual.

Por fim, mas não menos importante, é necessário que “quem está mais acima, dê o exemplo”. Ou seja, não se pode cobrar trabalho se o gestor não trabalha. É necessário haver aderência entre discurso e prática, inspiração poética e transpiração, planejamento e execução. Lembre-se de Jesus: “Meu Pai trabalha sempre, e eu trabalho também”. (João 5, 17.)

Resumidamente: diálogo, comunicação transparente, planejamento, cooperação, motivação e exemplo são alguns itens que podem auxiliar os administradores da Casa Espírita a se organizarem de forma racional e prática, funcional e efetiva a ponto de orquestrar os vários recursos, exigências e necessidades, tendo em vista uma melhoria contínua e profunda de todos, buscando fomentar o trabalho diferenciado, a rotina eficaz e prazerosa. Enfim, a orientar e a acelerar a coevolução. Desta forma, ágape se torna sustentável de forma universal quando a Casa é bem administrada; o amor dá condições, o trabalho realiza. Portanto, é necessário aprender a entrar e a permanecer neste ciclo virtuoso, lembrando sempre que o “céu” é uma casa bem administrada.



Referências:

ANDRÉ LUIZ. (2008). Nosso Lar. Rio de Janeiro: FEB.

BOWMAN, C.; AMBROSINI, V. (2000). Value creation versus value capture: towards a coherent definition of value in strategy. British Journal of Management. v. 11, 1-15.

CAMPOS, H. (2010). Boa Nova. Rio de Janeiro: FEB.

KARDEC, A. (1995). O livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB.

KARDEC, A. (1997). O Evangelho segundo o Espiritismo. São Paulo: Petit.

KARDEC, A. (2008). A Gênese. Araras: IDE.

RAMASWAMY, V. (2009). Co-creation of value – Towards an expanded paradigm of value creation. Marketing Review, St Gallen, 6, p.11-17.

SPOHRER, J. (2005). History, Definitions, Projections, Disruptions, Advances, Challenges. Symposium on the Coevolution of Technology-Business Innovations. IBM.

VON ZUBEN, F. J. (s/d). Co-evolução. Material de sala de aula. Não Publicado. Disponível em: ftp://ftp.dca.fee.unicamp.br/pub/docs/vonzuben/ia707_1s06/aulas/topico_coevol.pdf. Acessado em Outubro/2010.

ESPÍRITAS, AMAI-VOS

ESPÍRITAS, AMAI-VOS, EIS O PRIMEIRO MANDAMENTO; E INSTRUÍ-VOS, EIS O SEGUNDO!

Esta frase ditada pelo Espírito de Verdade, em Paris, 1960 (cap. VI, item 5 do Evangelho Segundo o Espiritismo*)

* Muitos espíritas frequentam as casas espíritas, mas não buscam estudar, entender, compreender os ensinamentos que ela traz.
* Querem cumprir “obrigação” de comparecer às reuniões; dizem ter lido vários livros, mas não guardam uma só lição deles; frequentam um estudo e não prestam atenção no assunto apresentado e fora dele não procuram buscar mais informação. Costumamos dizer que muitos comparecem com o corpo, mas a alma deixa em casa. Tem aqueles que até dormem, alegando estar desdobrados.
* São estes que, quando aparece uma novidade abraçam sem conhecimento “da causa”.
* Há quem apareça com dúvidas, mas a resposta deve ser a que ela quer ouvir, senão ela não aceita e se revolta. Porque ela não quer a resposta da doutrina, mas a resposta que lhe agrada.
* Há espírita que fica limitado a fazer palestras, sem se preocupar em vivenciar o que prega.
* Há casa espírita que espanta trabalhadores de boa vontade porque se acham donos da verdade e do Centro Espírita. Onde o que prevalece não é o que o Espiritismo prega, mas o que eles pregam.
* Há quem ouça a explicação à luz da doutrina e continua fazendo “do seu jeito” porque acredita que “seu jeito” é o certo. É assim que nasce o “Espiritismo a moda da casa”; “mediunidade à moda do médium”, etc.
* há médiuns que só trabalham no dia da reunião, achando que esta “caridade” basta. Sem se dar conta que a maior caridade é ele que está recebendo.
*Há espírita que compete com outro espírita. Quando um está realizando um bom trabalho ou uma boa divulgação da doutrina, dificilmente vemos espíritas elogiando, incentivando ou oferecendo auxílio.
* Há quem alegue não ter tempo. Mas, quando aparece um show, uma festa, o tempo aparece.
* Há quem não queira “pegar” responsabilidade. Mas, e se fosse remunerado (materialmente), será que não “pegaria” a responsabilidade?
* Há quem falte por estar chateado com algo que ouviu. Mas, no trabalho remunerado, será que esta pessoa pediria demissão ou faltaria quando “ficasse chateado” com algo que ouviu?
*Há quem falte porque não o colocaram para dar “passe”. Esta pessoa quer servir sua vaidade e não a doutrina espírita.
* Há quem abandone o trabalho que realizava na casa espírita sem dar satisfação. Aqui caracteriza falta de responsabilidade, de respeito ao próximo que conta com aquela pessoa. Repetimos a pergunta: Se fosse remunerado (materialmente) abandonaria sem dar satisfação?
*Há quem faça caridade sem caridade, por obrigação. Infelizmente, lembramos aqui a falta de caridade nas palavras, na maneira que estende um donativo, na diferenciação no trato com aqueles que conhecemos e com aqueles que desconhecemos, etc.
Enfim, se ficarmos aqui, enfileiraremos vários outros tantos exemplos conhecidos por nós espíritas. Tudo isso só acontece por falta de entendimento da doutrina. Não adianta dizer que estudou anos e anos as obras básicas se não buscou entende-las.
São pessoas que estão no Espiritismo, mas não tem o Espiritismo dentro delas.
São estas que mudam, facilmente, de religião e ainda saem maldizendo a doutrina espírita.
Por isso, trabalhemos nosso “orgulho”, filho do “egoísmo” para nos melhorarmos como espíritas, amigos, trabalhadores, profissionais, familiares, enfim, como cristãos que somos.
Costumamos dizer que cada um amadurece em tempo diferente, mas alguns não fazem força para isso. O tempo de mudança está nos impulsionando para esta melhora, para o trabalho interno e externo, mas estamos lentos e preguiçosos. A doutrina precisa de espíritas dinâmicos que questionem, que comparem uma resposta com a outra, que busquem o trabalho sem esperar que lhe ofereçam, dirigentes de um trabalho ou casa espírita devem aprender a ouvir sugestões novas que ajudem a dinamizar o Espiritismo sem o desfigurar, é claro. Os mais velhos devem ouvir os mais jovens e vice-versa e dar-se as mãos. O conhecimento, nem sempre, está com os mais velhos. Nós espíritas sabemos que há jovens que tem uma bagagem muito maior que a de um ancião. O corpo pode ser novo, mas o espírito é velho, como costumamos dizer. Chamá-los para fazer pequenas palestras. Pedir para a mocidade redigir textos sobre algum assunto. Debater, conversar, orientar.  Final, o Espiritismo estará nas mãos deles no futuro.
Como disse Bezerra de Menezes: “O estudo da Doutrina faz adeptos conscientes para a Causa. Quem se aprofunda no conhecimento da Verdade solidifica a fé.”
“Espíritas, amai-vos e instruí-vos!”

Texto de Rudymara

ESPÍRITAS, AMAI-VOS, EIS O PRIMEIRO MANDAMENTO; E INSTRUÍ-VOS, EIS O SEGUNDO!
Esta frase foi ditada pelo Espírito de Verdade, em Paris, 1960 (cap. VI, item 5 do Evangelho Segundo o Espiritismo)


* Muitos espíritas frequentam as casas espíritas, mas não buscam estudar, entender, compreender os ensinamentos que ela traz.
* Querem cumprir “obrigação” de comparecer às reuniões; dizem ter lido vários livros, mas não guardam uma só lição deles; frequentam um estudo e não prestam atenção no assunto apresentado e fora dele não procuram buscar mais informação. Costumamos dizer que muitos comparecem com o corpo, mas a alma deixa em casa. Tem aqueles que até dormem, alegando estar desdobrados. São estes que, quando aparece uma novidade abraçam sem conhecimento “da causa”.
* Há quem apareça com dúvidas, mas a resposta deve ser a que ela quer ouvir, senão ela não aceita e se revolta. Porque ela não quer a resposta da doutrina, mas a resposta que lhe agrada.
* Há espírita que fica limitado a fazer palestras, sem se preocupar em vivenciar o que prega.
* Há casa espírita que espanta trabalhadores de boa vontade porque se acham donos da verdade e do Centro Espírita. Onde o que prevalece não é o que o Espiritismo prega, mas o que eles pregam.
* Há quem ouça a explicação à luz da doutrina e continua fazendo “do seu jeito” porque acredita que “seu jeito” é o certo. É assim que nasce o “Espiritismo a moda da casa”; “mediunidade à moda do médium”, etc.
* há médiuns que só trabalham no dia da reunião, achando que esta “caridade” basta. Sem se dar conta que a maior caridade é ele que está recebendo.
*Há espírita que compete com outro espírita. Quando um está realizando um bom trabalho ou uma boa divulgação da doutrina, dificilmente vemos espíritas elogiando, incentivando ou oferecendo auxílio.
* Há quem alegue não ter tempo. Mas, quando aparece um show, uma festa, o tempo aparece.
* Há quem não queira “pegar” responsabilidade. Mas, e se fosse remunerado (materialmente), será que não “pegaria” a responsabilidade?
* Há quem falte por estar chateado com algo que ouviu. Mas, no trabalho remunerado, será que esta pessoa pediria demissão ou faltaria quando “ficasse chateado” com algo que ouviu?
*Há quem falte porque não o colocaram para dar “passe”. Esta pessoa quer servir sua vaidade e não a doutrina espírita.
* Há quem abandone o trabalho que realizava na casa espírita sem dar satisfação. Aqui caracteriza falta de responsabilidade, de respeito ao próximo que conta com aquela pessoa. Repetimos a pergunta: Se fosse remunerado (materialmente) abandonaria sem dar satisfação?
*Há quem faça caridade sem caridade, por obrigação. Infelizmente, lembramos aqui a falta de caridade nas palavras, na maneira que estende um donativo, na diferenciação no trato com aqueles que conhecemos e com aqueles que desconhecemos, etc.
Enfim, se ficarmos aqui, enfileiraremos vários outros tantos exemplos conhecidos por nós espíritas. Tudo isso só acontece por falta de entendimento da doutrina. Não adianta dizer que estudou anos e anos as obras básicas se não buscou entende-las.
São pessoas que estão no Espiritismo, mas não tem o Espiritismo dentro delas.
São estas que mudam, facilmente, de religião e ainda saem maldizendo a doutrina espírita.
Por isso, trabalhemos nosso “orgulho”, filho do “egoísmo” para nos melhorarmos como espíritas, amigos, trabalhadores, profissionais, familiares, enfim, como cristãos que somos.
Costumamos dizer que cada um amadurece em tempo diferente, mas alguns não fazem força para isso. O tempo de mudança está nos impulsionando para esta melhora, para o trabalho interno e externo, mas estamos lentos e preguiçosos. A doutrina precisa de espíritas dinâmicos que questionem, que comparem uma resposta com a outra, que busquem o trabalho sem esperar que lhe ofereçam, dirigentes de um trabalho ou casa espírita devem aprender a ouvir sugestões novas que ajudem a dinamizar o Espiritismo sem o desfigurar, é claro. Os mais velhos devem ouvir os mais jovens e vice-versa e dar-se as mãos. O conhecimento, nem sempre, está com os mais velhos. Nós espíritas sabemos que há jovens que tem uma bagagem muito maior que a de um ancião. O corpo pode ser novo, mas o espírito é velho, como costumamos dizer. Chamá-los para fazer pequenas palestras. Pedir para a mocidade redigir textos sobre algum assunto. Debater, conversar, orientar. Final, o Espiritismo estará nas mãos deles no futuro.
Como disse Bezerra de Menezes: “O estudo da Doutrina faz adeptos conscientes para a Causa. Quem se aprofunda no conhecimento da Verdade solidifica a fé.”
“Espíritas, amai-vos e instruí-vos!”


Texto de Rudymara

Amai-vos - Slides

https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=26&ved=0CGEQFjAFOBQ&url=http%3A%2F%2Fwww.dij.ceeak.ch%2F_downloads%2FAmai-vos_e_instrui-vos1.pps&ei=mOYPU-iYAYe3kAeY0YHgAw&usg=AFQjCNFngk_PCrxZt7K8q4ObO_ct3HkdDQ&sig2=xRdMERIVLqeYTH8mJnWUGA&bvm=bv.61965928,d.eW0&cad=rja

AMAI-VOS E INSTRUÍ-VOS - Jurandir

AMAI-VOS E INSTRUÍ-VOS

Estes dois ensinamentos, recomendados pelo Espírito de Verdade, em 1860, em Paris, que se encontram no Capítulo VI do “Evangelho Segundo o Espiritismo”, nos alerta para os compromissos de amarmo-nos e instruirmo-nos, a fim de nos resguardar do ódio e das trevas da ignorância. Quem lê quem estuda e quem procura por em ação as lições que Jesus nos transmitiu, e as orientações que nos chegam pelo Consolador, não está entre as pessoas que desconhecem o “Amai-vos e instruí-vos”.

Para amar, precisamos ter fé, e esta por sua vez, necessita do conhecimento, para ser uma fé inabalável, baseada na razão. A fé não se dá e não se impõe a ninguém, porém, não há quem esteja privado de possuí-la. A fé apoiada no conhecimento, inspira os nobres instintos e sentimentos, conduzindo o ser humano a prática do amor, base da regeneração.

Esta exposição foi motiva por uma pesquisa publicada recentemente, pela revista “Isto É”, na edição de nº 2016, em que trata do relacionamento das pessoas, e principalmente dos jovens com Deus, suas crenças e descrenças, comentada também no jornal espírita “O Imortal”, na edição de julho /2008.

A pesquisa transmite uma péssima visão do que pensa os jovens brasileiros sobre alguns assuntos. Conforme os números divulgados pela revista, 47 % dos jovens espíritas; tanto os de pouca idade como os que se tornaram espíritas recentemente, apóiam a pena de morte, e 31 % são favoráveis à legalização do aborto, isto em flagrante contradição, nos dois casos, com o que ensina a Doutrina dos Espíritos, que, desde o aparecimento da primeira obra, que é “O Livro dos Espíritos”, se posicionou contrário à pena de morte, e o aborto delituoso, aceitando como única ressalva: - quando o aborto é necessário para salvar a existência da gestante, posta em perigo, com a continuação da gravidez.

Sobre esses dois assuntos foi realizada uma pesquisa por uma coordenadora de um Centro Espírita, com um grupo de freqüentadores, e o resultado foi alarmente, pois demonstrou o quanto eles estavam despreparados, podendo ser perfeitamente incluídos na pesquisa da revista, apoiando a pena de morte e o aborto. Esses dois fatos comprovam que pouco se vem estudando, com seriedade, os ensinos da Doutrina dos Espíritos, pelos seus adeptos e simpatizantes.

É claro que há muitas exceções, mas estas apenas confirmam a regra. A falta da leitura e do estudo doutrinários pelos espíritas, apesar das palestras e exposições que são feitas semanalmente nas casas espíritas – e aí lembramos a orientação do Espírito de Verdade, ao nos recomendar o “Instruí-vos”. Essa falta de conhecimentos nos preocupa a todos, dirigentes e coordenadores, palestrantes e expositores de Centros Espíritas, por mostrar a pobreza de conhecimentos de espíritas, em assuntos relevantes da sociedade.
As gerações atuais que não se preocupam com a leitura, que não se aprofundam em nada, que não adquirem cultura, que não levam a sério a necessidade dos conhecimentos, da auto-iluminação, como recomendou o Espírito de Verdade, irá sempre, quando defrontada pelos problemas e desafios que o mundo apresenta, agir como agem os materialistas, que só enxergam no ser humano, o corpo físico, ignorando que ele tem algo mais valioso e divino, que esta vestimenta que à morte um dia levará para o túmulo.

Não é de admirar, pois, que os que pensam assim, queiram instituir a pena de morte para os que vivem, exercendo uma prerrogativa somente de Deus, e ainda desejam a legalização do aborto, matando seres inocentes e indefesos que nem chegaram ainda à existência terrena. Vejamos os dados da pesquisa publicada pela revista “Isto É”:

Pena de morte Católicos.......................................... 5 0 %
Espíritas.......................................... 4 7 %
Candomblé e Umbanda................. 4 5 %
Protestantes.................................... 4 3 %

Legalização do Aborto Espíritas.......................................... 3 1 %
Candomblé e Umbanda................. 2 8 %
Protestantes.................................... 2 1 %
Católicos......................................... 1 9 %

O Espírito de Verdade ainda nos diz: “Em verdade vos digo: Aquele que se instrui na preciosa doutrina, que dissipa os erros e vos ensina o objetivo sublima da existência humana, substitui as trevas da ignorância pela luz que é a fonte viva do conhecimento, do amor e da evolução”.

O estudo da Doutrina dos Espíritos nos lança numa ordem de coisas tão novas e tão grandes que nos anima a uma firme e sincera vontade de prosseguir com perseverança. O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá, a fim de termos respostas sensatas, a questões importantes, quando são feitas ao acaso ou à queima-roupa. Devemos ser perseverantes nos estudos pois, sem isso, os Espíritos que nos assistem, nos abandonam, como o professor faz com os alunos negligentes.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases que rege a instrução no Brasil, “o papel do ensino é criar valores mundiais como: ética, respeito e cidadania”. Dizemos também que a solidariedade deve ocupar o centro de toda ação educativa, que não se aprende e transmite apenas por palavras, mas principalmente por exemplos edificantes...

A Instrução informa; a Educação reforma; mas só a Moralização transforma o ser humano. Identificar valores que nos ajudem a estreitar a legítima fraternidade, é providência inadiável para melhor desenvolver a atividade a que fomos chamados a desempenhar. Quem aprende pode ensinar; quem ensina transmite conhecimentos, e, quem exemplifica aperfeiçoa o ensino para o aprendizado. Porém, ensinar não é somente transmitir conhecimentos; é também analisar, avaliar e sensibilizar. O orientador consciente sabe que a sua função é a de um construtor no delicado da alma, a fim de aplainar os caminhos que conduzirão os jovens ao conhecimento da sua realidade e da sociedade onde estão inseridos.

A educação moral e não apenas a intelectual, passa a ser o indicativo da conquista dessa visão renovada da existência. Educação moral entendida como a arte de formar caracteres; a que cria hábitos saudáveis, porquanto a educação é o conjunto de hábitos adquiridos. O ser humano moderno, não vive mais dentro de padrões previsíveis e automáticos, como até bem pouco tempo atrás. A estrutura vigente no passado, era de que haveríamos de seguir uma profissão, de preferência, a mesma do pai ou da mãe; ter um emprego e mantê-lo para sempre, até a aposentadoria. Hoje, os desafios são mais amplos. Quando o ser humano traça o objetivo de sua existência, ele é assediado por várias perspectivas diferentes e muitas das vezes dissociadas entre si. Imprimir nesse monte de desafios, um código moral, exigirá habilidades variadas.

Por ter a família descuidado da educação moral e religiosa dos filhos, formou-se gerações de pessoas com poucos recursos espirituais. Alguns pais se mantiveram na religião, mas não tiveram forças para se fazerem acompanhar dos filhos. As crianças e jovens de hoje recebem uma imensa quantidade de informações através dos meios de comunicação. Antes, a mãe era responsável pela transmissão dos valores morais e religiosos, enquanto o pai no mercado de trabalho era o provedor da casa. Essa situação mudou e hoje, muitos pais em atividades profissionais não podendo e não querendo “perder tempo” com os filhos, transferem aos professores, religiosos e a outras pessoas, a responsabilidade de corrigi-los; e, por se sentirem culpados pela ausência na vida dos filhos, costumam compensá-los com presentes e muita liberdade. De permissão em permissão, os filhos ganham nas suas alegações e os pais os perdem proporciona-lhes ainda, os meios de se perderem também seus filhos.

Pedro Camargo, pedagogo, no seu livro “Mestre na Educação”, diz o seguinte: “O destino das criaturas humanas está em função dos princípios educacionais que lhes foram inculcados na infância e adolescência... A violência que se observa nos dias atuais, está relacionada à inegável falta de educação no sentido real da palavra”.

As situações do mundo moderno são complexas, de difícil análise, imprevisíveis e inesperadas, exigindo de todos nós um pensamento ordenado, um raciocínio claro, bom sendo e boa moral. É complexa essa adaptação ao mundo moderno, com estímulos tão variados, a exigir de nós o equilíbrio das emoções, para que possamos estar aptos a compreender, decidir e aceitar novas situações. Por isso, a nossa capacidade de entender e transmitir a nossa realidade, a partir de conhecimentos e sentimentos, exige educação intelectual, moral e sentimental. Essa educação nos torna aptos a enfrentar situações e problemas, buscando solucioná-los de maneira ética com habilidades à luz dos exemplos deixados por Jesus.

Certo moço dirigiu-se a Jesus chamando-o “Bom Mestre”. Jesus respondendo lhe disse: “Bom, só o Pai, e me chamais de Mestre, e dizeis bem, porque eu o sou”. Esse título foi por Ele dignificado, apresentando aos seres humanos uma nova forma de educar através de agradáveis parábolas, e nelas, prefere o uso de símbolos e situações da vida, mostrando-nos a necessidade do conhecimento na nossa existência. A vinda de Jesus a Terra, deu aos seres humanos, os parâmetros para a boa condução da educação com vistas ao crescimento moral e espiritual.

A educação religiosa e a oração fortificam o ser humano nas vicissitudes, nas situações e problemas da existência. Desvinculado de sua dimensão espiritual, a pessoa é um ser que, jogado na estrada da vida, se perde no emaranhado dos vícios e da violência, pela falta da vivência da boa moral e do amor sublime que nos exemplificou o Mestre Amado.

Allan Kardec escreveu em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. No capítulo XVII, item 4 o seguinte: “Reconhece-se o verdadeiro espírita, pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”. Isto quer dizer o seguinte: Não basta participar do Movimento Espírita, ler romances mediúnicos, gostar de livros de auto-ajuda, saber o que contém as obras básicas, freqüentar os Centros Espíritas. É preciso muito mais que isso: é preciso ser espírita no pensamento, na palavra e nos nossos atos, esforçando-nos por assimilar os ensinamentos, purificar os nossos pensamentos e sentimentos, melhorar as nossas palavras e, principalmente, exemplificar as lições que nos foram ministradas por Jesus e seus emissários, por meio de atos de caridade e amor para com nossos semelhantes.

Se não procurarmos nos instruir para saber enfrentar as situações e desafios que são exigidos de nós, estaremos contribuindo para que outras pesquisas nos coloquem em situação inferior à nossa condição de adeptos da Doutrina dos Espíritos. “Amai-vos e Instrui-vos”, nos recomendou o Espírito de Verdade, a fim de que soubéssemos como sair do egoísmo e da escuridão da ignorância...



Bibliografia:
“Evangelho Segundo o Espiritismo”
Revista “Isto É”
Jornal “O Imortal”
Livro “Mestre na Educação”


Jc.
S.Luis, 10/11/2008
POSTADO POR JURANDY CASTRO

ESPÍRITAS, INSTRUI-VOS ! - Emmanuel

ESPÍRITAS, INSTRUI-VOS !

“Mas aquele Consolador, a Santo Espírito que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. ” JESUS - JOÃO, 14:26,

“Espíritas, amai-vos! Este o primeiro ensino! Instrui-vos, este o segundo.” - Cap. V, v. 1, 5.



    Prevenir e recuperar são atitudes que se ampliam entre os homens, à medida que se acentua o progresso da Humanidade.
 
   Aparecem noções de civilização e responsabilidade e levantam-se idéias de burilamento e defesa.
 
   Quanto pudermos, porém, não os restrinjamos ao amparo de superfície.
 
   Imperioso tratar as águas da fonte, no entanto, cansar-nos-emos debalde, se não lhe resguardarmos a limpeza no nascedouro.
 
   Educação e reeducação constituem a síntese de toda obra consagrada ao aprimoramento do mundo.
 
   Gastam-se verbas fabulosas em apetrechos bélicos e raro surge alguém com bastante abnegação para despender algum dinheiro na assistência gratuita aos semelhantes, para que se lhes pacifique o raciocínio conflagrado.

   Espantamo-nos, diante do desajustamento juvenil, a desbordar-se em tragédias de todos os tipos e pouco realizamos, a fim de que a criança encontre no lar o necessário desenvolvimento com segurança de espírito.

   Monumentalizamos instituições destinadas à cura dos desequilíbrios mentais e quase nada fazemos por afastar de nós mesmos os vícios do pensamento, com que nos candidatamos ao controle da obsessão.

   Clamamos contra os desregramentos de muitos, afirmando que a Terra está em vias de desintegração pela ausência de valores morais e, na maioria das circunstâncias, somos dos primeiros a exigir lugar na carruagem do excesso, reclamando direitos e privilégios, com absoluto esquecimento de comezinhos deveres que a vida nos preceitua.

   Combatamos, sim, o câncer e a poliomielite, a ulceração e a verminose, mas busquemos igualmente extinguir o aborto e a toxicomania, a preguiça e a intemperança que, muitas vezes, preparam a delinquência e a enfermidade por crises agudas de ignorância. Para isso e para que nos disponhamos A conquista da vida vitoriosa é que o Espírito de Verdade, nos primórdios da Codificação Kardequiana, nos advertiu claramente “Espíritas, instruí-vos”.


 Passagem tirada do "Livro da Esperança" de Emmanuel, psicografado por Chicho Xavier.

Intruí-vos - Slides

http://pt.slideshare.net/guaruca/seminrio-esprita-mdulo-ii-instruvos

Amai-vos e Instruí-vos

Amai-vos e Instruí-vos

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2, Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Tipos de Amor: 4.1. Amor Egoísta; 4.2. Amor Racional; 4.3. Amor Doação ou Incondicional. 5. Tipos de Instrução: 5.1. Instrução “Bancária”; 5.2. Instrução “Problematizadora”; 5.3. Instrução Evangélica. 6. O amor e a Instrução: 6.1. Instrução: Objetivo e Preparação; 6.2. A Instrução Espírita Deve Assentar-se nas Obras Básicas; 6.3. Amor: Resumo da Doutrina de Jesus. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é refletir sobre frase “amai-vos e instrui-vos”, no sentido de entender porque ela é constantemente repetida no meio espírita. Para tanto, discutiremos sobre o amor, a instrução e a relação entre esses dois termos.

2, CONCEITO

Amor. Palavra polissêmica que nos leva a diversos significados. Entre eles, encontramos a seguinte definição: é uma força tendente a aproximar e a unir, numa relação particular, dois ou mais seres.

Instrução. Ação de transmitir conhecimento ou ensinar alguma habilidade. Conjunto dos conhecimentos que se adquirem. Esclarecimento de como agir ou fazer a quem está incumbido de realizar um trabalho ou missão.

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Nas palestras espíritas, ouvimos frequentemente a frase: “amai-vos e instruí-vos”. Quem a proferiu? Onde está situada? Qual o seu alcance?

Essa frase encontra-se no capítulo VI (“O Cristo Consolador”) de O Evangelho Segundo o Espiritismo e, mais especificamente, nas instruções dos Espíritos, com o subtítulo “Advento do Espírito de Verdade”.

Nessa mensagem, o Espírito verdade tem a incumbência de dissipar as trevas da ignorância, afirmando que o Espiritismo veio nos lembrar, que acima de todas as vicissitudes humanas, reina a verdade imutável: “O Deus bom e grande que faz germinar as plantas e eleva as ondas”.

No quinto parágrafo dessas instruções, há os seguintes dizeres: “Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana, e eis que, além do túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade" (O Espírito de Verdade, Paris, 1860).

4. TIPOS DE AMOR

4.1. AMOR EGOÍSTA

Há um amor de posse, disseminado na sociedade, que se traduz pela violência nos dias atuais. Os meios de comunicação social – mas media – veiculam o apelo ao sexo em seus vários matizes, desde a propaganda de produtos até a venda do próprio sexo. Há perguntas que não tem respostas: Por que uma criança de seis anos mata? Em se tratando do amor conjugal, o egoísmo tem seu próprio império: cada cônjuge parece possuir o parceiro.

4.2. AMOR RACIONAL

Sócrates, com a sua maiêutica, foi o primeiro ser humano a nos dar uma imagem desse tipo de amor. Por desobedecer aos deuses gregos e querer abrir a mente dos jovens, foi obrigado a beber cicuta. Mesmo assim, não arredou pé de suas convicções na busca do bem comum. Valia-se da persuasão e da razão para conseguir alguma coisa. Ghandi, na mesma linha de raciocínio, afrontou o poderio britânico sem usar nenhuma arma. Martir Luter King, outro herói do apelo à não-violência, seguindo os ditames da razão, queria conseguir as coisas com as suas ideias de justiça e de liberdade, em que todos deveriam ser beneficiados com a política do estado e não o estado espoliar as pessoas mais pobres.

4.3. AMOR DOAÇÃO OU INCONDICIONAL

A base do amor doação encontra-se em Jesus Cristo, que veio da esfera crística para nos dar o exemplo de como amar corretamente. Obedeceu a Deus, a José (seu pai terrestre) e deixou-se batizar por João Batista. Santo Agostinho também deu seu contributo para a compreensão do amor incondicional: "Ama, e faze o que queres". Se calas, cala por amor; se falas, fala por amor; se corriges, corrige por amor; se perdoas, perdoa por amor. O amor deve estar no centro de todas as nossas ações. O que isso quer dizer? Que quando nos relacionarmos com o nosso próximo, devemos fazê-lo dentro de um clima de respeito e de auxílio mútuo, cooperando com tudo o que nos rodeia. (Reale, 1999, p. 122.)

5. TIPOS DE INSTRUÇÃO

5.1. INSTRUÇÃO “BANCÁRIA”

Baseada na transmissão do conhecimento e da experiência do professor. Dá-se importância ao “conteúdo da matéria”. O objetivo é produzir um aumento de conhecimento nos alunos. O aluno é passivo, grande tomador de notas, exímio memorizador. Prefere manejar conceitos abstratos a resolver de forma original e criadora problemas concretos da realidade em que vive.

5.2. INSTRUÇÃO “PROBLEMATIZADORA”

Uma pessoa só conhece bem algo, quando o transforma, transformando-se ela também no processo. Baseia na participação ativa e no diálogo constante entre alunos e professores. A aprendizagem é concebida como a resposta natural do aluno ao desafio de uma situação-problema.

5.3. INSTRUÇÃO EVANGÉLICA

É a instrução, baseada na pedagogia de Jesus, em que predomina a relação mútua entre o instrutor e o aprendiz. O instrutor não se coloca como o sabe-tudo, porque sabe que o Espírito, criado simples e ignorante, não tem idade. A idade física é apenas um momento particular em seu longo caminho evolutivo.

6. O AMOR E A INSTRUÇÃO

6.1. INSTRUÇÃO: OBJETIVO E PREPARAÇÃO

Antes de empreender, necessário se faz definir o objetivo. O objetivo da instrução é divulgar os princípios doutrinários do Espiritismo, para que mais pessoas possam entrar em contato com esses ensinamentos de libertação de consciência. Sem isso, podemos simplesmente divulgar histórias e opiniões pessoais, sem a formação real de adeptos conscientes, aptos a caminharem com Jesus, apesar das dificuldades e ciladas postas em seus caminhos.

6.2. A INSTRUÇÃO ESPÍRITA DEVE ASSENTAR-SE NAS OBRAS BÁSICAS

Para que possamos instruir com perfeição, devemos nos debruçar sobre as obras básicas do Espiritismo, que estão consubstanciadas em: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Sem o pleno conhecimento desse conteúdo doutrinal, todo o nosso esforço de divulgação do Espiritismo cai por terra, pois estaremos nos assemelhando aos falsos profetas, mais preocupados com a forma do que com a essência dos ensinamentos de Cristo.

6.3. AMOR: RESUMO DA DOUTRINA DE JESUS

Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ensina-nos que o amor resume inteiramente a doutrina de Jesus. Diz-nos que "no início o homem não tem senão instintos; mais elevado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado tem sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas". (Kardec, 1984, p. 146)

7. CONCLUSÃO

O verdadeiro discípulo do Evangelho deve instruir amorosamente os seus adeptos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas. Essas instruções permitem-nos aceitar de forma resignada as circunstâncias adversas, entendendo-as como necessárias ao nosso progresso moral e espiritual.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
REALE, Giovanni. O Saber dos Antigos: Terapia para os Dias Atuais. Tradução de Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Loyola, 1999.
São Paulo, julho de 2012

Amai-vos e instruí-vos

Escrito por Jayme Lobato  

A casa espírita vinha passando por uma fase difícil. O dirigente da desobsessão, alegando divergências com a Diretoria, se desligara do centro. Geraldo, presidente do centro, por falta de opção, indicou Paulo para a direção da sessão de socorro aos desencarnados. Após dois meses na função, e porque detinha alguma experiência e conhecimento doutrinário, Paulo procura Geraldo para expor suas preocupações:
- A reunião de desobsessão vai muito mal, Geraldo! O ambiente, desgastado por descontentamentos, não consegue sustentar o equilíbrio necessário a manifestações coerentes.
E Paulo enfatiza:
- O trabalho está, a meu ver, muito vulnerável!
- É falta de Evangelho, Paulo! Nossos médiuns precisam se evangelizar!
- Isso não é tão simples assim, Geraldo! A conquista de valores morais, conforme proposto por Jesus, é tarefa de todos nós! E não especificamente dos médiuns da desobsessão!
E Paulo acrescenta:
- Acho que as dificuldades que estão ocorrendo na desobsessão vêm acarretando sérios prejuízos para o próprio centro, de uma forma geral.
O presidente assevera:
- Confio nos Mentores de nossa Casa! Eles não falharão conosco!
- Mas, Geraldo! Eu acho que é de responsabilidade nossa a busca de solução para os problemas humanos que surjam no centro. Os Espíritos benfeitores nos ajudarão se cumprimos com a nossa parte!
- Quando um elemento está trazendo constrangimento para a casa espírita, os Mentores acham, logo, um meio de desvinculá-lo do centro!
- Você acredita mesmo nisso, Geraldo!
- Acredito sim! Veja o caso do antigo responsável pela desobsessão! Por tantas dificuldades criadas, viu-se premido a deixar a casa.
- Conversei com ele sobre o assunto! Disse-me que se desligou do centro por discordar da postura da diretoria, que não admite seja feita avaliação do trabalho de desobsessão.
E Geraldo se defende:
- É conversa dele! O caso é outro!
- Soube também que ele queria instituir, para o grupo da desobsessão, estudo sério sobre mediunidade, com base em O Livro dos Médiuns, de Kardec - o que foi vetado pela própria diretoria.
E Paulo, ansioso, ainda comenta:
- Preocupa-me a falta de transparência no relacionamento entre os companheiros, não só da desobsessão como de todo o nosso centro!
- Não vou me indispor com os companheiros do centro, Paulo! A caridade em primeiro lugar!
- Não desejo ser rude, Geraldo, mas não posso me omitir nesse momento tão difícil do centro, em que está em jogo sua credibilidade como instituição espírita.
- Mas, por que você diz isso?! Nossa casa é séria!
Paulo, diante da responsabilidade que assumira, afirma:
- O ambiente da desobsessão está um caos em termos de entrosamento entre os trabalhadores. Cada um tem comportamento próprio. Não há unidade de postura, por falta de esclarecimento, por falta de estudo.
- Lá vem você também como essa lenga-lenga de estudo! Os companheiros que trabalham na desobsessão já estão lá há alguns anos. Têm bastante experiência no assunto!
- Contudo, Geraldo, o que presencio é um grupo de pessoas, sem conhecimento algum de mediunidade, em que cada um quer tratar do assunto a seu modo.
Geraldo, um tanto constrangido, até porque não havia outro para coordenar o trabalho, pigarreia e fala:
- Mas, Paulo, não podemos contrariar pessoas antigas no centro! Pessoas que deram o suor para que essa casa pudesse existir! Onde a caridade?!
- Acho que você está certo num ponto! Não podemos faltar com a caridade!
- Pois então, Paulo!? Que solução adotar?!
- Acho, Geraldo, que a maior caridade que você pode praticar com relação aos integrantes do centro é abri-lhes possibilidades de estudo!
- Não bastam as palestras das reuniões públicas?!
- Não bastam não, meu amigo! Aqui ninguém conhece as obras básicas do Espiritismo! Se estão errando por ignorância, a quem responsabilizar por seus erros?!
Geraldo, percebendo a argumentação lógica, incisiva e honesta do companheiro, como também reconhecendo que o centro não ia bem, resolve falar franco com Paulo:
- A questão é que nem eu conheço as obras de Allan Kardec! Como vou querer que os outros as conheçam!
E Paulo, percebendo a delicada posição do presidente, propõe:
- Nunca é tarde para aprender, meu caro Geraldo! Nunca é tarde!
- Mas ... Vai ficar muito constrangedor começar aprender agora o que já devia saber! Afinal, sou o presidente desta casa.
- A meu ver, seria uma prova de humildade e um exemplo para os outros!
Como resultado da conversa transparente e fraterna entre os dois, Geraldo abre seu coração para o companheiro:
- Andava até um pouco deprimido, Paulo ! Reconhecia que a falta de esclarecimento estava prejudicando a nossa casa espírita, mas não tinha coragem de enfrentar a situação, já que eu mesmo não me esclarecera.
- Se você concordar, poderemos, juntos, elaborar um programa de estudo sistemático das obras de Allan Kardec, para todos os componentes da instituição.
- Seria uma aula por semana, não é isso?
- Não se trata de aula, Geraldo! Proponho um estudo em grupo, conforme orientação de Kardec, no item 347, de O Livro dos Médiuns.
E Paulo, querendo animar o presidente, acrescenta:
- O codificador nesse item, de O Livro dos Médiuns, fala que, da discussão dos temas, a que cada um dá a contribuição das suas próprias reflexões, saem os esclarecimentos que passam despercebidos numa leitura individual.
- Quer dizer que não haverá professor de Espiritismo?
- Não, Geraldo! Nós todos estudaremos, juntos, a Doutrina Espírita!
- Estou animado com sua proposta. Vamos colocá-la em prática!
- Devo previni-lo, presidente, de que encontrará resistência por parte dos que acham desnecessário o estudo!
- Venci a minha própria resistência! Eles também saberão vencer as suas!
A resistência, por parte de alguns, não desanimou Geraldo. Logo ele sentiu o resultado do estudo em si próprio: estava mais seguro na direção da casa espírita. E o centro, vencidos os obstáculos iniciais, seguiu seu rumo certo ao atender à recomendação do Espírito de Verdade: Espiritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.

Boletim de Abril/2003

Amai-vos e instrui-vos

Amai-vos e instrui-vos


Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo (Espírito de Verdade, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, item 5).

*  *  *

Anda circulando na internet (sendo sua autoria atribuída a Leo Buscaglia, no livro "Vivendo, Amando e Aprendendo") o seguinte texto:


"Terminada a última guerra mundial foi encontrada, num campo de concentração nazista uma mensagem dirigida aos professores:

Prezado Professor, sou sobrevivente de um campo de concentração.
Meus olhos viram o que nenhuma pessoa devia presenciar.
Câmaras de gás construídas por engenheiros ilustrados.
Crianças envenenadas por médicos instruídos.
Bebês mortos por enfermeiras treinadas.
Mulheres e bebês mortos a tiros por ginasianos e universitários.
Assim, desconfio da educação.
Meu pedido é o seguinte: ajudem os seus discípulos a serem humanos.
Os seus esforços nunca deverão produzir monstros cultos, psicopatas hábeis ou Eichmanns instruídos.
Ler e escrever, saber História e Aritmética só são importantes se servem para tornar os nossos estudantes humanos".


Que texto mais pertinente!

Escrito na década de 1940, esse apelo se faz importante até os dias de hoje.

É visível a preocupação de alguns segmentos da sociedade sobre os caminhos de nossa Educação.

A própria UNESCO, através do relatório realizado por uma Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, coordenado por Jacques Delors, alerta: são necessários quatro pilares para sustentar a Educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a ser.

Não basta conhecer, nem saber fazer. A convivência, o respeito aos outros e à diferença são fundamentais, assim como se conhecer, aprendendo a ser, tendo atitude, postura, completude, corpo e alma, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade e espiritualidade.

Mas alguém já havia falado sobre isso há algum tempo…

No Evangelho Segundo o Espiritismo, O Espírito de Verdade, em mensagem de 1860 , disse: "Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo".

Vejam só: Amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Antes e acima de tudo: amai-vos.

De que adianta saber fazer coisas se não se sabe para quê fazê-las?

O risco de se ignorar esse primeiro ensinamento é aquele comentado na carta acima. Médicos e enfermeiras, que poderiam curar, matando seus irmãos…

Engenheiros que poderiam estar construindo para o crescimento do bem-estar social, também eliminando seus semelhantes…
Faltou amor.

Também no Livro dos Espíritos (perg. 685a) 4, Allan Kardec retoma essas questões, falando sobre a importância da educação moral, do respeito aos semelhantes e a si mesmo:


"Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral.
 Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.
Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freios e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as conseqüências desastrosas que daí decorrem?
Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis.
A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos".


E Kardec completa, comentando a questão 917 do mesmo Livro dos Espíritos 4:
"Faça-se com a moral o que se faz com a inteligência e ver-se-á que, se há naturezas refratárias, muito maior do que se julga é o número das que apenas reclamam boa cultura, para produzir bons frutos".

Portanto, aquela carta acertou ao dirigir-se aos professores, àqueles que são responsáveis em nossa sociedade pela Educação formal.

Mas é possível ampliar essa responsabilidade a toda comunidade.

De novo vale lembrar os ensinamentos: amai-vos e instruí-vos. Ambos são necessários e urgentes. E precisamos desenvolvê-los para que possamos de fato crescer nessa nossa jornada.


(Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves - Ribeirão Preto, SP)

*  *  *

Referências Bibliográficas:
BUSCAGLIA, Leo. Vivendo, Amando e Aprendendo, Record.
DELORS, Jacques. Educação um tesouro a descobrir. Brasília: MEC: UNESCO, 2003
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
KARDEC, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, item 5


Fonte: http://esquinas.terra.com.br/userp_backup/jornal/vl236/marlene.htm

Religião Epírita - Simonetti

1 – Periodicamente reavivam-se as discussões em torno do aspecto religioso da Doutrina Espírita. Afinal, o Espiritismo é ou não uma religião?
Se não fosse, milhões de pessoas estariam equivocadas ao responder quanto a sua religião, afirmando-se espíritas.

2 – Há algum benefício para a Doutrina nessa postura?
É evidente. O Espiritismo floresceu no Brasil como vigoroso movimento de despertamento de consciências para Deus, graças ao aspecto religioso. Em outros países, na própria França, onde a doutrina foi negligenciada como religião, o movimento espírita é inexpressivo, com dificuldade de mobilizar as pessoas em torno de seus ideais.
3 – Aqueles que negam o caráter religioso do Espiritismo não se fundamentam na própria codificação?
Allan Kardec destaca, em O Evangelho segundo o Espiritismo, o caráter religioso, tanto quanto O Livro dos Espíritos enfatiza a filosofia espírita e o Livro dos Médiuns defende a ciência espírita.
4 – Se isso é tão evidente, por que a negação do aspecto religioso?
Falta de serviço, talvez. Ao lançar a máxima Fora da caridade não há salvação, Kardec deixou evidente que o objetivo fundamental do Espiritismo é colocar em ação o amai-vos uns aos outros preconizado por Jesus, como a base de toda religiosidade e a grande alavanca de renovação para a Humanidade. Quando o espírita empenha-se nesse mister não lhe sobra tempo nem disposição para envolver-se com discussões estéreis que semeiam confusão.
5 – Levando a extremos esse enfoque, não estamos descuidando do estudo, enveredando por caminhos estranhos à Doutrina, como ocorre em muitos Centros Espíritas?
Extremismos não devem estar presentes na ação espírita. Imperioso ter sempre presente a recomendação do Espiríto Verdade, em O Evangelho segundo o Espiritismo: Espíritas, amai-vos, este o primeiro mandamento; instruí-vos, este o segundo. A observância do primeiro mandamento evita que percamos de vista o exercício da verdadeira religiosidade.
6 – Qual seria posição correta do Centro Espírita?
Enfatizar o estudo do tríplice aspecto da Doutrina: Ciência, Filosofia e Religião, priorizando o último, no sentido de estimular a edificação de uma sociedade mais justa a partir do exercício da caridade, que neutraliza o egoísmo, sentimento gerador de todos os males humanos.
7 – Se todos nos empenharmos em socorrer a pobreza, resolveremos os problemas humanos?
Pensar assim seria limitar o alcance da caridade. Não se trata de um comportamento em favor de determinado segmento da sociedade. Fundamentalmente, deve ser uma atitude perante a vida, um empenho de servir à família, ao pobre, à sociedade. Devemos ser caridosos até com o nosso corpo, atendendo-o em suas necessidades e evitando comprometê-lo com vícios e desregramentos.
8 – Religiosidade espírita seria, então, sinônimo de trabalho?
Sem dúvida. Desde os primeiro contato com a Doutrina, aprendemos todos que é preciso “arregaçar as mangas” e participar dos serviços da solidariedade humana, onde e com quem estivermos. Sem esse empenho, o conhecimento espírita será para nós mero acréscimo de responsabilidade, com lamentável perda de tempo.

Amai-vos - Revista Seara Bendita

http://www.searabendita.org.br/site/datafiles/revistas/especial_espiritas113.pdf

Amai-vos e instruí-vos


Não é difícil prestar atenção no fato de que um dos grandes tormentos da atualidade, como de todos os tempos do mundo, chama-se ignorância. Todas as vezes que nos deixamos conduzir pela ignorância ou que alguém mergulha nesse pântano da ignorância, é natural que muitas coisas ficarão a dever, muitas coisas se perderão e outras tantas se confundirão.

A ignorância é uma das piores tragédias que pode acontecer à alma humana. Por isso, nessa gama de obstáculos, na nossa vivência social, o desconhecimento, o não saber tem provocado os mais tremendos e horrendos fenômenos sócio-morais. Quando pensamos na ignorância, nos damos conta de que os nobres Mensageiros da Humanidade, aqueles que têm a incumbência de nos inspirar espiritualmente e que, em todos os povos têm trazido as mensagens das regiões ignotas do amor e da paz, nos ensinaram que seria importante adotarmos dois mandamentos. Mandamentos, instruções, proposições, como quisermos.

O primeiro desses mandamentos: Amai-vos; o segundo, Instruí-vos. Quando pensamos nesta dualidade: Amai-vos e instruí-vos, certamente que passamos a imaginar a instrução acadêmica. Cada criatura deveria fazer cursos acadêmicos. É importante que a gente estude. Importantíssimos são os cursos acadêmicos quando bem feitos, quando com bons propósitos. Eles penetram nosso cérebro e nos ajudam a ser pessoas úteis na sociedade.

Mas, essa instrução que os nobres Espíritos nos levam não é somente a instrução acadêmica. É a instrução reflexão. Criarmos o hábito de pensar nas coisas, criarmos o hábito de questionar as coisas, de indagar para entender melhor.

Quantas vezes vivemos numa rua,  anos a fio e, à frente do nosso portão ou do nosso prédio existe uma árvore, que  nunca tivemos a preocupação de saber que árvore é aquela. Como é que se chama? A que família pertence? Ela é capaz de rachar a calçada ou não? É uma leguminosa ou não? É uma dicotiledônia? Parecem palavrões esses nomes, mas fazem parte das classificações dos vegetais.

É muito importante que pensemos nisso. Às vezes, moramos num lugar e  há uma grande praça ou  uma pequena praça, da qual nunca soubemos o nome. Não nos interessamos! A  ignorância se alimenta no desinteresse, a ignorância faz festa na desatenção. É por isso que se torna importantíssimo que  nos instruamos conhecendo coisas, estudando formalmente mas, também procurando nos assenhorear da vida que nos cerca, daquilo que está à nossa volta.

Conhecer as cores da roupa que se está usando. Perguntar na loja: Que cor é essa? Porque há tantas cores artificiais hoje e, muitas vezes, desconhecemos. Se conversarmos com um decorador, com um arquiteto, eles nos falarão de cores inimagináveis por nós.

Daí, como é bom saber, sair da ignorância. E, para que essa sabedoria se configure como algo de utilidade para nós, refletir, amadurecer. Por que tal coisa acontece sempre nessa data? Por que determinado fenômeno ocorre nessas circunstâncias?

Gradativamente, tomamos do livro, perguntamos a alguém, conversamos com alguém que seja entendido e vamos diminuindo o nosso grau de ignorância. É tão importante para que possamos melhorar a condição de vida no planeta, identificando onde estamos, sabendo porque ali estamos e, por conseguinte, o que nos cabe fazer nesse lugar, em que ora estamos. Amai-vos e instruí-vos, portanto, é uma legenda para a nossa vida, que não deve ser deixada de lado.

*   *   *

Nesse território do conhecimento, é tão bonito chegarmos no museu e identificarmos um Van Gogh, um Modigliani, um Toulouse, um Rembrandt, um Picasso. Na medida em que vamos conhecendo essas coisas, a nossa cultura aumenta em torno das artes plásticas. Ao olharmos uma escultura, ao invés de dizermos o nome da escultura, é comum dizermos: É um Rodin, é um Michelângelo, é um Rafael. Começamos a identificar pelos estilos os artistas plásticos da História do mundo.

Mas não vivemos apenas de conhecimentos. Os conhecimentos são importantes para nós, mas o que será o conhecimento sem amor? O Apóstolo Paulo, ao escrever aos Coríntios e se referir à caridade disse: Ainda que eu fale a língua de todos os homens, compreenda a linguagem dos anjos, se eu não tiver caridade, de nada isso me adiantará porque eu serei como um sino que soa, que faz barulho, mas que não tem vida. Ainda que eu dê todos os meus haveres para os pobres e meu próprio corpo eu ofereça para ser queimado na fogueira, se eu não tiver caridade, isso de nada me servirá.

Quando pensamos nisso, nos lembramos de que Paulo chamou caridade ao amor dinâmico. Caridade então significando amor dinâmico, amor em ação. De que vale a cultura sem amor dinâmico? De que me vale a cultura se eu não consigo colocá-la a serviço da vida, a serviço do próximo, a serviço do bem? Por isso, ao lado da instrução, que nos é importantíssima, o amor nos é fundamental.

Não foi à toa que o Evangelista João estabeleceu que Deus é amor.Quando falamos em amor, estamos falando a essência da vida, que é o próprio Criador. E, na nossa relação humana, na nossa relação, aqui na Terra, como dependemos do amor! Amor que nos permite aconselhar e ouvir conselhos, abraçar e sermos abraçados. Amor que nos permite chamar atenção, admoestar, ao mesmo tempo em que nos permitimos ser chamados atenção, sermos admoestados, quando erramos.

É o amor que faz com que surjam as amizades, é o amor que nos aproxima, marido e mulher, que foram um dia enamorados. É o amor que permite que nos nasçam os filhos. É o amor que nos ensina a conduzir os filhos. É o amor que  nos apascenta  nas horas de crise. É o amor que nos fala que, aqui na Terra, não é a nossa casa definitiva, como lembrou Jesus: Meu reino não é deste mundo. Eu me vou para vos preparar o lugar. Se fosse de outro modo, eu já vos teria dito.

Então, amar e instruir, amar e instruir-se é vital para nós. Não é à toa que o Espírito de Verdade trouxe para a Humanidade essa proposta: Amai-vos. E o amor comporta entendimento, indulgência, perdão, participação, cooperação. O amor, que é Deus, essencialmente.

E o conhecimento nos tornará, ao invés de meros conhecedores, nos tornará sábios. O conhecedor é aquele que detém teorias. O sábio é aquele que vivencia as teorias que carrega em si. Amai-vos e instrui-vos, onde quer que estejamos, nas relações quaisquer que sejam. Nunca será demais sabermos as coisas! Termos essa curiosidade, já que o ser humano é um animal curioso.

Mas o amor, que pulsa na intimidade de Deus, é a virtude por excelência que nos retirará da vaidade que, muitas vezes, o conhecimento nos leva e nos fará caminhar descalços, pelas alamedas da simplicidade, enaltecendo em definitivo a nossa caminhada terrestre.

 
                 Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 188, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em janeiro de 2009.
 Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 28.03.2010.
Em 07.07.2010.

Amai-vos e instruí-vos - Vídeos

http://www.youtube.com/watch?v=xVKsSkYJNoQ

http://www.youtube.com/watch?v=K2Prdqc6WdE

Amai-vos e Instruí-vos

Amai-vos e Instruí-vos

1) O que se entende por amor?

Palavra polissêmica que nos leva a diversos significados. Entre eles, encontramos a seguinte definição: é uma força tendente a aproximar e a unir, numa relação particular, dois ou mais seres.

2) Quais são os tipos de amor?

Grosso modo, podemos dizer que há três tipos de amor: amor egoísta (posse do bem amado), amor racional (amor pelo uso da razão) e amor doação ou incondicional (aquele ensinado por Jesus, no sentido de dar sem querer nada em troca).

3) Qual o significado de instrução?

Ação de transmitir conhecimento ou ensinar alguma habilidade. Conjunto dos conhecimentos que se adquirem. Esclarecimento de como agir ou fazer a quem está incumbido de realizar um trabalho ou missão.

4) Quais são os tipos de instrução?

Poder-se-ia arrolar três tipos de instrução: a instrução “bancária”, em que o aluno é um ser passivo que só recebe informações, a instrução “problematizadora”, em que o instrutor cria condições para o aluno pensar também e a instrução evangélica, baseada na pedagogia do Cristo, aquela exemplificada na candeia e o alqueire.

5) Onde está posta a frase: “Amai-vos e instrui-vos”?

Essa frase encontra-se no capítulo VI (“O Cristo Consolador”) de O Evangelho Segundo o Espiritismo e, mais especificamente, nas instruções dos Espíritos, com o subtítulo “Advento do Espírito de Verdade”. No quinto parágrafo dessas instruções, há os seguintes dizeres: “Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana, e eis que, além do túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade" (O Espírito de Verdade, Paris, 1860).

6) O que se deve fazer antes de começar a instruir?

Definir os objetivos. O objetivo da instrução é divulgar os princípios doutrinários do Espiritismo, para que mais pessoas possam entrar em contato com esses ensinamentos de libertação de consciência.

7) Em que deve assentar a instrução espírita?

A instrução espírita deve assentar-se, principalmente, nas obras básicas do Espiritismo, ou seja: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.

8) Qual a razão de se ter cuidado com as obras básicas?

Sem o pleno conhecimento desse conteúdo doutrinal, todo o nosso esforço de divulgação do Espiritismo cai por terra, pois estaremos nos assemelhando aos falsos profetas da erraticidade, mais preocupados com a forma do que com a essência dos ensinamentos de Cristo.

9) Em que se resume a doutrina de Cristo?

O amor resume inteiramente a doutrina de Jesus. "No início o homem não tem senão instintos; mais elevado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado tem sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas". (Kardec, 1984, p. 146)

10) Como deve agir o verdadeiro discípulo do Evangelho?

Deve instruir amorosamente os seus adeptos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas.

Mais questões:

Qual a relação entre amor e instrução?

Em se tratando do ensino espírita, o que vem em primeiro lugar: amor ou instrução?

Como Jesus instruía os seus discípulos?

Como anda a instrução espírita?

Colocamos em prática o que pregamos em público?

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

São Paulo, julho de 2012

Espíritas, amai-vos e instruí-vos

Espíritas, amai-vos e instruí-vos

Domério de Oliveira

Podemos colocar a nossa Doutrina na sagrada bitola destas duas dinâmicas: Amor e Instrução.

Sabemos que o amor é a máxima expressão da vida. E sabemos, também, que o amor é a força de Deus que equilibra o Universo e os seres. O amor é fruto da nossa conquista espiritual. O Espírito evolui, hoje, em nossos dias, ninguém mais contesta a lei da evolução. Nos primeiros degraus da nossa longa jornada, o amor manifesta-se bruxuleante, como um pequenino ponto de luz. Depois, essa luz vai aumentando e quanto mais crescemos moralmente. O amor resplandece inundando a nossa Alma. O melhor conceito do amor, nos o encontramos, cristalino, nas palavras de Emmanuel:

"O Amor é o laço de luz eterna que une todos os mundos e todos os Seres da imensidade; sem ele, a própria criação infinita não tem razão de ser, porque Deus é a sua expressão suprema".

Sim, meus amigos. Amor e Instrução, duas asas magníficas que nos ajudarão a nos elevarmos dos pântanos poluídos, deste plano de provas, para alcançarmos esferas mais diáfanas.

Instrução é o ato ou o efeito de instruir. E instruir é adquirir conhecimento. E só adquirimos conhecimentos através de nossos estudos e, acima de tudo, através das boas leituras dos bons livros.

Meus amigos, estudo é a fonte perene da nossa emancipação moral e espiritual. Pelo estudo, abrimos os nossos olhos e aprendemos a separar o joio do trigo. A boa leitura liberta-nos das preocupações vulgares e nos faz esquecer das atribulações da vida. O bom livro, sem dúvida, é o nosso melhor amigo que nos dá bons augúrios, bem como, nos coloca em sintonia com os grandes vultos do passado. Sim, meus amigos, o bom livro é como uma voz que nos fala através dos tempos e nos relata os trabalhos, as lutas, as descobertas daqueles que nos precederam no caminho da vida e que, em nosso proveito, aplainaram as nossas dificuldades.

Não poderíamos almejar, maior felicidade, o poderemos, através do livro, comunicar- nos, pelo pensamento, com os Espíritos Eminentes de todos os séculos e de todos os países. Os sábios, os filósofos, os pensadores, os escritores, através da Ciência, das Artes e da Literatura. Ao contato dessas obras que constituem o mais precioso dos bens da humanidade, compulsando esses livros notáveis, pelos nossos estudos, sentimos um engrandecimento íntimo, sentimo-nos felizes ao pertencermos ao gênero humano. As irradiações dos pensamentos desses eminentes vultos, que incorporamos em nossas leituras, estendem sobre as nossas almas, enriquecendo-as com aquele verdadeiro tesouro que os ladrões não conseguem roubar e que as traças não conseguem destruir.

Meus amigos, nestas circunstâncias, saibamos escolher bons livros e habituemo-nos a viver no meio deles em relação constante com os Espíritos Elevados. Rejeitemos as obras imundas, rejeitemos a baixa literatura que nada edifica, mas que só serve para poluir nossas mentes. Acautelemo-nos dessa sub-literatura pornográfica que deixa, em sua passagem, a corrupção e a imoralidade.

Alguns amigos e confrades alegam falta de tempo para a boa leitura; entretanto, tempo não lhes falta para certos prazeres fúteis e conversações ociosas; se quisermos, sempre poderemos arrumar algum tempo para a boa leitura, basta querermos. Também, não se pode alegar falta de dinheiro para a aquisição de livros. As bibliotecas circulantes aí estão para empréstimo gratuito de bons livros. Em nossos dias, os preços dos livros espíritas são acessíveis aos bolsos mais humildes. Assim, cremos, que todos os interessados e estudiosos terão oportunidade para haurir instrução.

Sim, podemos alcançar o amor, no seu sentido mais amplo - cristão, podemos nos instruir, através das nossas lutas íntimas, através do nosso trabalho na Seara do Bem e através da nossa boa vontade. Lembremo-nos sempre:

"O livro edificante é o templo do Espírito, onde os Grandes Instrutores do Passado se comunicam com os aprendizes do presente, para que se façam os mestres do futuro".

(Nima Arueira - "in" - "Mensagens Esparsas" - psicografia de Francisco Cândido Xavier).

(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 365 de Junho de 2001)

O advento do Espírito de Verdade

http://evangelhoespirita.wordpress.com/capitulos-1-a-27/cap-6-o-cristo-consolador/instrucoes-dos-espiritos/advento-do-espirito-da-verdade/

Espíritas: Instruí-vos


       "Espíritas: amai-vos, eis o primeiro mandamento; instruí-vos, eis o segundo". Esta frase ditada pelo Espírito de Verdade, em Paris, 1960 (cap. VI, item 5 do Evangelho Segundo o Espiritismo*), há muitos anos tem sido amplamente divulgada no meio espírita. O primeiro mandamento é cristalino, reforçando a base cristã do Espiritismo. É a reprodução das palavras de Jesus, segundo o apóstolo e evangelista João (Jo 14:12): "Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo".
       Gostaria de fazer algumas reflexões sobre o segundo, "instruí-vos". Para isto, vou inicialmente reproduzir um trecho do artigo "Por que ler Immanuel Kant", de Pedro Paulo Garrido Pimenta (doutor em filosofia pela USP e prof. de história da filosofia moderna do Departamento de Filosofia da USP), publicado na pag. 98 da revista "MenteCérebro & Filosofia: Kant" (vol. 2 - 2a. ed. rev. - São Paulo: Duetto Editorial, 2011).
       A razão de começar estas reflexões com um artigo sobre Kant é o fato deste ser um dos maiores expoentes do Iluminismo (muitos o consideram o maior filósofo da Era Moderna), movimento filosófico que foi um verdadeiro "divisor de águas" na cultura ocidental. Pimenta cita, neste artigo, um famoso texto de Kant cujo título traduz por "Que é Ilustração?", mas muitas vezes traduzido por "Que é Esclarecimento?". Traduções deste texto podem ser encontradas na internet, como a deste link, publicada no site da Universidade Federal de Santa Maria.

       As idéias centrais iluministas estão claramente expressas na obra de Kardec (nascido no mesmo ano em que Kant desencarnou, 1804), o qual, além do grande inovador no campo espiritual da humanidade, pode ser visto também como um representante de muitos dos melhores valores do Iluminismo.
       "Kant viveu e escreveu há mais de 200 anos, num mundo bastante diferente do nosso. Ora, se o intuito da filosofia é (ou deveria ser) explicar as coisas ou fazer-nos pensar sobre elas, fica a pergunta: que teria a nos dizer, ainda hoje, um filósofo tão distante no passado?
       Muita coisa. A partir do instante mesmo em que foi publicada, a Crítica da razão pura causou um impacto que ainda hoje se faz sentir. Não é que as teorias de Kant permaneçam atuais: é que elas não precisam, para se sustentar, de referência a esta ou aquela época.
       O objetivo de Kant foi a razão humana, um poder, ou uma "faculdade", como ele gostava de dizer, que permanece inalterado. É claro, as manifestações dessa racionalidade, que constituem o campo da cultura, mudam de lugar para lugar e se alteram ao longo do tempo. A antropologia estuda e tenta compreender essas variações. Mas, em se tratando do ser humano, somos os mesmos, onde quer que nos encontremos, seja em que período for: sentimos, agimos, falamos, cremos, raciocinamos, construímos objetos e alteramos a realidade à nossa volta, damos sentido a ela conforme os princípios do que Kant chamava de "razão".
       A vida atual é marcada pelo acelerado avanço da tecnologia, um processo que cada vez mais nos distancia daquela referência - a natureza - sem a qual não somos capazes de pensar a cultura. Esse avanço trouxe inegáveis melhorias à humanidade. Já no século 18, porém, Kant alertava, num texto intitulado "Que é Ilustração?", para que não se confundisse o progresso dos conhecimentos e da civilização com o esclarecimento dos homens.
       Este último é uma marca daqueles que, tendo ou não instrução, sabem pensar por si mesmos e ousam fazê-lo, a despeito de múltiplos obstáculos: a superstição religiosa, a coerção social, a censura política, a banalização da informação. É perfeitamente possível ser bem informado e completamente estúpido; no mais das vezes é, por sinal, o que acontece. A saturação de conhecimentos impede o uso livre da razão: satisfeitos com um cabedal de informações, descansamos tranquilos em nossa ignorância de nós mesmos. Mais difícil é pensar sem a direção alheia, descobrir, por conta própria, os poderes, limites e usos da razão. Assim, ler Kant hoje é redescobrir a filosofia,  não como uma relíquia do passado, mas como uma referência atual; é um jeito de evitar essa submissão, tola e desnecessária, ao que há de mais desumano nas coisas feitas pelo homem."
       Frases deste último parágrafo sintetizam idéias básicas desta minha reflexão:
       "É perfeitamente possível ser bem informado e completamente estúpido; no mais das vezes é, por sinal, o que acontece". Concordo, se entendermos  "estúpido" no sentido de obtuso, falho de entendimento, não em decorrência de um transtorno orgânico, mas causado por rigidez mental, dogmatismo, preconceitos e/ou "preguiça mental". Veja, nesse sentido, a fala de Aulus, instrutor de André Luiz, descrita no livro "Nos Domínios da Mediunidade", cap. 5, citada no final da postagem "Espiritismo e Desenvolvimento Científico", de 19/11/2010.
       "A saturação de conhecimentos impede o uso livre da razão: satisfeitos com um cabedal de informações, descansamos tranquilos em nossa ignorância de nós mesmos". Um risco que todos corremos se não estivermos alertas e abertos aos ensinamentos da Vida...
       "Mais difícil é pensar sem a direção alheia, descobrir, por conta própria, os poderes, limites e usos da razão". Esta é, a meu ver, a meta do "instruí-vos": não o mero acúmulo de informações, mas aprender a pensar por conta própria. E isto se aprende praticando, ousando usar seu próprio raciocínio, ir até onde este o levar e submeter suas conclusões aos crivos da razão, dos fatos empíricos e das opiniões contrárias.
       Não quero dizer, com isso, que o acúmulo de informações seja inútil. Claro que não! A informação é matéria-prima para o raciocínio. Mas a informação deve ser digerida, refletida e integrada com os demais conhecimentos da pessoa (gerando, assim, conhecimento útil ao seu detentor), não engolida sem mastigar, sem reflexão. A informação "engolida" sem reflexão pode ser inútil ou até "tóxica" àquele que a engole.


Numa postagem posterior a esta, de 13/05/2011, "Pensando por si mesmo!", com uma ótima contribuição de Poliana Martins, o tema de pensar por conta própria é retomado e detalhado um pouco mais, com base num texto de Shopenhauer. Veja, também, a postagem "Bendita Dúvida", no qual relaciono os  resultados das pesquisas do psicólogo Ibrahim Senay com o tema fé raciocinada x fé cega.
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*Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo: contendo a explicação das máximas do Cristo, sua concordância com o espiritismo e sua aplicação às diversas situações da vida. Tradução de J. Herculano Pires. - 14a. ed. - São Paulo: Edições FEESP, 1998.