Amai-vos e Instruí-vos
Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2, Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Tipos de Amor: 4.1. Amor Egoísta; 4.2. Amor Racional; 4.3. Amor Doação ou Incondicional. 5. Tipos de Instrução: 5.1. Instrução “Bancária”; 5.2. Instrução “Problematizadora”; 5.3. Instrução Evangélica. 6. O amor e a Instrução: 6.1. Instrução: Objetivo e Preparação; 6.2. A Instrução Espírita Deve Assentar-se nas Obras Básicas; 6.3. Amor: Resumo da Doutrina de Jesus. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é refletir sobre frase “amai-vos e instrui-vos”, no sentido de entender porque ela é constantemente repetida no meio espírita. Para tanto, discutiremos sobre o amor, a instrução e a relação entre esses dois termos.
2, CONCEITO
Amor. Palavra polissêmica que nos leva a diversos significados. Entre eles, encontramos a seguinte definição: é uma força tendente a aproximar e a unir, numa relação particular, dois ou mais seres.
Instrução. Ação de transmitir conhecimento ou ensinar alguma habilidade. Conjunto dos conhecimentos que se adquirem. Esclarecimento de como agir ou fazer a quem está incumbido de realizar um trabalho ou missão.
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Nas palestras espíritas, ouvimos frequentemente a frase: “amai-vos e instruí-vos”. Quem a proferiu? Onde está situada? Qual o seu alcance?
Essa frase encontra-se no capítulo VI (“O Cristo Consolador”) de O Evangelho Segundo o Espiritismo e, mais especificamente, nas instruções dos Espíritos, com o subtítulo “Advento do Espírito de Verdade”.
Nessa mensagem, o Espírito verdade tem a incumbência de dissipar as trevas da ignorância, afirmando que o Espiritismo veio nos lembrar, que acima de todas as vicissitudes humanas, reina a verdade imutável: “O Deus bom e grande que faz germinar as plantas e eleva as ondas”.
No quinto parágrafo dessas instruções, há os seguintes dizeres: “Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana, e eis que, além do túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade" (O Espírito de Verdade, Paris, 1860).
4. TIPOS DE AMOR
4.1. AMOR EGOÍSTA
Há um amor de posse, disseminado na sociedade, que se traduz pela violência nos dias atuais. Os meios de comunicação social – mas media – veiculam o apelo ao sexo em seus vários matizes, desde a propaganda de produtos até a venda do próprio sexo. Há perguntas que não tem respostas: Por que uma criança de seis anos mata? Em se tratando do amor conjugal, o egoísmo tem seu próprio império: cada cônjuge parece possuir o parceiro.
4.2. AMOR RACIONAL
Sócrates, com a sua maiêutica, foi o primeiro ser humano a nos dar uma imagem desse tipo de amor. Por desobedecer aos deuses gregos e querer abrir a mente dos jovens, foi obrigado a beber cicuta. Mesmo assim, não arredou pé de suas convicções na busca do bem comum. Valia-se da persuasão e da razão para conseguir alguma coisa. Ghandi, na mesma linha de raciocínio, afrontou o poderio britânico sem usar nenhuma arma. Martir Luter King, outro herói do apelo à não-violência, seguindo os ditames da razão, queria conseguir as coisas com as suas ideias de justiça e de liberdade, em que todos deveriam ser beneficiados com a política do estado e não o estado espoliar as pessoas mais pobres.
4.3. AMOR DOAÇÃO OU INCONDICIONAL
A base do amor doação encontra-se em Jesus Cristo, que veio da esfera crística para nos dar o exemplo de como amar corretamente. Obedeceu a Deus, a José (seu pai terrestre) e deixou-se batizar por João Batista. Santo Agostinho também deu seu contributo para a compreensão do amor incondicional: "Ama, e faze o que queres". Se calas, cala por amor; se falas, fala por amor; se corriges, corrige por amor; se perdoas, perdoa por amor. O amor deve estar no centro de todas as nossas ações. O que isso quer dizer? Que quando nos relacionarmos com o nosso próximo, devemos fazê-lo dentro de um clima de respeito e de auxílio mútuo, cooperando com tudo o que nos rodeia. (Reale, 1999, p. 122.)
5. TIPOS DE INSTRUÇÃO
5.1. INSTRUÇÃO “BANCÁRIA”
Baseada na transmissão do conhecimento e da experiência do professor. Dá-se importância ao “conteúdo da matéria”. O objetivo é produzir um aumento de conhecimento nos alunos. O aluno é passivo, grande tomador de notas, exímio memorizador. Prefere manejar conceitos abstratos a resolver de forma original e criadora problemas concretos da realidade em que vive.
5.2. INSTRUÇÃO “PROBLEMATIZADORA”
Uma pessoa só conhece bem algo, quando o transforma, transformando-se ela também no processo. Baseia na participação ativa e no diálogo constante entre alunos e professores. A aprendizagem é concebida como a resposta natural do aluno ao desafio de uma situação-problema.
5.3. INSTRUÇÃO EVANGÉLICA
É a instrução, baseada na pedagogia de Jesus, em que predomina a relação mútua entre o instrutor e o aprendiz. O instrutor não se coloca como o sabe-tudo, porque sabe que o Espírito, criado simples e ignorante, não tem idade. A idade física é apenas um momento particular em seu longo caminho evolutivo.
6. O AMOR E A INSTRUÇÃO
6.1. INSTRUÇÃO: OBJETIVO E PREPARAÇÃO
Antes de empreender, necessário se faz definir o objetivo. O objetivo da instrução é divulgar os princípios doutrinários do Espiritismo, para que mais pessoas possam entrar em contato com esses ensinamentos de libertação de consciência. Sem isso, podemos simplesmente divulgar histórias e opiniões pessoais, sem a formação real de adeptos conscientes, aptos a caminharem com Jesus, apesar das dificuldades e ciladas postas em seus caminhos.
6.2. A INSTRUÇÃO ESPÍRITA DEVE ASSENTAR-SE NAS OBRAS BÁSICAS
Para que possamos instruir com perfeição, devemos nos debruçar sobre as obras básicas do Espiritismo, que estão consubstanciadas em: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Sem o pleno conhecimento desse conteúdo doutrinal, todo o nosso esforço de divulgação do Espiritismo cai por terra, pois estaremos nos assemelhando aos falsos profetas, mais preocupados com a forma do que com a essência dos ensinamentos de Cristo.
6.3. AMOR: RESUMO DA DOUTRINA DE JESUS
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ensina-nos que o amor resume inteiramente a doutrina de Jesus. Diz-nos que "no início o homem não tem senão instintos; mais elevado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado tem sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas". (Kardec, 1984, p. 146)
7. CONCLUSÃO
O verdadeiro discípulo do Evangelho deve instruir amorosamente os seus adeptos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas. Essas instruções permitem-nos aceitar de forma resignada as circunstâncias adversas, entendendo-as como necessárias ao nosso progresso moral e espiritual.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
REALE, Giovanni. O Saber dos Antigos: Terapia para os Dias Atuais. Tradução de Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Loyola, 1999.
São Paulo, julho de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário