Em geral , queremos desempenhar nossas tarefas de maneira suave, sem dor nem sacrifícios. Entretanto, observando a vida dos grandes missionários, percebemos que eles enfrentaram muitos desafios e dificuldades, para alcançarem os objetivos de servir ao próximo.
Todo aquele que recebe do Plano Maior, a missão de trabalhar pelo bem comum, em geral o faz com espírito de renúncia e dedicação.
Jesus, em seu Evangelho, nos oferece o seguinte ensinamento, que reforça esta nossa tese: “... Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
– Porquanto, aquele que quiser salvar a si mesmo, perder-se-á; e aquele que se perder por amor de mim e do Evangelho, se salvará – (Marcos, cap. 8, vv. 34 e 35.)
O que significa tomar sua cruz?
Sinaliza-nos que devemos ter a consciência de que, durante o desempenho de uma tarefa, que vise a amenizar ou suprimir a dor dos que sofrem, muitos desafios teremos de superar.
Jesus, que nada tinha a ser testado, deu-nos o exemplo de que desempenhar uma missão equivale a carregar um grande fardo. Em sua missão gloriosa na Terra, suportou agressões, assimilou as provocações dos fariseus, escribas e outros, sem lhes guardar mágoa, ódio ou ressentimento.
Agiu com elevação espiritual, quando no Calvário, rogou a Deus: “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem!”
Bezerra de Menezes, espírito bom e sábio, passou por grandes provações. Durante anos, conviveu com um problema gástrico que o incomodou bastante, sem encontrar a cura na Medicina convencional. Só mais tarde, se libertou desse mal, com a ajuda do médium de curas João Gonçalves do Nascimento. No final de sua existência, Bezerra, que foi chamado o ‘Médico dos Pobres’, paradoxalmente experimentou a grande prova da pobreza. Soube, entretanto, superá-la com resignação e humildade.
Chico Xavier, médium de dons espirituais notáveis, que psicografou centenas de obras espíritas, também não ficou imune à dor. Desde jovem, conviveu com limitações visuais, ficando praticamente cego, na velhice.
Passou por grandes privações, porém nunca reclamou da Justiça Divina. Ao contrário, agradecia sempre a Deus as provações a que era submetido.
Spartaco Ghilardi, homem de várias faculdades mediúnicas, que orientou milhares de pessoas em condições aflitivas, apontando-lhes o caminho do bem, também teve uma vida marcada por dificuldades.
Sofreu várias doenças, ao longo de sua existência, sem se queixar.
Quando era indagado sobre seu estado de saúde, respondia resignado: “Levo a vida que pedi a Deus.”
Exemplos como estes são comuns na vida dos missionários, espíritos que, a rigor, nada teriam de provar ou expiar. Diante disso, o que dizer de nós?!
Ao aportar neste planeta, com a tarefa de amparar e iluminar almas menos esclarecidas que nós, sabemos dos desafios que nos esperam. O Divino Pastor de nossas almas não nos prometeu uma vida tranquila, calma e sem atribulações.
Ao contrário, disse: “Aquele que deseja me seguir carregue sua cruz”.
Na prática da mediunidade, com Jesus, as dificuldades não são poucas, como pudemos perceber nos exemplos citados. O médium passa por inúmeras provações: provações na família, decepções no trabalho, dores do abandono, da perda de entes queridos, acidentes por vezes inevitáveis e tantos outros flagelos individuais ou coletivos, aos quais todos nós que habitamos este mundo estamos sujeitos.
Portanto o médium não deve imaginar que terá pela frente um caminho fácil, sem obstáculos. Não, isso parece não se confirmar na vida dos obreiros do bem! Sua mensagem em geral, inovadora, traz um conteúdo moral muito forte: de desprendimento dos bens terrenos, de combate ao egoísmo, ao orgulho e de tantos outros vícios morais. Por conta disso, sofrem injúrias, difamações, calúnias, etc., porém jamais devem recuar, ante a tarefa que lhes foi confiada.
Assim, o trabalhador da seara do Bem deve carregar sua cruz com sabedoria, prudência, resignado e confiante na Divina Providência, que nunca abandona o bom samaritano.
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