AMAI-VOS E INSTRUÍ-VOS
Estes dois ensinamentos, recomendados pelo Espírito de Verdade, em 1860, em Paris, que se encontram no Capítulo VI do “Evangelho Segundo o Espiritismo”, nos alerta para os compromissos de amarmo-nos e instruirmo-nos, a fim de nos resguardar do ódio e das trevas da ignorância. Quem lê quem estuda e quem procura por em ação as lições que Jesus nos transmitiu, e as orientações que nos chegam pelo Consolador, não está entre as pessoas que desconhecem o “Amai-vos e instruí-vos”.
Para amar, precisamos ter fé, e esta por sua vez, necessita do conhecimento, para ser uma fé inabalável, baseada na razão. A fé não se dá e não se impõe a ninguém, porém, não há quem esteja privado de possuí-la. A fé apoiada no conhecimento, inspira os nobres instintos e sentimentos, conduzindo o ser humano a prática do amor, base da regeneração.
Esta exposição foi motiva por uma pesquisa publicada recentemente, pela revista “Isto É”, na edição de nº 2016, em que trata do relacionamento das pessoas, e principalmente dos jovens com Deus, suas crenças e descrenças, comentada também no jornal espírita “O Imortal”, na edição de julho /2008.
A pesquisa transmite uma péssima visão do que pensa os jovens brasileiros sobre alguns assuntos. Conforme os números divulgados pela revista, 47 % dos jovens espíritas; tanto os de pouca idade como os que se tornaram espíritas recentemente, apóiam a pena de morte, e 31 % são favoráveis à legalização do aborto, isto em flagrante contradição, nos dois casos, com o que ensina a Doutrina dos Espíritos, que, desde o aparecimento da primeira obra, que é “O Livro dos Espíritos”, se posicionou contrário à pena de morte, e o aborto delituoso, aceitando como única ressalva: - quando o aborto é necessário para salvar a existência da gestante, posta em perigo, com a continuação da gravidez.
Sobre esses dois assuntos foi realizada uma pesquisa por uma coordenadora de um Centro Espírita, com um grupo de freqüentadores, e o resultado foi alarmente, pois demonstrou o quanto eles estavam despreparados, podendo ser perfeitamente incluídos na pesquisa da revista, apoiando a pena de morte e o aborto. Esses dois fatos comprovam que pouco se vem estudando, com seriedade, os ensinos da Doutrina dos Espíritos, pelos seus adeptos e simpatizantes.
É claro que há muitas exceções, mas estas apenas confirmam a regra. A falta da leitura e do estudo doutrinários pelos espíritas, apesar das palestras e exposições que são feitas semanalmente nas casas espíritas – e aí lembramos a orientação do Espírito de Verdade, ao nos recomendar o “Instruí-vos”. Essa falta de conhecimentos nos preocupa a todos, dirigentes e coordenadores, palestrantes e expositores de Centros Espíritas, por mostrar a pobreza de conhecimentos de espíritas, em assuntos relevantes da sociedade.
As gerações atuais que não se preocupam com a leitura, que não se aprofundam em nada, que não adquirem cultura, que não levam a sério a necessidade dos conhecimentos, da auto-iluminação, como recomendou o Espírito de Verdade, irá sempre, quando defrontada pelos problemas e desafios que o mundo apresenta, agir como agem os materialistas, que só enxergam no ser humano, o corpo físico, ignorando que ele tem algo mais valioso e divino, que esta vestimenta que à morte um dia levará para o túmulo.
Não é de admirar, pois, que os que pensam assim, queiram instituir a pena de morte para os que vivem, exercendo uma prerrogativa somente de Deus, e ainda desejam a legalização do aborto, matando seres inocentes e indefesos que nem chegaram ainda à existência terrena. Vejamos os dados da pesquisa publicada pela revista “Isto É”:
Pena de morte Católicos.......................................... 5 0 %
Espíritas.......................................... 4 7 %
Candomblé e Umbanda................. 4 5 %
Protestantes.................................... 4 3 %
Legalização do Aborto Espíritas.......................................... 3 1 %
Candomblé e Umbanda................. 2 8 %
Protestantes.................................... 2 1 %
Católicos......................................... 1 9 %
O Espírito de Verdade ainda nos diz: “Em verdade vos digo: Aquele que se instrui na preciosa doutrina, que dissipa os erros e vos ensina o objetivo sublima da existência humana, substitui as trevas da ignorância pela luz que é a fonte viva do conhecimento, do amor e da evolução”.
O estudo da Doutrina dos Espíritos nos lança numa ordem de coisas tão novas e tão grandes que nos anima a uma firme e sincera vontade de prosseguir com perseverança. O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá, a fim de termos respostas sensatas, a questões importantes, quando são feitas ao acaso ou à queima-roupa. Devemos ser perseverantes nos estudos pois, sem isso, os Espíritos que nos assistem, nos abandonam, como o professor faz com os alunos negligentes.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases que rege a instrução no Brasil, “o papel do ensino é criar valores mundiais como: ética, respeito e cidadania”. Dizemos também que a solidariedade deve ocupar o centro de toda ação educativa, que não se aprende e transmite apenas por palavras, mas principalmente por exemplos edificantes...
A Instrução informa; a Educação reforma; mas só a Moralização transforma o ser humano. Identificar valores que nos ajudem a estreitar a legítima fraternidade, é providência inadiável para melhor desenvolver a atividade a que fomos chamados a desempenhar. Quem aprende pode ensinar; quem ensina transmite conhecimentos, e, quem exemplifica aperfeiçoa o ensino para o aprendizado. Porém, ensinar não é somente transmitir conhecimentos; é também analisar, avaliar e sensibilizar. O orientador consciente sabe que a sua função é a de um construtor no delicado da alma, a fim de aplainar os caminhos que conduzirão os jovens ao conhecimento da sua realidade e da sociedade onde estão inseridos.
A educação moral e não apenas a intelectual, passa a ser o indicativo da conquista dessa visão renovada da existência. Educação moral entendida como a arte de formar caracteres; a que cria hábitos saudáveis, porquanto a educação é o conjunto de hábitos adquiridos. O ser humano moderno, não vive mais dentro de padrões previsíveis e automáticos, como até bem pouco tempo atrás. A estrutura vigente no passado, era de que haveríamos de seguir uma profissão, de preferência, a mesma do pai ou da mãe; ter um emprego e mantê-lo para sempre, até a aposentadoria. Hoje, os desafios são mais amplos. Quando o ser humano traça o objetivo de sua existência, ele é assediado por várias perspectivas diferentes e muitas das vezes dissociadas entre si. Imprimir nesse monte de desafios, um código moral, exigirá habilidades variadas.
Por ter a família descuidado da educação moral e religiosa dos filhos, formou-se gerações de pessoas com poucos recursos espirituais. Alguns pais se mantiveram na religião, mas não tiveram forças para se fazerem acompanhar dos filhos. As crianças e jovens de hoje recebem uma imensa quantidade de informações através dos meios de comunicação. Antes, a mãe era responsável pela transmissão dos valores morais e religiosos, enquanto o pai no mercado de trabalho era o provedor da casa. Essa situação mudou e hoje, muitos pais em atividades profissionais não podendo e não querendo “perder tempo” com os filhos, transferem aos professores, religiosos e a outras pessoas, a responsabilidade de corrigi-los; e, por se sentirem culpados pela ausência na vida dos filhos, costumam compensá-los com presentes e muita liberdade. De permissão em permissão, os filhos ganham nas suas alegações e os pais os perdem proporciona-lhes ainda, os meios de se perderem também seus filhos.
Pedro Camargo, pedagogo, no seu livro “Mestre na Educação”, diz o seguinte: “O destino das criaturas humanas está em função dos princípios educacionais que lhes foram inculcados na infância e adolescência... A violência que se observa nos dias atuais, está relacionada à inegável falta de educação no sentido real da palavra”.
As situações do mundo moderno são complexas, de difícil análise, imprevisíveis e inesperadas, exigindo de todos nós um pensamento ordenado, um raciocínio claro, bom sendo e boa moral. É complexa essa adaptação ao mundo moderno, com estímulos tão variados, a exigir de nós o equilíbrio das emoções, para que possamos estar aptos a compreender, decidir e aceitar novas situações. Por isso, a nossa capacidade de entender e transmitir a nossa realidade, a partir de conhecimentos e sentimentos, exige educação intelectual, moral e sentimental. Essa educação nos torna aptos a enfrentar situações e problemas, buscando solucioná-los de maneira ética com habilidades à luz dos exemplos deixados por Jesus.
Certo moço dirigiu-se a Jesus chamando-o “Bom Mestre”. Jesus respondendo lhe disse: “Bom, só o Pai, e me chamais de Mestre, e dizeis bem, porque eu o sou”. Esse título foi por Ele dignificado, apresentando aos seres humanos uma nova forma de educar através de agradáveis parábolas, e nelas, prefere o uso de símbolos e situações da vida, mostrando-nos a necessidade do conhecimento na nossa existência. A vinda de Jesus a Terra, deu aos seres humanos, os parâmetros para a boa condução da educação com vistas ao crescimento moral e espiritual.
A educação religiosa e a oração fortificam o ser humano nas vicissitudes, nas situações e problemas da existência. Desvinculado de sua dimensão espiritual, a pessoa é um ser que, jogado na estrada da vida, se perde no emaranhado dos vícios e da violência, pela falta da vivência da boa moral e do amor sublime que nos exemplificou o Mestre Amado.
Allan Kardec escreveu em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. No capítulo XVII, item 4 o seguinte: “Reconhece-se o verdadeiro espírita, pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”. Isto quer dizer o seguinte: Não basta participar do Movimento Espírita, ler romances mediúnicos, gostar de livros de auto-ajuda, saber o que contém as obras básicas, freqüentar os Centros Espíritas. É preciso muito mais que isso: é preciso ser espírita no pensamento, na palavra e nos nossos atos, esforçando-nos por assimilar os ensinamentos, purificar os nossos pensamentos e sentimentos, melhorar as nossas palavras e, principalmente, exemplificar as lições que nos foram ministradas por Jesus e seus emissários, por meio de atos de caridade e amor para com nossos semelhantes.
Se não procurarmos nos instruir para saber enfrentar as situações e desafios que são exigidos de nós, estaremos contribuindo para que outras pesquisas nos coloquem em situação inferior à nossa condição de adeptos da Doutrina dos Espíritos. “Amai-vos e Instrui-vos”, nos recomendou o Espírito de Verdade, a fim de que soubéssemos como sair do egoísmo e da escuridão da ignorância...
Bibliografia:
“Evangelho Segundo o Espiritismo”
Revista “Isto É”
Jornal “O Imortal”
Livro “Mestre na Educação”
Jc.
S.Luis, 10/11/2008
POSTADO POR JURANDY CASTRO
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