Estudando o Espiritismo

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domingo, 28 de outubro de 2018

A receita da felicidade - Livro Jesus no Lar

A receita da felicidade


Tadeu, que era dos comentaristas mais inflamados, no culto da Boa Nova, em casa de Pedro, entusiasmara­-se na reunião, relacionando os imperativos da
felicidade humana e clamando contra os dominadores de Roma e contra os rabinos
do Sinédrio. Tocado de indisfarçável revolta, dissertou largamente sobre a discórdia e o sofrimento reinantes no povo, situando­-lhes a causa nas deficiências políticas da
época, e, depois que expendeu várias considerações preciosas, em torno do assunto,
Jesus perguntou-­lhe: — Tadeu, como interpreta você a felicidade? — Senhor, a felicidade é a paz de todos. O Cristo estampou significativa expressão fisionômica e ponderou: — Sim, Tadeu, isto não desconheço; entretanto, estimaria saber como se
sentiria você realmente feliz. O discípulo, com algum acanhamento, enunciou:
—  Mestre, suponho que atingiria a suprema tranquilidade se pudesse
alcançar a compreensão dos outros. Desejo, para esse fim, que o próximo me não
despreze as intenções nobres e puras. Sei que erro, muitas vezes, porque sou
humano; entretanto, ficaria contente se aqueles que convivem comigo me
reconhecessem o sincero propósito de acertar. Respiraria abençoado júbilo se
pudesse confiar em meus semelhantes, deles recebendo a justa consideração de que
me sinta credor, em face da elevação de meu ideal. Suspiro pelo respeito de todos, para que eu possa trabalhar sem impedimentos. Regozijar­-me-­ia se a maledicência
me esquecesse. Vivo na expectativa da cordialidade alheia e julgo que o mundo seria
um paraíso se as pessoas da estrada comum se tratassem de acordo com o  meu
anseio honesto de ser acatado pelos demais. A indiferença e a calúnia doem­-me no
coração. Creio que o sarcasmo e a suspeita foram organizados pelos Espíritos das
trevas, para tormento das criaturas. A impiedade é um fel quando dirigida contra
mim, a maldade é um fantasma de dor quando se põe ao meu encontro. Em razão de tudo isso, sentir­-me-­ia venturoso se os meus parentes, afeiçoados e conterrâneos me buscassem, não pelo que aparento ser nas imperfeições do corpo, mas pelo conteúdo de boa ­vontade que presumo conservar em minh’alma. Acima de tudo, Senhor, estaria sumamente satisfeito se quantos peregrinam comigo me concedessem direito de experimentar livremente o meu gênero de felicidade pessoal, desde que me sinta aprovado pelo código do bem, no campo de minha consciência, sem ironias e
críticas descabidas. Resumindo, Mestre, eu  queria ser compreendido, respeitado e
estimado por todos, embora não seja, ainda, o modelo de perfeição que o Céu espera de mim, com o abençoado concurso da dor e do tempo. Calou­-se o apóstolo e esboçou­-se, na sala singela, incontido movimento de curiosidade ante a opinião que o Cristo adotaria. Alguns dos companheiros esperavam que o Amigo Celeste usasse o verbo em comprida dissertação, mas o Mestre fixou os olhos muito límpidos no discípulo e falou com franqueza e doçura: — Tadeu, se você procura, então, a alegria e a felicidade do mundo inteiro, proceda para com os outros, como deseja que os outros procedam para com você. E caminhando cada homem nessa mesma norma, muito breve estenderemos na Terra
as glórias do Paraíso.

PROVAÇÕES DE SURPRESA

PROVAÇÕES DE SURPRESA


Inquietações na Terra existem muitas.
Temos as que se demoram junto de nós, ao modo de vizinhos de muito tempo, nos
desgostos de parentes e amigos, cujas dores nos pertencem de perto.
 Encontramos as que nos povoam o corpo, na categoria de enfermidades crônicas,
quais inquilinos indesejáveis.
 Assimilamos aflições de tipos diversos, como sejam as declaradas e as imanifestas,
as injustificáveis e as imaginárias, cujo tamanho e propagação dependem sempre de nós.
 Há, porém, certa modalidade com que raramente contamos. São aquelas que
nascem do imprevisto.
 Deflagraram, por vezes, quando nos acreditávamos em segurança absoluta.
 Caem à feição de raio fulminativo retalhando emoções ou desajustando
pensamentos.
 São as notícias infaustas:
 - os golpes morais que nos são desferidos, não raro, involuntariamente, pelos que
mais amamos;
 - os desastres de conseqüências indefiníveis;
 - os males súbitos que nos impelem para as raias das grandes renovações.
 Não podemos esquecer estas visitas que nos atingem o coração sem qualquer
expectativa de nossa parte.
 Compreendamos que, em freqüentes episódios da existência, estamos na condição
de aluno que estuda semanas e meses e até mesmo anos inteiros, a fim de revelar a
precisa habilitação num exame de ligeiros instantes.
Entendamos que, numa hora de crise, não são o choro e nem a emotividade as
posições adequadas, e sim a calma e o raciocínio lógico, para que possamos deter a
incursão da sombra.
 Para isso, entesouremos serenidade. Serenidade que nos sustente e nos ajude a
sustentar os outros.
 O imperativo de oração e vigilância não se reporta somente às impulsões ao vício e
a criminalidade, mas também aos arrastamentos, ao desequilíbrio e à loucura a que
estamos sujeitos quando não nos preparamos para suportar as provações de surpresa,
sejam em moldes de angústia ante os desafios do mal ou em forma de sofrimento para a
garantia do bem.

AMIGOS MODIFICADOS

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E – Cap. V – Item 20
L – Questão 938

Temas Estudados:
Afeições alteradas
Aflições imprevistas
Apelo ao raciocínio
Inquietações
Necessidade da simpatia
Serenidade

AMIGOS MODIFICADOS

 Surgem no cotidiano determinadas circunstâncias em que somos impelidos a reformular apreciações, em torno da conduta de muitos daqueles a quem mais amamos.
 Associados de ideal abraçam hoje experiências para as quais até ontem não denotavam o menor interesse e companheiros de esperança se nos desgarram do passo, esposando trilhas outras.
 Debalde procuramos neles antigas expressões de concordância e carinho, de vez que se nos patenteiam emocionalmente distantes.
Nesses dias, em que o rosto dos entes amados se revela diferente, é natural que apreensões e perguntas imanifestas nos povoem o espírito. Abstenhamo-nos, porém, tanto de feri-los, através do comentário desairoso, quanto de interpretar-lhes as diretrizes inesperadas à conta de ingratidão. É provável que as Leis Divinas estejam a chamá-los para a desincumbência de compromissos que, transitoriamente, não se afinam com os nossos. Entendamos também que o passado é um meirinho infalível convocando-nos a retificação das tarefas que deixamos imperfeitamente cumpridas para trás, no campo de outras existências, e tranqüilizemos os amigos modificados com os nossos votos de êxito e segurança, na execução dos novos encargos para os quais se dirigem.. Reflitamos que
se a temporária falta deles nos trouxe manifestação de pesar e carência afetiva, possivelmente o mesmo lhes acontece e, ao invés de reprovar-lhes as atitudes – ainda mesmo afastados pela força das circunstâncias - , procuremos envolvê-los em pensamentos de simpatia e confiança, a fim de que nos reencontremos, mais tarde, em mais altos níveis de trabalho e alegria.
 À vista disso, pois, toda vez que corações queridos não mais nos comunguem sintonia e convivência, se alguma sugestão menos feliz nos visita a cabeça, entremos, de imediato, em oração, no ádito da alma, rogando ao Senhor nos ilumine o entendimento, a fim de que não falhemos para eles, no auxílio da fraternidade e no apoio de benção.

Uma abordagem integral da depressão


http://heal.org.br/wp-content/uploads/2014/02/Texto-DAE-Uma-Abordagem-Integral-da-Depressao-Ana-Lidia-Mafra-Bicalho-de-Oliveira.pdf

domingo, 14 de outubro de 2018

Homens de fé - Emmanuel


Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. “ Jesus. (Mateus, 7:24.)

Os grandes pregadores do Evangelho sempre foram interpretadosà conta de expressões máximas do Cristianismo, na galeria dos tipos veneráveis da fé; entretanto, isso somente aconteceu quando os instrumentos da verdade, efetivamente, não olvidaram a vigilância indispensável ao justo testemunho.

É interessante verificar que o Mestre destaca, entre todos os discípulos, aquele que lhe ouve os ensinamentos e os pratica. Daí se conclui que os homens de fé não são aqueles apenas palavrosos e entusiastas, mas os que são portadores igualmente da atenção e da boa-vontade, perante as lições de Jesus, examinando-lhes o conteído espiritual para o trabalho de aplicação no esforço diário.

Reconforta-nos assinalar que todas as criaturas em serviço no campo evangélico seguirão para as maravilhas interiores da fé. Todavia, cabe-nos salientar, em todos os tempos, o subido valor dos homens moderados que, registrando os ensinos e avisos da Boa Nova, cuidam, desvelados, da solução de todos os problemas do dia ou da ocasião, sem permitir que suas edificações individuais se processem longe das bases cristãs imprescindíveis.

Em todos os serviços, o concurso da palavra é sagrado e indispensável, mas aprendiz algum deverá esquecer o sublime valor do silêncio, a seu tempo, na obra superior do aperfeiçoamento de si mesmo, a fim de que a ponderação se faça ouvida, dentro da própria alma, norteando-lhe os destinos.

O Trabalho Espiritual em um Centro Espírita


1. INTRODUÇÃO


Em um Centro Espírita, os dois planos da vida se irmanam. Veremos os serviços que os benfeitores espirituais realizam durante as atividades de um Centro Espírita.

Os servidores espirituais de dividem entre médicos, enfermeiros, auxiliares, técnicos e colaboradores. Os trabalhos são divididos pelos seguintes setores: de Vigilância, de Enfermagem, de Esclarecimentos e de Comunicação. Os trabalhos são coordenados por um dirigente e contam com dezenas de servidores.

Nos conta o autor espiritual -trabalhador espírita que desencarnou em 1987 - que, antes da reunião pública começar, os trabalhadores do plano espiritual se reúnem com o dirigente dos trabalhos para orientação.

"Reunindo-nos no salão apropriado, o Irmão Joel convocou-nos ao serviço, dizendo: - Meus irmãos, iniciaremos os preparativos para as atividades desta noite. Cumpre-nos lembrar que todos nós somos necessitados ante a Providência Divina, pois que ainda nos reconhecemos imperfeitos. Entretanto ninguém realiza a ascensão espiritual sem esforço e trabalho. Somente servindo ao semelhante estaremos enriquecendo-nos. Todo trabalho no bem oferece-nos os valiosos recursos da experiência. Valorizemos, pois, a oportunidade que o Senhor nos oferece e tratemos de realizar o melhor,certos de que o amparo do mais alto não nos faltará. Busquemos a inspiração no amor de Jesus para com todos nós e recordemo-nos de suas sublimes palavras quando afirmou: -"Toda vez que o fizestes a um destes pequeninos, é a mim que o fizestes". Iniciemos os preparativos."



2. SETOR DE VIGILÂNCIA





Este setor atua para que a disciplina e a ordem sejam mantidas, em benefício de todos, pois muitos espíritos ainda pouco esclarecidos e renitentes no mal, tentam investir contra as atividades de libertação espiritual que ocorrem na Casa Espírita.
Há também os espíritos enfermos, sob as conseqüências dolorosas dos seus equívocos ou premidos pelo remorso, que são trazidos para a recuperação através da auto-educação. Cabe aos servidores deste setor a assistência fraterna a esses espíritos, inspirando-lhes bom ânimo e esperança e estimulando-os a construírem uma nova realidade para si mesmos, sem se deixarem levar pelo desespero.

O autor espiritual descreve que a movimentação dos trabalhadores era intensa, mas que tudo era feito com dedicação, alegria e gentileza, em clima de verdadeira fraternidade.

Um ambiente "interexistente" amplia-se para além das paredes de alvenaria do auditório de reuniões, destinado a receber os Espíritos desencarnados que serão assistidos.

O Setor possui equipamentos a serem utilizados para defesa, no trato com Espíritos ainda cegos para a luz da verdade. São equipamentos elétricos, que tem como base descargas de energia. Podem ter a forma de projéteis, de lança-raios ou de canhões (para a defesa de colônias).

Esses instrumentos servem para dispersar os irmãos ainda totalmente ligados à matéria e não preparados para a necessária auto-transformação, que tentam investir contra o trabalho do Pai. É importante manter a disciplina e harmonia no ambiente ("orai e vigiai"), para que o necessário trabalho no bem seja realizado.

André Luiz, no livro "Os Mensageiros", capítulo 20, visita um Posto de Socorro e conversa com Alfredo, trabalhador do mesmo, a cerca da necessidade de se ter um sistema de defesa contra o mal. Alfredo lhe esclarece, relatando a lenda hindu da serpente e do santo.

Enfim, os recursos de defesa não devem ser interpretados como armamento ou violência. São ainda os recursos indispensáveis no trato com os ignorantes da Lei do Amor.

O autor observa que pensamento é vida e as atitudes mentais das criaturas exteriorizam-se, plasmando o ambiente espiritual. O clima de paz, as emanações saudáveis, o trabalho edificante, as orações, o pensamento reto e a mensagem consoladora criam vibrações que se cristalizam, formando um halo de luz protetor, que envolve o núcleo de serviço do Centro. Isto torna o ambiente propício ao trabalho dos benfeitores espirituais.

"O bem faz bem primeiramente a quem o executa. Quando os homens descobrirem a importância do serviço em favor do semelhante, estarão a caminho da solução definitiva dos seus problemas".

O serviço com Jesus é, antes de tudo, a nossa conscientização de partícipes na obra da criação, cabendo-nos realizar o melhor ao nosso alcance, honrando a oportunidade de realização que o criador nos concede."



3. SETOR DE ENFERMAGEM




Sob a orientação de um Espírito superior treinado em medicina espiritual, trabalham enfermeiros, técnicos e auxiliares, trajando uma túnica alva, com delicado e luminescente emblema em ton azul celeste, na altura do tórax, no lado esquerdo, indicadores de atividades ligadas à medicina.

Muitos dos servidores atuaram na área da Medicina quando encarnados, porém o autor destaca que, no Plano espiritual, não basta o conhecimento técnico: torna-se imprescindível a aquisição de virtudes. Nas tarefas que devem desempenhar não utilizam só a razão, usam sobretudo o coração.

O Setor atua nas atividades de manipulação de fluídos e substâncias medicamentosas; auscultação de pacientes; acompanhamento do serviço dos médiuns passistas, com aplicações ou transfusões de energias e execução de cirurgias.

O autor espiritual questionou seu orientador, Marcos, sobre a realização de cirurgias. Marcos o esclareceu dizendo que os encarnados que realmente se esforçam no aprendizado das verdades eternas e buscam realizar a reforma íntima, conseguem a intercessão direta dos servidores do Setor de Enfermagem, através da análise criteriosa da situação à luz da Lei de Causa e Efeito, considerando os atenuantes e méritos adquiridos.

Na narrativa, Marcos ressaltou o importante papel desempenhado pelo perispirito no processo reencarnatório. Os servidores do Setor de Enfermagem atuam diretamente no corpo fluídico, semimaterial, alterando-lhe algumas disposições com interferência cirúrgica. Como conseqüência natural, erradicam diversas enfermidades físicas que são causadas pelo desequilíbrio do ser e transmitidas do perispírito ao corpo físico.

As cirurgias espirituais, em certos casos, são realizadas durante o processo natural do sono. A fluidoterapia evita males orgânicos e psíquicos.

O Setor utiliza ânforas transparentes para guardar substâncias vitais , usadas no tratamento de enfermos. As substâncias são retiradas dos vegetais e manipuladas pelos técnicos do Setor, alcançando resultados significativos.

Os servidores da enfermagem também atuam na fluidificação das águas. O autor assim descreve tal processo:

" Neste instante, alguns companheiros do Setor de Enfermagem aproximaram-se da mesa onde se encontravam os recipientes com água. Por alguns minutos buscaram um estado de concentração e em perfeita sintonia, estenderam as mãos sobre os vasilhames, enquanto o dirigente da equipe, através de comovente oração, buscava as dádivas celestes. Dos servidores do bem, luminosa energia desprendia-se, enquanto que dos céus, como resposta à súplica proferida, jorravam pétalas radiantes sobre as águas. Invisível aos olhos humanos, essas substâncias fluídicas desfaziam-se em contato com as águas, que as absorviam instantaneamente."

O dirigente da equipe relata que todos os copinhos recebem eflúvios balsâmicos e revigorantes que atuarão como tônico reconstituinte, e complementa dizendo: " - O homem na Terra está longe de compreender a infinita bondade de Nosso Pai. A água fluidificada é recurso valioso, embora, vezes sem conta, ele não lhe valorize os abençoados terapêuticos."

Cabe destacar que a água é um excelente condutor de energias e que não importa se os recipientes estão fechados ou abertos, eles recebem os eflúvios balsâmicos e revigorantes do mesmo modo.


4. SETOR DE ESCLARECIMENTOS




O Setor atua auxiliando, através da intuição, os encarnados encarregados dos estudos e comentários evangélicos e doutrinários, e também presta assistência no trabalho de Atendimento Fraterno.

O autor descreve que os servidores deste Setor utilizam livros e uma espécie de fichário, semelhante a um arquivo, que consultam para desempenharem suas atividades.

Com relação a atuação junto aos responsáveis pelos comentários e estudos doutrinários, o autor espiritual destaca uma situação que costumava ocorrer com ele quando encarnado, atuando como divulgador da Doutrina Espírita: " Eu buscava estudar. Preparava os estudos. No entanto, quantas vezes, dialogando com os companheiros, um exemplo novo, uma idéia mais concreta, um pensamento mais amplo assaltavam minha mente, facilitando a compreensão do tema em estudo! Ah! Quantas vezes a presença espiritual é tão concreta e não nos damos conta!"

"Toda a vez que o homem se predispõe a conhecer a verdade e divulgá-la em nome do amor, estará recebendo assistência espiritual."

Sobre a assistência dada ao trabalho de Atendimento Fraterno, os espíritos também se utilizam da intuição dos encarnados, de acordo com as suas possibilidades mediúnicas, para orientar os tarefeiros encarnados sobre as orientações mais adequadas a serem dadas aos necessitados que buscam a Casa.

Há ainda o serviço de Atendimento Fraterno aos desencarnados:

" Igualmente, assistimos diversos espíritos desencarnados em perturbação, dialogando com eles, demoradamente, esclarecendo-os quanto 'a nova realidade a que estão vinculados. Aprendemos aqui que a verdade é imprescindível à iluminação das criaturas, entretanto há que ser dosada de acordo com a maturidade de cada um. Por isso, para que realizemops o melhor ao nosso alcance, participamos, sempre que possível, de cursos e conferências que nos permitam o sublime aprendizado de esclarecer sem ferir, ajudar sem violentar e colaborar sem exigir."


5. SETOR DE COMUNICAÇÕES


Este Setor serve como área de apoio aos demais setores, fornecendo-lhes recursos que servirão de base para o desempenho das tarefas de cada setor. As informações prestadas a outros setores são obtidas a partir de telas eletromagnéticas, comunicadores de longa distância, receptores, auscultadores vibracionais, etc.

Marcos, o orientador do autor do livro em sua visita a Casa Espírita, destaca o intercâmbio entre os setores a partir do trabalho do Setor de Comunicações:

"Fornecimento de dados ao Setor de Vigilância, aquisição de informações para o atendimento do Setor de Enfermagem, colaboração valiosa aos servidores do Setor de Esclarecimentos."

O autor destaca: "equipamentos os mais diversos eram instalados nos mais variados locais, destacando-se aos meus olhos uma grande tela luminescente fixada no salão de reuniões."

Ante a dúvida do autor sobre a necessidade da espiritualidade usar os equipamentos para obter as informações, Marcos esclarece: "Antes de mais nada, cumpre-nos considerar que estamos agindo na Crosta, ou seja, em meio onde nossa ação encontra quase sempre muitos obstáculos.Entre eles, destacamos as vibrações mentais desequilibrantes oriundas de grande porcentagem de espíritos encarnados no planeta e dos desencarnados. Em meio hostil, as nossas realizações seriam desenvolvidas de forma mais lenta e penosa, não fosse o concurso desses aparelhos."

O Setor de Comunicações realiza, ainda, serviços de atividades externas, tais como: visitas a familiares ou necessitados pelos quais os freqüentadores oram e incursões nas regiões inferiores do plano espiritual, no trabalho de intercâmbio e auxílio a Espírito sofredores e necessitados.

Com relação ao trabalho da espiritualidade de visitar as pessoas pelas quais os freqüentadores pedem, o autor destaca a importância de se ter um desejo sincero de ajudar e de ter fé. O auxílio sempre é dado, porém a intenção e a sinceridade auxiliam no processo de ajuda.

"Templo, hospital, escola, oficina, sublime educandário das almas, o Centro Espírita é a bondade e misericórdia de Deus, materializados na Terra, em benefício das criaturas."


6. OUTROS ESCLARECIMENTOS


1. "Quando duas ou mais pessoas reunirem-se em meu nome, aí eu estarei." Jesus.

A cooperação dos servidores espirituais faz-se constante em todas as agremiações voltadas ao Bem e à Verdade, espíritas ou não. Quanto às instituições espiritas, a atuação do mundo invisível se faz em benefício de todas elas . A Casa Espírita materializa-se na crosta sob a inspiração do mais alto. Cada instituição tem suas características próprias e à medida que se desenvolve, novos recursos são mobilizados da Vida Maior, sob a assistência do diretos espiritual. O amor de Jesus está sempre presente através de seus mensageiros.


2. Fora do halo luminoso que cerca e protege a Casa Espírita, turbas de Espíritos se agitam. Atraídos pela movimentação dos encarnados e pelas luzes espirituais e grande quantidade de Espíritos sofredores imploram auxílio. Espíritos desencarnados do Setor de vigilância são encarregados de selecionar aqueles que se candidatam à recuperação. Ele se utilizam de aparelhos ("capacitores vibracionais"), identificando os Espíritos sofredores cujas vibrações demonstrem sinceros arrependimento e verdadeiro desejo de renovação. Tais Espíritos entram no Centro, na enfermagem. Para aqueles desencarnados que ainda continuam sustendo pensamentos desequilibrantes, somente o tempo e a dor poderão facilitar-lhes a modificações necessárias. E tudo o que podemos fazer é por eles orar.


3. A música elevada repercute nas criaturas, pacificando-as e harmonizando-as, com sua linguagem universal. Está a música presente na vida do homem, desde os tempos mais remotos, sendo a mais sublime dentre todas as expressões de arte, sensibilizando profundamente a muitas criaturas. Embora não seja fator indispensável para a prática do Bem, a música pode ser considerada como elemento de auxílio na desintoxicação mental das criaturas e no equilíbrio das emoções.

"... comecei a perceber uma chuva de pequeninas pétalas suavemente coloridas que caiam sobre os presentes, modificando-lhes o estado íntimo para melhor."


4. O instante da prece inicial a Jesus é proferido nos dois planos, Espiritual e material, interligados no mesmo propósito. Os sinceros sentimentos do dirigente encarnado harmonizam-se com os do mentor espiritual da reunião. Tênue luz se irradia dos presentes, e vibrações salutares derramam-se por sobre o ambiente, propiciando paz reconforto. Mas, nem todos os presentes assimilam aquelas dádivas e seus benefícios, pois mantêm seus pensamentos nas preocupações diárias, por falta de disciplina mental, que se conquista pela auto-educação. Somente com o amadurecimento, as criaturas poderão avaliar os sublimes valores da oração. ( L E, q.659-660 )

"Onde estiver o vosso tesouro, ali estará o vosso coração." Jesus


5. Nas tarefas de divulgação doutrinária, o médium está sempre acompanhado por seu guia espiritual. Os recursos ou registros do médium somam-se à inspiração do benfeitor, cuja tarefa é auxiliar seu tutelado, sugerindo-lhe idéias, coordenando-lhe os pensamentos. Aqueles que veiculam a mensagem doutrinária, através da palavra, não necessitam, pois, apenas estudar, mas, vivenciar os postulados abraçados. Se suas palavras provierem do coração, das suas experiências e vivências, acrescidas dos seus recursos intelectivos, a mensagem tocará e sensibilizará a platéia.

"IDE E PREGAI..." Jesus.

Os comentários evangélico-doutrinários, se ouvidos atenciosamente, podem influenciar os ouvintes interessados, permitindo-lhes através de suas mensagens, realizar uma profunda avaliação da vida, através de valioso processo terapêutico de auto-avaliação, agindo em seu próprio auxílio.

"Ajuda-te que Deus te ajudará."

Muitos dos freqüentadores das reuniões espíritas não conseguem registrar os ensinamentos esclarecedores, porque permanecem presos às preocupações familiares e profissionais. O aproveitamento do que está sendo comentado dependerá do interesse de cada um, pois, a redenção espiritual é conquista de ordem individual. Outrossim, o sono, assumido por alguns durante as reuniões doutrinárias, revela a falta do cultivo da atenção e, por vezes, uma mente preguiçosa que somente o tempo e a dor poderão transformar. Alguns, no entanto, sofrem influenciação espiritual negativa à distância, por não conseguirem seus agressores penetrar nos Centros Espíritas. Contudo, a principal questão ainda é a indiscilplina mental do indivíduo, que se compraz nessa situação.

Esses obstáculos à renovação do Homem desaparecerão quando ele compreender a Paternidade Divina e conscientizar-se que a vida na Terra é passageira, que sua morada são as estrelas e que seu destino é a perfeição.


6. Os Espíritos desencarnados, trazidos para a reunião, são acomodados em auditório reservado, beneficiando-se, igualmente, das mensagens evangélicas, assistidos pelos companheiros do Setor de Vigilância e de Esclarecimento. Nesse auditório é instalada uma grande tela luminescente. À medida que o palestrante discorre suas mensagens, inúmeros quadros de graça e beleza formam-se na tela gigantesca, permitindo aos desencarnados visualizarem cenas comovedoras. Este fenômeno tem por base o poder criador do pensamento, aliado à vontade ativa. Enquanto fala, o expositor das verdades celestes emite, intensamente, os próprios pensamentos, imantados pela viva emoção que lhe nasce da intimidade do Espírito.

Os desencarnados, ouvindo a mensagem e acompanhamento os quadros vivos que se reproduzem na grande tela, recordam-se das próprias experiências. Revêem acontecimentos em que malograram, constatam equívocos, analisam as próprias quedas, e reincidência nos erros. Compreendendo, agora, a verdade libertadora que se negaram a enxergar, entregam-se a copiosos prantos, cegos que estavam no egoísmo destruidor. O arrependimento é sempre assinalado por lágrimas sinceras, que representam a limpeza interior. Com toda a certeza, elas prenunciam a renovação íntima.

"Vinde a mim todos vós que vos achais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e encontrareis o descanso para vossas almas, porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve." Jesus


7. Por vezes, as inúmeras atividades desenvolvidas pelos benfeitores passam desapercebidas entre os companheiros desencarnados. Vários serviços exteriores, para socorro aos necessitados ou visitas preces e vibrações solicitadas para os nomes de encarnados e desencarnados, anotados em cadernos ou papéis, previamente preparados.

Os servidores espirituais fazem uso de um pequeno aparelho com visor. Ao se passar o aparelho sobre os nomes anotados, alguns se destacam, como que emoldurados de luz, registrando o sensor as vibrações emantadas ( ao escreverem-se os nomes, ficam registrando o sensor as nossas disposições mentais e emocionais ). Portanto, ao nos lembrarmos dos nomes e os escrevermos, estamos fazendo por eles uma prece.

"Estivessem esses irmãos encarnados ou desencarnados, seriam visitados e assistidos em nome do Amor de Jesus e graças ao mecanismo das orações e dos apelos feitos pelos que se lembravam deles."


8. Durante os trabalhos do passe, os Espíritos do Setor de Enfermagem, movimentam-se silenciosos e com muito respeito. Por possuírem profundos conhecimento acerca de irradiação e exteriorização das próprias energias, influenciam diretamente os médiuns passistas, auxiliando-os nas tarefas de fluidoterapia. Os fluídos vitais dos médiuns passistas, associam-se aos fluídos espirituais, beneficiando as criaturas a nível material, emocional e espiritual. Ë muito importante a posição de quem recebe o menor assimilação das energias salutares. A vontade e a disciplina mental dos assistidos favorece ação dos benfeitores espirituais. O seu aproveitamento dependerá, naturalmente, do interesse de cada indivíduo.

"Ainda aqui, a vontade e a disciplina mental são a base do fenômeno que observamos."



"NA SEARA DO BEM"
Livro psicografado por Luis Antonio Ferraz, Pelo Espírito Antônio Carlos Tonini ( 1947-1987 ).



Texto retirado do site: http://www.cema.org.br/ResumodeLivros.htm

Joio - Emmanuel


"Deixai crescer ambos juntos até à ceifa e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar." - Jesus. (MATEUS, 13:30.)

Quando Jesus recomendou o crescimento simultâneo do joio e do trigo, não quis senão demonstrar a sublime tolerância celeste, no quadro das experiências da vida.

O Mestre nunca subtraiu as oportunidades de crescimento e santificação do homem e, nesse sentido, o próprio mal, oriundo das paixões menos dignas, é pacientemente examinado por seu infinito amor, sem ser destruído de pronto.

Importa considerar, portanto, que o joio não cresce por relaxamento do Lavrador Divino, mas sim porque o otimismo do Celeste Semeador nunca perde a esperança na vitória final do bem.

O campo do Cristo é região de atividade incessante e intensa. Tarefas espantosas mobilizam falanges heróicas; contudo, apesar da dedicação e da vigilância dos trabalhadores, o joio surge, ameaçando o serviço.

Jesus, porém, manda aplicar processos defensivos com base na iluminação e na misericórdia. O tempo e a bênção do Senhor agem devagarinho e os propósitos inferiores se transubstanciam.

O homem comum ainda não dispõe de visão adequada para identificar a obra renovadora. Muitas plantas espinhosas ou estéreis são modificadas em sua natureza essencial pelos filtros amorosos do Administrador da Seara, que usa afeições novas, situações diferentes, estímulos inesperados ou responsabilidades ternas que falem ao coração; entretanto, se chega a época da ceifa, depois do tempo de expectativa e observação, faz-se então necessária a eliminação do joio em molhos.

A colheita não é igual para todas as sementes da terra. Cada espécie tem o seu dia, a sua estação.

Eis por que, aparecendo o tempo justo, de cada homem e de cada coletividade exige-se a extinção do joio, quando os processos transformadores de Jesus foram recebidos em vão. Nesse instante, vemos a individualidade ou o povo a se agitarem através de aflições e hecatombes diversas, em gritos de alarme e socorro, como se estivessem nas sombras de naufrágio inexorável. No entanto, verifica-se apenas a destruição de nossas aquisições ruinosas ou inúteis. E, em vista do joio ser atado, aos molhos, uma dor nunca vem sozinha.

XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 107.

Se tens fé - Emmanuel

Em Doutrina Espírita, fé representa dever de raciocinar com responsabilidade de viver.
Desse modo, não te restrinjas à confiança inerte porque a existência em toda parte nos honra, a cada um, com a obrigação de servir.
Se tens fé, não permitirás que os eventos humanos te desmantelem a fortaleza do coração.
Transitarás no mundo, sabendo que o Divino Equilíbrio permanece vigilante e, mesmo que os homens transformem o lar terrestre em campo de lodo e sangue, não ignoras que a Infinita Bondade converterá um e outro em solo adubado para que a vida refloresça e prossiga em triunfo.
Se tens fé não registrarás os golpes da incompreensão alheia, porquanto identificarás a ignorância por misérias extrema do espírito e educarás generosamente a boca que injuria e a mão que apedreja.
Ainda que os mais amados te releguem à solidão, avançarás para a frente, entendendo e ajudando, na certeza de que o trabalho te envolverá o sentimento em nova luz de esperança e consolação.
Se tens fé, não te limitarás a dizê-la simplesmente qual se a oração sem as boas obras te outorgasse direitos e privilégios inadmissíveis na Justiça de Deus, mas, sim, caminharás realizando a vontade do Criador, que é sempre o bem para todas as criaturas.
Se tens fé, sustentarás, sobretudo, o esforço diário do próprio burilamento, através das pequeninas e difíceis vitórias sobre a natureza inferior, como sendo o mais alto serviço que podes prestar aos outros, de vez que, aperfeiçoando a nós mesmos, estaremos habilitando a consciência para refletir, com segurança, o amor e a sabedoria da Lei.

JÓ, A FÉ E A DEPRESSÃO: UMA ABORDAGEM ESPÍRITA

JÓ, A FÉ E A DEPRESSÃO: UMA ABORDAGEM ESPÍRITA


O Livro de Jó, em seus quarenta e dois capítulos, conta a trajetória de um homem que se fez protótipo da fé e das mais apreciáveis virtudes. Bem casado e pai de catorze filhos, Jó era correto, reverente a Deus e caridoso. Em tudo procurava não fazer o mal. Seus muitos empregados e numerosos rebanhos tornavam-no o mais rico homem daquela região, mas nem por isso deixava de ser consciencioso e previdente. Se os filhos banqueteavam, punha-se a orar demoradamente, por saber que o esbanjamento não é agradável ao Criador e por crer-se apenas um depositário da fortuna. Em termos kardequianos, Jó seria “um homem de bem”*.

Para Deus, aquele patriarca era raro exemplar da virtude planetária. Mas para o Espírito Satânico, que hoje sabemos ser a reunião dos maus espíritos, era alguém a ser derrotado com astúcia e perversidade. Então Satanás obteve do Criador a licença (livre-arbítrio?) para despojá-lo de todos os bens, empregados e até mesmo dos filhos, o que se concretizou em poucos dias.  Jó recebeu as trágicas notícias sem a mais mínima revolta, procurando, antes, fazer da perda um degrau para ascender em virtude. Rasgou a própria roupa, reconhecendo que viera ao mundo “sem nada”, pelou a cabeça, ajoelhou-se no chão e exaltou o nome de Deus.
Através de nova licença, o Espírito das Trevas conseguiu cobri-lo de feridas, sob o argumento de “provar” que sua lealdade era interesseira. Agora pobre e doente, o israelita sentou-se sobre um monte de cinzas e tomou de um caco para coçar suas feridas. Então sua mulher, a única sobrevivente da família, pediu-lhe que amaldiçoasse a Deus e “morresse” (evidente apelo ao suicídio). No entanto, tratava-se de alguém realmente sereno e inquebrantável.
̶ Não seja insensata, mulher?  Se recebemos de Deus tudo quanto é bom, por que não iríamos receber o que é ruim?
As palavras de Jó à esposa não foram exatamente estas, mas equivalentes. E assim ele não fraquejou, apesar de muito sofrer. Para quem crê, a Providência não tarda. Foi assim que três amigos – Elifaz, Bildade e Jofar – vieram visitá-lo, em franco sinal de lealdade e compreensão. Desfigurado que estava, os três quase não o reconheceram. Os sete primeiros dias da visita transcorrem em completo silêncio dos visitantes, pois viam que a dor de Jó era muito grande. Provavelmente, levaram esse tempo a escutá-lo, talvez orando em silencio e prestando-lhe algum auxílio: é assim que age a amizade sincera, prestativa e sábia.
Passado esse tempo, é Jó quem quebra o silêncio e começa uma série de lamentos, revelando que a depressão chegara e tomara conta da alma de alguém que personifica a própria fé, em todas as épocas.
-Maldito o dia em que nasci (...) Por que não morri ao nascer? Porque minha mãe me segurou no colo e me amamentou (...)Por que deixar que vivam os que têm o coração amargurado? (...) Em vez de comer eu choro e meus gemidos se derramam como água.
Toda lamentação sensibiliza, mas a de um homem íntegro comove mais:
 -Eu prefiro ser estrangulado. É melhor morrer do que viver neste meu corpo. Detesto a vida. Não quero mais viver.
Explica-nos a Doutrina Espírita que querer a morte e deixar-se morrer aos poucos, autoabandonando-se, é uma forma de suicídio indireto, da mesma forma que queixar-se da vida é uma forma indireta de blasfemar contra Deus, o criador e doador dessa mesma vida. Mas há momentos que até mesmo um homem como aquele chega à beira do abismo, talvez para deixar claro o quanto é frágil o ser humano e o quanto ele depende da “força” que lhe deu origem.
Quando a dor parece ter chegado ao ápice, Bildade, um dos três amigos, começa a exortá-lo de forma segura e tranquila. Sucedem novos lamentos de Jó, em seguida quem fala é Zofar, Jó responde, Elifaz dialoga... Cada qual argumenta como crê alcançar melhor o convencimento... E assim o diálogo amigo vai elucidando, a dor daquele patriarca vai amainando. Entre a luz e a sombra, ele torna a reconhecer que todas as vicissitudes são justas (em seu caso, provas) e suplica, com a humildade de uma criança:
-Ah! Se eu pudesse voltar meses atrás, para os dias em que Deus me protegia.
Mas fraqueja ainda:
-Ó Deus, eu clamo pedindo tua ajuda e não me respondes.
E lembra-se de virtudes suas, que realmente as tinha, mas que acaba deslustrando, pois as cita na sua defesa diante do Criador.
São longos e um tanto repetitivos os diálogos, como as falas de qualquer pessoa depressiva. Quando Jó alcança clareza de ideias e torna à compreensão que lhe era apanágio, habilita-se a escutar a “voz de Deus” (que numa compreensão mais ampla é a voz de um Espírito superior, em nome de Deus, ou ainda a “voz da consciência”, onde está escrita a lei de Deus**). Segundo o texto, o próprio Criador o exorta com firmeza, pois mesmo em se tratando de exemplar homem, ela ainda fraqueja. Mas o Pai termina por reconhecer sua fidelidade, suas virtudes.
O início, como o final desta história, são conhecidos de muita gente, tanto pelo fato de ter um final feliz, quanto por ser o que realmente interessa: “Jó era um homem sinceramente ligado a Deus. Rico e feliz, perdeu tudo, até mesmo a saúde. Mas tendo-se mantido leal à fé, o Criador fez com que tudo lhe fosse restituído. Casou novamente, recuperou bens, teve uma longa e feliz sobrevida.”
O que pouco se fala, quando vem à tona esta narrativa, é quanto ao aspecto da depressão. Há compreensíveis razões para isso. Quem é que não salta um capítulo chocante e doloroso de qualquer história? Penso que pequena minoria. “Pula essa parte!”, é o que todos preferem. Depois, temos o fato de tratar-se de um livro milenário, escrito quando a humanidade nem sonhava com o termo “depressão”.
Bem! Sou tentado a me estender sobre cada etapa do processo: A primeira onda de eventos traumáticos; novas rebordosas traumatizantes; o fraquejar da esposa e o conselho para negar a Deus e suicidar-se; a tentativa de manter-se firme, a todo custo; os primeiros sintomas da crise depressiva; o momento em que a fé fraqueja; a chegada dos amigos, verdadeiros enviados de Deus; o sábio silêncio destes; a fala descuidada, embora bem intencionada, daqueles que não sabem oferecer o silêncio, a escuta e o amparo, e saem a “pregar” conselhos ao paciente; o lamento longo e cansativo do paciente; o demorado percurso que o paciente vai fazendo, até refazer suas estruturas emocionais; as evoluções e involuções da doença; o risco de pôr tudo a perder, quando maldiz o ter nascido e quando deseja a morte, mesmo que não seja predisposto a autoaniquilar-se; a recuperação da capacidade de sonhar, mesmo que fugidia; os estágios entre luz e sombra, entre levantar-se e cair de novo; até o momento, sonhado por todos os participantes do processo (paciente, terapeuta, família, amigos...) em que o depressivo reconhece a sabedoria divina, dialoga com ela e refaz sua vida em outras bases... Sem esquecer a influência das trevas, que perpassa o processo (obsessão).
Bem! Deixarei esses temas a cargo do atento leitor, para que ele reflita sobre cada uma das etapas. Quem sabe a anamnese de Jó, reinterpretada por quem passa pelo guante da depressão, não venha a servir aos estudos de profissionais da área? Se não, contenta-me o saber que possa servir a pelo menos uma pessoa sofredora ou interessada no assunto. E caso não haja esta, edifica-me saber que me faço melhor, refletindo e comunicando esta abordagem sobre tão respeitado personagem bíblico e sobre tão torturante problema.

Referências bibliográficas:
(*) O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVI: 14 e 15;
(**) O Livro dos Espíritos, questão 621.

A grande lição de Jó


Sueli Albano

A história de Jó, um dos personagens do Antigo Testamento, tem conduzido muitas pessoas à reflexão sobre o sofrimento humano e suas causas, bem como sobre a capacidade de aceitação ou revolta diante dessas situações.
Muitos afirmam que Jó, no sofrimento, se rebelou contra Deus. Essa questão requer uma análise mais apurada, recorrendo-se ao próprio texto bíblico que apresenta a sua trajetória.
Narra a história que Jó era um homem íntegro e reto, que temia a Deus, se afastava do mal e era o mais rico de todos os homens do Oriente. Entretanto sua vida muda drasticamente, levando-o a perder todos os bens materiais, os filhos e a saúde.
Nesse tempo vigorava a doutrina da retribuição, a qual afirmava que, no tempo oportuno, os bons seriam premiados por Deus antes da morte e os maus castigados.
No primeiro momento da história, Jó estava confortável com essa doutrina. Porém a situação muda completamente quando ele é lançado para o outro lado, representado no texto com a simbologia das cinzas – o que não serve mais, que é jogado para fora da cidade por estar impuro. Ele experimenta o sofrimento na condição mais extrema. Todavia, inicialmente demonstra aceitação (Jó 1, 20-21; 2,10).
Três amigos vêm visitá-lo e ficam tão aterrorizados com a situação que passam dias ao lado dele sem dizerem uma palavra. Tempo em que provavelmente Jó buscava o entendimento da sua situação à luz da doutrina da retribuição, mas algumas ideias não concatenavam:
Por que ele estaria sendo castigado, encontrando-se à beira da morte, se era um homem bom? Por que alguns ímpios morriam sem castigo?

Os supostos sábios começam então a fazer conjecturas, apresentando uma visão de Deus soberano e temível, aconselhando Jó a parar de se rebelar contra Deus para ter a sua situação restabelecida sobre a Terra.
Jó os escutava e também refletia a partir dos ensinamentos religiosos que recebera e ficava ainda mais confuso. Contudo, ele mesmo era a prova viva da inconsistência daquelas ideias. Além do fato de se lembrar de tantos ímpios que partiram da Terra sem pagarem por suas faltas. Alguns diziam que a punição recairia sobre os filhos deles, mas Jó não concordava mais com isso – "que os ímpios recebam seus próprios castigos, e não os filhos deles".
As palavras dos amigos, aliadas aos próprios pensamentos de Jó, dilaceravam-no ainda mais, por isso um dos seus maiores desejos era que o "sentinela dos homens" lhe desse uma trégua: "deixa-me, pois os meus dias são um sopro!"
De fato, Jó não se rebelara contra Deus. Suas palavras denunciavam a incapacidade de consolo através daquela doutrina, que se propunha apenas a julgar os homens e a segregar aqueles que não se enquadram num padrão de felicidade. Inconformava-se com a ideia de um Deus à imagem e semelhança dos homens da época: poderoso, indiferente, vingativo e sem misericórdia, representado na postura dos amigos sem compaixão, diante de alguém em situação extrema de sofrimento.
No final do Livro de Jó, fica claro que apesar de suas queixas, ele seguira o caminho certo. Inclusive em condições de interceder em favor dos pseudoamigos, pois o sofrimento o fez avançar a ponto de agora entrever o Deus-amor que seria apresentado por Jesus.: "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora meus olhos te veem".
Mesmo sem compreender racionalmente as causas do seu sofrimento – explicação que viria a seu tempo, através da doutrina espírita – Jó sentiu-se profundamente amado pelo Criador e fortalecido em sua fé para enfrentar com perseverança as suas adversidades. Um exemplo para todos nós, principalmente nos momentos que nos exijam paciência e resignação.
E diferentemente de Jó, temos hoje a doutrina dos Espíritos a nos consolar e esclarecer racionalmente em relação aos sofrimentos humanos, permitindo-nos melhor compreensão dessa história, que ilustra a grande mensagem do Mestre: "Felizes os aflitos, porque serão consolados".



Frequentadora do Centro Espírita O Reencontro e do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Evangelho, em Cajazeiras, PB.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

• A Bíblia de Jerusalém. Paulus, 2002.
• O evangelho segundo o espiritismo. Allan Kardec. IDE, 2009.
• Retribuição e Prosperidade: gênese, percurso histórico e confronto com a teologia da graça. Marcelo Oliveira. 2006. Dissertação (Mestrado em Teologia) – Departamento de Teologia, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, Belo Horizonte.

O exemplo de Jó

ELIANA THOMÉ
ethome@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

O exemplo de Jó

Disse o Senhor a Satanás: Notaste porventura o meu servo Jó, que
ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto que
teme a Deus e se desvia do mal? (A Bíblia – Jó, capítulo 1:8.)

Conta a Bíblia que havia um homem na terra de Hus (cuja localização é incerta), chamado Jó, que era íntegro, reto, temente a Deus e se desviava do mal. Tinha sete filhos e três filhas. Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas, e muitos empregados. Finaliza o livro sagrado no capítulo 1, versículo 3, dizendo: (...) de modo que este homem era o maior de todos os do Oriente.

A figura de Jó tem merecido amplo estudo dos estudiosos da Bíblia. Principalmente pelo livro discutir o problema do sofrimento, uma vez que Jó não entende o próprio infortúnio quando perde bois, jumentas, ovelhas, empregados, filhos e filhas, e ganha úlceras malignas.

Vulto discutido, Jó divide ainda hoje as opiniões, pois uma parte acha tratar-se de um personagem fictício; e outra, de um ser bem real. Para nós, neste momento de reflexão, importa o exemplo de fé que ele deixa à posteridade quando passa por difíceis provas – sem questionar a procedência, a história é válida e tão profícua quanto um conto moral.

Quem neste mundo de Deus está isento da dor ou de uma provação? Ninguém. A vida exige de cada ser a sua cota de devotamento e empenho. Aos crentes, aos piedosos, aos maus e aos ingratos, não importa a categoria evolutiva, tem o homem um papel a desempenhar na trilha da própria evolução.

Aliás, a sua evolução depende somente dele e de ninguém mais, pois pessoa alguma evolui por osmose, tentando absorver a bondade que o companheiro do lado conquistou à custa de muito sacrifício e muita renúncia. "A cada um segundo a sua obra", ensina a Bíblia em Salmos, 62:12.

Por aí vemos a inutilidade da inveja no desejo violento de possuir o bem do outro ou a graça que o vizinho ou o amigo deixa transparecer. É realmente digno de pena, quem assim age, pois nada tira do aprendizado e nada resgata da oportunidade que Deus dá de poder refazer a obra do passado, segundo ensina a doutrina espírita.

Além de não saber amar é mal amado. Existe pior castigo do que isso?

Esquece que mais adiante a vida fará suas cobranças, quando não as realiza hoje mesmo nas frustrações do coração e no vazio do ser.

Como é difícil ao homem da Terra aprender algo tão simples, que apenas o bem e o amor comandam a verdadeira felicidade. E que jamais alguém é feliz ferindo, matando, cobiçando ou roubando. Muito menos provocando qualquer tipo de dor, seja ela física ou moral.

Daí o exemplo de Jó nos servir de lição. Quando informado sobre a tragédia que lhe tomba sobre a cabeça: a perda de bens e pessoas queridas relata a Bíblia no capítulo 1, versículo 20, que ele se levanta, rasga seu manto, raspa a cabeça e, lançando-se em terra, adora a Deus, dizendo: "Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor".

Ao que o texto conclui no versículo seguinte: "Em tudo isso Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma".

Portanto, se alguma tragédia nos atingir, ou cairmos em alguma prova difícil que demanda paciência e resignação, possamos ter a serenidade necessária para bem compreender aquele momento, retirando dele as lições necessárias e as forças novas que animarão nossa alma e curarão nossas feridas não importando as marcas registradas.

Tenhamos em mente o querido Mestre que jamais negou, jamais contou vantagem, jamais cobiçou. Na sua humilde e carinhosa figura, amou incondicionalmente, compreendendo e perdoando.

Sofreu sem merecer e em tempo nenhum acusou, pois sabia ser o pecador um condenado por si mesmo: "...com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós" (Lucas, 6:38). 

Paciência de Jó

Quando passamos por uma sequência de fatos turbulentos ou quando acontecem muitas coisas que testam nossa capacidade de resignação, dizemos que é preciso ter paciência de Jó para tudo suportar.

A expressão remonta a uma das mais antigas histórias narradas na Bíblia.

Jó era o homem mais rico da região em que vivia. Possuía milhares de ovelhas e camelos, centenas de juntas de bois e jumentos, uma imensa propriedade, sete filhos, três filhas e grande quantidade de criados.

Era considerado um homem bom, justo e temente a Deus.

A fé de Jó foi severamente testada quando o mal o atingiu de diferentes formas.

Num mesmo dia, sua propriedade foi invadida e saqueada, seus rebanhos foram roubados, seus empregados assassinados e seus filhos e filhas morreram quando a casa desabou sobre eles, em meio a um vento muito forte vindo do deserto.

Jó se entristeceu profundamente, prostrou-se no chão e orou. Não se revoltou. Reconheceu que tudo o que tinha havia sido dado por Deus e que o Senhor achara por bem tirar tudo dele. Dessa forma, afirmou sua fé e mostrou resignação à vontade do Pai.

Entretanto, as problemáticas continuaram. Ele teve o corpo coberto de chagas. Era a temida lepra. Sua esposa, atormentada pela dor, disse que ele deveria amaldiçoar Deus e morrer.

Contudo, Jó permaneceu firme em sua fé. A esposa, revoltada, o abandonou.

Sozinho, isolado, Jó foi visitado por três amigos que, em vez de consolá-lo, tentaram convencê-lo de que Deus o estava castigando por seus muitos pecados.

Jó discordou deles, reafirmou sua fé na bondade e justiça divinas e ainda orou ao Senhor para que não punisse seus amigos.

Por sua fé inabalável, por sua paciência em tudo suportar, após algum tempo, o Pai Celeste lhe permitiu a restituição da saúde, curando-o da lepra. Depois, Jó conseguiu reaver, e duplicados, todos os seus bens.

Tornou a se casar e teve dez filhos, concluindo sua vida, anos mais tarde, em felicidade.

*  *  *

Costumamos estar de bem com Deus quando a vida nos sorri e tudo corre de acordo com nossas expectativas. Basta um revés para nos desestruturarmos, erguermos os olhos e perguntarmos: Por quê comigo, Senhor?

A Doutrina Espírita nos traz luz sobre as causas dos males que nos afligem. Muitas vezes são reações a ações nossas, do passado, que se refletem nesta vida. Outras vezes são consequências de más escolhas que fizemos nesta vida mesmo, acreditando que passariam em branco.

O Espiritismo também nos elucida que escolhemos, antes de reencarnar, as provações pelas quais iremos passar. Porém, esquecemos disso e, diante das dificuldades, questionamos a bondade e a justiça do Pai.

As provas que enfrentamos são, na verdade, um bem, pois nos ajudam a cultivar a humildade, a paciência, a resignação, preparando-nos para a vida futura.

Se tivermos fé em Deus e confiança nas leis divinas, encararemos o sofrimento como um resgate, um pagamento de dívidas contraídas anteriormente.

Isso nos permitirá enfrentar os reveses com calma e confiança, superando as provas da vida.

Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus.



Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5, item 19, do livro
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec e perg. 354,
do livro O Consolador, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 23.6.2015.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O Chamado de Levi

https://bibliadocaminho.com/ocaminho/Tematica/EE/Estudos/EadeP1T2P1.5.3.htm

O Chamado

Clássica no movimento espírita é a parábola dos trabalhadores da última hora, tratada por Allan Kardec no capítulo XXI de O Evangelho Segundo o Espiritismo , que a aborda pelo viés da missão dos espíritas como trabalhadores da última hora.

Perdoe o leitor a ousadia deste articulista, mas vamos propor nas breves linhas desse artigo outra abordagem da parábola citada, extraindo dela novos conhecimentos, não competindo, mas agregando valor.

De forma resumida, a parábola apresenta o senhor que sai a cada hora do dia para recrutar trabalhadores para a sua vinha e, no momento da remuneração, recusa a boa matemática das horas trabalhadas e remunera a todos da mesma maneira; o que causa revolta nos trabalhadores das primeiras horas.

A parábola ilustra que a remuneração não é o mais importante e que para além do “toma-lá-da-cá”, do salvacionismo individualista, o importante é o trabalho na vinha, onde ao ouvir o “chamado”, atendendo-o, já recebemos o nosso galardão.               .

E esse chamado, em nossa opinião, se apresenta como o tema central da parábola, mostrando o convite permanente do Senhor da vida para o trabalho na vinha. De forma metafórica, cada hora representa uma fase de nossa vida na qual recebemos chamados ao trabalho, cuja necessidade se faz de forma constante. Na juventude, na infância, na madureza e na melhor idade, recebemos convites do senhor de forma incessante, ainda que nos façamos, por vezes, distraídos.

Pode-se dizer também que as horas da parábola representam as nossas diversas reencarnações, nas quais em cada uma delas Deus aposta em nós, nos oferecendo mais uma oportunidade de crescimento. A reencarnação é o chamado e precisamos identificar nesta oportunidade a soma de pequenas missões que nos cabem.

E a cada dia, recebemos chamados... Acolhemos alguns, recusamos outros, pela preguiça ou pela ignorância, perdendo oportunidades valiosas. Quando atendemos cada chamado, nos incorporamos à vinha, fonte de crescimento que nos remunera, independente da hora em que acudimos o chamado.

Isso significa o fim do mérito? Que basta apenas tomar uma decisão? Não, significa que essa decisão é fundamental, mas que o importante é a vinha! A parábola não se prende àqueles que desperdiçam o chamado e sim àqueles que foram recrutados, indicando o fluxo incessante de trabalho para os quais somos convidados, e que essa é a nossa fonte de evolução.

Necessitamos ficar atentos aos chamados, em cada hora da vida. A parábola demonstra que a remuneração é a mesma, indicando o valor de todas as oportunidades como ferramentas de evolução. Sempre há esperança, sempre é hora de mudar, agora é a hora. Essa é a mensagem!

Mais relevante que a última hora é a nossa entrada no trabalho, o nosso             alistamento nas fileiras do Cristo, nas múltiplas inflexões, grandes ou pequenas, que experimentamos nas diversas encarnações. A cada subida de degraus, ganhamos nossa recompensa, independentemente se ascendermos antes ou mais tarde, dependendo isso de nossa maturidade espiritual e de nosso empenho.

Cada um a seu tempo, de acordo com seu esforço, atendendo aos chamados que se apresentam. Ao receber o chamado, é preciso se posicionar, enfrentar a vinha e seus desafios.

Outro dia nascerá e o senhor necessitará de mais trabalhadores, a cada hora. A última hora de hoje pode ser a primeira de amanhã. Ser a última hora não é ser a última bolacha do pacote e sim se mostrar disposta a renovação, que necessita de esforços e persistência para se materializar em evolução.

Tornarmos a nós mesmos trabalhadores da vinha é o fim pretendido, independente da hora em que soar o nosso gongo interior. A parábola fala sobre a justiça de Deus e sobre o sol da evolução que brilha sobre todos. A lei é de amor e justiça, somos filhos de nosso Pai e o nosso destino é amar. A vinha nossa de cada dia nos espera e a última hora é agora.


Marcus Vinicius de Azevedo Braga

Como entender o chamado de Jesus


http://www.forumespirita.net/fe/outras-doutrinas-espiritualistas/como-entender-o-chamado-de-jesus/?PHPSESSID=fe9pl4g5tdfh6ifu1977lb8r95#.W7tJz2hKhPY

Uma tentativa de compreender as palavras de Jesus, como estão nas escrituras cristãs, e de outros sábios, de conformidade com o entendimento que podemos tirar dos evangelhos, dos místicos e da filosofia da ciência moderna. Não esquecer que Jesus falou do ponto de vista de um iluminado; por isso, muitas coisas parecem, àqueles que, como nós, ainda estão tateando na escuridão da ignorância, exageros ou absurdos.
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      ‘Aquele que olhar para trás não pode seguir-me... ’ (desprender-se do passado, que é o próprio ‘eu’, dos planos e desejos que deixou para o futuro (e, portanto, estão na memória, no ego), e partir para o novo trabalho, o trabalho para a busca do reino (‘Buscai, em primeiro lugar o reino de Deus...) sem ter saudades, sem ficar preso às coisas antigas; deixar as lembranças e viver com atenção no presente, no Agora; só assim se segue Jesus. O passado é memória, e esta é que forma o ego, com todos os seus conflitos, medos, dúvidas, ilusões, crenças, suposições; temos, pois, de fazer cessar o passado, a memória, o ego. São finitos, e o finito nunca poderá perceber o infinito).
     ‘Aquele que não abandonar pai e mãe para seguir-me, não é digno de mim... ’ (a busca é tão enfatizada por Jesus que ele diz que pai e mãe não são tão importantes quanto ela; ‘seguir-me’ não é imitá-lo ou acompanhá-lo, mas seguir seus ensinamentos sendo o mais importante o ‘buscai em primeiro lugar... ’; ‘não é digno de mim’ é  não poder chegar à consciência crística, à verdade, se não segui-lo).
     ‘Ou Deus ou Mamon. ’ (idem; felicidade ou sofrimento? Escuridão ou luz? Seguir os ensinamentos de Jesus ou continuar com os condicionamentos que nos dão interpretação enganosa, ilusória, das coisas do mundo, de seus atrativos, e o conseqüente sofrimento?).
     ‘O caminho estreito e pedregoso... ’ (abandonar o velho caminho que já estamos acostumados a percorrer pelo condicionamento em que o ego está mergulhado; nós o supomos mais seguro e suave e de porta mais larga e nele depositamos toda nossa confiança, por ser nosso velho conhecido; e partir para o desconhecido, que nos traz insegurança e medo, mas aí é onde está o novo, a novidade. Tudo aquilo que é conhecido (e o ‘eu’ é tão somente produto do conhecimento) tem de cessar para que encontremos o novo, o desconhecido, o sagrado).
     ‘Renúncia...’ (ao pensar, ao modo de conhecer dualista, ao passado e ao futuro, que não passam de lembranças e expectativas, imaginações e crendices, ilusões e opiniões, dissipadoras de nossas energias, que devem ser acumuladas para o despontar do ‘satori’, a percepção do sagrado).
     ‘O Reino de Deus deve ser tomado pela espada’ (quem não se violentar e destruir o hábito e o condicionamento de pensar, interpretar, conceituar, julgar tudo o que os sentidos apreendem ou que a memória e as associações trazem, não poderá ‘entrar’ no reino; essa entrada exige reserva de energia psíquica que é constantemente dissipada pelas operações mentais: pensamento, imaginação, lembrança, preocupação, expectativas, emoções, raciocínio etc., coisas que não permitem que o cérebro fique em silêncio, coisas que constituem o ego e, como essas coisas devem cessar, temos de fazer cessar o ego, fato que a meditação pode proporcionar).

Orai e vigiai... ’ (oração ou meditação, e atenção; esteja sempre atento a tudo que faz, não para não errar, mas apenas para estar atento; quando há atenção completa não nascem pensamentos, fato que faz o ego se afastar, não interferindo com suas associações, interpretações, emoções, expectativas e memórias; e quando o ego se afasta, não há identificação com o conteúdo mental, pois este também se afasta. O conteúdo mental é o próprio ego. Não havendo a identificação com o conteúdo mental, cessam os sofrimentos e conflitos. E, quando o ‘eu não é, Deus é’, reza o Velho Testamento; e, ainda, como disse o profeta: ‘Aquieta-te e sabe: Eu sou Deus!).
     ‘É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha, do que um rico entrar no reino dos céus...’ (não por ser rico, mas pelo inevitável apego aos bens, o que constitui medo, preocupação, distração, desatenção, obstáculos à meditação. Esta pode nos mostrar aquilo que realmente somos).
     ‘Bem-aventurados os humildes de espírito, os que choram, os mansos, os que têm sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores, os que são perseguidos por causa da justiça, os que são caluniados e perseguidos por causa do meu nome. Alegrai-vos e exultai porque é grande vossa recompensa nos céus... ’ (esses são os que chegaram ou estão chegando ‘lá’; são considerados pelos demais como tolos, ultrapassados, ridículos, fracos, loucos; mas, na realidade, são bem-aventurados; sua recompensa é grande: descobriram a jóia oculta e estão cheios de felicidade; nada lhes abala o ânimo...; eles são a luz do mundo e o sal da terra) (Mt 5). (Os humildes de espírito, pobres de espíritos: aqueles que aniquilaram o ego, o eu, alma, mente localizada, espírito...)...
     ‘Vós sois o sal da terra, a luz do mundo...’ (Vós, isto é, os que chegaram lá, pois dão sentido às coisas. Os sábios afirmam: a vida só tem significado quando se chega lá, isto é, quando se tem a percepção daquilo que realmente somos. Enquanto não se chega lá, enquanto não se tem o percebimento do que realmente somos, somos apenas subumanos e a vida não tem sentido; é fútil e cheia de sofrimentos). 
     ‘Brilhe vossa luz diante dos homens...’ (ao que  teve que seja apenas um vislumbre da ‘coisa’ não lhe é possível calar-se; vejam os exemplos de Jesus, Meister Echkart, Giordano Bruno e outros, que enfrentaram a morte, mas não deixaram de fazer sua luz brilhar, cheios de compaixão pelos que não conheciam,  ainda, a verdade; para eles, o sofrimento e a ignorância cessaram; para estes, continuam. E Jesus aconselhou a não se colocar a luz sob o alqueire, mas sobre o velador para que ilumine a todos...) (Mt 5:15).
       ‘Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue de modo algum andará em trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.’ (o caminho, para se seguir Jesus, é para dentro de nós, em direção ao ‘eu’; como disseram Jesus, Paulo e outros sábios, ‘o reino de Deus está dentro de nós’; para aquele que chegou onde está Deus não haverá mais trevas; somente luz e bem-aventurança; pela iluminação o mundo não mudará, mas nossa visão do mundo será totalmente mudada para melhor, para a realidade, e teremos, não mais a escuridão da ignorância, mas a ‘luz da vida’).
     ‘Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja..., mas aquele que os guardar e ensinar...’ (este é feliz, pois, se souber ensinar, é porque já chegou ‘lá’, como Jesus, Buda e outros; aquele que violar os mandamentos sofrerá, não pela violação, mas porque ainda não chegou lá (sofrimento natural para todos que não chegaram, pois a compreensão, fruto do percebimento do sagrado, ainda não lhes despontou).
     ‘Todo aquele que se irar contra seu irmão...’ (ainda não compreendeu; ira-se contra si mesmo, pois, conforme as tradições místicas e, hoje, a própria ciência mais avançada, ‘todos somos a mesma consciência’; por isso Jesus afirmou: ‘o que fizerdes a um destes pequeninos, a mim mesmo o fizestes’).
     ‘Reconcilia-te, primeiro, com teu irmão;... só então vem diante do altar fazer tua oferta... ’ (nada de ressentimentos; a escolha não é nossa, como ensinam os místicos e as escrituras e, hoje, a física quântica: ‘é o senhor que opera em nós o pensar e o fazer’; em conseqüência, nem o acerto, nem o erro são nossos; logo, nem o irmão, nem nós somos culpados; e, se há ressentimentos, não há clima para a compreensão da verdade.

       Como diz o Dim-dim, namasté.

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