Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O Chamado

Clássica no movimento espírita é a parábola dos trabalhadores da última hora, tratada por Allan Kardec no capítulo XXI de O Evangelho Segundo o Espiritismo , que a aborda pelo viés da missão dos espíritas como trabalhadores da última hora.

Perdoe o leitor a ousadia deste articulista, mas vamos propor nas breves linhas desse artigo outra abordagem da parábola citada, extraindo dela novos conhecimentos, não competindo, mas agregando valor.

De forma resumida, a parábola apresenta o senhor que sai a cada hora do dia para recrutar trabalhadores para a sua vinha e, no momento da remuneração, recusa a boa matemática das horas trabalhadas e remunera a todos da mesma maneira; o que causa revolta nos trabalhadores das primeiras horas.

A parábola ilustra que a remuneração não é o mais importante e que para além do “toma-lá-da-cá”, do salvacionismo individualista, o importante é o trabalho na vinha, onde ao ouvir o “chamado”, atendendo-o, já recebemos o nosso galardão.               .

E esse chamado, em nossa opinião, se apresenta como o tema central da parábola, mostrando o convite permanente do Senhor da vida para o trabalho na vinha. De forma metafórica, cada hora representa uma fase de nossa vida na qual recebemos chamados ao trabalho, cuja necessidade se faz de forma constante. Na juventude, na infância, na madureza e na melhor idade, recebemos convites do senhor de forma incessante, ainda que nos façamos, por vezes, distraídos.

Pode-se dizer também que as horas da parábola representam as nossas diversas reencarnações, nas quais em cada uma delas Deus aposta em nós, nos oferecendo mais uma oportunidade de crescimento. A reencarnação é o chamado e precisamos identificar nesta oportunidade a soma de pequenas missões que nos cabem.

E a cada dia, recebemos chamados... Acolhemos alguns, recusamos outros, pela preguiça ou pela ignorância, perdendo oportunidades valiosas. Quando atendemos cada chamado, nos incorporamos à vinha, fonte de crescimento que nos remunera, independente da hora em que acudimos o chamado.

Isso significa o fim do mérito? Que basta apenas tomar uma decisão? Não, significa que essa decisão é fundamental, mas que o importante é a vinha! A parábola não se prende àqueles que desperdiçam o chamado e sim àqueles que foram recrutados, indicando o fluxo incessante de trabalho para os quais somos convidados, e que essa é a nossa fonte de evolução.

Necessitamos ficar atentos aos chamados, em cada hora da vida. A parábola demonstra que a remuneração é a mesma, indicando o valor de todas as oportunidades como ferramentas de evolução. Sempre há esperança, sempre é hora de mudar, agora é a hora. Essa é a mensagem!

Mais relevante que a última hora é a nossa entrada no trabalho, o nosso             alistamento nas fileiras do Cristo, nas múltiplas inflexões, grandes ou pequenas, que experimentamos nas diversas encarnações. A cada subida de degraus, ganhamos nossa recompensa, independentemente se ascendermos antes ou mais tarde, dependendo isso de nossa maturidade espiritual e de nosso empenho.

Cada um a seu tempo, de acordo com seu esforço, atendendo aos chamados que se apresentam. Ao receber o chamado, é preciso se posicionar, enfrentar a vinha e seus desafios.

Outro dia nascerá e o senhor necessitará de mais trabalhadores, a cada hora. A última hora de hoje pode ser a primeira de amanhã. Ser a última hora não é ser a última bolacha do pacote e sim se mostrar disposta a renovação, que necessita de esforços e persistência para se materializar em evolução.

Tornarmos a nós mesmos trabalhadores da vinha é o fim pretendido, independente da hora em que soar o nosso gongo interior. A parábola fala sobre a justiça de Deus e sobre o sol da evolução que brilha sobre todos. A lei é de amor e justiça, somos filhos de nosso Pai e o nosso destino é amar. A vinha nossa de cada dia nos espera e a última hora é agora.


Marcus Vinicius de Azevedo Braga

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