1 – Periodicamente reavivam-se as discussões em torno do aspecto religioso da Doutrina Espírita. Afinal, o Espiritismo é ou não uma religião?
Se não fosse, milhões de pessoas estariam equivocadas ao responder quanto a sua religião, afirmando-se espíritas.
2 – Há algum benefício para a Doutrina nessa postura?
É evidente. O Espiritismo floresceu no Brasil como vigoroso movimento de despertamento de consciências para Deus, graças ao aspecto religioso. Em outros países, na própria França, onde a doutrina foi negligenciada como religião, o movimento espírita é inexpressivo, com dificuldade de mobilizar as pessoas em torno de seus ideais.
3 – Aqueles que negam o caráter religioso do Espiritismo não se fundamentam na própria codificação?
Allan Kardec destaca, em O Evangelho segundo o Espiritismo, o caráter religioso, tanto quanto O Livro dos Espíritos enfatiza a filosofia espírita e o Livro dos Médiuns defende a ciência espírita.
4 – Se isso é tão evidente, por que a negação do aspecto religioso?
Falta de serviço, talvez. Ao lançar a máxima Fora da caridade não há salvação, Kardec deixou evidente que o objetivo fundamental do Espiritismo é colocar em ação o amai-vos uns aos outros preconizado por Jesus, como a base de toda religiosidade e a grande alavanca de renovação para a Humanidade. Quando o espírita empenha-se nesse mister não lhe sobra tempo nem disposição para envolver-se com discussões estéreis que semeiam confusão.
5 – Levando a extremos esse enfoque, não estamos descuidando do estudo, enveredando por caminhos estranhos à Doutrina, como ocorre em muitos Centros Espíritas?
Extremismos não devem estar presentes na ação espírita. Imperioso ter sempre presente a recomendação do Espiríto Verdade, em O Evangelho segundo o Espiritismo: Espíritas, amai-vos, este o primeiro mandamento; instruí-vos, este o segundo. A observância do primeiro mandamento evita que percamos de vista o exercício da verdadeira religiosidade.
6 – Qual seria posição correta do Centro Espírita?
Enfatizar o estudo do tríplice aspecto da Doutrina: Ciência, Filosofia e Religião, priorizando o último, no sentido de estimular a edificação de uma sociedade mais justa a partir do exercício da caridade, que neutraliza o egoísmo, sentimento gerador de todos os males humanos.
7 – Se todos nos empenharmos em socorrer a pobreza, resolveremos os problemas humanos?
Pensar assim seria limitar o alcance da caridade. Não se trata de um comportamento em favor de determinado segmento da sociedade. Fundamentalmente, deve ser uma atitude perante a vida, um empenho de servir à família, ao pobre, à sociedade. Devemos ser caridosos até com o nosso corpo, atendendo-o em suas necessidades e evitando comprometê-lo com vícios e desregramentos.
8 – Religiosidade espírita seria, então, sinônimo de trabalho?
Sem dúvida. Desde os primeiro contato com a Doutrina, aprendemos todos que é preciso “arregaçar as mangas” e participar dos serviços da solidariedade humana, onde e com quem estivermos. Sem esse empenho, o conhecimento espírita será para nós mero acréscimo de responsabilidade, com lamentável perda de tempo.
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