Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Persona


O termo persona vem do latim (persona/ae = máscara, figura, pessoa, etc.). Foi utilizado para denominar as máscaras da tragédia grega, originária dos rituais dionisíacos, na sua chegada à Roma antiga.

As máscaras serviam nas representações artísticas e serviços religiosos mais primitivos, entre outras coisas, para acentuar os traços de caráter dos personagens/deuses.

Em psicologia, persona serve de significante para o conjunto de caracteres comportamentais que identificam um indivíduo (pessoa), na sua relação com o mundo.

Jung utilizou o termo persona como agrupamento de conteúdos conscientes e inconscientes, integrante da formação do eu pessoal.

Numa imagem mais alegórica, persona seria a máscara que o indivíduo usa nos seus contatos com os demais indivíduos ou grupos, servindo-lhe de defesa como uma peneira, um anteparo. Primeiramente, as informações esbarram nessa amurada de proteção ao castelo pessoal. Separados os morangos dos capins e cascalhos, a informação considerada "útil" pode passar(departamento de triagem). Do processamento dessas novas informações serão geradas repostas (ou não) que podem ir de uma simples aceitação ou negação a complexas fórmulas de retorno/comunicação com o mundo exterior, a partir de aprendizados acumulados através dos anos.

Vamos imaginar uma conversa entre dois indivíduos como uma cena teatral, cada um com uma máscara à mão e à frente do rosto. A personalidade de cada um deles estaria representada pela máscara, que não é o próprio indivíduo na sua essência mas o "representa" significante para o outro, como a forma que este indivíduo se "mostra" para o mundo. Esta máscara engloba ataques e defesas, saberes e lacunas, etc., disfarçadas em um estereotipo(a própria máscara) com a finalidade de evitar que o indivíduo seja invadido pelo mundo de fora.

Cada pessoa pode utilizar a máscara mais próxima ou mais distante do rosto. Quanto menor a necessidade de dissimulação ou disfarce, mais próxima o indivíduo colocaria a máscara do rosto. Em verdade, o que ocorre é que quanto mais seguro o indivíduo está das suas verdades maior legitimidade terão suas atitudes e menor a necessidade de desvios e representações. Da mesma forma, quanto mais distante a máscara estiver do sujeito, maior o nível de teatralização do eu se fará necessária e maior a distância entre o indivíduo e sua máscara social.

Uma personalidade forjada em modelo distante do eu pessoal(variando de pessoa para pessoa), será ora envolvente, ora evasiva, ora esplendorosa, ora sombria, ora espetacular, ora medíocre, face a distância entre a verdade interior e o teatro de convencimento em curso na troca de informações e, em conseqüência, a dificuldade de se manter presente a própria "pessoa", gerando este nível de desequilíbrio.

De maneira inversa, tanto maior será o risco de perigo de invasão do espaço pessoal quanto mais próxima a máscara estiver do rosto (eu verdadeiro), o que exige segurança e firmeza de caráter. Aliás é esta inclusive a razão maior da persona servir de escudo entre as estocadas que vêm da sociedade(do outro) e de amortecedor para que se possa dar respostas adequadas e eficientes, com razoável margem de tempo.

Face ao risco de ferimentos no ego, o indivíduo se protege e afasta seu eu da linha de tiro.

Portanto, quanto mais próxima a persona estiver do eu, mais verdadeiro e mais forte o indivíduo para enfrentar a realidade.

Bibliografia
A máscara, no culto, no teatro e na tradição - Jansen, José (MEC - Cadernos de Cultura)
O eu e o inconsciente - Jung, Carl Gustav (Editora Vozes)
Dicionário Latino Vernáculo - Leite, F.J.Marques e Jordão, A.J.Novaes

Enéas Martim Canhadas



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