Segundo o dicionário Michaelis, a dor, entre outras coisas, é uma “sensação desagradável ou penosa, causada por um estado anômalo do organismo ou parte dele”.
Muitos de nós sentimos dor em algum momento. Seja a dor física, como uma dor de cabeça, seja uma dor que não sabemos dizer onde dói, como a dor da saudade...
Mas... qual a real função da dor (no sentido mais amplo) em nossas vidas?
Conforme nos diz Patrícia, no livro “Vivendo no Mundo dos Espíritos”, “quando não aproveitamos as lições para progredir através do amor, a dor nos obriga a caminhar. Porque é através, quase sempre, da dor que procuramos Deus, uma religião, uma modificação interior, e fazemos assim a troca de vícios por virtudes. Aquele que se revolta não aproveita o sofrimento como preciosa lição. Sofre às vezes mais. A diferença entre o bem sofrer e o mal sofrer é a aceitação e a compreensão do sofrimento.”
Como podemos perceber, a dor possui uma função muito importante para nós. No livro “Nos Domínios da Mediunidade”, André Luiz afirma: “A dor em nossa vida íntima é assim como o arado na terra inculta. Rasgando e ferindo, oferece os melhores recursos à produção.”
No livro “Ação e Reação”, André Luiz mais uma vez esclarece-nos sobre o tema, apresentando-nos os seguintes conceitos:
Dor-evolução: Atua de fora para dentro, aprimorando o ser. Sem ela não existiria progresso. A dor é ingrediente mais importante na economia da vida em expansão. O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifício, a criança chorando, irresponsável ou semi-consciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor-evolução.
Dor-expiação: Vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça.
Dor-auxílio: Em muitas ocasiões, no decurso da luta humana, nossa alma adquire compromissos vultosos nesse ou naquele sentido. Habitualmente, logramos vantagens em determinados setores da experiência, perdendo em outros. Às vezes, interessamo-nos vivamente pela sublimação do próximo, olvidando a melhoria de nós mesmos. É assim que, pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais freqüentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitável na Vida Espiritual.
Alan Kardec, no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, também não poderia deixar de falar neste assunto:
"Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento por que se passa nesse mundo seja necessariamente o indício de uma determinada falta: trata-se freqüentemente de simples provas escolhidas pelo Espírito, para acabar a sua purificação e acelerar o seu adiantamento. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas a prova nem sempre é uma expiação. Mas provas e expiações são sempre sinais de uma inferioridade relativa, pois aquele que é perfeito não precisa ser provado. Um Espírito pode, portanto, ter conquistado um certo grau de elevação, mas querendo avançar mais*, solicita uma missão, uma tarefa, pela qual será tanto mais recompensado, se sair vitorioso, quanto mais penosa tiver sido a luta. Esses são, mais especialmente, os casos das pessoas de tendências naturalmente boas, de alma elevada, de sentimentos nobres inatos, que parecem nada trazer de mau de sua precedente existência, e que sofrem com resignação cristã as maiores dores, pedindo forças a Deus para suportá-las sem reclamar. Podem-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam reclamações e levam o homem à revolta contra Deus. O sofrimento que não provoca murmurações pode ser, sem dúvida, uma expiação, mas indica que foi antes escolhido voluntariamente do que imposto; é a prova de uma firma resolução, o que constitui sinal de progresso."
*ou ainda, no exercício de amor e abnegação em favor do próximo.
No livro “Paulo e Estêvão” (autoria do Espírito Emmanuel, psicografia deChico Xavier), encontramos a seguinte reflexão sobre o tema, atribuída ao Apóstolo Paulo de Tarso: “Não clamamos tanto contra a dor? E quem nos traz maiores benefícios? Às vezes, nossa redenção está naquilo mesmo que antes nos parecia verdadeira calamidade.”
Eurípedes Kühl, no seu livro “Animais, Nossos Irmãos”, também discorre sobre esse assunto, afirmando que “a dor é inapelável conseqüência do erro”. Fala-nos ainda:
“Quando o espírito se compenetra de que colherá segundo o que plantar, entende, na amplitude, o conselho do Cristo: A cada um será dado segundo suas obras.”
“Assim, não será prudente nem admissível conjeturarmos sobre eventual falha da Vida, que imponha sofrimento a inocentes. A Natureza, mais propriamente Deus, Nosso Pai, é a Suprema Inteligência e de forma alguma se enganaria ao atribuir expiações ou provações.”
“Repetimos: é urgente destruir o conceito que Deus castiga ou premia – as Leis Naturais, criadas antes dos seres, balizam toda a trajetória evolutiva. Por isso, aquele que sofre, sofre na medida exata da sua própria culpa e na dimensão adequada à sua capacidade de resgate.”
Podemos compreender então, que a dor, seja ela como for, é comum a todos nós, o que difere é a maneira pela qual a encaramos. E alguns sofrem mais do que os outros devido à sua própria imprevidência, seja na vida atual ou em existências anteriores. Só compreendemos melhor a causa das aflições quando passamos a aceitar a idéia de que somos espíritos imortais, que vivemos ao longo dos séculos buscando nossa própria evolução, e que muitos males que sofremos são originados pela nossa própria conduta, portanto, cabe a nós mesmos sofrer as conseqüências. Dessa maneira, devemos sempre interrogar a nossa própria consciência e analisar nossas atitudes, procurando sempre buscar a causa das nossas aflições e, conseqüentemente, a solução dos problemas, dentro de nós mesmos...
Amigos, espero ter contribuído de alguma maneira em relação ao esclarecimento desse assunto. Não espero com isso esgotar esse tema, que afinal, é tão rico e tão bem estudado pelo Doutrina Espírita. Recomendo a todos a leitura dos livros que relaciono a seguir e que foram utilizados como fonte de pesquisa para esse texto. Indico especialmente o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, um livro abençoado que esclarece e consola com seus belos ensinamentos. Abraços a todos!
“Só a dor nos ensina a ser humanos”.
Emmanuel – Paulo e Estêvão – Chico Xavier
Obras citadas neste texto:
“Vivendo no Mundo dos Espíritos” – Patrícia (autora espiritual) / Psicografado por Vera Lúcia M. de Carvalho – Editora Petit
“Nos Domínios da Mediunidade” – André Luiz (autor espiritual) / Psicografado por Francisco Cândido Xavier – Editora FEB
“Ação e Reação” – André Luiz (autor espiritual) / Psicografado por Francisco Cândido Xavier – Editora FEB
“Evangelho Segundo o Espiritismo” (Tradução de José Herculano Pires) – Allan Kardec – Editora EME
“Animais, Nossos Irmãos” – Eurípedes Kühl – Editora Petit
“Paulo e Estêvão” – Emmanuel (autor espiritual) / Psicografado por Francisco Cândido Xavier – Editora FEB
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