Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Terapeuta Maior - Adenáuer



“Se me amais guardareis os meus
mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos
dará outro Consolador, a fim de que esteja
para sempre convosco, o Espírito da verdade,
que o mundo não pode receber, porque não o
vê nem o conhece; vós o conheceis, porque
ele habita convosco e estará em vós.” João,
14:15 a 17.
As principais nações do mundo ocidental se formaram
sob a orientação religiosa do Cristianismo Católico. Elas
alcançaram seu apogeu científico-tecnológico, bem como a
boa qualidade de vida de seus povos, após o advento do
Cristo. Dois milênios de Cristianismo foram significativos,
pois trouxeram importantes avanços no campo das relações
sociais, da qualidade de vida e da aproximação entre os
povos, em que pese o atraso moral que a humanidade ainda
se encontra. A mensagem do Cristo trouxe consolação,
esperança e fé para boa parte da humanidade. Ela continua
sendo um grande consolador para o ser humano deste século
e, com certeza, ainda o será por muito tempo.
O alívio que o Cristo prometeu nos leva a entender,
dentre outros significados, que sua mensagem promove o
bem estar íntimo, fazendo-nos vibrar numa faixa psíquica
superior. Entrar em contato emocional, vivendo sua
mensagem, é garantia de disposição íntima para
enfrentarmos as dificuldades da vida.
No trecho citado do Evangelho de João, o Cristo
também poderia estar se referindo à necessidade deutilizarmos nossa energia psíquica interior a serviço do Bem
e do Amor através da caridade, pois, dessa forma, jamais
estaremos desamparados.
Ao dizer “Vinde a mim todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei.”
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, ele se colocou como
um terapeuta que acolhe o ser humano em suas dores e
conflitos íntimos. Convidava os sobrecarregados e
desgostosos da vida a fim de se abastecerem na sua energia
amorosa. Ninguém que deseje ajudar alguém deve deixar de
tomar a postura de acolhimento, isto é, de compreensão das
dificuldades do outro e não de condenação. O Cristo é o
terapeuta da humanidade, pois toda a sua mensagem nos dá
prova disso.
Quando nos ocorre o desejo de julgar ou recriminar
alguém, devemos procurar conduzir nossa crítica de forma a
amparar e educar a pessoa. A boa psicologia nos convida a
ensinar amorosamente o outro. Quem acolhe o outro se
solidariza com ele e se predispõe à empatia. Colocar-se no
lugar do outro é a regra áurea para a convivência
harmoniosa.
O Cristo age como o verdadeiro terapeuta que acolhe
e compreende as dificuldades de seus pacientes. Ele não
falava para terapeutas ou para uma classe especial da
sociedade, mas dirigia-se à consciência do ser humano.
Ao afirmar “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei
de mim, porque sou manso e humilde de coração; e
achareis descanso para vossas almas. Porque o meu jugo é
suave e o meu fardo é leve.”
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, coloca a sua vida, isto é, sua
personalidade, como sendo o principal método de trabalho.
Nesse particular as modernas escolas psicológicas afirmam
que a verdadeira técnica psicoterapêutica é a personalidade
do terapeuta. Podemos estender essa colocação, dizendo que
                                               
13
 Mateus, 11:28.
14
 Mateus, 11:29 e 30.a verdadeira técnica de auxílio ou de convencimento é a
vida do próprio divulgador da mensagem. Caso a mensagem
não transforme quem a divulgue, certamente ela não está
sendo bem assimilada.
A mensagem quer nos fazer entender que, se o ser
humano seguir os preceitos cristãos, alcançará a
tranqüilidade necessária para enfrentar suas dificuldades.
Pode-se entender também que ela se dirige ao mundo íntimo
do ser humano, buscando inserir a idéia de que, quando a
tivermos apreendido e vivenciado, conseguiremos alcançar
o nosso próximo de forma a verdadeiramente educá-lo.
É um convite para que o ser humano assuma a própria
vida e não tema o processo de autoconhecimento. Muitos
temem o inconsciente, preferindo não conhecê-lo ou negamlhe a existência. Seus aspectos aparentemente densos e
obscuros amedrontam os menos preparados. Tais aspectos,
se bem compreendidos, tornam-se facilitadores do
desenvolvimento espiritual, suavizando a existência.
Ela, a mensagem, oferece repouso, alívio, redução de
tensões e dos medos. Possibilita ao ser humano viver
melhor, liberto das culpas e confiante no futuro. O claro
fundo psicológico da afirmação consolida nossa percepção
de que a mensagem do Cristo se dirigia ao mundo interior
do ser humano, a fim de que ele melhor pudesse atuar no
mundo exterior. Ela tanto pode ser aplicada objetivamente
quanto subjetivamente, isto é, numa ação sobre um objeto
externo ou numa internalização de novos valores.
Ao dizer que nos mandaria outro consolador além
dele, quis afirmar, face à nossa tendência a encarar a vida de
forma pesada e sofrida, que sua mensagem necessariamente
era de consolo e que ela estaria sempre conosco. Suas
palavras nos levam a entender que o consolador, que ficará
eternamente conosco, deve ser algo que permanecerá
internalizado, a ponto de não mais afastar-se de nós. Isso nos sugere, além da clássica interpretação de que o
Espiritismo é esse consolador, que se trata de algo que
venha a ser integrado à personalidade, adquirido na vivência
da mensagem. O Espírito da verdade (ou de verdade) pode
ser também considerado o conhecimento das leis de Deus,
isto é, a verdade em nós.
Novamente chamo a atenção para que não se pense
que pretendo sobrepor a interpretação de que o consolador
prometido é a mensagem espírita. Penso que ambas não se
excluem. O Espiritismo é a lente com a qual se pode melhor
perceber a mensagem cristã, bem como melhor entender o
mundo.
Ter conosco o Espírito de Verdade é conseguir melhor
perceber-se, pois a mensagem levanta os véus da
ignorância, permitindo uma visão clara sobre nós mesmos.
A mensagem espírita devidamente assimilada, pela razão e
pelo sentimento, implica na capacidade de verdadeiramente
nos conhecermos.
Ao Espírito, princípio da essência divina, chega as leis
de Deus. Suas instâncias psíquicas, ego e Self, são
instrumentos de elaboração das aquisições de sabedoria,
emanadas de Deus. Reter a mensagem do Cristo, no formato
espírita, capacita-nos a conhecer melhor a Verdade e a
estabelecer melhor juízo de valor sobre as coisas.
Devemos considerar, também, que o Cristo
consolador está dentro de nós, constituindo-se numa
consciência plena da nossa capacidade de renovação e
modificação das circunstâncias que nos afligem. A
descoberta dessa força renovadora é um processo que pode
durar anos, décadas ou até encarnações.
Ser uma mensagem consoladora quer também
significar que ela tem a capacidade de harmonizar nosso
mundo íntimo. Traz em si a possibilidade de alavancarmos
novas atitudes em nosso favor e da Vida. Ser espírita nosconvida a mais responsabilidades do que ter uma religião,
tendo em vista as concepções precisas sobre a vida
espiritual no Espiritismo, o que nos convoca ao trabalho
tanto internamente quanto em favor do esclarecimento da
natureza espiritual do ser humano.
O Espiritismo, se verdadeiramente conhecido e, mais
importante, sentido e internalizado em sua essência, é uma
das expressões do consolador prometido, sem qualquer
exclusão a outras doutrinas, religiosas ou não, que
promovem a mesma função de preparar o ser humano para
as necessárias provas da vida.
A mensagem do Cristo estará sempre conosco, pois
por detrás do  ego, há o  Self, centro diretor e organizador da
Vida, que estará absorvendo-a. Enquanto o  ego é o centro
da vida consciente, o  Self é o centro de gravidade da vida
psíquica; ambos, ego e Self, são instâncias psíquicas do
Espírito imortal, o qual, verdadeiramente, é o sujeito e o
objeto da Vida.

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