Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Amar, não sofrer - Hammed


21 do livro Renovando atitudes

Capítulo 5, item 26
“Perguntais se é permitido abrandar as vossas próprias provas: essa
questão leva a esta: é pernitido àquele que se afoga procurar se salvar?
Àquele que tem um espinho cravado, de o retirar?...”
“... contentai-vos com as provas que Deus nos envia, e não aumenteis
sua carga, às vezes tão pesada...”
(Capítulo 5, item 26.)
Sofremos porque ainda não aprendemos a amar; afinal, a lei divina nos
incentiva ao amor, como sendo a única forma capaz de promover o nosso
crescimento espiritual.
Os métodos reais da evolução só acontecem em nós quando entramos no
fluxo educativo do amor. Sofrer por sofrer não tem significado algum, pois a dor
tem como função resgatar as almas para as faixas nobres da vida, por onde
transitam os que amam em plenitude.
Temos acumulado inúmeras experiências nas névoas dos séculos, em
estâncias onde nossas almas estagiaram, e aprendido invariavelmente que só
repararíamos nossos desacertos e equívocos perante a vida através do
binômio “dor-castigo”.
Nas tradições da mitologia pagã, aprendemos com os deuses toda uma
postura marcada pela dor. A princípio, os duelos de Osíris, Sete Hórus, do
Antigo Egito. Mais além, assimilamos “formas-pensamentos” das desavenças e
vinganças entre Netuno e Júpiter no Olimpo, a morada dos deuses da Grécia.
Por outro lado, não foi somente entre as religiões idólatras que
incorporamos essas formas de convicção, mas também nos conceitos do Velho
Testamento, onde exercitamos toda uma forma de pensar, na exaltação da dor
como um dos processos divinos para punir todos aqueles que se encontravam
em falta.
A palavra “talião” significa “tal”, do latim “talis”, definida como a “Lei de
Talião”, ou seja, “Olho por olho, dente por dente”. (1) Significa que as criaturas
deveriam ter como castigo a dor, “tal qual” fizeram os outros sentir.
Constatamos, assim, a idéia de que se tinha do poder divino era caracterizada
por atributos profundamente punitivos.
Já afirmava: “e Deus na sua ira lhes repartirá as dores”; (2) o Gênesis,
em se referindo aos castigos da mulher: “multiplicarei os teus trabalhos e em
meio da dor darás à luz a filhos”. (3) São algumas dentre muitas assertivas que
nos levaram a formar crenças profundas de que somente o sofrimento era
capaz de sublimar as almas, ou reparar negligências, abusos e crimes.
No “Sermão do Monte”, Jesus Cristo se refere à Lei de Talião
revogando-a completamente: “Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por
dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se alguém te bater
na face direita, apresenta-lhe também a outra”. (4)
Longa foi a estiagem dos métodos conetivos pela dor, contudo o Mestre
instalou na Terra o processo da educação pelo amor.
Apesar de Jesus ter invalidado a lei do “tal crime, tal castigo”, ela ainda
prevalece para todos os seres humanos que não encontraram no amor uma
forma de “viver” e pensar.
54Realmente, durante muito tempo, a dor terá função dentro dos
imperativos da vida, estimulando as pessoas às mudanças e às renovações,
por não aceitarem que o amor muda e renova e, portanto, utiliza-se dos “cilícios
mentais”, como meios de suplícios e tormentos, para se autopunirem, pondo
assim em prática toda sua ideologia de “exaltação à falta-punição”.
Crenças não são simplesmente credos, máximas ou estímulos
religiosos, mas também princípios orientadores de fé e de idéias, que nos
proporcionam direção na vida. São verdadeiras forças que poderão limitar ou
ampliar a criação do bem em nossa existência.
Mudar para o amor como método de crescimento, reformulando idéias e
reestruturando os valores antigos é sairmos da posição de vítimas, mártires ou
pobres coitados, facilitando a sintonização com as correntes sutis e amoráveis
dos espíritos nobres que subiram na escala do Universo, amando.
Podemos, sim, “sutilizar” nossas energias cármicas, amando, ou
“desgastá-las” penosamente, se continuarmos a reafirmar nossas crenças
punitivas do passado.
Reforçar o “espinho cravado” ou não retirá-lo é opção nossa.
Lembremo-nos, porém, de que idéias arraigadas e adotadas seriamente por
nós tendem a motivar-lhes a própria concretização.
(1) Êxodo 21:24.
(2) Jó 21:17.
(3) Gênesis 3:16.
(4) Mateus 5:38 e 39

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