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Estudando o Espiritismo
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quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Motivos de Resignação
Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Aspectos Gerais. 4. Dor e Sofrimento: 4.1. Dor-expiação; 4.2. Dor-evolução; 4.3. Dor-auxílio. 5. Sofrer de Modo Feliz: 5.1. Dívidas do Passado; 5.2. Devemos 100, Pagamos Apenas 1; 5.3. Vontade de Deus em Primeiro Lugar. 6. Consolação: 6.1. Vida Futura; 6.2. O Problema da Salvação da Alma; 6.3. Visão Espiritual do Problema. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
Não há quem não se pergunte: por que tantas dificuldades aos meus pés? Por que as coisas ao meu redor não acontecem como eu as desejo? Por que o meu vizinho está sempre sorridente e eu triste? Analisemos, pois, as questões da dor e as razões pelas quais o Espiritismo nos exorta à resignação.
2. CONCEITO
Motivo: causa, razão, fim, intuito, escopo.
Resignação: tornar-se animoso no sofrimento. Paciência diante da ingratidão, da adversidade, do infortúnio.
3. ASPECTOS GERAIS
Este tema – Motivos de Resignação – encontra-se no capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo (Bem-Aventurados os Aflitos).
Para uma melhor compreensão do tema, convém nos lembramos de que as bem-aventuranças encerram os ensinamentos de Jesus ministrados na fralda de um monte, em Cafarnaum, conhecido também como o Sermão da Montanha, e que tinha o objetivo de fazer uma síntese das leis Morais que regem a humanidade.
As bem-aventuranças é um termo técnico para indicar uma forma literária de ministrar conhecimentos. Pode-se dizer que é uma declaração de bênção em virtude duma boa sorte. Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas de uma má sorte. Jesus dizia: bem-aventurados os que sofrem... os que sentem frio... os que são perseguidos. (Mackenzie, 1984)
Ghandi, o grande libertador da Índia pela política da não-violência, dissera certa vez que se da Doutrina de Cristo os homens tirassem tudo, mas deixassem as bem-aventuranças, de nada sofreria, pois ali contém o alimento necessário para a reformulação do pensamento do ser humano.
Ao refletir sobre este tópico, tenhamos claro em nossa mente o seu fim último, que a consolação frente às nossas dificuldades.
4. DOR E SOFRIMENTO
Embora possamos sentir dor e não sofrer, os termos são, na maioria das vezes, interpretados como sinônimos.
Mas quais são os tipos de dor que, de acordo com a Doutrina Espírita, o ser humano está sujeito?
4.1. DOR-EXPIAÇÃO
Essa dor refere-se à conseqüência de uma ação passada. Dada a nossa ignorância, nos desregramos em relação às Leis de Deus e criamos o que os orientais falam de um carma, que deve ser purgado para a nossa felicidade e a nossa harmonia interior.
4.2. DOR-EVOLUÇÃO
Enquanto na dor-expiação somos obrigados a sofrer porque merecemos, ou seja, porque cometemos deslize com relação à Lei Natural, nesta ocorre o contrário: sofremos porque temos o anelo da perfeição, a purificação de nossa alma. . O Espírito que atingiu esta fase está num nível de evolução bem superior ao que sofre por um "castigo". Por isso, não é muito correto dizer que a Reencarnação é uma punição. Ela é também motivo de evolução.
4.3. DOR-AUXÍLIO
Esta dor já é mais voltada para o sentido corretivo, pois os nossos desequilíbrios são tantos que muitas vezes precisamos ficar num leito de dor por anos e anos meditando em nossa situação. Quem visitar pessoas internadas em Casas de Recuperação pode notar as feições de cada um nesta situação. (Xavier, 1976, p. 261 e 262)
5. SOFRER DE MODO FELIZ
A lição nos convida a ser feliz no sofrimento. Por que?
5.1. DÍVIDAS DO PASSADO
Voltando para dentro de nós mesmos, e mesmo que saibamos da advertência do esquecimento do passado, temos sempre a intuição do que fomos e porque estamos nesta situação. Quer dizer, não há necessidade de fazermos uma regressão de memória ou terapia de vidas passadas. A nossa própria percepção nos conduz ao que fomos, dando-nos as razões de nosso sofrimento no presente.
5.2. DEVEMOS 100, PAGAMOS APENAS 1
Os Espíritos nos orientam que a resignação ao sofrimento equivale ao seguinte raciocínio: suponha que tenhamos uma dívida de R$ 100,00, que deve ser quitada num prazo X. Na contabilidade divina surge a seguinte operação: se me pagares apenas R$ 1,00, eu quitarei a dívida toda. Quem, que se julga honesto e responsável, não se apressaria em desembolsar os R$ 1,00 e ficar livre de toda a dívida? Assim é que procede a divindade para cada um de nós. O nosso pagamento é sempre menor do que aquilo que deveríamos realmente pagar.
5.3. VONTADE DE DEUS EM PRIMEIRO LUGAR
Nas grandes crises pelas quais passamos, quando colocamos a vontade de Deus acima da nossa, o sofrimento torna-se mais leve, mais suave, enaltecendo os ensinamentos de Jesus que diz que o seu jugo é suave e o seu fardo leve. Ele, o nosso irmão maior, nos dá força para continuarmos no caminho da fé, apesar das asperezas do caminho. É por isso que os Espíritos superiores estão sempre nos alertando: "Em tudo o que fizer, pensa em Deus primeiro".
6. CONSOLAÇÃO
6.1. VIDA FUTURA
Por que nos preocuparmos com a vida futura? Por que o evangelho nos diz que a felicidade não é deste mundo? Por que deixar para o dia seguinte o que podemos gozar hoje? As respostas a estas perguntas dependerão sensivelmente da visão de mundo de cada um de nós. Se formos muito apegados à matéria, poderemos querer gozar já no dia de hoje não importando se, com isso, precisarmos passar por cima do nosso próximo. Ao contrário, porém, se a nossa visão de mundo for espiritualista, olharemos as coisas de um outro ângulo. Ou seja, daremos mais atenção ao Espírito do que ao corpo.
6.2. O PROBLEMA DA SALVAÇÃO DA ALMA
A salvação da alma, após o desencarne, é um problema grave para a maioria das religiões: para algumas são necessárias as obras; para outras, basta a fé. A Doutrina Espírita ensina-nos que a morte não altera o nosso estado moral; mudamos apenas de plano. Deixamos de pertencer ao mundo dos encarnados para fazer parte do mundo dos desencarnados, o verdadeiro mundo espiritual. Assim, não é porque temos fé ou porque acreditamos em Deus que seremos salvos. Para sermos salvos precisamos de nos libertar do erro, do "pecado". Somente assim poderemos nos libertar do mundo das provas.
6.3. VISÃO ESPIRITUAL DO PROBLEMA
Quando olhamos os nossos problemas terráqueos de um ponto de vista espiritual, eles começam a perder a sua intensidade, o seu valor relativo. Esta observação equivale a subirmos a uma montanha e de lá olharmos para baixo: tudo parece em tamanho diminuto. Procede assim aquele que dá mais valor ao Espírito do que à carne. Esse indivíduo pode passar por todos o tipos de dificuldade, que continua calmo, paciente, inclusive, agradecendo a Deus pelo sofrimento, pois o vê como uma forma de ativar a sua evolução espiritual.
7. CONCLUSÃO
Lembremo-nos da oração da serenidade em que pedimos a Deus serenidade para aceitarmos as coisas que não podemos modificar, coragem para modificarmos aquelas que podemos e sabedoria para distinguir uma da outra.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
MACKENZIE, J. L. (S. J.). Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulinas, 1984.
XAVIER, F. C. Ação e Reação, pelo Espírito André Luiz. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.
São Paulo, abril de 2005
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