O Termo Psique tem origem no latim e significa originalmente espirito, alma e principio de vida. Nas últimas décadas, passou a significar mente e em alguns segmentos do conhecimento como a psicologia, a ciência da mente.
Jung usava a palavra Psique para denominar a personalidade como um todo, pois para ele uma pessoa é, antes de qualquer coisa, um "todo" e não uma união de pedaços. Dessa forma, ela abrange todo o pensamento, sentimento e comportamento, conscientes e inconscientes do ser humano.
Contrariando diversas teorias da Psicologia que consideram que a personalidade humana é formada aos poucos, desde a época do nascimento, Jung propunha uma ideia inovadora, pois acreditava que o homem já era um "todo" ao nascer.
A personalidade como expressão da totalidade do homem representa para Jung o marco final do desenvolvimento humano, de acordo com Calvin S. Hall e VernonJ. Nordby, em Introdução à Psicologia Junguiana (Cultrix). Este processo se dá durante a maturidade e é realizado por meio da individuação.
Entretanto, o "eu" também se forma e se fortalece durante a infância e a adolescência, períodos importantes para o seu desenvolvimento.
Da mesma forma que Freud, Jung acreditava que a experiência pessoal era fundamental na formação de um indivíduo. Entretanto, enquanto Freud a considerava importante para o desenvolvimento de uma personalidade não estruturada, Jung considerava que a principal função da experiência pessoal era desenvolver o que "já estava lá".
Para Jung, cabia a cada indivíduo desenvolver esta essência (o todo) completamente. Durante este processo, era importante ter cuidado para não se quebrar o "todo" em sistemas separados e geradores de conflitos. Neste caso, a personalidade se deformaria ou se quebraria.
Assim, Jung, em seu trabalho, auxiliava seus pacientes a recuperar a unidade por meio do fortalecimento da psique, tornando-a capaz de resistir a qualquer possível dano ou quebra. Jung dividia a Psique em sistemas que interagem entre si: "a consciência, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo".
CONSCIENCIA E EGO
"A consciência é a única parte da mente conhecida diretamente pelo indivíduo", descrevem Hall e Nordby. Desde o nascimento, a percepção consciente cresce por meio de quatro funções mentais denominadas por Jung de: pensamento,
sentimento, sensação e intuição. Estas funções São usadas pela criança na mesma proporção, entretanto o predomínio de uma delas é o que diferencia o caráter básico de uma criança do de outra.
A mente consciente é orientada por duas atitudes: introversão e extroversão. A individuação, segundo Jung, seria o processo por meio do qual a consciência de uma pessoa se individualiza ou se diferencia da de outras. O seu objetivo é conhecer completamente a si mesmo. O psicanalista descreveu o conceito: "Utilizo o termo individuação para indicar o processo por meio do qual uma pessoa se torna um 'indivíduo' psicológico, isto é, uma unidade, ou um 'todo' separado e indivisível".
Para jung, o Ego é a organização da mente consciente. Segundo Hall e Nordby, embora o Ego ocupe uma pequena parte da psique, ele desempenha a importante função de "vigilante da consciência'". Neste contexto, ele pode ser considerado
similar a uma destilaria, "muito material psíquico é levado a ele, porém muito pouco sai dele, ou nele atinge o nível da plena consciência".
É o Ego que fornece à personalidade identidade e continuidade. Nesse sentido, ele está intimamente ligado à individuação com a finalidade de desenvolver uma personalidade persistente e distinta. Assim "a pessoa só poderá individualizar-se na medida em que o ego permitir que as experiências recebidas fiquem conscientes".
O INCONSCIENTE PESSOAL E OS COMPLEXOS
As experiências que não são aceitas pelo Ego ficam armazenadas no que Jung denominou de Inconsciente Pessoal, que funciona como um banco ou arquivo de memória. Nele estão guardados os conteúdos que não se harmonizam com a função consciente e a individuação, experiências que passaram despercebidas ou consideradas sem importância. Entretanto, é importante observar que sempre que há necessidade, esses conteúdos têm acesso fácil à consciência.
O Inconsciente Pessoal possui uma característica importante: a de reunir conteúdos que formam um tipo de aglomerado ou constelação, a que Jung denominou de Complexos, esclarecem Hall e Nordby. Os Complexos foram descobertos por Jung por meio dos testes de associação de palavras. Ele observou que algumas vezes o paciente levava muito tempo para responder, quando dizia uma determinada palavra.
Quando questionado sobre o fato, não conseguia explicar a demora na resposta. Explorando mais a fundo a questão, Jung percebeu que outras palavras relacionadas com a que provocara a demora também provocavam a mesma situação. Assim ele concluiu que deveriam existir grupos de sentimentos, pensamentos e lembranças (complexos) no Inconsciente.
O termo "Complexo" se tomou popular a partir dos conceitos elaborados por Jung. É muito comum nos dias de hoje expressões como, por exemplo, complexo de inferioridade. Quando uma pessoa possui um complexo, significa, na verdade, que ela se preocupa de forma intensa com alguma coisa e não consegue tirá-la do pensamento. O complexo pode ser relacionado a dinheiro, sexo, posição social, etnia, idade, etc.
Com o tempo, Jung descobriu que um Complexo não significava necessariamente um obstáculo ao ajustamento e desenvolvimento de um indivíduo, pois servia também como fonte de inspiração ou de impulso, importantes para algumas realizações e experiências. Segundo Hall e Nordby, no início, Jung, inspirado em Freud, chegou a considerar que os complexos tinham origem nas experiências traumáticas da primeira infância. Entretanto, compreendeu que eles deveriam ter uma origem mais profunda ligada à própria natureza humana. Foi buscando por estas raízes mais profundas que Jung descobriu outro nível da Psique, o Inconsciente Coletivo formado por Arquétipos.
O INCONSCIENTE COLETIVO E OS ARQUETIPOS
O Inconsciente Coletivo, segundo Jung, "pertence à classe de ideias que as pessoas inicialmente acham estranhas, mas que logo incorporam e utilizam como conceitos familiares". Trata-se da camada mais profunda da Psique, onde existem traços e imagens comuns a todos os seres humanos, onde se encontram presentes possibilidades da experiência passada da humanidade.
Essas imagens seriam gravadas por meio das reações e experiências vividas e revividas pelos seres humanos ao longo do tempo. Assim, considera-se o Inconsciente Coletivo como um reservatório de imagens denominadas por Jung de "imagens primordiais", relacionadas ao desenvolvimento mais primitivo da Psique.
Jung ainda descreve que "enquanto o Inconsciente Pessoal é constituído essencialmente de conteúdos que já foram conscientes e, no entanto desapareceram da consciência por terem sido esquecidos ou reprimidos, os conteúdos do inconsciente coletivo nunca estiveram na consciência e, portanto não foram adquiridos individualmente, mas devem sua existência apenas à hereditariedade. Enquanto o inconsciente pessoal consiste em sua maior parte de complexos, o conteúdo do inconsciente coletivo é constituído essencialmente de arquétipos".
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