Estudando o Espiritismo

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domingo, 16 de setembro de 2012

ESPÍRITO E MATÉRIA



Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Ano 15 Número 528 2007
30 de julho de 2007
Queridos amigos:
A seguir, o mestre de Lyon, no capítulo “Elementos Gerais do Universo”, abre o título “Espírito e
matéria”, dois elementos independentes/interdependentes que interagem constantemente, duas faces
de uma mesma moeda. Ao estudarmos, oportunamente, a constituição do ser (corpo, perispírito e
espírito), notaremos como esses elementos estão imbricados e como é necessária e urgente uma visão
holística (integral) das coisas pela ciência.
21 - A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por ele em dado
momento?
Só Deus o sabe. Há uma coisa, todavia, que a razão vos deve indicar: é que Deus, modelo de amor e
caridade, nunca esteve inativo. Por mais distante que logreis figurar o início de sua ação, podereis
concebê-lo ocioso, um momento que seja?
Na questão 22, Kardec questiona sobre a definição da matéria. Na resposta, os instrutores do Mundo
Maior não se detêm na concepção acadêmica tradicional. Ensinam que a matéria apresenta estados tão
sutis que escapam à observação dos mais potentes aparelhos humanos, sem deixar, entretanto, de ser
matéria, campo em que os corpos se interpenetram, o que era inadmissível.
Investigando cada vez mais o micro, por meio dos estudos da Física Quântica, o homem se aproxima
cada vez mais da fronteira do Espírito, desconhecendo, ainda, onde termina uma (matéria) e começa o
outro (Espírito). Mas os Espíritos não se detêm aí: vão além, dando uma nova definição de matéria até
então inconcebível para os cientistas da época. Atentemos para as respostas e a anotação do
Codificador, ao final.
22 - Define-se geralmente a matéria como sendo – o que tem extensão, o que é capaz de nos
impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições?
Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe
em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause
aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.
Que definição podeis dar de matéria?
A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao
mesmo tempo, exerce sua ação.
“Deste ponto de vista, pode dizer-se que a matéria é o agente, o intermediário com o auxílio do qual e
sobre o qual atua o Espírito.” (Allan Kardec).
Na próxima questão estudaremos a definição de espírito (com “e” minúsculo), designação dada ao
elemento inteligente universal (fase que antecede o reino “hominal”), que é distinto de Espírito (com “E”
maiúsculo), da questão 76, que trata do ser extracorpóreo (princípio inteligente elaborado ou
individualizado, ou ainda homem/mulher desencarnado). Nessa obra monumental, os Benfeitores do
Espaço não esgotam o assunto. Cuidam de lançar as bases - o que já é muita coisa - dos princípios da
filosofia espírita.
Temos, no entanto, na vasta bibliografia espírita, as obras suplementares que nos auxiliam a entender a
complexa e incrível teia da vida. Para os interessados em aprofundar esse assunto, indicamos, entre
tantos outros, o livro de autoria de Durval Ciamponi, Ed. Feesp, sob o título “A evolução do princípio
inteligente”, Ed. Feesp.
23 - Que é o espírito?
O princípio inteligente do Universo.13
Qual a natureza íntima do espírito?
Não é fácil analisar o espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para
nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.
Cuidemos para não dar interpretação literal às palavras, sempre tão pobres para vestir idéias tão
avançadas e profundas como a que os Espíritos Superiores nos introduzem lenta e gradualmente. “A
letra mata, o espírito, ao contrário, vivifica” (II, Coríntios, 3:6).
Na questão n. 24, Kardec continua interpelando os Espíritos evoluídos sobre a definição de espírito, sob
outros prismas. A resposta dos professores do espaço não se faz esperar, sempre de forma concisa e
objetiva, o que não dispensa a releitura atenta e a reflexão.
24 - Espírito é sinônimo de inteligência?
A inteligência é um atributo essencial do espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio
comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.
25 - O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são
da luz e o som o é do ar?
São distintos uma do outro; mas, a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a
matéria.
A expressão “intelectualizar a matéria” tem sido questionada por alguns estudiosos, visto que a sua
interpretação literal induz à crença de que a união desses dois elementos produziria “inteligência” na
matéria, inteligência essa que é um “atributo essencial do espírito”, como foi visto na questão anterior,
consistente, segundo os dicionários, na capacidade de entender, de compreender, de aprender e até de
discernir.
De acordo com as pesquisas realizadas pela equipe da Federação Espírita Brasileira (FEB), cujos
resultados são apresentados à p. 220 do Tomo I (Programa Fundamental) do Estudo Sistematizado da
Doutrina Espírita (ESDE), 1ª ed., 2005 (Módulo VII – Pluralidade dos Mundos Habitados; Roteiro 2 –
Elementos gerais do universo: matéria e espírito), “intelectualizar a matéria” relaciona-se “à capacidade
ou à habilidade de o princípio inteligente conhecer ou compreender a matéria, e, quando em contacto
com esta, imprime-lhe ajustes e organizações, tantas quantas forem necessárias”.
Isso talvez explique a razão pela qual (conclusão deste comentarista), no decurso dos milênios, com a
evolução intelecto-moral do homem/mulher (Espírito encarnado), os seres pensantes venham
reencarnando em corpos cada vez menos grosseiros, mais aperfeiçoados em seu funcionamento e
esteticamente mais primorosos, de acordo com as necessidades e o progresso de cada indivíduo.
25a -Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito? (Entendemos aqui por
espírito o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se
designam).
É necessária a vós outros, porque não tendes organização apta a perceber o espírito sem a matéria. A
isto não são apropriados os vossos sentidos.
Como vimos na questão anterior, os Espíritos Superiores deixam implícito que existe uma certa
dificuldade em concebermos a atuação isolada, na Natureza, dos princípios material e inteligente, visto
que ainda não podemos perceber o espírito sem o concurso da matéria, em virtude de nossa condição
evolutiva, razão pela qual é incessante a correlação entre esses elementos, os quais reagem
constantemente um sobre o outro.
Na próxima questão, os instrutores nos preparam para o estudo mais à frente de tema de capital
importância, que é a interação entre o espírito e a matéria, por meio dos fluidos.
26 -Poder-se-á conceber o espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito?
Pode-se, é fora de dúvida, pelo pensamento.14
Em resposta à questão 27 de “O Livro dos Espíritos” (LE), seremos introduzidos num tema revelado
pelos Espíritos Superiores que requer atenção especial. Da sua boa compreensão dependerá o
entendimento de outros temas a serem tratados, mais à frente, tais como a mediunidade.
Trata-se do fluido universal, também conhecido como fluido cósmico universal, que chamaremos pela
inicial FCU, de onde se originam os chamados “fluidos espirituais”. Para aprofundar melhor o assunto, é
imprescindível a leitura de outra obra básica codificada por Kardec – “A Gênese” (GE), fonte em que
nos baseamos para formular os conceitos a seguir expendidos.
RECORDANDO:
Para entender melhor o ensino dos Espíritos, convém recordar que, no sentido comum, os fluidos são
conhecidos como as substâncias gasosas ou líquidas, a exemplo da água, do ar, do gás, que são
estados diferenciados ou fases não-sólidas da matéria. Popularmente, os estados mais conhecidos da
matéria são: a) sólido; b) pastoso; c) líquido; d) gasoso; e) radiante.
Os Espíritos, utilizando-se de metáfora, designam a matéria mais densa como sendo “energia
congelada” ou “luz coagulada”, o que nos lembra aquela formulazinha concebida por Einstein: E =
M.C2 (a energia contida em um corpo é igual à sua massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da
luz).
A matéria, segundo os estudiosos encarnados da terra, tem as seguintes características: massa
(quantidade de matéria de um corpo); extensão (volume ou porção do espaço ocupada pela matéria);
impenetrabilidade (2 porções de matéria não podem ocupar simultaneamente o mesmo lugar); inércia
(para um corpo em repouso se movimentar e para um corpo em movimento repousar é necessário uma
força externa); divisibilidade (pode ser fragmentada); ponderabilidade (pode ser medida e pesada); e
descontinuidade (espaços intermoleculares).
O QUE É O FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL?
Ensinam os Espíritos Superiores que o FCU é a matéria elementar primitiva, da qual derivam todos os
demais tipos de fluidos, seja em que estado for, constituindo, por isso, a origem de todos os corpos
orgânicos e não-orgânicos.
“A Natureza jamais se encontra em oposição a si mesma. Uma só é a divisa do brasão do Universo:
unidade-variedade.” (“A Gênese”, cap. VI, item 11).
“Tudo no Universo se liga, tudo se encadeia; tudo se acha submetido à grande e harmoniosa lei de
unidade, desde a mais compacta materialidade, até a mais pura espiritualidade” (cap. XIV, item 12).
“Tudo está em tudo” (LE, q. 33).
Enfim, o FCU é a matéria-prima que serve de geração dos mundos e dos seres, imprimindo harmonia e
estabilidade no Universo.
Não nos esqueçamos, entretanto, que o FCU é uma criação de Deus e não emanação Dele.
PROPRIEDADES PRINCIPAIS DO FCU:
As propriedades principais conhecidas do FCU são a imponderabilidade, a penetrabilidade e a
maleabilidade.
O FCU é encontrado em todo o Cosmos. Não existe barreira para essa força, pois tal fluido interpenetra
todos os corpos, sólidos ou não, preenchendo inclusive o espaço conhecido como vácuo, fora da
atmosfera do nosso Planeta.
PARA QUE SERVE O FCU?15
O FCU, além de constituir o veículo do pensamento dos Espíritos, atua como intermediário entre o
espírito e a matéria, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela.
Em função disso, o FCU proporciona constante comunicação entre os Espíritos, sendo o perispírito
(elemento fluídico semimaterial, igualmente penetrável, que reveste os Espíritos e serve de molde ao
corpo físico, constituindo-se em subproduto do FCU). Trataremos do perispírito mais especificamente
na questão n. 93 de “O Livro dos Espíritos”.
Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não os manipulando como os homens manipulam os
gases, mas empregando o pensamento e a vontade. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são
o que a mão é para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem aqueles fluidos tal ou qual direção,
aglomerando, combinando ou dispersando, e organizando com eles conjuntos que apresentam uma
aparência, uma forma, uma coloração determinada; mudam-lhes as propriedades como um químico
muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os, segundo certas leis. É a grande oficina ou
laboratório da vida espiritual.
Graças à essa versatilidade, os bons pensamentos sublimam os fluidos espirituais, assim como os
maus pensamentos corrompem-nos.
O QUE É FLUIDO VITAL E PARA QUE SERVE?
O fluido vital, também chamado de fluido magnético ou fluido elétrico animalizado, é um derivado do
FCU (mãe de todos os fluidos). Ele é o princípio que comunica a vida orgânica aos vegetais, aos
animais e ao homem, possibilitando-lhes o exercício de todas as funções vitais. É a força motriz dos
corpos orgânicos.
Esse princípio será tratado mais detalhadamente no Capítulo IV (questão 60 e seguintes).
27 - Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito?
Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o
princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material se tem que juntar o
FLUIDO UNIVERSAL, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria
propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela.
Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo (fluido universal) com o elemento material,
ele distingue-se desse por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria,
razão não haveria para que também o espírito não o fosse. Está colocado entre o espírito e a matéria; é
fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com essa e sob a
ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte
mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o
princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades
que a gravidade lhe dá.
Esse fluido será o que designamos pelo nome de eletricidade?
Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido
magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais
perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.
Na questão subseqüente, Kardec, fazendo jus ao seu espírito científico e de pedagogo e considerando
que o espírito é alguma coisa, indaga dos Professores Siderais sobre a viabilidade de se dar ao
princípio inteligente um nome que o distinga mais claramente do princípio material para evitar
confusões.
A resposta da Espiritualidade Maior, além de deixar bem claras as enormes dificuldades que a pobreza
da linguagem humana impõe aos homens, para exprimir as coisas do mundo espiritual, indica que é
exclusivamente nossa a responsabilidade pela escolha dos nomes das coisas ou pela verbalização dos
preceitos doutrinários que nos são revelados.16
Confira:
28 - Pois que o espírito é, em si, alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito a confusão
dar aos dois elementos gerais as designações de – matéria inerte e matéria inteligente?
As palavras pouco nos importam. Compete-vos a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos
entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes acerca dos
termos que empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que não vos fere os
sentidos.
"Um fato domina todas as hipóteses: vemos matéria destituída de inteligência e vemos um princípio
inteligente que independe da matéria. A origem e a conexão destas duas coisas nos são
desconhecidas. Se promanam ou não de uma só fonte; se há pontos de contacto entre ambas; se a
inteligência tem existência própria, ou se é uma propriedade, um efeito; se é mesmo, conforme a
opinião de alguns, uma emanação da Divindade, ignoramos. Elas se nos mostram como sendo
distintas; daí o considerarmo-las formando os dois princípios constitutivos do Universo. Vemos acima de
tudo isso uma inteligência que domina todas as outras, que as governa, que se distingue delas por
atributos essenciais. A essa inteligência suprema é que chamamos Deus." (Allan Kardec)
* * *17
PROPRIEDADES DA MATÉRIA
Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Ano 15 Número 529 2007
15 de Setembro de 2007
Esse é um tema científico que interessa de perto aos físicos. Entretanto, como sou leigo nessa área,
analiso as coisas com linguagem não técnica, de forma a me fazer entender pelo número máximo de
pessoas. Qualquer imprecisão ou equívoco na comunicação nesse aspecto, portanto, deve ser debitado
a mim particularmente e não ao ensino dos Espíritos.
29 - A ponderabilidade (aquilo que pode ser medido e pesado) é um atributo essencial da
matéria?
Da matéria como a entendeis, sim; não, porém, da matéria considerada como fluido universal. A matéria
etérea e sutil que constitui esse fluido vos é imponderável. Nem por isso, entretanto, deixa de ser o
princípio da vossa matéria pesada.
"A gravidade é uma propriedade relativa. Fora das esferas de atração dos mundos, não há peso,
do mesmo modo que não há alto nem baixo." (Allan Kardec).
Os assuntos, ora tratados nessa primeira obra básica, podem parecer ao leigo sem importância para a
compreensão da questão filosófica e mesmo religiosa, entretanto, mais tarde solucionaremos o enigma
que atormenta nosso raciocínio. Por isso, atentem para esses detalhes, pois que eles serão muito úteis
mais adiante quando tratarmos de outros assuntos aparentemente simples, tais como mágoa, paixão,
ódio, perdão, tristeza, felicidade, amor.
Em 1800, John Dalton provou, com a sua teoria atômica, que os diferentes estados da matéria são o
resultado das diferentes uniões de seus elementos.
Em abril de 1857, foi lançado “O Livro dos Espíritos”, que, além de confirmar algumas observações
científicas, anteviu outras que seriam feitas pela Ciência dos homens.
Por exemplo: Einstein provou em 1905, através da célebre equação E=mc2 (a energia contida em um
corpo é igual à sua massa multiplicada pelo quadrado da velocidade [celeratis, do latim] da luz), que a
matéria é um condensado de energia, sendo esta, matéria em estado diferente. Tal fenômeno foi
descrito em outra linguagem no “Livro dos Espíritos”, como vimos na questão n. 22.
Respondendo à questão n. 30, reproduzida abaixo, os Espíritos Superiores insistem na tese de que os
corpos, independente de suas características e complexidade, são sempre originados da matéria
primitiva (FCU), ou energia cósmica, como a denominam atualmente alguns pesquisadores.
30 - A matéria é formada de um só ou de muitos elementos?
De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são
transformações da matéria primitiva.
Após o lançamento de "O Livro dos Espíritos", em 18.04.1857, confirmou-se a tese científica de que o
átomo, considerado a princípio como partícula última da matéria, corpúsculo indivisível, uno,
indissecável, é na realidade um complexo de partículas subatômicas denominadas prótons, elétrons e
nêutrons (só para citar as fundamentais) que se estruturam em número e modos diferentes, conforme
cada elemento químico, os quais se combinam para dar origem às inúmeras substâncias existentes no
Universo.
O átomo é tão pequeno que não conseguimos enxergá-lo. Acredita-se [não é informação oficial] que
numa extensão de 1 (um) milímetro caberiam cerca de 10 milhões de átomos enfileirados e que uma
gotinha de água conteria 6 zettas de átomos (6.000.000.000.000.000.000.000 átomos).
Antes da virada do século XIX, afirmar ser o átomo divisível constituía “heresia” maior do que defender,
no passado, a tese heliocentrista do astrônomo Copérnico, que viveu no século XV, de que a Terra não18
era o centro do universo. Mas foi exatamente aquilo que os Espíritos revelaram para surpresa de
muitos, como visto nas questões anteriores.
31 - Donde se originam as diversas propriedades da matéria?
São modificações que as moléculas elementares [partículas atômicas] sofrem, por efeito da sua união,
em certas circunstâncias.
A Natureza não é estática como aparenta ser. Tudo está em constante movimento, não é aleatório nem
puramente mecânico. De acordo com as pesquisas do professor universitário de Física, Carlos de Brito
Imbassahy, observando o “comportamento” do universo microscópico, os cientistas detectaram que “há
uma vida latente dentro de um átomo; ele não é simplesmente uma partícula inerme dentro de uma
porção molecular de substância. Tudo o que transcende o materialismo está ruindo gradativamente ante
a análise existencial do que se verifica. A matéria não se resume a substâncias mortas(...).” (In
“Arquitetos do Universo. O Outro Lado da Física à luz da Ciência Espírita”, ed. DPL, p. 32, 2002).
O referido estudioso, na mesma obra, à pág. 13, avalia que se “deu início a uma nova forma de estudo
físico que se propõe a demonstrar que, para que exista a matéria, é preciso que haja um agente externo
(agente estruturador ou frameworker) ao nosso universo atuando sobre ele, capaz de modular sua
energia, condensando-a.” (Destaques meus).
Observações desse jaez, segundo minha humilde opinião de leigo, talvez tenham contribuído para a
concepção da teoria do “princípio da incerteza” formulada por Heisenberg, fundada na indefinição das
posições e da velocidade das partículas subatômicas, pondo em xeque a teoria do “determinismo
científico” de Laplace, o mesmo fenômeno que teria dado origem à célebre frase atribuída a Einstein de
que “Deus não lança a sorte com dados”, dando surgimento à “teoria da variável escondida”.
A propósito, sugiro como leitura o artigo sob o título “Deus joga dados?”, de Stephen W. Hawking,
publicada no site:
http://www.str.com.br/Scientia/dados.htm (traduzido para a língua portuguesa).
32 - De acordo com o que vindes de dizer, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades
venenosas ou salutares dos corpos não passam de modificações de uma única substância
primitiva?
Sem dúvida e que só existem devido à disposição dos órgãos destinados a percebê-las.
"A demonstração deste princípio se encontra no fato de que nem todos percebemos as
qualidades dos corpos do mesmo modo: enquanto que uma coisa agrada ao gosto de um, para
o de outro é detestável; o que uns vêem azul, outros vêem vermelho; o que para uns é veneno,
para outros é inofensivo ou salutar." (Allan Kardec).
É incrível saber que todas as substâncias existentes no Universo, com toda sua complexidade,
provieram de elemento único, cujas transformações, porém, dependem de inúmeras outras variáveis.
Tratando sobre a matéria, no cap. VI de outra obra básica ("A Gênese"), Kardec assinala:
“Entretanto, podemos estabelecer como princípio absoluto que todas as substâncias, conhecidas e
desconhecidas, por mais dessemelhantes que pareçam, quer do ponto de vista da constituição íntima,
quer pelo prisma de suas ações recíprocas, são, de fato, apenas modos diversos sob que a matéria se
apresenta; variedades em que ela se transforma sob a direção das forças inumeráveis que a governam.
(...)
Ora, assim como só há uma substância simples, primitiva, geradora de todos os corpos, mas
diversificada em suas combinações, também todas essas forças dependem de uma lei universal
diversificada em seus efeitos e que, pelos desígnios eternos, foi soberanamente imposta à criação, para
lhe imprimir harmonia e estabilidade.
A Natureza jamais se encontra em oposição a si mesma. Uma só é a divisa do brasão do Universo:
unidade-variedade.” (Obra citada, FEB, p. 107 e 111-112).19
Com essas considerações, passamos à questão n. 33, abaixo reproduzida, que trata exatamente desse
tema.
33 - A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de
adquirir todas as propriedades?
Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo.
"Este princípio explica o fenômeno conhecido de todos os MAGNETIZADORES e que consiste em darse, pela ação da vontade, a uma substância qualquer, à água, por exemplo, propriedades muito
diversas: um gosto determinado e até as qualidades ativas de outras substâncias. Desde que não há
mais de um elemento primitivo e que as propriedades dos diferentes corpos são apenas modificações
desse elemento, o que se segue é que a mais inofensiva substância tem o mesmo princípio que a mais
deletéria.
Assim, a água, que se compõe de uma parte de oxigênio e de duas de hidrogênio, se torna
corrosiva, duplicando-se a proporção do oxigênio. Transformação análoga se pode produzir por
meio da AÇÃO MAGNÉTICA dirigida pela vontade." (Allan Kardec).
O magnetismo, “considerado em seu aspecto geral, é a utilização, sob o nome de fluido, da força
psíquica por aqueles que abundantemente a possuem. O magnetismo não se limita unicamente à ação
terapêutica: tem um alcance muito maior...” (“O Espiritismo de A a Z”. Rio: Feb, p. 297).
MAGNETIZADOR era o nome comumente empregado no século XIX para designar as pessoas que
produziam a AÇÃO MAGNÉTICA, propriedade do Espírito ou alma, atualmente conhecido no meio
espírita como “passe”. Conhecido também como reiki e jorei em outras denominações religiosas,
embora utilizando técnicas diferenciadas, o passe é uma transferência de forças psíquicas (fluidos ou
energias vitais) de um Espírito para outro, geralmente (não necessariamente) pela imposição das mãos
sobre o paciente, que pode ocorrer de encarnado para desencarnado, de desencarnado para
encarnado, de desencarnado para desencarnado e de encarnado para encarnado. É um processo
semelhante à transfusão de sangue, em que se tem por objetivo substituir energias doentes por
energias sadias. “Passe” vem da expressão movimentar ou passar as mãos sobre alguém, ou alguma
coisa, sem necessidade de tocá-lo.
Kardec não inventou o mundo espiritual, os médiuns e a mediunidade. Apenas os investigou,
colocando-os ao alcance da humanidade. Médium é todo aquele que pode entrar em contato com os
chamados “mortos”, que somos nós mesmos, quando despidos do corpo carnal. Toda pessoa que
sente, em um grau qualquer, a influência dos Espíritos, por isso mesmo, é médium. É uma faculdade
inerente ao homem, não se trata de privilégio algum, visto que a base do fenômeno mediúnico repousa
no pensamento. Tecnicamente, porém, médium é aquela pessoa que tem faculdades ostensivas,
patentes, de se comunicar com o mundo invisível, por meio da escrita (psicografia), da fala (psicofonia),
da vidência, da clariaudiência etc. Voltaremos a esse assunto em momento oportuno, devido à sua
grande importância, e que tem tudo a ver com a ação dos fluidos.
Dando seqüência ao estudo das propriedades da matéria, reproduzimos a nota de Kardec, feita ao pé
da questão n. 33, essa analisada ontem, em complemento à idéia de que mesmo os corpos
considerados simples são derivados do FCU ou matéria cósmica primitiva (energia cósmica). Confira:
“O oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono e todos os corpos que consideramos simples são
meras modificações de uma substância primitiva. Na impossibilidade em que ainda nos achamos
de remontar, a não ser pelo pensamento, a esta matéria primária, esses corpos são para nós
verdadeiros elementos e podemos, sem maiores conseqüências, tê-los como tais, até nova
ordem.” (Allan Kardec).
Na seqüência, o mestre de Lion, formulando subpergunta à questão n. 33, continua indagando dos
Espíritos Superiores sobre as propriedades da matéria. Anotem.20
33A - Não parece que esta teoria dá razão aos que não admitem na matéria senão duas
propriedades essenciais: a força e o movimento, entendendo que todas as demais propriedades
não passam de efeitos secundários, que variam conforme a intensidade da força e à direção do
movimento?
É acertada essa opinião. Falta somente acrescentar: e conforme à disposição das moléculas, como o
mostra, por exemplo, um corpo opaco, que pode tornar-se transparente e vice-versa.
Vocês já devem ter percebido a extensão e a profundidade de nosso estudo e como as revelações
vindas do espaço, em harmonia com os avanços científicos da atualidade, abalam as estruturas do
materialismo, dando uma nova dimensão da realidade em que vivemos, o que põe em xeque o modelo
mecanicista newtoniano (de Newton, considerado o pai da Física clássica).
Em artigo publicado no Caderno de Ciência do diário “Jornal do Brasil”, de 10.5.1987, sob o sugestivo
título “A ciência descobre o espírito, a intuição e a emoção”, a jornalista Terezinha Costa narra que o
físico austríaco, radicado nos EUA, Fritjof Capra, PhD na Universidade de Viena, fez pesquisas sobre
FÍSICA DE ALTA ENERGIA em várias universidades européias, até que resolveu se dedicar às
implicações filosóficas da ciência moderna. Reportando-se aos livros de Capra (“O Tao da Física” e
“Ponto de Mutação”), a articulista assinalou:
“Quando os físicos do século 20 começaram a investigar o interior das partículas materiais (o átomo),
descobrindo as partículas subatômicas (elétrons, nêutrons e uma infinidade de outras que continuam a
serem descobertas) e a estudar seu comportamento, foram surpreendidos com fenômenos que não
podiam ser explicados à luz da concepção clássica.”
E conclui, citando Capra:
“Na física moderna, o universo é experimentado como um todo dinâmico e inseparável. Nessa
experiência, os conceitos tradicionais de espaço e tempo, de objetos isolados, de causa e efeito perdem
seu significado.”
É essa concepção do universo – integrada, holística (do gr. holos = totalidade) – que o físico Capra
defende.
Antes de prosseguir com nosso estudo, é oportuno, senão indispensável, lembrar as palavras do
Codificador, inspiradas no ensino dos Espíritos Superiores, contida no item 13, cap. I, de “A Gênese”, a
quinta e última obra da Codificação Espírita, lançada em 1868:
“Por sua natureza, a REVELAÇÃO ESPÍRITA tem duplo caráter: participa ao mesmo tempo da
revelação divina e da revelação científica.
Participa da PRIMEIRA, porque foi providencial o seu aparecimento e não o resultado da iniciativa, nem
de um desígnio premeditado do homem; porque os PONTOS FUNDAMENTAIS da doutrina provêm do
ensino que deram os Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens acerca de coisas que
eles ignoravam, que não podiam aprender por si mesmos e que lhes importa conhecer, hoje que estão
aptos a compreendê-las.
Participa da SEGUNDA, por não ser esse ensino privilégio de indivíduo algum, mas ministrado a todos
do mesmo modo; por não serem os que o transmitem e os que o recebem seres passivos, dispensados
do trabalho da observação e da pesquisa, por não renunciarem ao raciocínio e ao livre-arbítrio; porque
não lhes é interdito o exame, mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi ditada
completa, nem imposta à crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos
fatos que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda,
comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações.
Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é ser divina a sua origem e da iniciativa dos
Espíritos, sendo a sua ELABORAÇÃO fruto do trabalho do homem.” (FEB).21
Lembramos aos amigos que, na época em que foram realizadas estas perguntas aos Espíritos, a
Ciência não estava tão desenvolvida quanto hoje.
Por isso, é natural que nos deparemos, nas obras básicas, com uma linguagem diferente da
terminologia técnica atual, o que não invalida a revelação dos Espíritos, visto que a essência da idéia
continua a mesma, sem embargo de que o Espiritismo, sendo uma doutrina progressiva, “jamais será
ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de ponto
qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará” (item 55, cap.
I, “A Gênese, FEB).
Lendo a questão sob comento, tem-se a impressão de que o Codificador utilizou na sua pergunta a
expressão “molécula elementar” para designar o ÁTOMO propriamente dito (parece-nos que a palavra
átomo [nome dado por DALTON ao elemento químico, no início do século 19, segundo o pesquisador
brasileiro, engenheiro Hernani Guimarães Andrade] ainda não estava tão difundida como hoje) e
“moléculas secundárias” para designar a aglomeração de partículas.
Portanto, na época do lançamento de “O Livro dos Espíritos”, prevalecia a tese científica de que o
átomo (do grego, aquilo que é indivisível), era a partícula última da matéria. Inicialmente (cerca de
1808), acreditava-se, com JOHN DALTON (1766-1844), que o modelo do átomo seria o de uma bolinha
ou esfera maciça indivisível.
Somente em 1897, portanto, 40 anos após o lançamento de o “Livro dos Espíritos”, foi descoberto,
por Sir JOSEPH JOHN THOMSOM (1856-1940), o elétron: uma partícula elementar do átomo.
Portanto, a resposta dada pelos Espíritos à questão n. 34 (“o que chamais molécula longe ainda está da
molécula elementar”) já deixava entrever que o átomo não era uno, mas sim um complexo de partículas
subatômicas que se estruturam em número e modos diferentes, conforme cada elemento químico, os
quais se combinam para dar origem às inúmeras substâncias existentes no Universo.
Indicamos como bibliografia complementar a obra “Psi Quântico”, do eminente pesquisador espírita
brasileiro, desencarnado em 25.04.2003, Hernani Guimarães Andrade, fundador do Instituto Brasileiro
de Pesquisas Psicobiofísicas, com prefácio de Hermínio Corrêa de Miranda, ed. Didier.
34 - As moléculas têm forma determinada?
Certamente, as moléculas têm uma forma, porém não sois capazes de apreciá-la.
34-A - Essa forma é constante ou variável?
 “Constante a das moléculas elementares primitivas; variável a das moléculas secundárias, que mais
não são do que aglomerações das primeiras. Porque, o que chamais molécula longe ainda está da
molécula elementar.”

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