Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 6 de maio de 2011

CARL JUNG


HISTÓRIA PESSOAL

  Carl Gustav Jung nasceu na Suíça a 26 de julho de 1875. Seu pai e vários parentes próximos eram pastores luteranos e, portanto, já na infância Jung foi afetado de maneira profunda por questões religiosas e espirituais.
  Na época de entrar na universidade, Jung resolveu estudar medicina mantendo um compromisso entre seus interesses por ciências naturais e humanas. Foi atraído pela psiquiatria como o estudo dos "distúrbios da personalidade" (embora naquele tempo a psiquiatria fosse relativamente pouco desenvolvida e indiferenciada); percebeu que a psiquiatria envolvia ambas as perspectivas científica e humana.
  Em 1900, Jung tornou-se interno na Clínica Psiquiátrica Burgholzli em Zurique, um dos mais progressivos centros psiquiátricos da Europa. Zurique tornou-se sua morada permanente. Em 1902, Jung estudou com Pierre Janet, o notável psiquiatra francês (mais famoso, na época, do que Freud).
  Em 1904, Jung montou um laboratório experimental na Clínica Psiquiátrica e desenvolveu o teste de associação de palavras para diagnóstico psiquiátrico. Jung tornou-se também perito em interpretar os significados psicológicos implícitos nas várias associações produzidas. Em 1905, com trinta anos, tornou-se professor em psiquiatria na Universidade de Zurique e médico efetivo na Clínica Psiquiátrica.
  A despeito de sua íntima amizade com Freud, começaram a discordar em pontos fundamentais. Jung nunca foi capaz de aceitar a insistência de Freud de que as causas da repressão eram sempre traumas sexuais. Tiveram um rompimento definitivo em 1912, quando Jung publicou Symbols of Transformation, que incluía sua análise da libido como uma energia psíquica gerneralizada, assim como outras idéias que diferiam das de Freud.
  Jung desenvolveu gradualmente suas próprias teorias sobre o processos inconscientes e sobre a análise dos símbolos oníricos.
  Em 1944, aos 69 anos de idade, Jung quase morreu após grave ataque de coração. Porém, somente aos 86 anos veio a falecer, no dia 6 de junho de 1961, após uma vida de prática clínica, pesquisas e escritos.


CARL JUNG E A PSICOLOGIA ANALÍTICA

  Carl Jung desenvolveu uma teoria de psicologia complexa e fascinante, que abrange uma série extraordinariamente extensa de comportamentos e pensamentos humanos. A análise de Jung sobre a natureza humana inclui investigações acerca de religiões orientais, alquimia, parapsicologia e mitologia. De início, sua teoria provocou maior impacto em filósofos, folcloristas e escritores do que em psicólogos ou psiquiatras. Um dos principais conceitos de Jung é o da "individuação", termo que usa para um processo de desenvolvimento pessoal que envolve o estabelecimento de uma conexão entre o ego, centro da consciência, e o self, centro da psique total, o qual, por sua vez, inclui tanto a consciência como o inconsciente. Para Jung, existe interação constante entre a consciência e o inconsciente, e os dois não são sistemas separados, mas dois aspectos de um único sistema. A psicologia junguiana está basicamente interessada no equilíbrio entre os processos conscientes e inconscientes e no aperfeiçoamento do intercâmbio dinâmico entre eles.


Conceitos Principais

As Atitudes: Introversão e Extroversão

  Dentre todos os conceitos de Jung, introversão e extroversão são os mais usados. Jung descobriu que cada indivíduo pode ser caracterizado como sendo primeiramente orientado ou para seu interior ou para o exterior. A energia dos introvertidos segue de forma mais natural em direção a seu mundo externo. Ninguém é puramente introvertido ou extrovertido. Algumas vezes a introversão é mais apropriada, em outras ocasiões e é a extroversão. As duas são mutuamente exclusivas; não se pode manter ambas as atitudes, a introversão e a extroversão, ao mesmo tempo. O ideal é ser flexível e capaz de adotar qualquer uma delas quando for apropriado, operar em termos de um equilíbrio entre as duas e não desenvolver uma maneira fixa de responder ao mundo.
  Os interesses primários dos introvertidos concentram-se em seus próprios pensamentos e sentimentos, em seu mundo interior. Um perigo para tais pessoas é imergir de forma demasiada em seus mundos interiores, perdendo o contato com o ambiente externo.
  Os extrovertidos envolvem-se com o mundo externo das pessoas e coisas; tendem a ser mais sociais e conscientes do que está acontecendo à sua voltas. Eles necessitam proteger-se para não serem dominados pelas exterioridades e alienarem-se de seus próprios processos internos.

As Funções: Pensamento, Sentimento, Sensação, Intuição

  Jung identificou quatro funções psicológicas fundamentais: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Cada função pode ser experienciada tanto de uma maneira introvertida quanto extrovertida.
  O pensamento e o sentimento eram vistos por Jung como maneiras alternativas de elaborar julgamentos e tomar decisões. O pensamento está relacionado com a verdade, com julgamentos derivados de critérios impessoais, lógicos e objetivos. Sentir é tomar decisões de acordo com julgamentos de valores próprios.
  Jung classifica a sensação e a intuição, juntas, como as formas de apreender informações, ao contrário das formas de tomar decisões. A sensação refere-se a um enfoque na experiência direta, na percepção de detalhes, de fatos concretos, o que uma pessoa pode ver, tocar, cheirar.
  A intuição é uma forma de processar informações em termos de experiência passada, objetivos futuros e processos inconscientes. Pessoas intuitivas dão significado às suas percepções com tamanha rapidez que via de regra não conseguem separar suas interpretações dos dados sensoriais brutos. Os intuitivos processam informação muito depressa e relacionam, de forma automática, a experiência passada e informações relevantes à experiência imediata.
  Para o indivíduo, uma combinação das quatro funções resulta em uma abordagem equilibrada do mundo: uma função que nos assegure de que algo está aqui (sensação); uma segunda função que estabeleça o que é (pensamento); uma terceira função que declare se isto nos é ou não apropriado, se queremos aceitá-lo ou não (sentimento); e uma quarta função que indique de onde isto veio e para onde vai (intuição). Entretanto, ninguém desenvolve igualmente bem todas as quatro funções. Cada pessoa tem uma função fortemente dominante, e uma função auxiliar parcialmente desenvolvida. As outras duas funções são em geral inconscientes e a eficácia de sua ação é bem menor. Quanto mais desenvolvidas e conscientes forem as funções dominante e auxiliar, mais profundamente inconscientes serão seus opostos. Jung chamou a função menos desenvolvida em cada indivíduo de "função inferior". Esta função é a menos consciente e a mais primitiva e indiferenciada.

Inconsciente Coletivo

  Jung descreve que nós nascemos com uma herança psicológica, que se soma à herança biológica. Ambas são determinantes essenciais do comportamento e da experiência.
  O inconsciente coletivo inclui materiais psíquicos que não provêm da experiência pessoal. Alguns psicólogos, como Skinner, assumem implicitamente que cada indivíduo nasce como um quadro em branco, uma tábula rasa; em conseqüência, todo desenvolvimento psicológico vem da experiência pessoal. Jung postula que a mente da criança já possui uma estrutura que molda e canaliza todo posterior desenvolvimento e interação com o ambiente.
  O inconsciente coletivo é constituído, em uma proporção mínima, por conteúdos formados de maneira pessoal; não são aquisições individuais, são essencialmente os mesmos em qualquer lugar e não variam de homem para homem. Este inconsciente é como o ar, que é o mesmo em todo lugar, é respirado por todo o mundo e não pertence a ninguém. Seus conteúdos (chamados arquétipos) são condições ou modelos prévios da formação psíquica em geral.

Arquétipo

  Dentro do inconsciente coletivo há "estruturas" psíquicas ou arquétipos. Tais arquétipos são formas sem conteúdo próprio que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Jung também chama os arquétipos de imagens primordiais, porque eles correspondem freqüentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. De acordo com Jung, os arquétipos, como elementos estruturais formadores que se firmam no inconsciente, dão origem tanto às fantasias individuais quanto às mitologias de um povo.
  A história de Édipo é uma boa ilustração de um arquétipo. É um motivo tanto mitológico quanto psicológico, uma situação arquetípica que lida com o relacionamento do filho com seus pais.
  Cada uma da sprincipais estruturas da personalidade são arquétipos, incluindo o ego, a persona, a sombra, a anima (nos homens), o animus (nas mulheres) e o self.

Símbolos

  De acordo com Jung, o inconsciente se expressa primariamente através de símbolos. Embora nenhum símbolo concreto possa representar de forma plena um arquétipo (que é uma forma sem conteúdo específico), quanto mais um símbolo harmonizar-se com o material inconsciente organizado ao redor de um arquétipo, mais ele evocará uma resposta intensa, emocionalmente carregada.
  Jung está interessado nos símbolos "naturais" que são produções espontâneas da psique individual. Além dos símbolos encontrados em, sonhos ou fantasias de um indivíduo, há também símbolos coletivos importantes, que são geralmente imagens religiosas, tais como a cruz, a estrela de seis pontas de David e a roda da vida budista.

O Ego

   O ego é o centro da consciência e um dos maiores arquétipos da personalidade. Ele fornece um sentido de consistência e direção em nossas vidas conscientes. Ele tende a contrapor-se a qualquer coisa que possa ameaçar esta frágil consistência da consciência e tenta convencer-nos de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa experiência. Somos levados a crer que o ego é o elemento central de toda a psique e chegamos a ignorar sua outra metade, o inconsciente. De acordo com Jung, a princípio a psique é apenas o inconsciente. O ego emerge dele e reúne numerosas experiências e memórias, desenvolvendo a divisão entre o inconsciente e o consciente. Não há elementos inconscientes no ego, só conteúdos conscientes derivados da experiência pessoal.

A Persona

  Nossa persona é a forma como nos apresentamos ao mundo. É o caráter que assumimos; através dela nós nos relacionamos com os outros. A persona inclui nossos papéis sociais, o tipo de roupa que escolhemos para usar e nosso estilo de expressão pessoal. O termo "persona" é derivado da palavra latina equivalente a máscara. As palavras "pessoa" e "personalidade" também estão relacionadas a este termo.
  A persona tem aspectos tanto positivos quanto negativos. Jung chamou também a persona de "arquétipo da conformidade". Entretanto, a persona não é totalmente negativa. Ela serve para proteger o ego e a psique das diversas forças e atitudes sociais que nos invadem. A persona é também um instrumento precioso para a comunicação. Ela pode desempenhar, com freqüência, um papel importante em nosso desenvolvimento positivo. À medida que começamos a agir de determinada maneira, a desempenhar um papel, nosso ego se altera gradualmente nessa direção.

A Sombra

  A sombra é o centro do inconsciente pessoal, o núcleo do amterial que foi reprimido da consciência. A sombra inclui aquelas tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo indivíduo como incompatíveis com a persona e contrárias aos padrões e ideais sociais. Ela representa aquilo que consideramos inferior em nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca desenvolvemos em nós mesmos. Em sonhos, a sombra freqüentemente aparece como um animal, um anão, um vagabundo ou qualquer outra figura de categoria mais baixa.
  Jung descobriu que o material reprimido se organiza e se estrutura ao redor da sombra, que se torna, em certo sentido, um self negativo, a sombra do ego. A sombra é via de regra vivida em sonhos como uma figura escura, primitiva, hostil ou repelente, porque seus conteúdos foram violentamente retirados da consciência e aparecem como antagônicos à perspectiva consciente. Se o material da sombra for trazido à consciência, ele perde muito de sua natureza amedrontadora e escura.
  A sombra é mais perigosa quando não é reconhecida. Neste caso, o indivíduo tende a projetar suas qualidades indesejáveis em outros ou a deixar-se dominar pela sombra sem o perceber. Quanto mais o material da sombra tornar-se consciente, menos ele pode dominar. Uma pessoa sem sombra não é um indivíduo completo, mas uma caricatura bidimensional que rejeita a mescla do bom e do mal e a ambivalência presentes em todos nós.
  Cada porção reprimida da sombra representa uma parte de nós mesmos. Nós nos limitamos na mesma proporção que mantemos este material inconsciente. À medida que a sombra se faz mais consciente, recuperamos partes de nós mesmos previamente reprimidas. Além disso, a sombra não é apenas uma força negativa na psique. Ela é um depósito de considerável energia instintiva, espontaneidade e vitalidade, e é a fonte principal de nossa criatividade. Assim como todos os arquétipos, a sombra origina-se no inconsciente coletivo e pode permitir acesso individual a grande parte do valioso material inconsciente que é rejeitado pelo ego e pela persona.

Anima e Animus

  É uma estrutura inconsciente que representa a parte sexual oposta de cada indivíduo; Jung denomina tal estrutura de anima no homem e animus na mulher.

Self

  O self é o arquétipo central, arquétipo da ordem e totalidade da personalidade. Segundo Jung, consciente e inconsciente não estão necessariamente em oposição um ao outro, mas completam-se mutuamente para formar uma totalidade: o self. O self é com freqüência figurado em sonhos ou imagens de forma impessoal. É um fator interno de orientação, muito diferente e até mesmo estranho ao ego e à consciência. O self não é apenas o centro, mas também toda a circunferência que abarca tanto o consciente quanto o inconsciente; é o centro desta totalidade, assim como o ego é o centro da consciência.

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