Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Homossexualidade - Equipe Educar - CVDEE

Do ponto de vista da medicina, "normal" seria toda prática sexual que não se caracterize por comportamentos que levem o indivíduo a um desequilíbrio orgânico ou emocional dele e do seu parceiro.

Como a medicina tem uma forte influência na sua origem do materialismo, a prática sexual passou a ter, além da reprodução, a possibilidade de levar o sujeito a experimentar o prazer, como um dos objetivos primordiais da existência humana. 

Daí a dificuldade de poder se precisar o que poderia ser "normal" ou não. Até porque, em função dos valores sociais, que são mutáveis, o que seria considerado anormal num determinado momento ou cultura, poderá ser considerado aceitável, ou até valorizado, em outro momento ou cultura. Por exemplo, a homossexualidade na antigüidade era considerada uma prática normal em algumas sociedades, como a grega.

Na visão espírita, temos muito poucas referências às questões da sexualidade disponíveis. Considerando o sexo como uma energia natural da vida, poderíamos refletir que uma conduta "normal" seria a que respeita a vida na sua plenitude, seja do corpo físico, do equilíbrio emocional e, no caso da relação a dois, o respeito a esse mesmo equilíbrio do outro. O aspecto mais importante é a da responsabilidade individual nas escolhas que fazemos dos parceiros e das práticas para o relacionamento sexual. 

No meio espírita, há uma certa dificuldade de se considerar a busca do prazer como algo normal. Confundimos a busca da espiritualidade com a abstinência sexual. Só que, ao considerarmos a evolução espiritual do homem e a nossa condição intermediária nesse processo evolutivo, vamos constatar que a nossa natureza material (animal) ainda prepondera sobre os primeiros vislumbres da nossa consciência espiritual. Dessa forma, o atendimento às necessidades sexuais é fundamental, não só para o equilíbrio hormonal, físico, mas para o equilíbrio psicológico do indivíduo. 

O Dr. Jorge Andréa considera, em seu livro "Forças Sexuais da Alma", que, tanto a abstinência forçada como a exacerbação da prática sexual são fatores de desequilíbrio do psiquismo. Considero ser "normal" a prática sexual que atenda a necessidade física, do prazer, juntamente com o componente de afeto, de sentimento que dá sentido mais amplo a esse prazer. Joanna de Ângelis considera que, além do prazer físico, é fundamental a busca do prazer emocional, intelectual e até espiritual para atingirmos a felicidade.

Encontramos nas experiências corpóreas pretéritas justificativas para a homossexualidade na existência corpórea atual ou tudo baseia-se nas escolhas do agora?

A questão das escolhas é complexa. Quando consideramos as experiências marcantes vividas no passado, temos que observar a força que elas exercem no psiquismo atual. O fato de termos vivido uma situação traumática na área do sexo, por exemplo, uma violência sexual, seguida de morte, deixa um registro que se cristaliza no nível do perispírito. Através do processo reencarnatório, esses registros podem muitas vezes ser "ativados", influenciando as reações e o comportamento de agora, da vida atual. 

Uma vida passada, por exemplo, de promiscuidade, pode gerar uma tendência à manutenção daquele comportamento se ele foi considerado prazeroso, ou positivo. Também irá influenciar as "escolhas" de hoje. É muito comum as pessoas tratarem a opção homossexual como falta de vontade na mudança de comportamento. Só que essas reações podem estar alicerçadas em complexos psicológicos trazidos na memória espiritual de difícil modificação.

Algumas vezes o comportamento homossexual é por uma escolha consciente do indivíduo que identifica no parceiro de mesmo sexo o ideal para o atendimento das suas necessidades emocionais e até físicas.

Que explicação se dá para o homossexual?

A homossexualidade é observada quando há uma diferença entre a constituição física do indivíduo e a sua constituição psicológica, ou seja, o indivíduo está identificado com um gênero, por exemplo, masculino, fisicamente, mas traz características psicológicas predominantemente femininas. Quando a libido atua nessa característica feminina da sua personalidade, ele tende a buscar os indivíduos de mesmo sexo para a sua realização afetiva. 

A homossexualidade se forma na idade infantil ou há chance dele se suceder na idade madura ou até mesmo na terceira idade?

Na grande maioria das vezes, é na fase da puberdade que as tendências homossexuais aparecem. Isso porque, nessa fase, o desenvolvimento orgânico inicia o processo de identidade sexual. Pela visão espírita, sabemos que é nesse período também, que o espírito praticamente completa o seu processo reencarnatório, trazendo seus traços de caráter. Mas também podemos verificar casos em que as tendências homossexuais aparecem na idade madura, sendo alguns casos conseqüência de uma prática bissexual que se define para a homossexualidade. Algumas pessoas, na terceira idade, por conta de uma redução da atividade sexual, acabam buscando uma prática homossexual na tentativa de manter elevado o nível de prazer físico.

O espirito faz a escolha no plano espiritual para reencarnar como homossexual?

Quando o comportamento sexual, não só homossexual, traz algum tipo de conflito ou desequilíbrio, demonstra uma necessidade de conscientização desse espírito em relação a alguns valores importantes no seu processo evolutivo. Nesse sentido, acho difícil uma escolha por uma reencarnação como homossexual. 

Porém, a homossexualidade pode representar uma opção do espírito que pretende neutralizar, de alguma forma, os impulsos da sua sexualidade física, objetivando realizações em outros campos, como as artes, a ciência, a mediunidade, etc. Um espírito que tem consciência da intensidade da sua vocação à maternidade, por exemplo, pode optar em reencarnar em um corpo masculino, se tem como objetivo um mandato mediúnico de expressão, por exemplo. O determinante na possibilidade da escolha parece ser o nível de consciência das necessidades de evolução do próprio espírito.

Na Doutrina Espírta há mais preocupação com a forma do que com o conteúdo quando se trata de sexo? 

Parece que o problema não é da Doutrina Espírita, e sim dos espíritas. Também concordo que as práticas distorcidas da heterossexualidade são muito mais aceitas, porém são responsáveis por grandes distúrbios psicológicos e de desgastes nas relações. Essa associação de que a "forma" de relação homossexual é moralmente inferior rotula relações que são pautadas em princípios de respeito, consideração e amor, às vezes não vistos na maioria das relações heterossexuais. Não podemos deixar de considerar que muitos homossexuais acabam reforçando essa visão preconceituosa com condutas excêntricas e agressivas que provocam uma generalização de opinião. No final, o mais importante é observar a conduta mais ampla desses indivíduos, tanto homo quanto hetero, em relação a si próprios e aos seus semelhantes.

A homossexualidade pode ocorrer por influência obsessiva?

Eu costumo dizer que o obsessor não coloca na nossa vida nada que a gente já não tenha. 

Na nossa prática profissional, temos observado que em todos os distúrbios da sexualidade há uma influência espiritual externa, videnciando os conflitos que o indivíduo já traz. Na homossexualidade não é diferente. Muitas vezes, por uma ação mental vigorosa do obsessor, o encarnado tende a reviver na vida atual conflitos de existências pretéritas relacionadas aos seus comportamentos sexuais. Por identificar, nesse ponto, o mais vulnerável do indivíduo, o obsessor concentra suas ações, desencadeando os conflitos. 

Mas me parece incorreto afirmar que o comportamento homossexual seja determinado pelo obsessor. Até porque sabemos que o processo obsessivo só se estabelece pelas dificuldades em termos de atitudes no comportamento do encarnado. Se o encarnado promove uma mudança de suas atitudes, perde a sintonia com o obsessor. 

- Como devem se comportar as pessoas que se descobrem homossexuais?
- Eles podem assumir um amor?
- E as conseqüências futuras?


Na minha opinião, o mais importante, quando se reconhece uma tendência homossexual, é o questionamento sobre os conflitos íntimos gerados com essa descoberta. Nem sempre é fácil assumir socialmente esta tendência. Há problemas no relacionamento familiar e profissional que devem ser considerados, caso a caso. Um dos maiores motivos de sofrimento da opção homossexual é exatamente lidar com a pressão dos preconceitos externos. 

Dependendo do tipo de estrutura emocional do indivíduo é válida a conduta de assumir essa opção, pois garante uma coerência interna importante para a manutenção da saúde psicológica. Sobre as conseqüências, existem opiniões de que a prática homossexual promova um desequilíbrio a nível de centros de força, no perispírito, que poderia gerar em uma vida futura maiores comprometimentos na sexualidade. 

Na minha opinião, o mais importante é a consciência do equilíbrio que esta prática promove hoje na vida do indivíduo. Para dar um exemplo rápido, tive um caso de um homossexual masculino que tinha uma relação estável e uma série de relações promíscuas com outros homens. Essa promiscuidade passou a incomodá-lo profundamente. Com o processo terapêutico, conscientizou-se da origem dessas tendências promíscuas, eliminando-as da sua vida atual, passando a se dedicar de forma equilibrada ao seu relacionamento estável. Com certeza, ao dar alta para esse indivíduo, sabia que ele estava em pleno processo de evolução do seu espírito, o que indicaria avanços significativos para a próxima existência. Como pensar a questão das conseqüências futuras em tema tão complexo?

À luz do espiritismo, considerando que o espírito não tem sexo e que as reencarnações se fazem ora num sexo, ora no outro, não seria a homossexualidade uma contingência natural, ou até mesmo fatal dessa dualidade?

Eu concordo com a naturalidade da homossexualidade. Não com a fatalidade. 

A naturalidade vem justamente da verificação das duas polaridades, masculina e feminina, na essência do espírito, como experiências importantes e complementares no processo evolutivo do espírito. Por essas experiências nos dois sexos poderem trazer conflitos quanto à prática sexual, o homossexualismo poderia ser considerado como um conflito natural do espírito em processo de crescimento. Mas nem todos os espíritos, mesmo reencarnando ora num corpo masculino, ora num feminino, vão apresentar, em algum momento da sua existência, esse conflito homossexual.


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