Aula dada por Aderico Freitas em 22/07/2004
Que a paz de Jesus esteja conosco. Que ela prevaleça não só no ambiente mas em nossos corações.
Que Ignácio Bittencourt possa nos ajudar para que o que falarmos seja entendido por todos.
Quando alguém fala de fé, normalmente, a pessoa vai falar daquilo que ela sente e, principalmente, da maneira como ela vê e entende Deus e como ela se relaciona com Deus. Porque a fé está diretamente
relacionada com a nossa relação com o ser superior.
Dentro da proposta de estudo apresentada pelo EEME, estudamos as respostas a 3 perguntas:
1a – Por que ficamos doentes?
2a – Como vamos nos curar?
3a – O que fazer para não ficar doente?
Tudo com base no:
“Bem-Aventurados os aflitos”, do Evangelho de Jesus, visando ajudar a todos nós a ser Bem-Aventurados nas aflições e não MAL-AVENTURADOS.
Exemplo de mal-aventurados:
♦ Impacientes;
♦ Sem resignação;
♦ Desanimados;
♦ Revoltados;
♦ Indiferentes;
♦ Desesperados. Etc.
A dor faz parte do nosso currículo de aprendizado num Planeta de provas e expiações. Se não temos resignação diante dessa dor, do sofrimento, vamos sofrer repetidamente, uma encarnação após a outra e, não estaremos enquadrados dentro da condição de bem-aventurados de que Jesus falou.
Relembrando a resposta da 1a pergunta – Por que ficamos doentes?
As Leis Divinas, até onde sabemos, usam basicamente, 4 mecanismos para nos conduzir na caminhada evolutiva:
1 – A necessidade: conduz-nos ao dever.
2 – O prazer: estimula-nos a fazer.
3 – O sofrimento: corrige-nos os desvios.
4 – O amor: fortalece-nos e pacifica.
A necessidade nos impõe situações as mais diversas, nos obrigando mesmo a aprender, a buscar a solução desse ou daquele problema. Desenvolvemos com isso a inteligência e vamos nos adequando ao dever. Porque à medida que nós nos cansamos de sofrer, passamos a cumprir o dever. Então a necessidade nos conduz ao dever.
O prazer é o principal mecanismo que temos dentro de nós e nos faz buscar fazer alguma coisa. Pensem no que vocês quiserem pensar, se existir dentro de nós alguma satisfação em realizar aquilo, vamos nos sentir estimulados a fazer. Só que essa busca desenfreada ao prazer, vai criando situações difíceis para nós. Porque um dos grandes problemas nossos é não saber a medida certa para aquilo que fazemos. Aí, surge o sofrimento, que é o grande mecanismo corretor das nossas ações, para nos corrigir dos desvios frente à Lei.
O amor nos fortalece. É aquele sentimento que está sempre nos empurrando para frente, nos impulsionando a buscar o melhor.
No estudo da 2a pergunta, temos:
Fatores que influenciam na cura:
• A Fé
• A Esperança
• A Crença na espiritualidade
• O Mérito
• O Pensamento
• A Vontade
• A Prece
• A Concentração
• O Ambiente
• A Educação moral
Ao estudarmos fé, por mais que busquemos nos diferentes livros e fontes de consultas, é importante nos lembrarmos de Jesus e buscar no seu Evangelho, os exemplos de fé. Jesus enfatizou o tempo todo a fé.
1 – CURAS DE JESUS
Perda de Sangue
“— Então, uma mulher, que havia doze anos sofria de uma hemorragia; — que sofrera muito nas mãos dos médicos e que, tendo gasto todos os seus haveres, nenhum alívio conseguira, — como ouvisse falar de Jesus, veio com a multidão atrás dele e lhe tocou as vestes, porquanto, dizia: Se eu conseguir ao menos lhe tocar nas vestes, ficarei curada. — No mesmo instante o fluxo sangüíneo lhe cessou e ela sentiu em seu corpo que estava curada daquela enfermidade. Logo, Jesus, conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, se voltou no meio da multidão e disse: Quem me tocou as vestes? — Seus discípulos lhe disseram: Vês que a multidão te aperta de todos os lados e perguntas quem te tocou? — Ele olhava em torno de si à procura daquela que o tocara. A mulher, que sabia o que se passara em si, tomada de medo e pavor, veio lançar-se-lhe aos pés e lhe declarou toda a verdade. — Disse-lhe Jesus: Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade.”
(S. Marcos, cap. V, vv. 25 a 34.)
“Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz e fica curada da tua enfermidade”.
2 – FÉ
a) “É uma atitude de fidelidade, harmonia e sintonia com a Lei”.
“A palavra fé vem do latim fides (fidelidade), que por sua vez, foi a tradução encontrada para a palavra pistis em grego, que significa fé.
“Como na maior parte das línguas neolatinas não existe verbo derivado da palavra fé (fides), foi empregado um verbo de outro radical, verbo do latim credere que deu crer, crença”.
“Crença é uma opinião vaga, incerta, indefinida.” (Humberto Rohden – Ensinamentos de Jesus: Fé Incondicional, Ed. Martin Claret)
Fé e crença não são a mesma coisa. Mas nós usamos como sinônimo. Porque ao longo do tempo nos acostumamos a não nos preocupar muito com o significado das palavras. Vamos usando sem entender bem o que elas significam.
“Crença é uma opinião vaga, incerta, indefinida.” Ah! Eu creio no que Fulano falou, mas não me dei ao trabalho de pesquisar se o que o Fulano falou é verdade. Eu confio nele e o que ele falou para mim tem valor de algo certo. A palavra fé significa outra coisa.
Jesus não advertiu: “Vai e não peques mais”. Por quê?
Resposta: 1o – Jesus sabia que aquela alma tinha FÉ – Fidelidade, Harmonia e Sintonia com as Leis Divinas.
2o – Em relação àquela enfermidade, ela estava quite com a Lei.
b) FÉ
“... a confiança que se tem na realização de algo, a certeza de se alcançar um objetivo.”.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 3 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)
“... é o sentimento inato, no homem, dos seus destinos futuros; ...”.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 12 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)
A nossa visão de futuro, de imortalidade, tem importância fundamental na nossa fé. Se eu encaro que sou um ser imortal, minha fé estará alicerçada num tipo de sentimento meu em relação a Deus. Se eu não admito a realidade da imortalidade, essa minha fé vai se manifestar de forma diferente. Nós temos exemplos disso nas correntes protestantes. Nós podemos dizer que essas criaturas não tem fé? Muitas delas têm uma fé inabalável, mas a visão delas em relação ao depois da morte é completamente diferente do que é apresentado pela Doutrina Espírita. Mas elas têm fé e conseguem através da fé, a solução de muitos problemas na vida. Mas elas estão limitadas e vamos ver mais na frente o porquê.
A fé tem que ser ativa, não pode ser simplesmente o crer e acabou. Olha a crença numa colocação diferente de fé. Fé significa fidelidade e crença... “eu creio”. Tudo bem, eu creio, mas em quê?
3 – CLASSIFICAÇÃO DA FÉ
3.1 – Quanto ao entendimento: Como nós entendemos a fé. Dentro do âmbito da fé religiosa nós vamos ter:
a) Fé Cega: “... nada examina, aceita sem controle o falso como o verdadeiro, e se choca, a cada passo, com a evidência e a razão ...”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 6 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)
A criatura diz que tem fé, mas chega alguém e diz para ela que tem que ter determinados procedimentos, pela fé que ela tem, ela não questiona, ela faz; sem pensar nas conseqüências, sem
pensar se aquilo é válido.
Essa fé pode trazer alguns prejuízos: ilusão, desapontamento, perigos, comprometimento da própria saúde. Temos exemplo de criaturas que em nome de uma fé, não aceitam a transfusão de sangue. Quando isso salvaria a vida dela. E muitos outros exemplos que nós vamos encontrar, que em nome de uma fé, sem o devido exame do porque confiar naquilo (vou substituir a palavra confiar pela palavra crença). Porque ou não quer por comodismo, ou porque tem medo e não busca realmente, saber se vale a pena, se pode confiar e se manter fiel aos princípios que estão sendo passados para ela.
Prejuízos que essa fé pode nos causar: “... causa, atualmente, o maior no de incrédulos, porque exige a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio...”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 7 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)
Vamos lembrar do período da Idade Média em que a fé era aquela: crê ou morre. Era imposta a ferro e fogo. Por medo de perder os bens ou a vida, a criatura dizia que acreditava. Mas o sentimento dela correspondia ao que ela dizia? Na maioria das vezes não. Algumas criaturas se atribuindo o direito de determinar quem devia crer e a forma como se devia ter fé, estabelecia a maneira de se relacionar com o Criador. Quando esse relacionamento deve ser direto da criatura com o Criador e, o nosso grande instrumento é a prece. Não precisamos de intermediários. Se for necessário o intermediário, quem nos ama providenciará. Estando do outro lado irá tomar as providências. Como isso ocorre? Estamos em situação aflitiva, fazemos uma prece pedindo ajuda, nos dirigimos ao Pai. Mas é o Pai diretamente que vem nos atender? São aqueles espíritos que nos amam, que por sua vez, se não forem capazes, por não terem recursos de conhecimento e de elevação moral para solucionar a nossa problemática, eles intercedem a quem tenha condições para nos atender, dependendo do nosso conhecimento e necessidade.
b) Fé Raciocinada: “... se apoia sobre os fatos e a lógica, não deixa nenhuma obscuridade; a
pessoa crê, porque tem a certeza, e só tem a certeza porque compreende ...”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 7 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)
Por que eu vou ser fiel à Lei de amar ao meu próximo? Eu necessito de paz e só vou ter paz se eu não estiver com medo do que o outro vai fazer comigo. Eu preciso amar ao meu próximo para que ele, sabendo que eu não sou motivo de preocupação para ele, aos poucos deixe de ser motivo de
preocupação para mim. Em cima dessas demonstrações é que vamos fortalecendo e ampliando a nossa fé, a nossa fidelidade às Leis, porque vamos entendendo como elas funcionam na nossa vida e vamos nos ajustando, fazendo com que o nosso comportamento vá ficando cada vez mais de acordo com elas.
Vamos criando em torno de nós paz, equilíbrio, resistência às tempestades que desabam sobre nós.
Intervenção: Nessa parte da fé raciocinada temos um exemplo em William Crooke, que, ao final dos estudos com Kate King, ele diz que não pode dizer: “Não creio. Minha fé é apoiada sobre os fatos.” Ele pesquisou. Antes era um dos maiores incrédulos.
O Espiritismo surgiu na metade do século XIX como filosofia estabelecida, organizada. Vamos ver que nesse período um número imenso de cientistas na região da Europa, perto da França, pesquisavam profundamente todos os fenômenos que interessavam ao homem. Porque o homem achava que podia resolver tudo sem o lado espiritual da vida. Alguns cientistas chegaram à conclusão que não precisavam mais de Deus. Esses cientistas, quase que a totalidade deles, foram levados a pesquisar o Espiritismo com o objetivo de desmascarar os fenômenos. Só que eles eram e são espíritos sérios, fiéis à Lei, fiéis à verdade. Eles tinham credibilidade no mundo científico, sua palavra em muitos assuntos tinha força de Lei. Quando eles entraram na pesquisa e constataram a realidade dos fatos, eles não recuaram em declarar a verdade do que tinham encontrado. Eles tinham primeiro que conquistar uma autoridade na área deles, desvinculada de toda ideia religiosa, para que quando viessem e dessem a palavra deles, ela não pudesse ser contestada. E formou um dos fundamentos da Doutrina Espírita, pois ela tem por base a ciência.
A Doutrina Espírita veio para desfazer a confusão na cabeça de todos nós. Veio para desfazer os equívocos. Quem pensar que a Doutrina Espírita esconde as coisas, enrola, está enganado. Estude mais a fundo, pesquise, medite, deixe passar os anos debruçado sobre os livros e entenda o que está ali.
Ao longo dos séculos, os ensinamentos do Cristo foram deturpados, pelos interesses os mais
diversos, mas ele sabia disso, tanto é que anunciou a vinda do Consolador. Ele sabia que chegaria o
momento da verdade receber mais um impulso. A Doutrina Espírita veio para justamente, desfazer,
tirar da obscuridade, da nossa ignorância, do nosso orgulho, da nossa vaidade que faz com que nos
achemos uns sabichões e colocar as coisas às claras. A pessoa crê porque tem a certeza e só tem a
certeza porque compreende. O entendimento tem a ver com o raciocínio. Com o “saber como
funciona” e “porque é assim”. Compreende. Você aderiu com o seu sentimento e aceitou aquilo.
Como é que nós estamos sendo apresentados à Doutrina Espírita? Principalmente pelo
sofrimento. Porque ainda é do nosso estágio evolutivo. Nós caminhamos como alguém que está
numa área totalmente cheia de neblina e não tem uma visão muito clara do que está lá na frente.
Você só tem a visão de um pequeno espaço ao seu redor, não tem a visão do todo. Essa visão vai se
ampliando à medida que vamos entendo os mecanismos da Lei Divina e o que ela tem de proposta
para cada um de nós. À medida que a Doutrina Espírita vai entrando no nosso entendimento e
ajudando a mudar o nosso sentimento, essa neblina vai se diluindo e vamos enxergando com mais
clareza e caminhando com mais segurança. Infelizmente no nosso estágio evolutivo, isso ainda está
sendo conseguido através do sofrimento. Porque somos criaturas muito teimosas, renitentes,
recalcitrantes. A dor tem o tamanho da nossa rebeldia. Quanto mais rebelde eu for, mais intensa tem
que ser essa dor, para que eu reconheça que existe algo regendo o nosso caminhar.
3.2 – Quanto ao objetivo:
a) Fé Humana: É quando o homem aplica suas faculdades para atender suas necessidades
materiais. Confia em si mesmo.
Nós precisamos ter fé em nós, precisamos confiar nas nossas capacidades, nas nossas
possibilidades. Daí a necessidade do autoconhecimento. O que eu posso? O que eu não posso? O
que eu sou capaz de fazer? Até que ponto eu suporto esse tipo de pressão sobre mim? E nós só
vamos descobrindo isso, à medida que vamos experimentando. É tentar ver o resultado que dá. Se
não deu certo, recue e admita o fracasso como aprendizado. E não cair na depressão e pensar que 66
tudo acabou. Porque as Leis Divinas, principalmente, a Lei de Progresso faz isso conosco. Quantas
vezes nós já reencarnamos para vivenciar a mesma situação e retornamos ao plano espiritual sem
conseguir ter dado um passo no aprendizado daquilo? E nem por isso Deus nos castigou. Essa
repetição é castigo divino? Não, é o amor dele pelo filho: “— Vai, repete quantas vezes forem
necessárias, até aprender.”
b) Fé Divina: O homem aplica suas faculdades para atender suas aspirações espirituais.
Confia em Deus.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 12 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)
Ele já sai da postura de se preocupar só com ele mesmo e lembra-se que tem um Criador. Os
cientistas do século XIX consideravam que não precisavam mais de Deus, mas a vida aos poucos
vai fazendo as coisas acontecerem para lembrarmos que Deus existe. Umas das coisas que fez, de
uma forma estrondosa, o homem entender que existe Deus e que ele não é só essa estrutura
material, foi justamente, o advento da Doutrina Espírita. O homem pesava, media, pesquisava,
cortava os corpos, fazia mil e uma coisas, considerava que sabia tudo. De repente, as mesas
começam a se levantar, a se balançar e uma inteligência responde o que ele perguntava em
pensamento. Como isso é possível? A ciência, se fosse aquilo que eles acreditavam que era, caía
toda por terra. No entanto, continuaram, e hoje, a própria Física, que é uma das ciências mais
materialista, é ela justamente, que está fazendo o caminho de volta para Deus.
Existem alguns pesquisadores que estão apresentando algumas teorias da Física, que quando
eles conseguirem fazer com que isso seja do entendimento de todos, vai alterar quase que toda base
da Física que nós conhecemos hoje.
4 – A FÉ VERDADEIRA
• É sempre calma.
• Paciente.
• Apoia-se na inteligência e na compreensão.
• Tem a certeza de chegar ao objetivo.
• Alia-se à humildade.
• Coloca sua confiança mais em Deus.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 3 e 4 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)
5 – A ESPERANÇA
“... é a faculdade que infunde coragem e impele à conquista do bem...”
Se eu confio em Deus, sou fiel as suas Leis, eu não tenho dúvidas de que vou caminhar. E
para que eu seja aquilo que Deus espera que eu seja, eu tenho que me tornar uma pessoa de bem.
“... a esperança revigora o entusiasmo e insufla o necessário ânimo para o prosseguimento
até o fim...” (Joanna de Angelis – Estudos Espíritas: Esperança)
A dor, o sofrimento, ainda fazem parte do nosso estágio evolutivo e, em alguns momentos,
parece que pegaram todas as dores do mundo e colocaram em nossos ombros. Tem horas que a
gente pensa assim. Mas, no momento em que nós refletimos, se a nossa fé está alicerçada na
fidelidade a Deus e se nós procuramos estar em sintonia com suas Leis, vamos caminhar.
A resignação é aceitar aquilo que não pode ser mudado, sem a revolta. Se você traz uma
enfermidade e a Medicina atual ainda não consegue curá-la. Se você confia em Deus, na sua justiça
e no seu amor, não vai se revoltar. Vai se colocar na seguinte postura: “Se estou passando por isso é
porque há uma razão justa. Portanto, no devido momento eu vou saber porque estou passando por
isso.” Se nós aceitamos a imortalidade, a reencarnação, vamos também entender que aquilo que
estamos passando é conseqüência do que fizemos no passado. Isso nos dá tranqüilidade, força, paz e
nós caminhamos, prosseguimos.
“... a fé cresce na razão em que o homem se liberta do egoísmo...”
(Humberto Rohden – Ensinamentos de Jesus: Fé Incondicional, Ed. Martin Claret)
Os espíritos colocam constantemente para nós que o egoísmo é a grande chaga da
Humanidade, que nós temos que nos empenhar com todas as nossas forças, com todas as nossas
possibilidades de entendimento, para nos libertarmos do egoísmo. Então, a nossa fé aumenta. E
vamos estabelecer a relação: se eu faço com que prevaleça em mim o egoísmo, eu não vou ser fiel,
vou pensar primeiro em mim.
6 – CONSEQUÊNCIAS DA FÉ VACILANTE
• A incerteza.
• A hesitação.
• A fraqueza – aproveitada pelos inimigos.
• A inércia.
• A descrença em si mesmo.
• O desespero.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 2 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)
Eu coloquei fé vacilante porque, sinceramente, não tenho muita convicção que exista alguém
que não tenha absolutamente nada de fé. Mesmo porque, no estágio atual do planeta Terra, nós não
temos espíritos totalmente ignorantes. Já vivenciamos um sem números de encarnações, mesmo nos
povos primitivos vão ver que eles têm uma fé, uma crença, eles estabelecem relação com as forças
superiores. Então, há neles um sentimento de confiança, de esperança. Não existe realmente,
alguém sem fé. Mas, em nós ela é aquela fé vacilante.
A fraqueza – aproveitada pelos inimigos. Se eu não confio, se não sou fiel, não me coloco
em condições de ser abastecido dos recursos que preciso para enfrentar os problemas. Perturbo-me,
saio da sintonia, abro campo para aqueles que querem ver o meu sofrimento maior, agirem.
O desespero é algo muito sério. Conseqüência do desespero é o suicídio. Como não temos
uma fé, não temos essa sintonia, nos deixamos envolver por essa onda e as criaturas, às vezes, sem
nenhum compromisso sério, sem nenhuma perturbação grave em si mesma, acabam sendo levadas
ao suicídio.
Nós estamos vivendo um período de grande aferição de valores, é só observarmos o que
acontece conosco e à nossa volta. Estamos sendo estimulados a colocar para fora aquilo que tem de
mais podre. Nós estamos fazendo a própria aferição de valores. E para fazermos essa seleção temos
que ser estimulados a nos mostrarmos com somos, como estamos. Temos espíritos encarnados que
estão tendo chance de vivenciar as situações as mais diferentes, para colocar para fora todo o seu
patrimônio, seja ele positivo ou negativo, para fazer essa aferição de valores. Em compensação,
como a misericórdia divina não deixa as coisas andarem soltas por aí, coloca chegando ao planeta
um grupo de espíritos, equilibrados, sérios, que não são, muitas vezes, detectados por nós, mas que
tem a cabeça firme, tem essa fé, essa fidelidade às Leis, que contrabalançam psiquicamente,
fluidicamente com a situação do planeta. Os altamente comprometidos com a Lei estão tendo a
chance de tentar ficar de um lado ou de outro. Se não conseguirem irão para outro planeta. Os que
conseguirem passar para um estágio melhor, serão os que habitarão o planeta nessa fase de
regeneração, cujo padrão está sendo lentamente estabelecido por esses que estão chegando em
melhores condições. É só lermos, no final da Gênese a “Geração Nova”, que vamos entender como
isto está ocorrendo.
7 – BENEFÍCIOS DA FÉ
• Regenera “... é a base da regeneração...” – Temos fidelidade a Deus. Estamos sendo
estimulados sempre para o bem. Estamos buscando a reforma íntima, a aferição de valores e sempre
buscando um padrão melhor.
• Arrebata e contagia – A fé não estimula? Aqueles exemplos de grande resistência, de
fé, de amor e fidelidade a Deus, não tem arrastado multidões ao longo dos milênios?
• Fortalece e encoraja.
• Infunde Esperança – Ela infunde esperança, porque sabemos que hoje está difícil,
mas amanhã vai estar melhor. Porque sabemos que tudo vai mudar, tudo vai progredir.
• Estimula a Vontade.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – XIX, 11 – Allan Kardec – Ed. F.E.B.)
8 – PENSAMENTO E VONTADE
“Impondo o pensamento, por meio da vontade, os Espíritos atuam sobre os fluidos.
Orientam-nos, modificam-nos, dão-lhes formas, cores, mudam suas propriedades químicas, etc.
(Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.3 – Corpo e Perispírito; Fluidos)
8.1 – PERISPÍRITO
“O perispírito é constituído de matéria, porém, caracterizada por outro estado vibratório.
Varia de mundo para mundo...” e mesmo de indivíduo para indivíduo. Porque cada mundo está de
acordo com o grau evolutivo dos espíritos que ali habitam.
“Ele emite radiações que variam de natureza e intensidade conforme o estado mental do seu
portador...”
(Carlos Toledo Rizzini – Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.2)
As características dessas irradiações serão dadas pela natureza dos sentimentos
predominantes.
“O perispírito de uma pessoa pode emitir emanações fluídicas mais fortes e orientadas numa
dada direção se ela quiser, se aplicar sua vontade a isso.
Temos aqui a criatura deprimida, triste, com áreas irregulares no campo energético, que uns
chamam de aura, representando aqui aquelas áreas de menor energia. Comprometidas, com órgãos
deficientes, enfermos.
A outra figura é do livro Mãos de Luz. Ela é muito representativa do trabalho na sala de
cura.
“As emanações perispiríticas têm influência sobre os outros:
— se enviam fluidos bons, são salutares;
— se veiculam fluidos escuros, procedentes de mentes perturbadas e de intenções menos
dignas, são perniciosas.
“As pessoas sensíveis sentem logo uma impressão penosa à aproximação de um espírito
mal-intencionado ou desequilibrado.”
(Carlos Toledo Rizzini – Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.4)
Aqui, um grupo lendo, estudando, alegre. O outro, sentindo a presença de um espírito que
pode até ser um espírito brincalhão. Mas os que não tem nenhuma informação a respeito de
Doutrina Espírita, a respeito de fenômeno espírita não percebem. Conhecemos uma porção de
pessoas espíritas, que estudam a Doutrina Espírita, mas tem pavor de espírito e não querem nem
saber de ver espírito.
8.2 – Vontade
“... a vontade não é atributo especial do Espírito: é o pensamento chegado a um certo
grau de energia; é o pensamento tornado força motriz ...”
(Allan Kardec – Revista Espírita de 1868, Dezembro, pág. 352 – Edicel)
Nós somos o que pensamos. Tudo o que acontece conosco está relacionado com o nosso
pensamento. Tudo o que existe no mundo material é resultado do pensamento de alguém que criou.
O planeta é criação do Cristo. O sistema solar é criação de um espírito que nós não sabemos quem
é. O nosso corpo atual é o melhor que conseguimos construir como espírito. É resultado do que nós
pensamos.
A vontade nada mais é do que o pensamento que atingiu um grau “x” de intensidade e se
tornou uma força que nos movimentou para uma ação. Se eu penso em construir uma casa, ela vai
surgir primeiro no meu pensamento. Ou vai ficar a nível de elaboração mental, ou, se eu realmente
quiser fazer essa casa, o meu pensamento vai atingir uma intensidade tal, que eu vou partir para
uma ação. Torná-la materializada. Primeiro vou conseguir uma planta, vou me movimentar para
conseguir e depois todas as ações subsequentes, necessárias, para que a casa seja construída.
“O pensamento plasma-se, toma forma e adquire consistência no Fluido Cósmico Universal.
Pensamentos semelhantes, de mesma vibração e mesma sintonia interagem-se, influenciam-se e
ganham força pelas suas combinações e, por atraírem outros, tornam-se fortes a ponto de mudarem
a atmosfera no local em que habitam.”
(Paulo Nagae – Apostila do EEME)
Tem casas espíritas cujo ambiente é confuso, inseguro, e os espíritos benfeitores levam para
lá trabalhos simples, criaturas com necessidades simples, porque a estrutura da Casa não tem
condições, porque não há harmonia, não há identidade, não há sintonia nos objetivos e união para
formar essa força que uma Casa precisa ter. Em compensação, vamos encontrar casas que não tem
um volume de trabalho muito grande, mas os trabalhos espirituais que são levados para ali, são os
mais difíceis, os mais complicados. Porque o grupo pode ser pequeno, mas há uma sintonia perfeita,
uma harmonia nas intenções, nos sentimentos, fidelidade à tarefa, ao Criador, a Jesus, aos
benfeitores espirituais, fidelidade e respeito à potencialidade mediúnica. Os espíritos sabem que
aqueles companheiros têm condições de suportar o grau de desequilíbrio dos espíritos que eles vão
levar lá para serem atendidos, encarnados ou desencarnados. A força de uma Casa não está na multidão, está na união de pensamentos e sentimentos em torno do mesmo objetivo.
8.3 – “Tanto o fluido do homem tem ação magnética e cura, quanto o fluido do
Espírito”.
“... geralmente, porém, os espíritos espontaneamente cedem seus fluidos ao passista
humano, combinando os dois tipos e reforçando a ação, que a prece intensifica mais ainda ...”
A prece é a busca de uma sintonia mais perfeita no momento do trabalho, para que através
dessa sintonia eu possa receber os recursos que serão necessários para o desenvolvimento da tarefa.
8.4 – “... muitas vezes, o passe não objetiva uma cura que razões espirituais (ligadas a
débitos) não permitiriam; serve, no comum dos casos, para descarregar fluidos deletérios que o
sujeito absorveu ou fabricou no contato com os demais e para fortalecer disposições mentais e
estruturas orgânicas ...”
(Carlos Toledo Rizzini – Evolução para o 3o Milênio, 2a Parte, item 9.4)
Fortalecer a fé, despertar a fé nas criaturas, dar esperança, porque, às vezes, a doença dela é
incurável, ela não pode ser curada, o remédio dela é viver com a doença. Porque quem tem que ser
curado é o espírito. O espírito é desatinado, rebelde, infringiu a Lei em inúmeras situações. A
doença é a limitação que ele precisa para se ajustar à Lei. Ele não pode ser curado, mas precisa ser
mantido no tratamento, mantido em contato com a informação espírita, para passar da fé cega para a
fé raciocinada. Ele precisa se fortalecer, se reequilibrar o indispensável para continuar a encarnação,
porque senão, muitas vezes, ele se suicida.
9 – PAPEL DA FÉ NO PASSE
“O fluido está também sujeito às leis de atração, repulsão e afinidade”.
A criatura descrente torna-se refratária à recepção do passe, ela não vai absorver. Ela pode
absorver pequenas quotas por misericórdia, pelo amor dos benfeitores espirituais. Às vezes, essas
criaturas têm pessoas que dependem dela e precisa ser mantida, mesmo na posição de descrença, de
falta de fé, de perturbação, ela recebe, porque precisa ser mantida de pé, lúcida, consciente, fazendo
a parte dela junto à família, na empresa onde trabalha, na tarefa que ela executa. Não temos noção
da dimensão do trabalho em torno de uma criatura quando estamos dando o passe. Porque o plano
espiritual não vê só a lesão orgânica, vê, muitas vezes, o histórico da criatura uma, duas, três
encarnações, vê a necessidade da família, a responsabilidade profissional. Imagine um médico que
tem que fazer cirurgias extremamente delicadas, engenheiro que tem que fazer cálculos de
estruturas sob as quais criaturas vão viver.
“... precisamente porque o fluido varia de indivíduo a indivíduo, é de notar-se que certos
magnetizadores (PASSISTAS) têm mais facilidade em curar determinadas moléstias do que outras ...”
Tanto vai ficar na dependência da qualidade do fluido, quanto vai ficar na dependência da
necessidade de quem vai receber o passe, da postura dele. Porque o passista pode ter o fluido adequado
para curar aquela enfermidade, mas ele não pode ser curado. O passista pode não ter aquele fluido
específico para aquela necessidade, mas ele precisa ser curado. Os espíritos vão dar um jeito e atender à necessidade da criatura.
♦ A cura se opera mediante o fortalecimento e reequilíbrio das moléculas malsãs.
Não só das moléculas mas, principalmente, do espírito. A gente observa no trabalho do
passe de cura as pessoas, muitas vezes, entram para tomar o passe com o semblante pesado, quase72
que desfalecendo, descrentes, abatidas, quando terminamos o passe o semblante está outro. Ela
possivelmente não teve alteração a nível celular, orgânico, mas espiritualmente foi atendida. Porque
ela está enferma espiritualmente. O que está problemático no seu corpo é apenas o reflexo do estado
espiritual.
♦ O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância administrada.”
Aí, diz muito respeito ao médium, porque ele sendo aquele médium com fé, fidelidade, em
harmonia com a Lei, sintonizado com o objetivo do trabalho, ele vai procurar sempre saber o que
precisa fazer para doar o melhor fluido possível no trabalho que realiza.
10 – CONCLUSÃO.
Creio podermos dizer que FÉ é o nosso Pensamento – Força Motriz (Vontade) – sintonizado
com a Vontade do Pai, representada pelas Suas Leis.
Essa sintonia nos infunde energia, força, coragem, lucidez e confiança (Esperança).
A criatura lúcida tem discernimento para enfrentar qualquer situação.
Ela confia, porque sabe que pode confiar no Pai. Sabe que não será deixada entregue às
forças dos ventos em momento nenhum, em situação nenhuma, porque Deus é o Pai sábio, justo e
amoroso e dispõe de todos os recursos. Deus não esgotou os recursos, nós é que não entramos em
sintonia com Ele, para obter os recursos de que precisamos. Mas eles estão aí à nossa disposição. É
a esperança constante, renovada, de que hoje pode estar muito ruim, muito difícil, mas amanhã vai
estar melhor. Só depende que eu faça o necessário para superar esse momento.
Jesus disse: “Filha, a tua fé te curou, vai-te em paz.” (Lucas, cap. VIII, v. 43 a 48)
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