Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

RELIGIÃO, FILOSOFIA E CIÊNCIA



Cumpre-nos, neste momento, adentrar em uma outra questão muito discutida: Afinal, o Espiritismo é uma Ciência, uma Filosofia ou uma Religião? Na verdade, diríamos que ele é tudo isso e até algo mais, pois:
  • Está fundamentado no rigorosismo da ciência. Embora não seja reconhecido oficialmente como tal (e talvez nem pretenda), está com o seu conhecimento bem organizado, acumulado, comprovado, prognosticado e bem definido em linguagem rigorosa; tem o seu próprio objeto de estudo, em conformidade com toda a sua metodologia; está assentado em bases racionais e comprovadas, dentre outros padrões epistemológicos exigidos pelo conhecimento científico.
  • Está fundamentado na coerência e lógica do raciocínio da filosofia. Está sempre aberto e pronto para o novo, atento às novas teorias e conhecimentos que podem trazer novos saberes, sempre buscando novas respostas para perguntas ainda não respondidas e reavaliando os velhos preceitos.
  • Está fundamentado no Cristianismo, em plena sintonia com o Evangelho de Jesus Cristo. Desprovida de liturgias, complexidades, símbolos, idolatrias, pompas e dogmas, está aberta a todos os níveis de entendimento dos homens, despertando a conscientização dos valores espirituais e morais adormecidos em suas almas e religando-os à Consciência Cósmica de Deus.
A doutrina espírita, portanto, assume três aspectos: Científico, Filosófico e Religioso. Como ciência ela prova através da lógica e da experimentação. Como filosofia opera o trabalho do raciocínio em busca do conhecimento e da sabedoria. Como religião elucida e clarifica, buscando purificar as almas, ligando as pessoas umas às outras e a Deus, edificando e iluminando os sentimentos, promovendo a reforma íntima.
O Espiritismo filosófico e científico pode satisfazer a especulação exigente do intelecto, mas só o Evangelho ilumina o coração do homem. Dessa forma, Emmanuel nos ensina que "em Espiritismo, a Ciência indaga, a Filosofia conclui e o Evangelho ilumina(...); a Ciência e a Filosofia são os meios, o Evangelho é o fim."
A Ciência e a Religião repeliam-se mutuamente, uma revelando as leis do mundo material, a outra revelando as leis do mundo moral. Entretanto, tendo ambas as leis o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se e o advento do Espiritismo veio preencher o espaço que as separava, é o traço de união que as aproximou. "A Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, deve levar em conta o elemento espiritual; a religião deve reconhecer as leis orgânicas e imutáveis da matéria. Então, essas duas forças, juntas, apoiando-se uma na outra, se ajudarão mutuamente. A Religião, não sendo mais desmentida pela Ciência, adquirirá um poder inabalável, estará de acordo com a razão, já não podendo mais se opor à irresistível lógica dos fatos."
Como não poderia deixar de ser, não faltaram cientistas dispostos a pesquisar os fenômenos espíritas, lançando mão de todos os recursos e métodos estabelecidos pela ciência, transformando os médiuns em verdadeiras cobaias, chegando até mesmo a amarrá-los durante as experiências para evitar fraudes. Diante das evidências dos fatos observados e devidamente estudados, o Espiritismo então obteve respaldo de numerosos nomes de respeitáveis cientistas de inquestionável reputação epistemológica. Esmagadora maioria destes, iniciaram suas pesquisas justamente visando comprovar a impossibilidade da existência dos espíritos e acabaram rendendo-se à evidência dos fatos, tornando-se adeptos da doutrina.
Ainda atualmente, sobretudo nos Estados Unidos e em grande parte da Europa, muitas pesquisas são realizadas e terminam por comprovar a existência da alma. Podemos citar as experiências com materializações, a Terapia de Vidas Passadas (inclusive são inúmeros os casos de informações sempre confirmadas em cartórios e outras fontes de registros históricos acerca dos dados fornecidos pelos pacientes na descrição de suas vidas pregressas), fenômenos registrados em máquinas fotográficas de alta precisão e também a Transcomunicação Instrumental, que é a comunicação com os espíritos através de aparelhos eletrônicos, como rádio e televisão, especialmente adaptados para não captarem nenhum tipo de ondas oriundas de alguma estação emissora, evitando assim as influências e fraudes.
A doutrina dos espíritos teve também detratores ferrenhos, que nem mesmo se prestavam a estudar o parecer científico dos estudiosos ou buscar conhecer as ilações filosóficas doutrinárias e compreender sua lógica.
Até mesmo hoje não é diferente. Se por um lado, homens como Nietzsche empenham-se em denegrir a imagem do homem religioso e renegar a espiritualidade, por outro lado temos outros tantos homens da ciência que defenderam o conceito de espiritualidade em toda a Europa e no mundo, desde o grande filósofo Platão, discípulo de Sócrates, até os nossos tempos com reconhecidos físicos como Arthur Eddington e Lemaitre, inclusive o próprio Albert Einstein, que freqüentemente refletia: "em cada progresso importante, o físico pode perceber que as leis fundamentais da natureza se simplificam mais e mais à medida que avança o processo experimental. É assombroso ver a ordem sublime que surge do que aparentava ser um caos."
Levantando a bandeira do Espiritismo na Europa, tivemos: o inestimável escritor e conferencista francês autodidata Léon Denis (1846/1927); o inglês químico e físico por excelência Sir William Crookes (1832/1919); o consagrado médico e escritor inglês, criador de Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle (1859/1930); o insigne astrônomo francês Camille Flammarion (1842/1925); o eminente filósofo italiano Ernesto Bozzano (1861/1943); o sábio russo Alexandre Aksakoff (1832/1903); o físico e químico norte-americano Robert Hare (1781/1858); o naturalista inglês Sir Alfred Russel Wallace (1823/1913); o notável físico inglês Sir Joseph Oliver Lodge (1851/1940); o célebre escritor francês reconhecido mundialmente Victor Hugo (1802/1885); além de outros nomes ilustres como Frederich Zöllner, Gustave Geley, César Lombroso, Charles Richet, Albert de Rochas, Gabriel Delane, etc.
O Brasil também tem sido agraciado com a presença de vários espíritos de luz encarnados exemplificando o Evangelho e nos legando lições de inestimável valor espiritual. Destacamos: Adolfo Bezerra de Menezes, Antônio Gonçalves Batuíra, Anália Emília Franco, Cairbar de Souza Schutel, Eurípedes Barsanulfo, Jésus Gonçalves, Leopoldo Machado, Irma de Castro Rocha (Meimei), Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) e muitos outros.
Como vemos, enquanto na Europa e nos Estados Unidos consolidava-se o aspecto científico da doutrina, no Brasil preparava-se a aplicação e o desenvolvimento do aspecto moral. Isto é realmente admirável, pois o verdadeiro Espiritismo sempre permaneceu íntegro e fiel à sua fonte original: a codificação Kardecista.
Assim, como nos esclarece o nobre escritor e médium Nelson Moraes, "os detratores de toda sorte não poderão jamais ofuscar a luz que emana do Consolador Prometido, ao contrário, farão com que brilhe ainda mais(...). A doutrina espírita não é fundamentada em fenômenos, prescinde deles, é fundamentada na razão."
A doutrina espírita, portanto, leva a uma fé raciocinada, não se utilizando do temor a um Deus severo e punitivo como necessitou fazer Moisés (e ainda hoje fazem alguns segmentos religiosos sob a alegoria do Inferno) e nem precisa recorrer, ao contrário do que muitos pensam, a uma gama de fenômenos de cura e feitos ditos milagrosos para provar a origem de sua natureza e, somente então, transmitir seus ensinamentos ao povo, como foi necessário a Jesus.
O Mestre precisou recorrer à linguagem velada das parábolas - que aliás, diga-se de passagem, era o meio mais comum dos sábios, profetas e rabis transmitirem seus ensinamentos no oriente - conforme podemos ver em MARCOS 4:11, utilizando-se de motivos naturais comuns ao povo ignaro (pesca, colheita, semeadura, etc.), para tornar indelével em suas memórias os substratos da doutrina cristã, também possibilitando aos apóstolos recompor, anos mais tarde, a maior parte dos ensinos e, ainda, para perpetuar seus ensinamentos através dos tempos, até que os homens evoluíssem e estivessem prontos para aprofundá-los. Somente quando o homem descobriu o seu livre-arbítrio no positivismo da ciência é que as novas revelações puderam ser feitas.
Ora, os Dez Mandamentos, o Evangelho, e a Codificação Espírita ultrapassam os preconceitos e os costumes de suas respectivas épocas. Respeitando o momento intelectivo e psicológico dos povos em suas épocas, servem de orientação espiritual a todos os homens, ministrando ensinos de natureza universalista.
O que tentamos aqui demonstrar, é que a doutrina dos espíritos é a Terceira Revelação, à guisa de complementação das duas anteriores, pois se a Primeira, com Moisés, trouxe a noção de Justiça à barbárie e a Segunda, com Jesus Cristo, trouxe a noção do Amor Excelso ao povo ainda rude, ela veio trazer ao homem a noção do Dever, conforme prometeu o Mestre quando disse: "Muitas coisas tenho ainda a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora (JOÃO 16:12). Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas, e vos recordará tudo o que vos tenho dito (JOÃO 14:25e26)."
A Nova Revelação despertou a consciência do ser humano e veio relembrar a verdadeira face de Deus revelada há dois mil anos pelo Messias: "Deus é Amor" (1ª EPÍSTOLA DE SÃO JOÃO 4:16). Sob tal acepção, "não devemos pensar no Deus que concede, mas no Pai que educa; não no Deus que recompensa, sim no Pai que aperfeiçoa."
"O Evangelho Segundo o Espiritismo (publicado por Kardec em 1864) veio reviver as palavras de Jesus, que já se encontravam completamente deturpadas. Trouxe de novo, até nós, a simplicidade do Cristianismo, recordando os primeiros dias da mensagem de Jesus na Terra, em que a caridade era o perfume simples que envolvia os primeiros núcleos cristãos." Aliás, esses núcleos iniciais, que são as igrejas relatadas no Novo Testamento, eram muito semelhantes aos mais simples Centros Espíritas de nossos dias.
"O Espiritismo arrancou o Evangelho das sombras místicas das concepções dogmáticas e o apresentou ao povo, indistintamente, aberto e refulgente, expresso e edificante, como a força que mais poderosamente realiza transformações morais, no mais íntimo das almas, e impulsiona os homens para as luzes da redenção."
Com a doutrina dos espíritos começava, então, a cumprir-se a promessa de Jesus: o advento do Consolador. O Cristo não veio ao mundo trazer apenas a palavra revigoradora e afetiva, mas também um roteiro de trabalho a seguir, exemplificando os seus ensinos. O Espiritismo veio abrir os nosso olhos e os ouvidos, lançar a luz e erguer o véu deixado propositadamente sobre alguns mistérios e alegorias; veio enfim trazer uma consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, dando uma causa justa e um objetivo útil para todas as dores.
"Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse sobre o Consolador prometido: o conhecimento das coisas, que faz com que o homem saiba de onde vem, para onde vai e porque está na Terra; lembrança dos verdadeiros princípios da Lei de Deus e a consolação pela fé e pela esperança." O Espiritismo é a Terceira Revelação, que libertou o homem da escravização religiosa e também do materialismo e cepticismo dominantes do século XIX.
Afinal, foi justamente a falta de preparação religiosa que levou a Europa, com tantos patrimônios culturais, a balançar diante de tantas e tantas calamidades ao longo de sua história. Conforme nos ensina André Luiz, "não basta ao homem a inteligência apurada, é-lhe necessário iluminar raciocínios para a vida eterna. As igrejas são sempre santas em seus fundamentos e o sacerdócio será sempre divino, quando cuide essencialmente da Verdade de Deus; mas o sacerdócio político jamais atenderá a sede espiritual da civilização. Sem o sopro divino, as personalidades religiosas poderão inspirar respeito e admiração, não, porém, a fé e a confiança."

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