Publicado por Marcio-geec em 11/8/2006 (271 leituras)
Rodolfo Calligaris
Os povos cristãos vêm sendo instruídos, séculos pós séculos, que “nossos primeiros pais” haviam sido criados justos, inocentes e imortais, mas que, por haverem cedido à tentação demoníaca, desobedecendo a Deus, perderam o estado de graça, foram expulsos do éden, tornaram-se ignorantes, propensos ao mal, expostos a toda sorte de misérias e condenados a morrer.
Essa culpa, conquanto pessoal, não prejudicou apenas Adão e Eva. Transmitindo-se a todos os seus descendentes, por geração natural, danificou todo o gênero humano, que nascendo já estigmatizado pelo erro, jamais poderia salvar-se por si mesmo.
Deus, porém, apiedou-se dos homens e alguns milênios depois houve por bem enviar à Terra seu filho unigênito, Jesus-Cristo, para que pudesse oferecer-se como vítima expiatória e, assim, os libertasse da escravidão do demônio e do pecado, reconquistando-lhes o direito que tinham ao céu.
Em síntese, o que acima foi dito poderia ser resumido nestas duas proposições:
Adão e Eva pecam e a Humanidade é condenada.
Vem o Cristo, sofre o martírio da cruz e a Humanidade é salva.
Uma pergunta, então, se impõe:
Nesse jogo, qual o papel da Humanidade mesma, uma vez que tudo se realiza por substituição?
Temos, para nós, que a razão pela qual o Cristianismo não há produzido, até agora, tudo aquilo que de bom e de belo dele se deveria esperar, só pode ser atribuída a essa falsa idéia de que somos redimidos do pecado, graciosamente, “pelo sangue do cordeiro de Deus”.
Fosse isso verdadeiro, alcançassem os homens, realmente, a purificação por efeito da morte de Jesus, e o mal já devera ter desaparecido da face da Terra.
Não é tal, entretanto, o que se observa. A ambição, o orgulho, a vaidade, o roubo, a injustiça, o farisaísmo, a crueldade, os vícios e as paixões continuam a dominar grande parte das criaturas, impedindo seja estabelecido entre nós um clima de paz, de alegria e de fraternidade.
Enquanto supusermos que o “Cristo morreu por nós” e que “a efusão de seu sangue nos limpa de toda culpa”, sem empreendermos qualquer esforço sério no sentido de vencermos nossas fraquezas e imperfeições; enquanto não compreendermos, também, que o que Deus quer de nós não é “adoração”, mas trabalho de cada qual em benefício de todos, visando a eliminar A DOR pela AÇÃO, as coisas não se modificarão e o sofrimento continuará infelicitando indivíduos, famílias, comunidades e nações.
O Espiritismo, recusando fé à lenda da “queda do homem”, porquanto queda jamais houve, e sim evolução do homem das cavernas para o homem nômade e deste para o homem civilizado de nossos dias, o que torna insubsistentes as doutrinas da “expiação”, da “propiciação”, do “pecado original” etc., diz-nos, baseado nos ensinamentos do Evangelho, que “a cada um será dado segundo as suas obras” e que nossa felicidade, neste mundo ou no outro, depende da conquista da Virtude e da prática do Bem, ou seja, de nossos próprios méritos, erigindo, destarte, a responsabilidade pessoal em princípio fundamental de sua filosofia de vida.
Quando toda a Humanidade venha a pensar e a agir deste modo, então, certamente, a Terra se transformará no paraíso com que sonhamos.
(De “Páginas de Espiritismo Cristão”, de Rodolfo Calligaris)
Os povos cristãos vêm sendo instruídos, séculos pós séculos, que “nossos primeiros pais” haviam sido criados justos, inocentes e imortais, mas que, por haverem cedido à tentação demoníaca, desobedecendo a Deus, perderam o estado de graça, foram expulsos do éden, tornaram-se ignorantes, propensos ao mal, expostos a toda sorte de misérias e condenados a morrer.
Essa culpa, conquanto pessoal, não prejudicou apenas Adão e Eva. Transmitindo-se a todos os seus descendentes, por geração natural, danificou todo o gênero humano, que nascendo já estigmatizado pelo erro, jamais poderia salvar-se por si mesmo.
Deus, porém, apiedou-se dos homens e alguns milênios depois houve por bem enviar à Terra seu filho unigênito, Jesus-Cristo, para que pudesse oferecer-se como vítima expiatória e, assim, os libertasse da escravidão do demônio e do pecado, reconquistando-lhes o direito que tinham ao céu.
Em síntese, o que acima foi dito poderia ser resumido nestas duas proposições:
Adão e Eva pecam e a Humanidade é condenada.
Vem o Cristo, sofre o martírio da cruz e a Humanidade é salva.
Uma pergunta, então, se impõe:
Nesse jogo, qual o papel da Humanidade mesma, uma vez que tudo se realiza por substituição?
Temos, para nós, que a razão pela qual o Cristianismo não há produzido, até agora, tudo aquilo que de bom e de belo dele se deveria esperar, só pode ser atribuída a essa falsa idéia de que somos redimidos do pecado, graciosamente, “pelo sangue do cordeiro de Deus”.
Fosse isso verdadeiro, alcançassem os homens, realmente, a purificação por efeito da morte de Jesus, e o mal já devera ter desaparecido da face da Terra.
Não é tal, entretanto, o que se observa. A ambição, o orgulho, a vaidade, o roubo, a injustiça, o farisaísmo, a crueldade, os vícios e as paixões continuam a dominar grande parte das criaturas, impedindo seja estabelecido entre nós um clima de paz, de alegria e de fraternidade.
Enquanto supusermos que o “Cristo morreu por nós” e que “a efusão de seu sangue nos limpa de toda culpa”, sem empreendermos qualquer esforço sério no sentido de vencermos nossas fraquezas e imperfeições; enquanto não compreendermos, também, que o que Deus quer de nós não é “adoração”, mas trabalho de cada qual em benefício de todos, visando a eliminar A DOR pela AÇÃO, as coisas não se modificarão e o sofrimento continuará infelicitando indivíduos, famílias, comunidades e nações.
O Espiritismo, recusando fé à lenda da “queda do homem”, porquanto queda jamais houve, e sim evolução do homem das cavernas para o homem nômade e deste para o homem civilizado de nossos dias, o que torna insubsistentes as doutrinas da “expiação”, da “propiciação”, do “pecado original” etc., diz-nos, baseado nos ensinamentos do Evangelho, que “a cada um será dado segundo as suas obras” e que nossa felicidade, neste mundo ou no outro, depende da conquista da Virtude e da prática do Bem, ou seja, de nossos próprios méritos, erigindo, destarte, a responsabilidade pessoal em princípio fundamental de sua filosofia de vida.
Quando toda a Humanidade venha a pensar e a agir deste modo, então, certamente, a Terra se transformará no paraíso com que sonhamos.
(De “Páginas de Espiritismo Cristão”, de Rodolfo Calligaris)
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