Estudando o Espiritismo

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domingo, 12 de dezembro de 2010

A CIÊNCIA E O ESPIRITISMO

Com a multiplicação dos fenômenos mediúnicos, surgiu a necessidade do estudo científico para comprovar a veracidade da doutrina espírita


- Por Edvaldo Kulcheski -
Nas edições anteriores, trouxemos a mediunidade na antiguidade, mostrando que os fenômenos mediúnicos existem desde que o homem surgiu na Terra, e a mediunidade na Idade Moderna, com a história de médiuns famosos da época. Vamos abordar agora a contribuição que a ciência deu para a comprovação dos fenômenos ligados à doutrina espírita.

Se os fenômenos espíritas se limitassem ao círculo de seus seguidores, a opinião geral poderia ver
neles simples artigos de fé, sem maiores conseqüências de interesse geral. Mas a verdade é que esses fenômenos se multiplicaram, em uma sucessão sempre audaz e desafiadora. O expediente de proibições e excomunhões se tornava ineficaz, desacreditado e ingênuo diante da avalanche de fenômenos variados, como vozes misteriosas, contato de mãos invisíveis, materializações de espíritos, escritas diretas, aparições de espíritos familiares, revelações de uma vida superior e mais bela etc., atestando a inquestionável sobrevivência da alma.

Era natural que, em face do volume de tantos fatos, a sociedade requisitasse o exame consciencioso de seus sábios e cientistas. Estes então, acossados por todos os lados, descruzaram os braços e se puseram a campo para uma investigação rigorosa e fria. A ciência, representada por um grupo de personalidades sérias e refratárias a imposições religiosas, foi chamada a depor e o fez de tal forma que o Espiritismo foi, por assim dizer, devidamente fotografado, pesado e medido.

A PALAVRA DOS CIENTISTAS

Coube a Willian Crookes, o célebre físico inglês, chamar a atenção de toda a Europa racionalista para a realidade dos fatos espíritas. Muitos esperavam que, de suas investigações, viesse uma condenação irrevogável e humilhante, mas o veredicto do eminente sábio foi favorável. A cética Inglaterra se assustou com as certezas obtidas dentro do mais severo método científico e cercadas de extrema prudência, afinal, era preciso aceitá-las, uma vez que Crookes pesquisou com frieza, observou pacientemente, fotografou, provou, contraprovou e se rendeu.

Russel Wallace, físico naturalista considerado rival de Charles Darwin, confessou que "era um materialista tão convicto que não admitia absolutamente a existência do mundo espiritual". Disse ainda: "Os fatos, porém, são coisas pertinazes, eles me obrigam a aceitá-los como fatos". Já Cromwel Varley, engenheiro descobridor do condensador elétrico, disse: "O ridículo que os espíritas têm sofrido não parte senão daqueles que não têm o interesse científico e a coragem de fazer algumas investigações antes de atacarem aquilo que ignoram".

Para Oliver Lodge, físico e membro da Academia Real, os cientistas não vieram "anunciar uma verdade extraordinária, nenhum novo meio de comunicação, apenas uma coleção de provas de identidade cuidadosamente colhidas". Lodge explica ainda o porquê de afirmar que as provas foram cuidadosamente colhidas, dizendo que "todos os estratagemas empregados para sua obtenção foram postas em prática e não fiquei com nenhuma dúvida da existência e sobrevivência da personalidade após a morte".

O professor de física William Barrett afirmou que a existência de um mundo espiritual, a sobrevivência após a morte e a comunicação dos que morreram são evidentes. "Dos que ridicularizavam o Espiritismo, ninguém lhe concedeu, que eu saiba, atenção refletida e paciente. Afirmo que toda pessoa de senso que consagrar o seu estudo prudente e imparcial tantos dias ou mesmo tantas horas, como muitos de nós têm consagrado anos, será constrangido a mudar de opinião", disse.

Fredrich Myers, da Sociedade

Real de Londres, disse: "Pelas minhas experiências, convenci-me de que os pretendidos mortos podem se comunicar conosco e penso que, para o futuro, eles poderão fazê-lo de modo mais completo". Já o italiano Ernesto Bonano, que se dedicou por mais de 30 anos aos estudos psíquicos, afirmou, sem temer estar equivocado, "que fora da hipótese espírita, não existe nenhuma outra capaz de explicar os casos análogos ao que acabo de expor".

UMA NOVA CIÊNCIA

Houve até quem fundasse uma nova ciência, com o objetivo exclusivo de verificar a autenticidade dos fatos supranormais. Um desses homens foi Charles Richet, o criador da metapsíquica. Para ele, ao ler, estudar e analisar os escritos sobre os fenômenos espíritas, pode-se declarar inverossímel e até impossível que homens ilustres e probos tenham se deixado enganar por fraudadores. "Eles não poderiam ser todos e sempre bastante cegos para não se aperceberem de fraudes que deveriam ser grosseiras, bastante imprudentes para concluir quando nenhuma conclusão era legítima, bastante inábeis para nunca, nem uns nem outros, fazerem uma só experiência irreprovável. A priori, suas experiências merecem ser meditadas seriamente", afirmou Richet.

Já Gustavo Geley, diretor do Instituto Metapsíquico de Paris, um cientista exigente e de poderosa inteligência, disse ser preciso confessar que "os espiritistas dispõem de argumentos formidáveis. O Espiritismo só admite fatos experimentais com as deduções que eles comportam". Segundo ele, "os fenômenos espíritas estão solidamente estabelecidos pelo testemunho concordante de milhares e milhares de pesquisadores. Foram fiscalizados, com todo o rigor dos métodos experimentais, por sábios ilustres de todos os países. Sua negação pura e simples equivale hoje a uma declaração de falência".

Como um estudioso honesto, Geley dá este admirável testemunho: "Notemos imediatamente que não há exemplo de um sábio que tenha negado a realidade dos fenômenos depois de estudo um tanto aprofundado. Ao contrário, numerosos são aqueles que, partindo de completo ceticismo, chegam à afirmação entusiástica".

Camille Flamarion, grande astrônomo, autor de tantas obras notáveis e respeitado como uma das maiores inteligências da França no século XIX, trouxe igualmente um depoimento insuspeito sobre os fenômenos espíritas. Para ele, "a negação dos céticos nada prova senão que os negadores não observaram os fenômenos".

O ESPIRITISMO

O fenômeno mediúnico é uma ocorrência tão antiga quanto o homem. Por ser a mediunidade uma faculdade inerente ao ser humano, ela tem se manifestado em todas as épocas, ocasionando espanto, respeito e manifestações religiosas.

Porém, foi somente a partir do século XIX, com estudos sérios realizados pelo professor Hippolyte Léon Denizard Rivail (que posteriormente adotaria o nome de Allan Kardec), que os fenômenos de efeitos físicos e inteligentes foram observados em detalhes e as conclusões necessárias foram tiradas, formando-se então um corpo de doutrina, o Espiritismo. Esta é uma doutrina nascida da observação e fruto da revelação dos espíritos superiores, tendo sido codificada entre 1857 e 1868.

O Espiritismo divide os fenômenos medi únicos em efeitos físicos ou objetivos e efeitos intelectuais ou subjetivos. Como efeitos físicos ou objetivos, temos a materialização, a transfiguração, a levitação, o transporte, a bilocação, a voz direta, a escrita direta, a tiptologia e a sematologia. Como efeitos intelectuais ou subjetivos, temos a inspiração, a intuição, a vidência, a audiência, a psicometria, o desdobramento, a psicografia, a psicofonia e os curadores.

O ESPIRITISMO E A METAPSÍQUICA

A ciência oficial não admitiu de pronto as verdades reveladas pelos espíritos. Formaram-se inúmeras associações, sociedades e comissões com o ideal de desmascará-las, porém, quanto mais se estudava, mais aumentava o número de adeptos.

Muitos homens de ciência se convenceram a respeito da autenticidade dos fenômenos, entre eles o fisiologista francês Charles Richet. Em conjunto com o dr. Geley e o prof. Fredrich Myers, Richet fundou o Instituto Metapsíquico Internacional em Paris, sendo designado como presidente da entidade.

A metapsíquica trata do estudo dos fenômenos psíquicos anormais, como a telepatia, a clarividência, a dupla visão, materializações etc. Em 1922, Charles Richet apresentou à Academia de Ciências o "Tratado de Metapsíquica".

Os fenômenos metapsíquicos se dividem em objetivos e subjetivos. A metapsíquica objetiva trata de fenômenos materiais que a mecânica conhecida não explica, uma realidade tangível e acessível aos nossos sentidos. Divide-se em telecinesia, que é uma ação mecânica sem atuação e sem contato sobre objetos ou pessoas (raps, levitação, movimentação de mesas, escrita direta, transporte de objetos, casas assombradas etc.), e ectoplasmia, que é a formação de objetos diversos, que parecem sair do corpo humano, tomam aparência material e são tangíveis (materializações de objetos e seres com aparência dos que já viveram na Terra).

Já a metapsíquica subjetiva trata de fenômenos mentais, sensibilidades ocultas e percepções desconhecidas, como telepatia, clarividência, clariaudiência, xenoglossia, escrita automática etc. Nela, temos a criptestesia, que é o estudo da faculdade de conhecimento diferente das faculdades sensoriais normais.

O ESPIRITISMO E A PARAPSICOLOGIA

Nos EUA, em 1930, Joseph Banks Rhine iniciou os estudos que desembocaram na estruturação de um novo ramo da ciência preocupado em estudar os fenômenos chamados "inabituais", a parapsicologia. Enquanto o método da metapsíquica se baseava no aspecto qualitativo dos fenômenos e no testemunho pessoal dos que presenciavam os mesmos, a parapsicologia introduziu o método quantitativo.

Este método procura estabelecer um meio de fazer com que os fenômenos se reproduzam sob determinadas condições e busca seguir os padrões utilizados na metodologia científica. Esta se serve de métodos que possam ser testados, repetidos e confirmados e, por ela, devem ser descobertas a causa e a lei que rege o objeto da investigação.

Temos os fenômenos normais e paranormais. O fenômeno normal é o que se enquadra no conjunto das leis conhecidas e aceitas que governam os processos naturais. O fenômeno para normal é inabitual, no qual não se sabe e não se domina as leis que o regem.

Todos os fenômenos paranormais são denominados como PSI, embora nem todo fenômeno paranormal seja psíquico, podendo ocorrer sobre objetos e coisas que independem do psiquismo das pessoas envolvidas na ocorrência.

Os fenômenos PSI se dividem em PSI-Gama, PSI-Kapa e PSI- Theta. Os PSI-Gama são fenômenos subjetivos que ocorrem na área intelectual do dotado e se subdividem em telepatia (comunicação direta de uma mente com outra), clarividência (percepção dos fatos do mundo físico independentemente do uso dos sentidos fisiológicos normais) e pós e pré-cognição (conhecimento imediato de fatos já acontecidos ou por acontecer, sem nenhuma informação prévia, direta ou indireta). Os PSI-Kapa são fenômenos objetivos, materiais e de psiconesia. Por fim, alguns pesquisadores tendem a admitir uma terceira.categoria de fenômenos PSI, os PSI-Theta, oriundos de mentes de seres incorpóreos.

A PARAPSICOLOGIA E SUAS CORRENTES

A parapsicologia está dividida em três correntes: a russa, a norte-americana e a francesa. A corrente russa é eminentemente materialista, onde todos os fenômenos são explicados pela matéria. O conceito espiritual é inteiramente colocado de lado e o conceito metafísico é negado.

A corrente norte-americana admite que certos fenômenos são produzidos por agentes especiais que vivem em dimensões diferentes da nossa, depois de terem vivido aqui. Já a corrente francesa mistura conceitos sobrenaturais com milagres. É a corrente católica da parapsicologia e surgiu sem o interesse da investigação, apenas para confundir e atacar o Espiritismo.

A parapsicologia já está sendo substituída por outras ciências que dão uma visão mais abrangente, como a psicobiofísica e a psicotrônica. Hoje, a ciência descreve assim a materialização de um espírito (conceito metafísico): "Forma assumida pelo bioplasma sob a ação de campos estéreo bioenergéticos oriundos de um domínio informacional remanescente de uma pessoa já falecida".

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