Estudando o Espiritismo

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sábado, 25 de dezembro de 2010

Atributos da Divindade

Apenas muito imperfeita idéia pode fazer o homem dos atributos da Divindade.  Atributos são qualidades que caracterizam o ser e, estão, evidentemente, em relação com a sua intima natureza.  Para que tivéssemos, portanto, idéia completa dos atributos divinos, deveríamos conhecer integralmente a sua pura essência.  Pode o homem compreender Deus através da razão, bem como o sentimento inato que lhe dá a intuição da Sua existência, mas não pode percebê-lo como se percebem as coisas materiais. Argüidos por Allan Kardec a respeito da possibilidade de compreender o homem a natureza intima de Deus, os Espíritos responderam categoricamente: “Não, falta-lhe para isso o sentido”.
Não podendo o homem abarcar, na sua carência perceptiva, todos os atributos divinos de absoluta perfeição, pode, entretanto, fazer idéia de alguns, exatamente aqueles de que Deus não pode prescindir.  Nesses atributos, que vamos a seguir enumerar, Ele tem de ser perfeito, possuir em grau supremo todas as perfeições e ser  em todas infinito.
A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma Lhe faltasse, ou não fosse infinita, já Ele não seria  superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus.
Deus é Espírito – o Supremo Espírito!  Absolutamente perfeito, não é comparável a quaisquer outros seres, estando infinitamente acima de todos: possuindo sabedoria e poder infinitos, paira, onipresente, sobre todo o Universo, e a tudo comunica, onipotente, o seu influxo e a sua vontade.
1- Deus é eterno, não tendo principio, existe e existiu sempre.
Afigurasse-nos difícil conceber algo que não tenha tido principio.  Mas isso é em se tratando das criaturas.  Deus é o Criador de tudo, independente e absoluto.  A criatura é finita; Deus é infinito.  Se Deus tivesse tido principio, teria saído do nada, o que é absurdo, pois do nada não pode sair coisa alguma -, ou, então, teria sido criado por um ser anterior.  Deus já não seria, então, o Absoluto.  É assim – diz Kardec – que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.
2 – Deus é imutável.
Não fosse assim, nenhuma estabilidade teria o Universo, porque estariam sujeitas à variações as leis que o regem.  O contrário, porém, é o que se verifica por toda parte e em tudo, a estabilidade e a harmonia.
3 – Deus é imaterial.
Sua natureza difere de tudo o que conhecemos como matéria.  Por isso é absolutamente invisível, intangível, enfim, inacessível a qualquer percepção sensória.  De outro modo, Ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.
4 – Deus é único.
Não há deuses, mas um Deus somente, Soberano do Universo, Criador Absoluto e Incriado, Infinito e Eterno.  Se muitos deuses houvesse, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo.
5 – Deus é onipotente.
Sua vontade é soberana e prevalecem sempre seus desígnios sábios e justos. Ele o é, porque é único.  Se não dispusesse do soberano poder, algo haveria mais poderoso ou tão poderoso quanto Ele, que então não teria feito todas as coisas.  As que não houvesse feito, seriam obra de outro Deus.
6 – Deus é soberanamente justo e bom.
Em tudo e em toda parte aparecem a bondade e a justiça de Deus na providência com que, através de leis perfeitas, assiste as suas criaturas, desde que estas se submetam aos seus desígnios sábios e não se insurjam contra essas leis reguladoras do ritmo do Universo, tanto quanto do funcionamento da vida do homem.  A sabedoria providencial das leis divinas se revela, assim, nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite se duvide nem da justiça nem da bondade de Deus.
Entre os atributos acima ressalta a imaterialidade.  Por considerar Deus como absolutamente imaterial é que o Espiritismo repele in totum o Panteísmo, doutrina que – em vez de um ser distinto e onipresente no Universo, pelo seu infinito poder de irradiação – considera-o como a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas.  Segundo a mesma doutrina, “todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade”.   A razão repele tal absurdidade e Kardec argumenta a respeito dela com grande lucidez.  Esta doutrina faz de Deus um ser material que, embora dotado de suprema inteligência, seria em ponto grande o que somos em ponto pequeno.  Ora, transformando-se a matéria incessantemente, Deus, se fosse assim, nenhuma estabilidade teria; achar-se-ia sujeito a todas as vicissitudes, mesmo a todas as necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade.
A inteligência de Deus se revela em suas obras como a de um pintor no seu quadro; mas, as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e executou.
Deu é Espírito, repitamos.  Afirmou-o Jesus em seu colóquio com a Samaritana, quando acrescentou também que em Espírito e Verdade é que O devem os homens adorar.  Sua essência íntima não pode o homem perceber, porque lhe falta o sentido para isso, conforme a resposta dos Espíritos à argüição de Kardec.  Entretanto, o Codificador, mostrando uma alta inspiração que em si vibrava e uma lúcida esperança, redargüiu ainda:
“Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade?” 
A que os Espíritos, solícitos, responderam:
“Quando não mais tiver o Espírito obscurecido pela matéria.  Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá”. 
Então, na própria idéia de Deus, como essência puramente espiritual, e na possibilidade de um dia chegar a vê-Lo e compreendê-Lo – quando se tornar Espírito puro e perfeito – está delineada, para o homem, toda uma perspectiva de trabalho e de esperança: de degrau em degrau ele progredirá e, evoluindo espiritualmente, adquirirá novos e mais aperfeiçoados sentidos até conquistar um puro sentido espiritual que lhe permitirá por-se em relação com Deus, vendo-O, ouvindo-O e compreendendo-Lhe a Divina Vontade.
Jesus, em cujo testemunho devemos crer, quando Ele afirmou que tudo o que fazia, ou dizia, não o era de Si mesmo, mas refletia a vontade do Pai, Espírito puro e de delicadíssimo sentido espiritual, que Lhe outorgam a Sua pureza e a Sua perfeição.  

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