Deicy Isabel Winckler
"Não Julgueis, a fim de que não sejais julgados; porque vós sereis julgados segundo houverdes julgado os outros; e se servirá para convosco da mesma medida da qual vos servistes para com eles". (Cap. X, item 11, Evangelho Seg. Espiritismo - Allan Kardec)
O espiritismo prega a necessidade de evolução da criatura humana, bem como, que, para isso, é necessário que cada ser faça uma reforma íntima, substituindo os sentimentos que o mantém atrasado por outros, que impulsionem o seu progresso.
Somos Espíritos imortais que necessitam da vida física para adquirir conhecimentos e o aprimoramento das nossas virtudes. Para isso, reencarnamos muitas vezes, tantas quantas forem necessárias para atingir o objetivo da nossa criação: a perfeição do ser espiritual.
Reencarnar quer dizer entrar de novo na carne. Renascemos muitas vezes e, no intervalo entre as existências corporais, continuamos vivendo no local de onde viemos e para onde sempre voltaremos: o plano espiritual.
No plano espiritual também aprendemos muito, mas é preso a um corpo físico, esquecido de suas origens e do seu passado espiritual, que o ser mostra-se tal qual é, tendo a possibilidade de aprender, através de inúmeras experiências, algumas boas, outras difíceis e, até mesmo dolorosas, a ter consciência dos valores verdadeiros, despertando a sua essência profunda.
Em nossa escala evolutiva, certamente já andamos bastante. Entretanto, o ambiente onde estamos colocados mostra o grau de adiantamento em que nos encontramos. Se analisarmos o mundo terrestre, vamos perceber que aqui prevalece o mal e a imperfeição. Apesar de haverem seres de graus diversos de evolução em nosso planeta, havendo, inclusive, aqueles que, por sua autoridade moral, demonstram estar aqui por missão, a grande maioria passa neste mundo em situação de expiação ou de provas.
Não precisamos observar muito para encontrarmos exemplos e situações em que imperam o orgulho, o egoísmo, a vaidade, a prepotência, a ganância, a mentira, o cinismo, a agressividade e muitos outros sentimentos e atitudes que demonstram a inferioridade do homem atual.
Mas, a nossa tendência é olharmos essas imperfeições nos outros. Esquecemos de olhar para dentro de nós. E quando deparamos em nossas atitudes com os sentimentos feios, os ressentimentos, a inveja, o mau-humor, a má-vontade em relação aos outros, rapidamente nos justificamos e, raramente, admitidos que há uma necessidade de reforma do nosso mundo íntimo.
A reforma do mundo, que nós percebemos que é muito injusto, cruel e cheio de infelicidade, começa com a reforma íntima dos cidadãos deste mundo. Todos desejamos reformar o mundo, sonhamos que ele se torne melhor, mas não nos dispomos a começar por descobrir o que podemos melhorar em nós.
O filósofo antigo já falava do conhecimento de si mesmo. O Espírito Hammed, na obra Renovando Atitudes1 alerta que toda opinião ou juízo que desenvolvemos no presente está intimamente ligado a fatos antecedentes.
Alerta o autor espiritual para o fato de que possuímos uma tendência julgadora que decorre dos conhecimentos e experiências do nosso passado e que estão sedimentados em nossa memória profunda. Desta forma, os nossos julgamentos seriam pré-concebidos e não produto de reflexão profunda e adequada à situação presente.
Conforme afirma Hammed, possuímos um tipo de "reservatório moral", a partir do qual catalogamos atitudes em boas ou más. Assim, as censuras, observações, admoestações, supertições e preconceitos decorrem de informações e noções adquiridas em nossas experiências, nos servindo delas para resguardarmos o que acreditamos ser verdades absolutas. Por essa razão, os julgamentos que fazemos em relação às outras pessoas informam sobre aquilo que temos por dentro.
Essas colocações do valoroso autor Espiritual, servem para reforçar a questão que foi colocada no início do presente: a necessidade de reforma íntima.
Hammed lembra que só podemos nos reabilitar e reformar até onde conseguimos nos perceber; ou seja, aquilo que não está consciente em nós dificilmente conseguiremos reparar ou modificar. Prossegue analisando sobre a necessidade de reavaliar nossas idéias retrógradas para julgar os indivíduos de forma não generalizada, percebendo quejulgar uma ação é diferente de julgar a criatura. Exemplifica que apesar de podermos julgar a prostituição moralmente errada, não devemos julgar a pessoa prostituída.
Alerta que a medida para sermos julgados será a mesma dos nossos julgamentos. Assim, se uma pessoa declarar abominável o homossexualismo, poderá estar estabelecendo a repugnância por entes queridos seus, que venham a apresentar algum impulso homossexual. Se afirmar que "idosos não tem direito ao amor", pode estar condenando a si próprio a um futuro de solidão.
A partir das colocações tão sábias do autor espiritual citado, queremos tecer algumas considerações, no sentido de aproximar a necessidade do auto-conhecimento e auto-reforma, com o desenvolvimento da capacidade de julgamento livre e consciente, despido de preconceitos.
Pensamos que a melhor forma de julgarmos os outros é começar por nos colocar no lugar deles, partindo da constatação de que a situação em que o outro encontra-se envolvido poderia estar acontecendo conosco.
Precisamos nos despir do orgulho e da vaidade, para nos reconhecer como seres humanos iguais aos nossos irmãos e passíveis de todas as falhas e imperfeições constatadas na humanidade.
Por outro lado, o fato de entendermos algo como condenável, não quer dizer que realmente o seja aos olhos do mundo e, principalmente, aos olhos de Deus.
Desta forma o verdadeiro Espírita, que realmente esteja disposto a reformar-se deve começar pelo desenvolvimento da cautela. Precisamos refletir a causa dos sentimentos que possuímos em relação a tudo. Precisamos meditar e analisar todas as situações em suas diversas nuances, antes de emitir uma opinião, a fim de não sermos divulgadores de idéias preconceituosas e contrárias ao sentimento de caridade.
O desenvolvimento do amor fraterno de forma profunda, deve desencadear em nós a capacidade de ao olhar o outro, ter o cuidado de antes olhar para dentro de nós próprios, despindo-nos das idéias e sentimentos pré-concebidos.
Assim, quando sabemos, por exemplo, que um crime foi cometido, a despeito de todo o pesar e consideração para com a vítima, vamos pensar também no autor do ato. Não para condená-lo, posto que não nos é dado o direito de atirar pedras em quem quer que seja, mas para nos colocar no lugar dele, no lugar de seus familiares e perceber que estes, muitas vezes precisam muito mais de amparo.
Diante de atitudes infelizes de nossos irmãos, vamos ter consciência de que muitas vezes nossas atitudes não foram mais felizes do que a deles.
Comentar e divulgar as falhas alheias é uma forma muito cruel, não somente de julgamento, mas de condenação e imposição de uma penalidade. A penalidade de não poder se reabilitar diante da própria consciência e dos olhos do mundo, posto que sempre haverá um dedo apontado sobre aquela criatura, não permitindo que ela se liberte do peso do passado e possa construir um futuro melhor.
Desta forma, a reforma íntima do ser humano deve começar pela revisão de sua forma de julgamento, da abertura da possibilidade de conhecer outras idéias, outros conceitos a respeito do que pensamos sobre todas as coisas, fugindo aos padrões inflexíveis e rígidos pelos quais estamos acostumados a nos conduzir.
Verdadeiramente livre é aquele que sempre admite a possibilidade de conhecer novos conceitos, refletir sobre os conceitos antigos, se permitindo mudar de idéia, pois somente assim, poderá suplantar o homem velho que por ventura ainda haja em si.
1HAMMED (Espírito). Renovando Atitudes. Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 1997.
Conforme afirma Hammed, possuímos um tipo de "reservatório moral", a partir do qual catalogamos atitudes em boas ou más. Assim, as censuras, observações, admoestações, supertições e preconceitos decorrem de informações e noções adquiridas em nossas experiências, nos servindo delas para resguardarmos o que acreditamos ser verdades absolutas. Por essa razão, os julgamentos que fazemos em relação às outras pessoas informam sobre aquilo que temos por dentro.
Essas colocações do valoroso autor Espiritual, servem para reforçar a questão que foi colocada no início do presente: a necessidade de reforma íntima.
Hammed lembra que só podemos nos reabilitar e reformar até onde conseguimos nos perceber; ou seja, aquilo que não está consciente em nós dificilmente conseguiremos reparar ou modificar. Prossegue analisando sobre a necessidade de reavaliar nossas idéias retrógradas para julgar os indivíduos de forma não generalizada, percebendo quejulgar uma ação é diferente de julgar a criatura. Exemplifica que apesar de podermos julgar a prostituição moralmente errada, não devemos julgar a pessoa prostituída.
Alerta que a medida para sermos julgados será a mesma dos nossos julgamentos. Assim, se uma pessoa declarar abominável o homossexualismo, poderá estar estabelecendo a repugnância por entes queridos seus, que venham a apresentar algum impulso homossexual. Se afirmar que "idosos não tem direito ao amor", pode estar condenando a si próprio a um futuro de solidão.
A partir das colocações tão sábias do autor espiritual citado, queremos tecer algumas considerações, no sentido de aproximar a necessidade do auto-conhecimento e auto-reforma, com o desenvolvimento da capacidade de julgamento livre e consciente, despido de preconceitos.
Pensamos que a melhor forma de julgarmos os outros é começar por nos colocar no lugar deles, partindo da constatação de que a situação em que o outro encontra-se envolvido poderia estar acontecendo conosco.
Precisamos nos despir do orgulho e da vaidade, para nos reconhecer como seres humanos iguais aos nossos irmãos e passíveis de todas as falhas e imperfeições constatadas na humanidade.
Por outro lado, o fato de entendermos algo como condenável, não quer dizer que realmente o seja aos olhos do mundo e, principalmente, aos olhos de Deus.
Desta forma o verdadeiro Espírita, que realmente esteja disposto a reformar-se deve começar pelo desenvolvimento da cautela. Precisamos refletir a causa dos sentimentos que possuímos em relação a tudo. Precisamos meditar e analisar todas as situações em suas diversas nuances, antes de emitir uma opinião, a fim de não sermos divulgadores de idéias preconceituosas e contrárias ao sentimento de caridade.
O desenvolvimento do amor fraterno de forma profunda, deve desencadear em nós a capacidade de ao olhar o outro, ter o cuidado de antes olhar para dentro de nós próprios, despindo-nos das idéias e sentimentos pré-concebidos.
Assim, quando sabemos, por exemplo, que um crime foi cometido, a despeito de todo o pesar e consideração para com a vítima, vamos pensar também no autor do ato. Não para condená-lo, posto que não nos é dado o direito de atirar pedras em quem quer que seja, mas para nos colocar no lugar dele, no lugar de seus familiares e perceber que estes, muitas vezes precisam muito mais de amparo.
Diante de atitudes infelizes de nossos irmãos, vamos ter consciência de que muitas vezes nossas atitudes não foram mais felizes do que a deles.
Comentar e divulgar as falhas alheias é uma forma muito cruel, não somente de julgamento, mas de condenação e imposição de uma penalidade. A penalidade de não poder se reabilitar diante da própria consciência e dos olhos do mundo, posto que sempre haverá um dedo apontado sobre aquela criatura, não permitindo que ela se liberte do peso do passado e possa construir um futuro melhor.
Desta forma, a reforma íntima do ser humano deve começar pela revisão de sua forma de julgamento, da abertura da possibilidade de conhecer outras idéias, outros conceitos a respeito do que pensamos sobre todas as coisas, fugindo aos padrões inflexíveis e rígidos pelos quais estamos acostumados a nos conduzir.
Verdadeiramente livre é aquele que sempre admite a possibilidade de conhecer novos conceitos, refletir sobre os conceitos antigos, se permitindo mudar de idéia, pois somente assim, poderá suplantar o homem velho que por ventura ainda haja em si.
1HAMMED (Espírito). Renovando Atitudes. Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 1997.
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