I - PEDAGOGIA SITUADA
Ouais as mensagens sugeridas em meio à nossa sociedade em relação ao consumo do álcool?
A ingestão de álcool é valorizada ou desvalorizada em nosso meio?
Ouais as ocasiões sociais em que nos são sugeridas bebidas alcoólicas?
- As oportunidades sociais, as festas, as reuniões sociais nos predispõem à compartilha de um drinque. Os meios de comunicação estão sempre sugestionando o prazer da bebida vinculado ao bem-estar social (propagandas, filmes, novelas). Precisamos, porém, ter senso crítico, estar atentos para não cometer exageros e não resvalar por esse hábito social e terminar por se condicionar a ele.
II - CAUSAS
a) O meio em que se vive predispõe os indivíduos a despertar para os vícios:
O meio em que certos homens vivem não é para eles o motivo principal de muitos vícios e crimes?
- Sim, mas ainda nisso há uma prova escolhida pelo Espírito no estado de liberdade. (L.E., 644)
Por mais que sejamos sugestionados, toda e qualquer iniciativa parte do próprio Espírito. O Espírito é o único ser livre no universo, mas que, portanto, age com conhecimento de causa. A causa não é nunca algo exterior, mas está em nós mesmos. Se a causa está em nós, nada é mais reconfortante que saber que a libertação também está em nós mesmos. Não são as circunstâncias que devem dominar nosso ser, mas nós é que devemos ter autodomínio perante as circunstâncias.
A doutrina espírita é evidentemente mais moral: ela admite para o homem o livre-arbítrio em toda sua plenitude, e ao lhe dizer que se pratica o mal, cede a uma sugestão má que lhe vem de fora, deixa-lhe toda responsabilidade, pois lhe reconhece o poder de resistir, coisa evidentemente mais fácil do que se tivesse de lutar contra sua própria natureza. (L E, 872)
b) Há indivíduos que além do prazer em-si, buscam nas conseqüências da bebida um estado de liberação de suas tensões, ou o esquecimento momentâneo de mágoas ou aflições. No entanto, tal estado de alegria ou excitação é sempre uma alteração efêmera de nosso estado de espírito, ao passo que uma alegria real, vivenciada à luz da interioridade de um Espírito que é dono de si mesmo, que encontrou em si mesmo a fonte inexaurível de alegrias, é permanente. Viver contrariando nossa existência por ilusões mundanas, prazeres passageiros e alienantes é desperdiçar a nós próprios.
III - POR QUE DEIXAR?
O princípio das paixões sendo natural, é mau em si mesmo?
- ( .. ) O abuso a que ele (o homem) se entrega é que causa o mal. (L. E, 907)
Todos os vícios e paixões têm como princípio originário um sentimento natural, uma busca de prazer com o fim de estimular-nos à conquista da felicidade. No entanto, o mal não está em satisfazer por vezes nossa condição natural, mas no exagero, o que gera condicionamentos, os quais por sua vez provocam:
a) perturbações enganosas do organismo
b) perturbações no psiquismo
c) problemas espirituais
d) afastamento da natureza espiritual
1) Chegando o álcool ao seio da substância nervosa, excita-a e diminui sua energia e resistência, deprime os centros nervosos, fazendo surgir lesões graves (paralisias, problemas digestivos e circulatórios que alastram-se progressivamente, até atingir órgãos importantes). O álcool reduz a resistência fisica e por isso seu praticante pode ser considerado um suicida moral.
O homem que perece como vítima do abuso das paixões que, como o sabe, deve abreviar o seu fim, mas às quais não tem o poder de resistir (. .. ) comete um suicídio?
- É um suicídio moral. (. .. ) Há nele falta de coragem e bestialidade, e além disso o esquecimento de Deus. (LE, 952)
2) A alteração de estado psíquico, assim como das faculdades intelectuais causadas pela embriaguez, privam a criatura da razão, levando homens probos a cometer desatinos.
A alteração das faculdades intelectuais pela embriaguez desculpa os atos repreensíveis?
- Não, pois o Ébrio voluntariamente se priva de razão para satisfazer paixões brutais: em lugar de uma falta, comete duas. (LE, 848)
3) No estado de embriaguez estamos geralmente influenciados por entidades inferiores que nos impedem viver uma situação espiritual plena. Nesses casos há o acompanhamento de entidades que se comprazem no vício, exercendo grande domínio sobre o indivíduo. No entanto, a causa, o apelo, partem sempre de nós, assim como a iniciativa, a cura dependem também de nós.
Essa teoria da causa excitante de nossos atos ressalta evidentemente de todos os ensinamentos dados pelos Espiritos. E não somente É sublime da moralidade, mas acrescentaremos que eleva o homem aos seus próprios olhos, mostrando-o capaz de sacudir um jugo obsessor, como é capaz de fechar sua porta aos importunos, (L.E., 872)
4) Todo vício é um apego a algo exterior a si. Todo apego - É um suicídio moral. ( .. ) Há nele falta de coragem e bestialidade, e além disso o esquecimento de Deus. (L.E. 952) ao exterior afasta, portanto, o homem de sua natureza interior e espiritual. A libertação do Espírito consiste em perceber sua verdadeira natureza. Libertar-se de grilhões é transcender sua condição meramente natural. Apegar-se é construir uma prisão da imagem de fraqueza. Daí a necessidade de reverter toda fraqueza como um meio para despertar as nossas potências até então desconhecidas.
( .. ) Aquele que busca reprimi-las (as paixões) compreende sua natureza espiritual, vencê-las é para ele um triunfo sobre a matéria. (L E, 977)
IV - COMO DEIXAR?
Nesses momentos de fraqueza pela bebida, quando estamos imbuídos do desejo de libertação, o auxílio do Plano Espiritual vem a nosso favor, mas sempre se faz necessário o apoio de nossa própria vontade para surtirem os efeitos esperados. Há aqueles que dizem: "Eu quero", mas a vontade está somente em seus lábios. (L.E., 911). Muitos afirmam que sua vontade nada pode conter. Quando alguém assim afirma, demonstra que não tem nenhuma vontade de deixar o vício, nesse caso pouco se pode fazer. Quando se diz "não consigo" estamos revelando falta de confiança em nós mesmos. A falta de confiança em nós mesmos nos leva por vezes a esbanjar muitas vidas. O homem confiante em si magnetiza sua própria condição. A solução não consiste em uma tranqüilidade aparentemente serena, mas na luta, na busca de um passo à frente no sentido da evolução.
(O homem de bem) estuda suas próprias imperfeições e trabalha sem cessar em combatê-las. Todos seus esforços tendem a permitir-lhe dizer amanhã, que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera. (E.S.E., cap. XVII, item 3)
Portanto, ser "homem de bem" consiste em ter a coragem moral. Coragem moral é uma riqueza que revela-se no próprio exercício de superação. Enquanto colocarmos o poder fora de nós, havemos de continuar no estado de fraqueza. Nada pode limitar-nos senão nós mesmos. Nenhuma circunstância, nenhum meio social, pode levar-nos a realidades inferiores quando temos a vontade de elevar-nos.
"Maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. "(I Jo., 4:4)
É assim que Jesus nos ensina mais uma vez, que um dos principais atributos de nossa essência divina, que está acima de nossa natureza mundana, consiste na auto-suficiência. Façamos, pois, de nossas limitações e apegos mundanos motivos de desvelar essa coragem moral, essa riqueza interior, este "ser maior que está em nós".
Quanto mais ele (o Espírito) se depura, mais diminuem suas fraquezas e menos acessível se torna aos que o solicitam para o mal. Sua força moral cresce na razão de sua elevação (..). (L.E, 872)
Revertamos, pois, o processo: quanto mais nos elevarmos, menos necessitaremos dos apegos mundanos.
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