1) Qual o conceito de reforma íntima?
Reforma íntima nada mais é do que o desenvolvimento latente que jaz em nosso espírito. É um requisito indispensável à própria saúde.
2) Perdeu-se, com o tempo, seu sentido conceitual?
Sim. A repetição de um termo faz com que se perca o seu conceito original. Observe a palavra Evangelho, que de tanto ser repetida, perdeu sua feição de boa nova. O mesmo se dá com o termo reforma íntima. Não tem mais o sentido de desenvolvimento das virtualidades inscritas no âmago de cada ser. Significa, sim, proibição: não faça isso; deixe de fazer aquilo; isso é "pecado".
3) Em vez de reforma íntima, não seria preferível usar o termo "mudança comportamental"?
A reforma pressupõe conserto, remendo, reparo. A imagem mais clara é quando precisamos fazer uma reforma em nossa casa: quebramos, para depois construir outra coisa, mais bela e mais de acordo com os tempos atuais. Assim, em vez de reforma, que pressupõe conserto, o termo mudança comportamental, entendida como desenvolvimento, seria mais conveniente. Como o Espírito foi criado simples e ignorante, mas sujeito ao progresso, a mudança pressupõe que esse Espírito esteja crescendo, evoluindo.
4) Relacione reforma íntima e reflexos condicionados.
Uma forma didática de se entender a reforma íntima é relacioná-la aos reflexos condicionados. Todos nós somos herdeiros de um automatismo, vindo de longa data. Dado um estímulo, respondemos automaticamente. Se xingados, queremos revidar. Observe as nossas respostas, as nossas reações no trânsito: uma leve "fechada" pode até ocasionar morte. E se mudássemos essa resposta automática. E se, em vez de querermos briga, perdoarmos aquele nosso irmão? Não haveria um ganho para o infrator e para nós?
5) Conhecer a si mesmo é reformar-se?
Sócrates, quando nos revelou o "conhece a ti mesmo", não estava interessado numa mudança comportamental. Queria apenas que cada um de nós tomasse consciência da sua própria ignorância. Quando o termo passou para o latim, "nosce te ipsum", começaram a modificar-lhe o sentido e colocaram-no como condição moral para que o ser humano pudesse mudar os seus hábitos e os seus costumes.
6) Como proceder em relação à reforma íntima?
Uma vez iniciada, convém dar-lhe continuidade. Parar é regredir, é voltar aos mesmos erros que cometíamos no passado. Um bom exercício é o ser humano se colocar no meio de uma montanha. Tem que ir em frente, porque a queda pode ser violenta.
7) Qual é o grande erro que se comete na reforma íntima?
É querer fazer uma reforma radical. Lembremo-nos de que os ensinamentos veiculados por Jesus, e por outros grandes lideres da humanidade, são modelos que devemos ter em mente. É como um ideal, uma meta a alcançar, porque a evolução não dá saltos. Querer melhorar a qualquer custo é também uma forma de violência.
São Paulo, junho de 2009
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