Ney Prieto Peres
"A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica:
'fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem ou seja. fazer o bem e não fazer o mal. O homem encontra nesse princípio a regra universal de conduta, mesmo para as menores ações". (ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. Introdução VI. Resumo da Doutrina dos Espíritos.)
Naquela Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, resumindo as suas bases fundamentais, o codificador, no final do item VI, expõe que os Espíritos "nos ensinam que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, desde este mundo, se liberta da matéria, pelo desprezo para com as futilidades mundanas e o cultivo do amor ao próximo, se aproxima da natureza espiritual. E que cada um de nós deve tomar-se útil, segundo as faculdades e os meios que Deus nos colocou nas mãos para nos provar, que o Forte e o Poderoso devem apoio e proteção ao Fraco, porque aquele que abusa da sua força e do seu poder, para oprimir o seu semelhante, viola a lei de Deus . Eles ensinam, enfim, "que no mundo dos Espíritos, nada podendo estar escondido, o hipócrita será desmascarado e todas as suas torpezas reveladas; que a presença inevitável e em todos os instantes daqueles que prejudicamos é um dos castigos a nós reservados; que aos estados de inferioridade e de superioridade dos Espíritos correspondem penas e alegrias que nos são desconhecidas na Terra.
Mas eles nos ensinam também "que não há faltas irremissíveis que não possam ser apagadas pela expiação. O homem encontra o meio necessário, nas diferentes existências, que lhe permite avançar, segundo o seu desejo e os seus esforços na via do progresso, em direção à perfeição, que é o seu objetivo final".
O que depreendemos dessa importante síntese constitui precisamente o roteiro deste opúsculo. De início procuramos evidenciar, trazendo aos níveis do consciente, as manifestações características da nossa natureza animal os vícios e os defeitos que denotam a predominância corpórea. Depois, o conhecimento das virtudes que nos libertam, pelo seu cultivo, das futilidades mundanas, e nos predispõem a exercer o amor ao próximo, desenvolvendo, assim, a nossa natureza espiritual. Os meios práticos para exercitarmos as nossas faculdades, nos esforços que nos permitam progredir em direção à perfeição é o que indicamos. A necessidade imperiosa de nos tomarmos úteis em todos os sentidos, levando a nossa contribuição ao próximo, cultivando o verdadeiro espírito da caridade desinteressada, está igualmente inserida.
São exatamente "os meios necessários que desejamos colocar à disposição dos amigos interessados em realizar o seu desenvolvimento moral, entendendo que o mundo em que vivemos, longe da perfeição, está muito mais envolvido nos erros. Erros que são importantes, pois nos levam a distinguir a verdade, nas lições da experiência humana, e que nos permitem fazer as nossas escolhas, propiciando-nos o adiantamento progressivo na senda do espírito. Errar menos, ou ainda, evitar a repetição de erros anteriores, e uma preocupação que pode conduzir-nos a recuperar muito tempo já perdido. Esse também é um enfoque prioritário a objetivar, pois encontramos-nos todos na condição de ajustar nossos débitos, somando méritos, no avanço que carecemos. Na realidade, não é grande o esforço que precisamos desenvolver. Até com pouco trabalho poderemos vencer as nossas más tendências, mas o que nos falta é a vontade Porém, essa vontade também podemos cultivar. E um dos métodos para isso é o da auto-sugestão, como veremos adiante.
As bases da Transformação intima estão com Kardec, que eleva e da cumprimento à moral de Jesus no "fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem Regra universal da conduta, ate mesmo para as menores ações, que nos deve pautar em nosso relacionamento.
Os questionários de avaliação individual nos levam a refletir, trazendo à consciência os defeitos mais evidentes a serem corrigidos. A maioria destes defeitos é comum, e quase sempre acham-se ocultos sob a forma de torpezas inconscientemente sepultadas
A auto-avaliação progressiva nos faz ver, periodicamente, o amadurecimento conquistado pelo próprio esforço em melhorar, proporcionando-nos o estímulo em continuar na remodelação de nós mesmos.
Vencidas as primeiras dificuldades, a misericórdia do nosso Divino Criador já nos faz colher os primeiros frutos do nosso trabalho, nas manifestações das alegrias reconfortadoras do espírito.
Quem vem a se interessar pelo Espiritismo como curiosidade, e fica na constatação do intercâmbio e das manifestações dos espíritos, flutua na sua superfície e quem se sente atraído pelas suas interpelações da origem, natureza e destinação dos nossos espíritos, penetra nas camadas de suas bases; no entanto, aqueles, pelo que já sofreram e na ansiedade de preencher o espírito ávido de perfeição, sentindo em profundidade os seus ensinamentos, oferecem terreno sólido para a edificação progressiva da Doutrina dos Espíritos dentro de si mesmos, porque neles as transformações intimas serão realizadas e neles o Espiritismo cumpre o seu verdadeiro papel de redentor da humanidade.
Portanto, se ainda não nos sentimos tocados em profundidade, e se nas nossas inquietações não estamos trazendo o conhecimento espírita para o terreno das mudanças no nosso comportamento, não estaremos aplicando a Doutrina em beneficio da nossa própria evolução, e não poderemos, a rigor, ser reconhecidos como espíritas. Poderemos ser profundos conhecedores da sua filosofia ou meticulosos pesquisadores da sua ciência, o que nos conferirá apenas a condição de teóricos.
Vivência, aplicação, exemplificação, transformação, eis as características do espírita autêntico; eis a base estabelecida por Allan Kardec.
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