Estudando o Espiritismo

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domingo, 12 de dezembro de 2010

ESPIRITISMO na faculdade

Entrevista com professor e escritor Luiz Carlos Formiga
DA REDAÇÃO DE "A JORNADA"

Luiz Carlos Formiga é Biomédico com Doutorado em Microbiologia e Imunologia. Professor Universitário, palestrante e articulista Espirita.

Você vem de uma família Espírita? Como foi seu início no Espiritismo? Há quanto tempo?
Sou neto de espíritas, mas foi nos anos 60, em reuniões práticas, que descobri minha incompetência mediúnica.

Qual é o seu envolvimento com o movimento Espírita?
Problemas diversos nos levaram a um modesto envolvimento. No momento sou um dos coordenadores do Núcleo Espírita Universitário. Fazemos algumas palestras à noite. Como minha mulher e meus filhos são espíritas os fins de semana também são utilizados com relativa facilidade.

Possui algum tipo de mediunidade? Se sim, como lidou com ela no início?
Sobre mediunidade, Allan Kardec é quem oferece a explicação mais simples e clara: "é uma faculdade humana". Como mediunidade é fatalidade evolutiva, no meu caso é 1% de inspiração e 99% de transpiração.

Possui Livros publicados?
Com a epidemia da SIDA alguns acadêmicos espíritas me perguntavam sobre a doença. Por isso escrevemos artigos no Jornal Espírita (SP), no início dos anos 90. Posteriormente, o presidente do Centro Espírita Leon Denis nos perguntou se poderíamos transformá-los num livro. Seria um registro do momento histórico. Nasceu "Dores, Valores, Tabus e Preconceitos" (Rio de Janeiro: Edições CELD). O Jornal Brasileiro de Enfermagem, dezembro de 1996, publicou uma nota e num trecho diz assim: O livro discute a existência ou não da vida após a morte, a doutrina das vidas sucessivas, tendo como pano de fundo as doenças que deixam estigmas. Comenta a posição da Doutrina dos Espíritos diante da Universidade dominada pelas teorias materialistas. Entendendo que somos todos, sem exceção, pacientes terminais "sem hora marcada", inicia uma discussão sobre a eutanásia, resgatando idéias para uma declaração dos direitos do paciente terminal.
A aparente injustiça da Justiça Divina com as crianças, que já nascem portadoras do vírus da Aids, fez com que o autor estudasse a questão do sexo seguro, as chamadas opções Sexuais e a melhor maneira de se prevenir doenças sexualmente transmissíveis. Alguns espíritas estudiosos da dependência química me pediram para colaborar no livro "As Drogas e Suas Conseqüências", editora Fonte Viva, BH.MG.

Você está trabalhando em algum livro no momento? Pode nos adiantar algo?
Está no prelo outro livro sobre dependência química, onde tenho pequena participação.

Qual a sua atividade profissional?
Professor Universitário aposentado.

Como conciliava a parte profissional com o Espiritismo? Havia conflitos?
Não. Nas universidades usávamos apenas a hora do almoço e, eventualmente, horário após o término do expediente.

Sabemos que ainda há muito preconceito e desinformação a respeito do Espiritismo. Isto refletiu em sua atividade profissional?
Não. Materialistas e incrédulos apenas me olhavam com alguma desconfiança.

Espiritismo é religião?
Até no dicionário a palavra religião é de difícil compreensão. Espiritismo é um neologismo, necessário para explicar uma nova ordem de idéias apresentada em "O Livro dos Espíritos". Nele encontramos uma filosofia de caráter científico e uma ciência de conseqüências religiosas. Oferecendo uma filosofia existencial religa a criatura ao Criador. A compreensão pode ser ampliada com reflexão profunda usando o 2° capítulo do Livro Terceiro, Leis Morais, Lei de Adoração de "O Livro dos Espíritos".

Como você vê o crescimento da Doutrina Espírita no Brasil e no Mundo?
Kardec estava convicto de que os princípios do Espiritismo estariam aceitos por toda a humanidade em cem anos. Os interesses contrários são inúmeros e a ignorância não é privilégio de brasileiros.

Qual a maior dificuldade que a Doutrina Espírita enfrenta para sua aceitação?
A população reencarnada é heterogênea. Diversos comportamentos podem explicar essa dificuldade. Para os materialistas o homem é simples máquina. Os incrédulos de má-vontade não querem ver perturbada a inclinação que sentem para os gozos materiais. Outros condenam o Espiritismo por motivos de interesse pessoal, por má fé ou por escrúpulos religiosos. Os incrédulos por decepções passaram de uma confiança exagerada à incredulidade. Originam-se dos estudos incompletos e da falta de experiência. Os espiritualistas possuem vaga intuição das idéias espíritas. O Espiritismo é, para alguns experimentadores, uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos. Outros vêem mais do que fatos compreendem-lhe a parte filosófica, admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam. Há, ainda, os que depositam confiança cega e pueril e aceitam sem verificação diversos absurdos. Estes são iludidos por homens e por Espíritos mistificadores. Como você percebeu, o Codificador já havia anotado as dificuldades.

Nós espíritas somos muito questionados a respeito da Doutrina Espírita e constantemente somos provocados a justificar nossa crença em confronto com a Bíblia. Na sua opinião, devemos entrar nesse tipo de debate para defender a Doutrina Espírita ou não?
É relativo. Um e-mail nas vésperas do Terceiro Congresso Espírita Mundial, outubro 2001, nos fez responder a uma pergunta, no foro, colocada no portal www.terra.com.gt, A questão era: "¿Estás de acuerdo con que se celebre en Guatemala la Convención Mundial de Brujos?" Confesso que fiquei com medo da omissão ser considerada crime de lesa-humanidade. Eu tinha razão, a nossa indignação propiciou uma mudança de atitude nos debatedores.

O Brasil é um país onde a grande maioria é Católica ou Evangélica, mas algumas pesquisas indicam que grande parte da população não Espírita acredita em reencarnação. Como podemos interpretar isto?
Reencarnação é Lei Divina ou Natural. E onde está escrita a lei de Deus? Na consciência do homem, portanto não importa a religião que se professa, importa é o nível de consciência.

Segundo Emmanuel a maior caridade que podemos fazer para a Doutrina Espírita é a sua divulgação. O que podemos fazer para contribuir neste sentido?
"Bem feito é melhor que bem dito".

Em sua opinião, o fato de Jesus ter usado parábolas para ministrar seus ensinamentos e não ter escrito nada, ajudou ou prejudicou o entendimento do Cristianismo? Se tivesse escrito, conforme fez Kardec com a codificação Espírita, reduziria as multidivisões futuras e melhoraria o entendimento?
"Tenho muitas coisas para vos dizer, mas vós não podeis suportar agora" (João, 16:12). Por que Kardec pôde explicar e Jesus não pôde? As revelações são dadas ao mundo, progressivamente, de acordo com o grau de assimilação da humanidade. "Assim como a Ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual. Ora, como este último princípio é uma das forças da Natureza, a reagir incessantemente sobre o princípio material e reciprocamente, segue-se que o conhecimento de um não pode estar completo sem o conhecimento do outro. O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria sido abortado, como tudo quanto surge antes do tempo." (A Gênese, Cap. I, item 16) "Quando vier o Espírito de Verdade ele vos conduzirá à verdade plena, pois não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas futuras, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos disse" (João, 14:26 e 16: 13). Mas, Jesus, o Mestre dos Mestres, pedagogo ainda não superado, conhecia a técnica perfeita e nos lecionou com perfeição. As parábolas já eram conhecidas no Velho Testamento e nos livros sagrados do Oriente, mas Jesus as imortalizou. São histórias simbólicas, comparativas, que embora utilizem reálias, encerram um conteúdo moral que precisa ser buscado. O próprio Jesus ensinou como fazer isso, explicando a parábola do semeador (Mateus, 13:18-23) e do Joio e do Trigo (Mateus, 13: 36-43). Quais as vantagens de sua utilização? 1. Por serem simbólicas, sofreram menos alterações ao longo do tempo, pelas manipulações e ou traduções; 2. Por terem enredo, interessam a todas as camadas sociais; prendem o ouvinte; impressionam, instigam o raciocínio e não ferem, pois não são endereçadas a ninguém em particular, mas a todos, em geral; 3. Facilitam a assimilação, pois Jesus utilizou-se de reálias usadas pelo homem, no seu afã diário. Esses símbolos podem ser transferidos para qualquer época, daí sua eternidade; 4. São fáceis de memorizar, pela "aparente" simplicidade e boas de reproduzir. Se quisermos entendê-las, em toda a sua profundidade, devemos seguir o conselho de Paulo: "A letra mata, mas o espírito vivifica." (Paulo, II Coríntios, 3:6).

Que obras considera obrigatórias na biblioteca espírita?
Devemos examinar todas, mas existe uma prioridade que é estudar as Obras Básicas com o mesmo cuidado com que o Codificador estudou os ensinos morais do Cristo.

Na sua opinião, qual a maior herança que podemos deixar a nossos filhos?
Somos arquitetos do próprio destino. A herança é conquista pessoal. Não há injustiça na hora do inventário. No entanto, percebemos que pais atualizados e atuantes deixam boas heranças. Ficará com a melhor parte, aquele filho que não se contentar em admirar a ética, mas a colocar em prática. Por isso os espíritos superiores disseram que devemos considerar a paternidade como missão.

Considerações finais?
Na era da qualidade total temos instrumentos para avaliar heranças. "A melhor doutrina é aquela que satisfaz ao coração e à razão e que mais elementos possui para conduzir os homens ao bem". (DA REDAÇÃO DE "A JORNADA") 

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LUIZ CARLOS FORMIGA aposentou-se em 1996 pela Faculdade de Ciências Médicas da UERJ. Sua “última” contribuição foi publicada em 2004.  – “Patterns of adherence to HEp-2 cells and actin polimerisation by toxigenic Corynebacterium diphtheriae strains. Microbial Pathogenesis, Grã Bretanha, v. 36, p. 125-130, 2004.”  Hoje se dedica ao estudo das Ciências Jurídicas, tendo feito em 2007 uma comunicação com o título: “Prudência, Diligência e Perícia no Laboratório de Bacteriologia Clínica“ (http://www.univercidade.edu/uc/pesqcient/pdf/2007/amb_bacteria.pdf)


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