Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Parábola do Semeador - Cairbar Schutel




A parábola do Semeador é a parábola das parábolas: sintetiza os caracteres predominantes em todas as almas, ao mesmo que nos ensina a distingui-las pela boa ou má vontade com que recebem as novas espirituais.
Pelo enredo do discurso vemos aqueles que, em face da palavra de Deus, são “beiras de caminho” onde passam todas as idéias grandiosas como gentes nas estradas, sem gravarem nenhuma delas: são “pedras” impenetráveis às novas idéias, aos conhecimentos liberais; são “espinhos” que sufocam o crescimento de todas as verdades, como essas plantas espinhosas que estiolam e matam os vegetais que tentam crescer nas suas proximidades.
Mas se assim acontece para o comum dos homens, como para a grande parte terra improdutiva, que faz parte do nosso mundo, também se distingue, dentre todos, uma plêiade de espíritos de boa vontade, que ouvem a palavra de Deus, põe-na por obra, e dessa semente bendita resulta tão grande produção que se pode contar a “cento por uma”.
De maneira que a “semente” é a palavra de Deus, a lei do amor que abrange a Religião e a Ciência, a Filosofia e a Moral, inclusive os “profetas” e se resume no ditame cristão: “Adora a Deus e faze o bem até aos teus próprios inimigos.”
A palavra de Deus, a “semente”, é uma só, quer dizer, desde que o homem se achou em condições de recebê-la. E se ela não atua com a  mesma eficácia em todos, deriva esse fato da variedade e da desigualdade de Espíritos que existem na Terra; uns mais adiantados, outros mais atrasados; uns propensos ao bem, à caridade, à liberalidade, à fraternidade; outros propensos ao mal, ao egoísmo, ao orgulho, apegados aos bens terrenos, às diversões passageiras.
A terra que recebe as sementes, representa o estado intelectual e moral de cada um: “beira do caminho, pedregal, espinhal e terra boa”.
Acresce ainda que nem todos os pregoeiros  da palavra a apregoam tal como ela é, em sua simplicidade e despida de formas enganosas. Uns revestem-na de tantos mistérios, de tantos dogmas, de tanta retórica; ornam-na com tantas flores que, embora a “palavra permaneça”, fica obscurecida, enclausurada na forma, sem que se lhe possa ver o fundo, o âmago, a essência!
Muitos a pregam por interesse, como o “mercenário que semeia”; outros por vanglória, e, grande parte, por egoísmo.
Nestes casos não dissipam as trevas, mas aumentam-nas; não abrandam corações, mas endurecem-nos; não anunciam a palavra, mas dela fazem um instrumento para receber ouro ou glórias.
Para pregar e ouvir a palavra, é preciso que não a rebaixemos, mas coloquemos acima de nós mesmos; porque aquele que despreza a palavra, anunciando-a ou ouvindo-a, despreza o seu instituidor, e como disse ele: “Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, tem quem o julgue; a palavra que falei esta o julgará no último dia: Sermo, quem locutus sum, ille judicabit eum in novissimo dia”. (João, XII, 48).
Que belíssimo quadro apresenta-se às nossas vistas, quando, animados pelo sentimento do bem e da nossa própria instrução espiritual, lemos, com atenção, a Parábola do Semeador! À nossa frente desdobra-se vasto campo, onde aparece a extraordinária figura do excelso semeador, o maior exemplificador do amor de todas as idades, e aquele monumental sermão ressoa aos nossos ouvidos, convidando-nos à prática das virtudes ativas, para o gozo das bem-aventuranças eternas!
O Espiritismo, Filosofia, Ciência, Religião, independente de todo e qualquer sectarismo, é a doutrina que melhor nos põe a par de todos esses ditames, porque, ao lado dos salutares ensinos, faz realçar a sobrevivência humana, base inamovível da crença real que aperfeiçoa, corrige e felicita!
Que os seus adeptos, compenetrados dos deveres que assumiram, semelhantes ao semeador, levem a todos os lares e plantem em todos os corações, a semente da fé que salva, erguendo bem alto essa luz do Evangelho, escondida sob o alqueire dos dogmas e dos falsos ensinos que tanto têm prejudicado a Humanidade!

(Livro: Parábolas e Ensinos de Jesus, Casa Editora O Clarim, 2000, pág. 34 e 35).

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