Caridade para com os criminosos
publicado em 01 março de 2016 • Odiléa Ferraz
Ao ouvirmos mais um caso de violência urbana, como reage o nosso pensamento? Qual o teor de nossos sentimentos mais íntimos diante de uma arbitrariedade ou agressão insana? Essas são perguntas necessárias para que possamos fazer uma reflexão quanto à prática do Evangelho de Jesus, diante de uma sociedade abalada por crimes bárbaros onde uma de suas frações coloca na pena de morte a esperança de modificação de nosso mosaico social.
A criatura delituosa é alguém que ainda não se conscientizou da Lei de Deus, e embora possua esta Lei registrada em sua consciência, ainda não despertou, semelhante a uma pequenina semente que aguarda a irrigação necessária para que um dia possa vir a eclodir, pois, em seu âmago, possui a potencialidade de frondosa árvore.
A agressividade é doença da alma que requer grande atenção desde os primeiros anos de vida, como resquícios de eras distantes em relação ao tempo, mas ainda presente em diferentes graus em nossa esfera moral.
Atualmente não mais atingimos os companheiros de caminhada terrena com armas perfuro-cortantes ou projéteis mortais, mas quantas vezes matamos o sonho, dilaceramos a alegria e usurpamos a paz de alguém?
O Mestre Jesus conhecedor do mais íntimo propósito que nos habita, coloca em sua assertiva um alerta para cada um de nós, anotado por Mateus no capítulo 5, versículos 43 a 48, do Novo Testamento:
“Ouviste que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celestial, porque ele faz nascer o sol sobre os maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amares os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celestial.”
Amar os inimigos é ter por estes irmãos um pensamento sem ódio, nem rancor. É, não lhes desejar o mal, ou vingança, é entender que a sua melhora e evolução dependem do esforço individual de cada um ao seu tempo e ao seu modo.
O aprofundamento do conhecimento da Doutrina Espírita, leva-nos a entender essas situações bárbaras que abalam nossa sensibilidade, não mais com o impetuoso revide de violência que nos iguala ao infrator, mas com vibrações de paz, de caridade e de amor que podem neutralizar desatinos, ajudar a transformar criaturas e situações, auxiliando assim a implantação de um mundo melhor, menos sofrido e mais justo, como explica Elisabeth de França numa mensagem dada em Havre, no ano de 1862, transcrito por Kardec no capítulo XI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 14:
“Ainda vos digo que estão próximos os tempos em que a grande fraternidade reinará sobre a Terra; os homens serão regidos pela lei do Cristo, que será o freio e a esperança e conduzirá as almas para as moradas bem-aventuradas. Amai-vos, pois, como filhos de um mesmo pai; não façais diferenças entre os outros infelizes porque é Deus que deseja que todos sejam iguais; não desprezeis ninguém. Deus permite que grandes criminosos estejam entre vós a fim de vos servirem de ensinamento. Brevemente, quando os homens forem levados a praticar as verdadeiras leis de Deus, não haverá mais necessidade desses ensinamentos, e todos os espíritos impuros e revoltados serão dispersados pelos mundos inferiores, de acordo com suas tendências.”
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