Se alguém vos bater a face direita, apresentai-lhe também a outra.
Tendes aprendido que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu vos digo para não resistirdes ao mal que vos queiram fazer; mas se alguém vos bate na face direita, apresentai-lhe também a esquerda, abandonai-lhe também a vossa capa; e se alguém que vos constranger a fazer mil passos com ele, fazei ainda dois mil. Dai àquele que vos pede e não repilais àquele que quer vos tomar emprestado. [São Mateus, cap. V, v. 38 a 42 (O Evangelho Segundo Espiritismo – capítulo XII – Item 7)].
A doutrina espírita nos conduz a análises constantes dos eventos e fatos que acontecem no nosso cotidiano a tal ponto de fazer-nos perceber que muitas vezes tomamos decisões erradas. Talvez por ato falho de nossa personalidade ou por não refletir sobre os assuntos que nos acometem.
Muitas vezes, sem avaliar as consequências das nossas atitudes, através de palavras, agredimos o nosso próximo e deixamos ali implantadas centelhas de ressentimentos ou mágoas que podem se perpetuar por uma eternidade. O que diríamos então, quando em vez de palavras tomamos atitudes físicas ao ponto de bater em alguém, ferir, acidentar, ou pior, matar?
Que consequências têm as nossas atitudes quando alcançam máculas profundas no íntimo de alguém?
Por que somos capazes de ferir o nosso próximo através de palavras, atos e omissões?
É preciso uma análise detalhada do comportamento humano. Em primeira instância, devemos introjetar na nossa própria essência, identificando assim as nossas fraquezas, maldades, virtudes, fortalezas e defeitos. Dentro deste contexto, encontrar as melhores formas de refletir sobre estes aspectos e através da conscientização dos mesmos, promover mudanças e logicamente os ajustamentos.
Quando mencionamos nossa essência, queremos nos referir também as formas como fomos orientados durante toda nossa existência carnal.
Lembro-me quando ainda jovem, que ouvia alguns amigos ou até mesmo familiares mencionarem que sob aspecto algum permitiam que um filho voltasse para casa com problemas entre seus colegas de escola. E diziam: se algum colega seu bater em você, devolva na mesma proporção.
Aí está a configuração da Lei Mosaica: Olho por olho, dente por dente.
Pobres infelizes, estas crianças, que estavam sendo mal orientadas!
Daí a máxima que diz: O homem é produto do meio. Mas que meio é este que provoca no ser a capacidade de se tornar mal? De ser vil à sociedade?
Na família aprendemos também, infelizmente, a errar! Claro que esta não é uma regra. Mas o primeiro meio de convívio da sociedade é a família e se ela é composta por membros emocionalmente desequilibrados, salvo exceção, os seus rebentos são propensos a também ser transtornados.
É contraditória esta análise do ponto de vista dos comportamentos, pois recebemos de DEUS a luz divina do AMOR. Justo nós que somos sua imagem e perfeição!
Desta forma, o Evangelho de São Mateus nos compele a seguir as orientações do Mestre Jesus, no sentido de darmos amor quando nos sentirmos feridos, sofridos, invadidos, provocados.
É o perdão das ofensas traduzido na frase: Se alguém vos bate na face direita, apresentai-lhe a esquerda.
Está nesta frase a expressão da caridade, pois o que ela é senão a renuncia de si mesmo, o sacrifício que suplanta o nosso orgulho ferido, a expressão viva da humildade.
Joanna de Ângelis no Livro Leis Morais da Vida, artigo sobre “Hostilidade” diz: “Diante de pessoas hostis, a atitude mais correta é a resistência pacífica, a perseverança na posição não violenta.”
Não podemos nos sentir agredidos, quando não damos vasão a nossa vaidade, ao desamor.
Amar ao próximo é amor a Deus. Amar a Deus sobre todas as coisas é deixar, mesmo não desejando, que setenta vezes sete, sejamos feridos, ultrajados, pois aos pobres de espírito, aos que não se deixam macular pelas maledicências alheias, ou pelas feridas do orgulho, da vaidade, está prometido por Deus o reino dos Céus.
Que a graça de Deus deixe nossos corações cheios da virtude do AMOR.
Fernando Oliveira
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