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domingo, 7 de novembro de 2010

Suicídio no Brasil afeta mais homens e idosos, mas cresce entre jovens

. Aprenda a identificar os sinais
Participação de familiares e amigos na prevenção da violência é fundamental
Diego Junqueira, do R7
Texto:  
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No Brasil, cerca de 9.000 pessoas se suicidam por ano – o que dá uma média de 24 casos por dia. Essas mortes trazem ainda outras vítimas e estatísticas: cada uma delas causa transtornos e consequências emocionais em pelo menos cinco pessoas. De acordo com especialistas consultados pelo R7, discutir o assunto e conhecer os fatores de risco são essenciais para prevenir novos casos.

Esses dados, que são considerados subestimados pelo Ministério da Saúde e pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), colocam o país entre os dez primeiros do mundo em números absolutos. Apesar disso, a taxa brasileira de suicídios, que mede o número de mortes a cada 100 mil habitantes, é considerada baixa se comparada a outros países. Se aqui esse índice é de 4,5, em países como Ucrânia e Rússia chega a passar de 30.

A taxa brasileira, no entanto, esconde variações significativas. Entre as mulheres, a taxa oficial é de 1,9. Já entre os homens é de 7,1. Com relação à faixa etária, o grupo que apresenta as taxas mais altas são os idosos. Para os que têm 75 anos ou mais, o índice passa dos 15.

Segundo a pesquisadora Cecília Minayo, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), as taxas elevadas entre os mais velhos ocorrem no mundo todo.

- Há vários fatores associados dos quais destaco: perda de parentes referenciais, sobretudo do cônjuge, solidão, existência de enfermidades degenerativas e dolorosas, sensação de estar dando muito trabalho à família e ser um peso morto, abandono e outros.

O suicídio não se limita a uma só razão - ele envolve várias questões. Para ambos os sexos, os principais fatores de risco são a depressão e transtornos mentais. De acordo com Cecília, algumas razões sociais também são apontadas, como morte de pessoa querida, isolamento, situações de dependência física ou mental, dentre outras.

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Ela afirma que, no caso dos homens, a solidão e o isolamento social são os principais fatores associados.
- Muitos estudiosos consideram que as mulheres se suicidam menos porque têm redes sociais de proteção mais forte e se engajam mais facilmente que os homens em atividades domésticas e comunitárias, o que lhes confere um sentido de participação até o final da vida.

Transtornos mentais

Cecília afirma que, mesmo entre os idosos, tais fatores quase sempre estão interligados à depressão como causa ou como efeito.
A existência de transtornos mentais, de fato, é o principal fator de risco para o suicídio. Segundo estudo divulgado pela ABP, mais de 90% das pessoas que se suicidam apresentam também pelo menos um diagnóstico de doença mental.

Os transtornos mentais mais comumente associados ao suicídio são: depressão, transtorno do humor bipolar, dependência de álcool e de outras drogas psicoativas. Esquizofrenia e certas características de personalidade também são importantes fatores de risco. A situação de risco é agravada quando a pessoa apresenta mais de uma dessas condições.

Segundo Cecília, a participação dos familiares e amigos na prevenção da violência é fundamental. Eles podem colaborar na busca de tratamento para depressão e na identificação dos sinais e fatores risco das doenças mentais.

Veja os fatores de risco para o suicídio

Transtornos mentais     Aspectos sociais
• Transtornos do humor, como depressão
• Transtornos mentais e de comportamento do uso de substâncias, como o álcool
• Transtornos de personalidade
• Esquizofrenia
•Transtornos de ansiedade
•Comorbidade aumenta os riscos (ou seja, sofrer de alcoolismo e de depressão)          • Sexo masculino
• Idade entre 15 e 35 anos e acima de 75 anos
• Muito pobres ou muito ricos
• Moradores de áreas urbanas
• Desempregados (principalmente perda recente
do emprego)
• Aposentados
• Isolamento social
• Solteiros ou separados
• Migrantes
Aspectos psicológicos   Condição de saúde limitante
• Perdas recentes
• Perdas de parentes na infância
• Famílias conturbadas
• Datas importantes
• Reações de aniversário
• Personalidade impulsiva, agressiva ou de humor instável        • Doenças orgânicas incapacitantes
• Dor crônica
• Lesões desfigurantes
• Epilepsia
• Trauma medular
• Tumores malignos
• Aids
Taxas crescem mais entre homens jovens
De acordo com Neury José Botega, psiquiatra da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e coordenador da Comissão de Prevenção de Suicídio da ABP, as taxas de suicídio aumentaram 30% nos últimos 20 anos. Ele afirma que o problema cresce notadamente entre jovens e adultos jovens do sexo masculino. Nesse grupo (entre 15 e 29 anos de idade), o suicídio responde por 3% do total de mortes e se encontra entre as três principais causas de morte.

- Isso está aumentando porque os índices de depressão são cada vez maiores. Além disso, vivemos numa sociedade menos solidária, mais individualista e com mais competição.

O médico alerta ainda que o enfraquecimento do papel da família na sociedade, que representa proteção e segurança afetiva, além do aumento da dependência de drogas e álcool, também se reflete no agravamento do suicídio no Brasil.

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