Allan Kardec foi o codificador do espiritismo. Organizador escrupuloso de um material que fundamentou a corrente espírita do século XIX, mas de modo algum se tratou de um escritor imaginador e muito menos de estilo místico.
No dia 18 de abril de 1857 publica um livro que marcará o inicio do espiritismo “O Livro dos Espíritos”. Este livro já aparece assinado com o nome de Allan Kardec, deixando assim a época de escritor e pedagogo prestigioso que assinava com o nome de seu nascimento (Hypolito León Denizard Rivail)
Nos poucos anos que lhe restavam de vida (nesta encarnação) escreveu todos os livros que completam a codificação espírita e completou o primeiro.
Breve biografia de Allan Kardec
Hypólito León Denizard Rivail (Allan Kardec) nasceu no dia 3 de outubro de 1804, em Lyon – França. Ele era filho um juiz Baptiste-Antoine Rivail, e sua mãe se chamava Jeanne Louise Duhamel.
O professor Rivail fez em Lyon seus primeiros estudos e completou posteriormente sua formação em Yverdum (Suíça), com o celebre professor Pestalozzi, de quem rapidamente se tornou um dos seus mais eminentes discípulos, colaborador inteligente e dedicado. Dedicou-se de coração a difusão do sistema de educação que exerceu uma grande influencia na reforma educacional da França e da Alemanha.
Muitíssimas vezes, quando Pestalozzi era chamado pelo governo para fundar institutos semelhantes ao de Yverdum, confiava a Denizard Rivail a tarefa de substituí-lo na direção de sua escola. Lingüista famoso conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano, o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente se expressar nesta língua. Membro de varias sociedades intelectuais, em especial da Academia Real de Arras, foi o autor de inúmeras obras de educação, das quais podemos citar:
Plano Proposto para o melhoramento da Diretriz Pública (1828)
Curso prático e teórico de aritmética, segundo o método de Pestalozzi, para uso dos professores e mães de família (1829)
Gramática Francesa Clássica (1831)
Manual para exames de Capacidade; soluções racionais de perguntas e problemas de aritmética e geometria (1846)
Catecismo gramatical da língua francesa (1848)
Programas de cursos comuns de Física, Química, Astronomia e Fisiologia, que exercia no Liceu; ditados normais dos exames de Prefecctura e da Sorbona, acompanhados de ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas (1849)
Mas além das obras didáticas, Rivail também fazia contabilidade de casas comerciais, passando então a ter uma vida tranqüila em termos econômicos. Seu nome era conhecido e respeitado e muitas de suas obras foram adotadas pela Universidade da França. No mundo literário, conheceu a professora Amélia Gabrielle Boudet, com que contraiu matrimonio no dia 6 de fevereiro de 1832.
Em 1854, através de um amigo chamado Fortier, o professor Denizard ouviu falar pela primeira vez sobre os fenômenos das mesas girantes, na moda nos salões europeus, desde a explosão dos fenômenos espíritas em 1848, na cidade de Hydesvile nos Estados Unidos, com as irmãs Fox. No ano seguinte se interessou mais pelo assunto, pois recebeu novas informações sobre a intervenção dos espíritos, informação dada pelo Sr. Calotti, seu amigo há 25 anos. Depois de algum tempo, no ano de 1855, ele foi convidado para participar de uma dessas reuniões, pelo Sr. Patier, um homem muito sério e instruído.
O professor era um grande estudioso do magnetismo e aceitou participar, pensando que eram fenômenos relacionados. Depois de algumas sessões começou a perguntar para descobrir uma resposta lógica que pudesse explicar o meio que os objetos inertes emitiram mensagens inteligentes. Admirava-se com as manifestações, pois lhe parecia que de trás delas havia uma causa inteligente responsável pelos movimentos. Resolveu investigar, pois sabia que ali estava a revelação de uma nova lei.
As “forças invisíveis” que se manifestavam nas seções das mesas falantes diziam que eram almas de homens que haviam vivido na Terra. O codificador que se intrigava mais e mais. Em um desses trabalhos, uma mensagem foi destinada especificamente a Ele: “Daria vida a uma nova Doutrina filosófica, científica e moral.” Kardec afirmou que sendo o escolhido, tudo faria para desempenhar com empenho as obrigações encomendadas.
Allan Kardec iniciou sua observação e estudo dos fenômenos espíritas com o entusiasmo próprio das pessoas madura ES racionais, mais sua primeira atitude é de ceticismo: “Eu acreditarei quando veja, e quando consiga provar que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula.”
Depois da admiração e da incredulidade inicial, Rivail começa a pensar seriamente na legitimidade de tais fenômenos e continua nos seus estudos e observações, mais e mais convencido da seriedade do que estava presenciando. Ele nos relata: “de repente me encontrava em meio de um fato estranho, contrário, à primeira vista, às leis da natureza, ocorrendo na presença de pessoas honradas e dignas de fé. Mais a idéia de uma mesa falante ainda não cabia na minha mente”.
O desenvolvimento da Codificação Espírita basicamente tem seu início na residência da família Baudin, no ano de 1855. Na casa havia duas meninas médiuns. Tratava-se de Julie e Caroline Baudin de 14 e 16 anos respectivamente. Através da “Cesta”, um mecanismo parecido a das mesas falantes, Kardec fazia perguntas aos espíritos desencarnados, que respondiam por meio da escrita mediúnica. À medida que as perguntas do professor se respondiam, ele percebia que ali se formava o corpo de uma doutrina e se preparou para publicar o que mais tarde se transformou na primeira obra da Codificação Espírita.
A forma pela qual os espíritos se comunicavam no início, era através da cestinha que tinha um lápis no meio. As mãos da médium eram colocadas nas bordas, de forma que os movimentos involuntários, provocados pelos espíritos, produziam palavras. Com o tempo, a cestinha foi substituída pelas mãos do médium, dando origem à conhecida psicografia. Das perguntas feitas aos espíritos, nasceu o “Livro dos Espíritos”, lançado no dia 18 de abril de 1857, revelando para o mundo todo um horizonte de possibilidades no campo do conhecimento.
A partir daí Allan Kardec se dedicou intensivamente ao trabalho de expansão e divulgação da Boa Nova. Viajou 639 léguas, visitou 20 cidades e assistiu a mais de 50 reuniões doutrinárias de Espiritismo.
Pelo seu profundo amor ao bem e a verdade, Allan Kardec edificou para sempre o maior monumento de sabedoria que a humanidade poderia desejar, revelando os grandes mistérios da vida, do destino, pela compreensão racional e positiva das múltiplas existências, tudo a luz dos postulados do Cristianismo.
Filho de pais católicos, Allan Kardec foi criado no protestantismo, mas não aderiu nenhuma dessas religiões, preferindo se situar na posição de livre pensador e homem de análise. Situado nessa posição, de uma vida intelectual foi homem de caráter livre e de conhecimento profundo, pronto para o estudo das manifestações, chamadas mesas girantes. Nesse tempo o mundo estava cheio de curiosidade pelos inumeráveis acontecimentos psíquicos que, por toda parte, se verificavam que, pouco depois, culminaram no advento da altamente consoladora doutrina que recebeu o nome de espiritismo, tendo como seu codificador, o educador emérito e imortal de Lyon.
O espiritismo não era, em tanto, criação do homem e sim uma revelação divina para a humanidade pela defesa dos postulados legados pelo Rabino da Galileia, em um momento que o materialismo avassalador conquistava as mais brilhantes inteligências e os cérebros proeminentes da Europa e América.
A codificação da Doutrina Espírita colocou Kardec na galeria dos grandes missionários e benfeitores da humanidade. Sua obra é um acontecimento tão extraordinário como a Revolução Francesa. Esta estabeleceu os direitos do homem dentro da sociedade, aquela instituiu as relaçõesdo homem com o universo, lhe deu as chaves dos mistérios humanos, dentre eles o problema da morte, os quais até então haviam sido equivocados pelas religiões. A missão do professor, como havia sido prevista pelo Espírito da Verdade, era de escolho e perigos, pois ela não seria apenas a de codificar, senão principalmente a de instruir e transformar a humanidade. A missão lhe foi tão árdua que, em nota de 1º de janeiro de 1867, Kardec se referia as ingratidões de amigos, aos ódios de inimigos, as injurias e calunias de pessoas fanáticas. Entretanto ele jamais ante a tarefa.
Seu pseudônimo, Allan Kardec, tem a seguinte origem: uma noite, o espírito que se autodenominava “Z”, através de um médium em uma comunicação pessoal, lhe disse, entre outras coisas, o acontecido em uma existência anterior, quando vivia com os Druidas nas Galias se chamando então Allan Kardec. A amizade com o espírito Zéfiro aumentava, lhe prometendo ajudá-lo na tarefa transcendental a que era chamado, e que facilmente levaria ao fim. No momento de publicar o Livro dos Espíritos, o autor apresentou um dilema na assinatura das obras. O faria com o nome de Denizard Hypolite León Rivail, ou com seu pseudônimo Allan Kardec. Sendo seu nome muito conhecido no mundo cientifico, em virtude de seus trabalhos anteriores, e podendo originar uma confusão, e prejudicar o êxito da tarefa, decidiu adotar o nome de sua existência precedente “Allan Kardec”, de maneira definitiva.
Livros que codificou e escreveu
O livro dos Espíritos (1857)
O Que é o Espiritismo (1859)
O Livro dos Médiuns (1861)
O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864)
O Céu e o Inferno (1865)
A Gênesis (1868)
Obras Póstumas (1890)
No dia 1º de janeiro de 1858 o missionário de Lyon publicou o primeiro número da Revista Espírita, que serviu como poderoso auxiliar para o desenvolvimento de seus trabalhos, tarefa que realizou sem interrupção por 12 anos até a sua morte. Deve figurar na relação das obras, não só por havê-las dirigido até 1869, senão também porque suas páginas expressam o pensamento e a ação do Codificador do Espiritismo.
No dia 1º de abril de 1858, Allan Kardec fundou a sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que tinha por objetivo o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações espíritas e suas aplicações nas ciências morais, físicas, históricas e psicológicas.
De 1855 a 1869, Allan Kardec consagrou sua existência ao Espiritismo. Representando ao espírito da verdade, estabeleceu a Doutrina Espírita e trouxe aos homens o consolador prometido.
O codificador desencarnou em París, no dia 31 de março de 1869, aos 65 anos de idade. Em sua tumba está escrito: “Nascer, morrer, renascer e progredir sem cessar, tal é a lei”.
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