Domério de Oliveira
de São Paulo, SP
"L’espoir des hommas, c’est leur raison de vivre et de mourir". (Malraux - 1901-1976)
Esperança, do étimo latino "sperantia", é o ato de esperar o que se deseja. Também, significa a fé ou seja a confiança em conseguir o que se deseja. A esperança é a segunda das três virtudes teologais, simbolizada por uma âncora.
Meus amigos, como Espíritas, alimentamos a viva esperança de encontrarmos, após o nosso decesso físico, com os nossos parentes e amigos que nos precederam na viagem de regresso ao Plano Maior. Alimentamos a esperança de nos encontrarmos com aquelas pessoas com as quais já temos afinidades.
Neste sentido, encontramos uma página maravilhosa em um livro clássico, "Il Cuore" de Edmundo de Amicis, No livro, em tela, 46.ª ed., edit. Francisco Alves, 1954, encontramos, às fls. 114/115, uma verdadeira profissão de Fé do autor sobre a Imortalidade. Amicis, sabiamente, coloca o assunto em forma de diálogo entre a mãe e o filho Henrique. Sentimos, neste diálogo, a firmeza do autor e a sua plena convicção na vida maior do Espírito. Vale à pena, à guisa de ilustração, transcrevermos "ipsis verbis" as sábias e ponderadas palavras de Edmundo de Amicis:
"Deus que nos lançou um nos braços do outro, não há de separar-nos, para sempre; quando eu morrer, quando teu Pai morrer não nos diremos aquelas tremendas e desesperadas palavras: mamãe, papai, Henrique, nunca mais te verei. Ver-nos-emos em uma outra vida, onde os que sofreram nesta, serão compensados; onde o que muito amou na Terra, tornará a encontrar as Almas amadas num outro mundo, sem lágrimas e sem morte. Mas devemos tornar-nos todos dignos dessa outra vida. Ouve, filho, a tua ação boa, a tua palavra de afeto aos que te amam, cada ato de cortesia para com os teus companheiros e cada nobre pensamento, será como que mais um impulso que te irá erguendo e te irá aproximando daquele mundo. E também te elevam todas as dores, porque cada dor é a expiação de uma culpa e cada lágrima apagará uma nódoa. Procura, cada dia, ser melhor e mais amável que no dia anterior. E pede a Deus que te dê força para realizar o teu propósito:
Senhor, eu quero ser Bom, eu quero ser Nobre, Corajoso, Sincero; socorrei-me, fazei que todas as noites, quando minha mãe me dá o último beijo, eu possa dizer-lhe: Tu beijas esta noite um filho mais honesto e mais digno do que o que beijaste ontem".
E, conclui, com maestria, nosso ínclito Amicis:
"Oh! Deus Grande! Deu Bom! Tornar a ouvir depois da morte o meu Henrique, o Henrique abençoado e imortal, apertá-lo num abraço que não se dissolverá mais, nunca mais..."
Meus amigos, que lição de Espiritismo, de legítimo Espiritismo, nos dá o Grande Escritor Edmundo de Amicis, neste seu magnífico Livro - "Il Cuore". As suas palavras são claras, objetivas, alicerçadas nos ensinamentos de Kardec e, nestas circunstâncias, dispensam quaisquer comentários. O Livro "Il Cuore", em todas as suas páginas, deixa-se banhar pelas águas lustrais da Educação Moral e Cívica. Esse Livro deveria ser de leitura obrigatória nas Escolas. Livros como "Il Cuore" de Edmundo de Amicis, como "Valor" de Charles Wagner que edificam o Espírito, infelizmente, são esquecidos e a subliteratura, como erva daninha, que nada edifica, vai arrasando os corações jovens. Razão tinha nosso Monteiro Lobato quando sustentava que um "País se faz com Homens e Livros". Logicamente nosso Mestre Lobato referia-se a Homens Bons e a Livros Bons.
(Jornal Verdade e Luz Nº 176 de Setembro de 2000)
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