A Visão Espírita da Fé – Fé e Obras

Quando os discípulos indagaram: Por que não pudemos nós expulsá-los? Jesus esclareceu: Por causa da vossa pouca fé. Não produziu efeito esperado e possível? É pouca. Assim, também, a voltagem inferior não consegue mover um motor elétrico.

No processo espiritual, a fé deve dar apoio ao sentimento à vontade para agir, edificar. Apoiado na realidade espiritual, que de algum modo conheceu, o ser consegue obter forças (como a tomada que conectamos à rede de energia); alcança efeitos (como alavanca que serve de apoio para movimentar grandes pesos); encontra soluções (como o solvente que dilui concentrações e remove obstáculos).

Mas, sem ação conseqüente ao conhecimento espiritual que se tem, a fé não passará de convicção improdutiva, o que Tiago comenta na sua epístola (Cap.2): Tu crês que há um só Deus e fazes bem; também os demônios o crêem e estremecem. Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem obra é morta?

Sem as obras correspondentes, a fé é apenas um conhecimento espiritual. A semente contém admirável potencial, mas somente germinará se for plantada. Assim, a fé só vive quando colocada em ação, somente então produz efeitos.

Transportando montanhas

Se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: passa daqui para acolá; e há de passar e nada vos será impossível.

Não tomemos o ensino de Jesus ao pé da letra. Busquemos o verdadeiro sentido de suas palavras.

Nada nos será impossível? Do esteja dentro das leis do Universo, somente se pode agir dentro delas e não fora nem contra elas. Podemos agir produzindo muitas transformações, contudo jamais a destruição completa de algo ou alguém. Na Natureza na se perde, nada se cria, tudo se transforma (Lavoisier). Mas, seguindo as leis, por exemplo, do psiquismo humano, os psicólogos conseguem modificações salutares em seus pacientes.

E ainda se for conveniente, edificante, pois como diz Paulo: Todas as coisas me são lícitas mas nem todas me convêm (…) nem todas edificam. (I Cor.)

Embora pudesse realizar muitos fenômenos, Jesus não atendia a todos que pediam: Mostra-nos um sinal. Somente os realizava quando necessário socorrer alguém, esclarecer aos que precisavam saber ou cumprir a programação de sua missão espiritual.

Que montanha?

Se for uma montanha material, para quê tirá-la do lugar? E não temos recursos materiais para removê-las? Usar a ação de efeitos físicos para isso, seria um desvio e mais emprego de forças preciosas.

Qual a montanha que, no caso, os discípulos tinham de transportar? Um espírito vingativo, endurecido no seu desejo de vingança. Impossível demovê-lo do seu intento? Pela violência, em ação exterior, sim; mas não se empregando autoridade moral e fluidos superiores.

Os discípulos tinham essa autoridade e fluidos? Não, já conheciam certas regras da vida superior, mas ainda não as viviam inteiramente. Talvez ainda julgassem que a ação sobre os Espíritos era obtida como fórmula mágica: grande confiança em Jesus, desejo intenso.

Mas no relato evangélico há uma observação: Essa casta de espíritos só se afasta por jejum e oração. Que tipo de jejum? O do alimento material? O jejum físico é saudável e às vezes recomendável, quando evita sobrecarga para o corpo, mas em nada contribuiria quanto à realização espiritual. O jejum necessário, no caso, era o espiritual, abster-se de pensar ou agir de modo inferior, para evitar a má sintonia e o desgaste de energias. E a oração completa o necessário para a boa atuação espiritual, pois coloca o Espírito em sintonia e ligação com as forças superiores do bem.

Quem costuma jejuar e orar assim de modo espiritual? Só quem tem verdadeira fé na vida do espírito, quem entende as leis da vida imortal e age segundo elas. Os discípulos ainda não faziam isso, Jesus, sim. Eis porque eles não puderam e Jesus pôde afastar aquela montanha – um Espírito rebelde.

Tudo que é possível dentro das leis divinas, conhecidas ou não, está ao nosso alcance, para fazermos, se for conveniente, edificante. Pela ação dos Espíritos sobre os fluidos, a lei de causa e efeito e o intercâmbio mediúnico, com o concurso do tempo e da evolução, há campo para extraordinárias e sublimes realizações.

Quem já conhecer algumas leis que regem o mundo espiritual e tiver em si virtudes, fluidos apropriados, merecimentos, ao agir de acordo com o que sabe e pode, muita coisa admirável fará com a sua fé ativa.

Este estudo “A Visão Espírita da Fé” continua nos próximos dias. Não percam!

Este registro foi postado em 14 de novembro de 2010 às 14:20. Você pode acompanhar qualquer respostas para este registro através do RSS 2.0 feed. Você pode deixar uma resposta, ou trackback do seu próprio site.

Postado em Doutrina e Movimento por Therezinha Oliveira