Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Aos trabalhadores da última hora


VERA GAETANI
de Ribeirão Preto, SP

Entre as parábolas de Jesus, existe uma que, por sua atualidade, convém ser relembrada. É a parábola dos trabalhadores da vinha, também conhecida como a dos trabalhadores das diversas horas. É narrada por Mateus, cap. XX, v. 1 a 16.
É ponto pacífico que a vinha é o nosso planeta e que, como todo o universo, pertence ao Pai. Quanto à espécie de trabalho, trata-se do trabalho espiritual consciente, visando à transformação de nossa casa terrestre num lugar onde todos possam viver, trabalhar e aprender em paz.
O que se discute nesta parábola é o seu desfecho, isto é, se os trabalhadores da última hora merecem ou não o salário da jornada integral e por que receberam o pagamento em primeiro lugar.
Em defesa do trabalhador da última hora há, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, uma comunicação de Constantino (1.863) que diz assim: “O obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa vontade o haja conservado à disposição daquele que o havia de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má vontade. Tem ele direito ao salário, porque desde a alvorada esperava com impaciência aquele que por fim o chamaria para o trabalho”.
É a tese de que cada um chega ao trabalho quando é chamado, isto é, quando acorda para o entendimento espiritual, uns mais cedo, outros mais tarde, uns por amor, outros pela dor, uns atrasando-se por ilusão (…) mas todos chegam e podem aproveitar bem a última hora porque, em matéria de trabalho, é preciso considerar não só a quantidade mas também a qualidade e, em matéria de trabalhadores, há os mercenários e os que trabalham por amor ao progresso.
Constantino conclui dizendo que os espíritas são todos trabalhadores da última hora.
Partindo de outro enfoque, mas chegando à mesma conclusão, Henri Heine, em comunicação de 1.863 que se encontra também em “O Evangelho Segundo o Espiritismo, entende que” os obreiros da primeira hora são os profetas, Moisés e todos os iniciadores que marcaram as etapas do progresso, as quais continuaram a ser assinaladas através dos séculos pelos apóstolos, pelos mártires, pelos Pais da Igreja, pelos sábios, pelos filósofos e, finalmente, pelos espíritas. Estes, que por último vieram, (…) receberão a mesma recompensa. Que digo? recompensa maior. Últimos chegados, eles aproveitam dos labores intelectuais dos seus predecessores, porque o homem tem que herdar do homem e porque coletivos são os trabalhos humanos: Deus abençoa a solidariedade.”
É a tese de que o progresso intelectual é obra solidária e se faz por etapas. É assim que os últimos são os primeiros.
A criança do século XXI, recém chegada ao mundo, ao utilizar-se de um computador para realizar suas tarefas escolares, para brincar ou viajar pela Internet, não avalia o que ela deve aos seus “predecessores que marcaram etapas do progresso”, homens que descobriram ou inventaram coisas para que um dia o computador pudesse aparecer. Entretanto, ela o utiliza em primeira mão e, se trouxer em sua bagagem espiritual um ideal elevado, com essa ferramenta de trabalho ela fará, durante a sua existência, mais e melhor, em termos de comunicação, do que todos aqueles que datilografaram ou escreveram a mão.
Mencionar a bagagem espiritual é aludir à reencarnação, conceito que ajuda a esclarecer ainda melhor a parábola. Henri Heine afirma, na referida comunicação, que “muitos dentre aqueles (trabalhadores da primeira hora) revivem hoje, ou reviverão amanhã, para terminarem a obra que começaram outrora (…) porém mais esclarecidos, mais adiantados, trabalhando, não já na base e sim na cumeeira do edifício. Receberão, pois, salário proporcionado ao valor da obra”. E conclui: “E todos, trabalhadores da primeira e da última hora, com os olhos bem abertos sobre a profunda justiça de Deus, não mais murmuram, adoram”.
A humanidade atual vive uma hora decisiva. Por um lado, a atmosfera espiritual do planeta está carregada de nuvens sombrias mas, por outro, há muita gente trabalhando em silêncio, quer no campo da assistência social e promoção humana, quer no campo do esclarecimento e consolo, ou ainda exemplificando o Evangelho no lar e no trabalho.
No rol dos acordados estão também os espíritas aos quais a espiritualidade superior recomenda não confundirem, em seu trabalho da última hora, precipitação com diligência. “Precipitação é pressa irrefletida e diligência é zelo prestimoso”. (André Luiz)
Se o labor a que se refere a parábola é o trabalho espiritual consciente, esse trabalho pede paz à alma.


Bibliografia:
KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo o espiritismo
XAVIER, Francisco C./André Luiz, Opinião Espírita
SCHUTEL, Cairbar, Parábolas e Ensinos de Jesus

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