Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A razão na fé Espírita




Bernardino da Silva Moreira

A luz da razão iluminou e fortaleceu a fé combalida pelo dogmatismo com sua tacanhice de outrora, a fé caduca molestada pela ciência, com seu materialismo reducionista, foi reerguida pela ciência espírita. Ante o espiritualismo velho com suas frioleiras surge a Doutrina Espírita com sua lógica irretorquível; a razão espírita transforma-se em fé raciocinada.

Com o método positivo Kardec mostra a força da razão e nas Obras da Codificação, através de “O Livro dos Espíritos” na pág. 47, prenuncia a exobiologia:

“A razão nos diz que entre o homem e Deus outros elos necessariamente haverá, como disse os astrônomos que, entre os mundos conhecidos, outros haveria, desconhecidos. Que filosofia já preencheu essa lacuna?”

Os Espíritos que viviam sobre a névoa do sobrenaturalismo, devido a fé cega, são também iluminados pela razão no virar da página:

“A razão diz que um efeito inteligente há de ter como causa uma força inteligente e os fatos hão provado que essa força é capaz de entrar em comunicação com os homens por meio de sinais materiais.”

Ao ateísmo que grassava na época, Kardec secundado pelos Espíritos superiores, propõe na questão 4:

“Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?”

A resposta chega de forma simples e objetiva, com a profundidade característica dos Espíritos superiores:

“Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”

No séc. XVII, Blaise Pascal (1623-1662), matemático, físico , filósofo e escritor francês, dizia: “Duvidar de Deus é crer em sua existência.”

Ao panteísmo com sua dialética anfibológica o Espiritismo propõe mais uma vez a razão como fé:

“Pretendem os que professam esta doutrina achar nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus: Sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está por toda parte; estando Deus em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, ele dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a este raciocínio?

- A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o absurdo.”

Ora, não é com filosofismos ou com sofismas que chegaremos a verdade. Chega de filosofices!

Kardec comentando a questão 37, esclarece:

“Diz-nos a razão não ser possível que o Universo se tenha feito a si mesmo e que, não podendo também ser obra do acaso, há de ser obra de Deus.”

A conclusão semelhante chegou o genial físico alemão Albert Einstein (1879-1955), quando responde a seus opositores, partidários do acaso: “Deus não joga dados!” Diante da dialética maquiavélica insistente replica: “Deus pode ser perspicaz, mas não é malicioso.”

Allan Kardec e Albert Einstein unidos pela razão na fé descobrem Deus.

A fé espírita por não ser cega, caminha com segurança de mãos dadas com o progresso. Kardec deixa claro isso, quando na pág. 196 de “O Livro dos Médiuns”, conclui:

“Se a nossa fé se fortalece de dia para dia, é porque compreendemos.”

Kardec comentando a questão 717, com o bom-senso característico de sempre proclama:

“Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas.”

Essa frase cairia como uma luva na pena de Albert Einstein!

O experimentalismo espírita ou mediunismo, sem dúvida, é um dos elementos importantes para os investigadores na busca por informações do mundo espírita, mas, isso não é tudo. Espiritismo não é mediunismo, é uma doutrina filosófica com base científica e conseqüências religiosas profundas, daí o Codificador espírita advertir, na pág. 484:

“Falsíssima idéia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da prática das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom-senso.”

Na conclusão de “O Livro dos Espíritos, Kardec sintetiza o assunto em questão em uma curta frase, na pág. 493:

“O argumento supremo deve ser a razão.”

Ao iniciar “O Evangelho segundo o Espiritismo” no primeiro capítulo, no subtítulo “Aliança as Ciência e da religião”, Kardec faz a grande revolução do século XIX, fundindo a razão e a fé, na 58:

“A Ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Uma vez comprovadas pela experiência essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão; esta nada encontrou de ilógico na fé: vencido foi o materialismo.”

No passado a fé e a razão foram espadas afiadas nas mãos de teológos (padres) e sábios (filosófos e cientistas). A fé cega motivada pelos teológos e padres alimentou a credulidade, e a razão cética motivada pelos pelos filósofos e cientistas, alimentou a incredulidade.

Na pág. 302 do livro em questão Kardec mostra as distâncias entre ver e compreender:

“A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender.”

A fé que tem base no ver é a fé de São Tomé, é “ver para crer” e bem sabemos que essa fé não é suficiente para converter, os ícones do materialismo extremado. Só a fé do saber dá as bases seguras para compreensão e aceitação.

Por isso Kardec no virar da página adverte:

“Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”

No livro “A Gênese” Kardec reforça as bases científicas doutrinárias, página 88:

“A fé ortodoxa se sobressaltou, porque julgou que lhe tiravam a pedra fundamental. Mas, com quem havia de estar a razão: com a Ciência, que caminhava prudente e progressivamente pelos terrenos sólidos dos algarismos e da observação, sem nada afirmar antes de ter em mãos as provas, ou com uma narrativa escrita quando faltavam absolutamente os meios de observação? No fim de contas, quem há de levar a melhor: aquele que diz 2 e 2 fazem 5 e se nega a verificar, ou aquele que diz que 2 e 2 fazem 4 e o prova?”

E para fechar com chave de ouro essa questão, no livro “Obras Póstumas” na página 220, Kardec que foi um ilustre pensador do séc. XIX, declara convicto:

“Proscrevendo a fé cega (o Espiritismo), quer ser compreendido. Para ele, absolutamente não há mistérios, mas uma fé racional, que se baseia em fatos e que deseja a luz. Não repudia nenhuma descoberta da Ciência, dado que a Ciência é a coletânea das leis da Natureza e que, sendo de Deus essas leis, repudiar a Ciência fora repudiar a obra de Deus.”

Bibliografia:

O Livro dos espíritos, Allan Kardec, Tradução de Guillon Ribeiro, 76ª edição, FEB.
O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, tradução Guillon Ribeiro, 62ª edição, FEB.
O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, tradução Guillon Ribeiro, 112ª edição, FEB.
A Gênese, Allan Kardec, Tradução Guillon Ribeiro, 37ª edição, FEB.
Obras Póstumas, Allan Kardec, Tradução Guillon Ribeiro, 26ª edição, FEB.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Nova Cultural, 1998, vol. 18, pág. 4474 – vol. 9, pág. 2042.

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